Os 3 filmes mais controversos da História do Cinema

17/07/2020 às 14:003 min de leitura

De acordo com um estudo da Universidade de Medicina de Indiana, uma ressonância magnética apontou diminuição significativa nas porções pré-frontais do córtex cerebral (parte "pensante") e aumento da amígdala ("centro emocional") nos cérebros de jovens do sexo masculino que são expostos constantemente à violência explícita através de filmes, jogos, músicas e outras mídias.

Embora alterações do cérebro não provem especificamente casualidade, o grafismo presente em filmes, por exemplo, se provou muito preocupante, visto que o cinema se tornou um veículo poderoso de cultura, educação e propaganda. 

Por refletirem contextos sociais de ontem e de hoje, apresentando ideias e valores que poderiam “ferir” ou influenciar de alguma forma as pessoas, muitos filmes foram censurados ou banidos para sempre de alguns países ao longo das décadas.

1. Holocausto Canibal (1980)

(Fonte: Movie Truth/Reprodução)(Fonte: Movie Truth/Reprodução)

O filme italiano de subgênero gore, dirigido por Ruggero Deodato e com roteiro de Gianfranco Clerici, narra a trajetória de uma equipe de cineastas norte-americanos que vão para a Amazônia a fim de procurar uma expedição que desapareceu enquanto estudava tribos canibais.

Todo gravado em estilo found footage, o longa-metragem de 1h36 retrata de maneira gráfica violência, estupros, assassinatos, tortura, sexo obsceno, genocídio, castração e até notícias de execuções da vida real. No final das contas, o canibalismo acaba sendo um dos componentes que menos impressionam em toda a produção.

Em meio a tamanha perturbação, o que mais causou revolta e aversão, no entanto, foi a matança verdadeira e deliberada de animais de todos os tipos. “Na minha juventude, passei muito tempo perto de animais e, portanto, muitas vezes vendo o momento de sua morte”, disse Deodato, em depoimento após ser preso na estreia de Holocausto Canibal. “A morte dos animais, embora insuportável – especialmente na mentalidade urbana atual –, sempre acontecia para alimentar os personagens do filme ou a equipe, tanto na história quanto na realidade.”

(Fonte: Cine Grandiose/Reprodução)(Fonte: Cine Grandiose/Reprodução)

Outra questão que chamou a atenção da época foi a maneira preocupante como os índios foram retratados. Apesar de Deodato ter declarado o seu apoio aos povos indígenas, fez questão de reforçar estereótipos discriminatórios de um povo já tido como selvagem, sem instrução alguma, como se fosse indigno do mesmo tratamento que qualquer pessoa por conta de suas origens, seus hábitos e sua estrutura de crença.

Por isso, o diretor foi acusado de exploração e comportamento colonialista, pois se instalou na região – as gravações aconteceram na fronteira entre o Brasil e a Colômbia – e apenas se aproveitou dos recursos locais, sem creditar nada nem ninguém.

Foi necessário que todos os atores do filme e a equipe técnica aparecessem em tribunal e testemunhassem sobre os métodos de efeitos especiais utilizados no filme para que o juiz acreditasse que ninguém foi morto ou ferido durante o processo. Deodato foi inocentado de todas as acusações.

Proibido em mais de 50 países, incluindo a Itália e a Austrália, o filme passou a ter o seu conteúdo ligado às práticas criminosas que acontecem em fóruns da Deep Web, apenas servindo para reforçar a sua natureza doentia e sem propósito.

2. O Nascimento de uma Nação (1915)

(Fonte: Made in Atlantis/Reprodução)(Fonte: Made in Atlantis/Reprodução)

Apesar de ser o primeiro longa-metragem, o mais rentável e artisticamente avançado no quesito técnicas cinematográficas, esse filme mudo é considerado uma abominação visual. Baseado no subversivo romance The Clansman (1905) e dirigido por D. W. Griffith, o enredo traça o impacto da Guerra Civil em duas famílias: Stoneman e Cameron, durante a Guerra de Secessão e a Reconstrução dos Estados Unidos.

Com black face, O Nascimento de uma Nação retrata os afro-americanos como “criaturas” ininteligentes e estupradores de mulheres brancas. De um modo ainda mais grotesco, faz uma ode à Ku Klux Klan (KKK) ao apresentá-la de maneira heroica, reafirmando a segregação racial e pregando a supremacia branca, tida como a "única construtora da América".

(Fonte: El Mundo/Reprodução)(Fonte: El Mundo/Reprodução)

A fala “um renegado, um produto das doutrinas imorais espalhadas pelos republicanos” – citada por Griffith para se referir ao personagem Gus (um matador negro que gosta de estuprar mulheres brancas) – serviu como citação para os recrutadores da KKK até 1970, quando usavam o filme como uma espécie de “bíblia nacionalista” a fim de reforçar o racismo e a indignidade de liberdade do povo negro.

Protestos eclodiram em várias cidades conforme mais pessoas assistiam aos homens encapuzados com lençol branco buscando o resgate de Lillian Gish no filme. Em Boston, ovos foram jogados na tela; em Los Angeles, a estreia foi cancelada após ameaças de incêndio criminoso no cinema. Logo o país todo comentava o horror que o filme pregava.

Muito embora a exibição tenha sido proibida ou interrompida em vários estados do país, até hoje o filme é usado como objeto de estudo histórico-cinematográfico, por conta de sua relevância técnica.

3. Salò (1975)

(Fonte: Newsbomb/Reprodução)(Fonte: Newsbomb/Reprodução)

Também conhecido como 120 Dias de Sodoma, o filme é baseado no romance homônimo do francês Marquês de Sade, escrito em 1904. Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, na época da República Social Italiana, o enredo tem como foco 4 adolescentes pervertidos e fascistas que sequestram 18 jovens (entre homens e mulheres) e os submetem a 4 meses de estupros, violência, sadismo, assassinato e tortura mental e sexual.

Dividido em quatro segmentos inspirados na estrutura da Divina Comédia, o que o diretor Pasolini quis retratar com todo o nível perturbador de cenas gráficas foi o caráter político-institucional de toda uma época. A violência extrema serve como reflexo para darwinismo social, socialismo extremo, abuso de poder e corrupção política que um regime autoritário reafirma. Para muitos críticos, fortes são aqueles que conseguem seguir assistindo a partir do "Círculo de Merda", o terceiro ato do filme.

(Fonte: TicketSource/Reprodução)(Fonte: TicketSource/Reprodução)

Salò foi banido em vários países da Europa e nunca foi exibido na Austrália. Cerca de 20 anos depois, os Estados Unidos entraram em alarde quando proprietários de uma locadora de filmes em Cincinnati, Ohio, foram presos por divulgar cópias do filme.

O bizarro, no entanto, foi que Pasolini foi brutal e misteriosamente assassinado semanas antes da estreia de seu filme. Segundo o seu amigo Sergio Citti, o diretor teria ido se encontrar com pessoas para discutir as controvérsias de Salò.

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