Oscar 2018: como um dos indicados inovou ao unir pintura e tecnologia

02/03/2018 às 06:002 min de leitura

Desde sua criação em 2002, quando foi vencida por Shrek, a categoria de Melhor Filme de Animação é completamente dominada pelas produções em 3D, que acabaram levando para casa 14 das 16 estatuetas distribuídas até hoje. Mas isso não quer dizer que elas são o único tipo de técnica utilizada pelos animadores.

O desenhos mais tradicionais, feitos com ilustrações desenhadas em 2D, costumam marcar presença na disputa, quase sempre representados por filmes europeus ou japoneses. Animações em stop motion não aparecem com a mesma frequência, mas também retratam uma técnica conhecida.

Uma pintura.

A disputa do Oscar deste ano, no entanto, tem um participante bem inovador. Dirigido pela polonesa Dorota Kobiela e pelo britânico Hugh Welchman, o filme Com Amor, Van Gogh combina o stop motion com quadros pintados à mão para criar uma atmosfera bem próxima do que é visto no trabalho do artista holandês. É o primeiro filme totalmente feito através de pinturas.

O complicado processo precisou de seis anos para ficar pronto e contou com 125 artistas que pintaram mais de 65 mil quadros. Mas isso tudo foi só durante a segunda parte do projeto. O primeiro passo foi gravar todo o roteiro com os atores em um fundo verde e montar a versão final do filme com essas cenas. Só a partir daí teve início a parte realmente difícil.

Cada quadro da animação exigia uma pintura completamente nova, o que se tornou particularmente demorado em cenas com muitos detalhes. A abertura do filme, por exemplo, exigiu seis horas de trabalho para cada tela. Foram 20 semanas apenas para finalizar um momento que será visto pelo público por menos de dez segundos.

Uma pintura.

Como a ideia dos realizadores era de que todo o filme se passasse dentro das pinturas de Van Gogh, os quadros do artista eram projetados em uma tela branca para que os pintores contratados pelo estúdio BreakThru Productions tivessem algo para se basear na hora de criar a animação.

A recriação do estilo de pintura característico de Van Gogh foi inclusive um dos grandes desafios da equipe de produção. Os animadores receberam 100 horas de aulas para aprender a pintar dessa maneira. Também houve todo um cuidado em apresentar as personagens exatamente da maneira como elas apareceram nos quadros originais.

Também escrita pelos diretores, a história de Com Amor, Van Gogh se passa um ano após o aparente suicídio do artista, ocorrido em 1890. Incubido de entregar uma carta para o irmão do falecido, o protagonista Armand Roulin, vivido por Douglas Booth, começa a suspeitar dos reais motivos que levaram Van Gogh à morte.

As chances do filme levar o prêmio são pequenas em um ano que contou com Viva - A Vida é uma Festa, sucesso absoluto de crítica e bilheteria da Pixar. Mas mesmo nessas condições, a produção já deixou a sua marca em ser o primeiro stop motion feito com pinturas. Nada mais justo do que fazer disso uma carta de amor a um dos grandes mestres dessa arte.

Com Amor, Van Gogh está disponível no catálogo brasileiro da Netflix.

Oscar 2018: como um dos indicados inovou ao unir pintura e tecnologia via TecMundo

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