Ciência
02/02/2018 às 10:00•2 min de leitura
Você não leu errado: isso já aconteceu algumas vezes na maior premiação do cinema. É bem difícil conseguir uma indicação sendo uma pessoa real, agora imagine não sendo! Para ilustrar esse curioso fato na história da Academia, listamos algumas “pessoas” que foram indicadas e até foram premiadas, mesmo não existindo.
Donald Trumbo foi um renomado roteirista na década de 50, mas sofreu com a lista negra em Hollywood durante o período McCarthy. Essa lista simplesmente excluía todos os profissionais que tinham alguma ligação com o comunismo, maior “rival” dos EUA na época. Por causa disso, Trumbo usou diversos pseudônimos a fim de trabalhar e ter seus roteiros utilizados. Usando a alcunha de Robert Rich, ele venceu o Oscar de melhor roteiro em 1956, mas só foi reconhecido em 1975, um ano após sua morte.
Pierre escreveu os livros Ponte do Rio Kwai e Planeta dos Macacos, mas não teve participação nos roteiros dos filmes. As pessoas que adaptaram suas obras foram Carl Foreman e Michael Wilson, contudo eles também estavam na lista negra dos EUA e precisavam de um pseudônimo para assinar o roteiro. E foi o que fizeram. De quebra, ainda venceram o Oscar de melhor roteiro adaptado, mas não foram creditados até 1985, quando as viúvas dos roteiristas foram receber o prêmio.
Mais um caso envolvendo a lista negra contra os roteiristas. Nathan é o pseudônimo de Nedrick Young, que virou persona non grata em Hollywood após invocar a quinta emenda da constituição dos EUA (direito de permanecer calado para durante um julgamento) durante sua audiência no Comitê contra Atividades Antiamericanas. Ele venceu o Oscar de melhor roteiro no ano, mas só foi reconhecido em 1993, vinte e cinco anos após sua morte.
Na verdade, até existe um P.H. Vazak, mas ele é um escritor húngaro que não tem nada a ver com o filme Greystoke. Seu nome foi utilizado por Robert Towne, roteirista do filme, que, insatisfeito com as alterações que seu roteiro havia recebido, pediu para não ser creditado. Mesmo assim, ele foi indicado a melhor roteiro adaptado, mas não saiu como vencedor.
Roderick assina a montagem de todos os filmes dos irmãos Ethan e Joel Coen e foi indicado duas vezes, mas não conquistou a estatueta. Todos sabem que os Coen editam seus próprios filmes, mas eles mantêm a assinatura Roderick Jaynes e ainda brincam em entrevistas: “Ele é muito velho, deve ter 80 anos quase 90, portanto eu acho que ele não conseguirá viajar”, disse Joel Coen ao ser questionado se Jaynes compareceria ao Oscar de 2008.
No final dos anos 90, Charlie Kaufman foi contratado para escrever uma adaptação do livro O Ladrão de Orquídeas, mas durante o processo ele teve problemas de “bloqueio criativo”. Para evitar atrasos, ele criou um alter ego, seu irmão gêmeo Donald, que o ajudou a terminar de escrever a história. O filme foi indicado a melhor roteiro adaptado, mas durante a produção Donald “faleceu tragicamente”.
Este texto foi escrito por Pedro Henrique via n-Experts.