Ciência
03/10/2021 às 12:00•3 min de leitura
O mundo do cinema tem aberto portas cada vez mais para universos que os seres humanos jamais sonharam conseguir reproduzir na vida, ao menos não tão fielmente. Se pararmos para ver os últimos filmes lançados pela Marvel, como o renomado Vingadores: Ultimato (2019) e o mais recente Shang-Chi (2021), podemos perceber que as novas tecnologias e efeitos visuais têm dominado boa parte das produções.
Mas até que ponto esse será o futuro completo das produções audiovisuais? Chegará o dia em que os humanos serão completamente substituídos por artes computadorizadas? Toda obra será feita na frente de um fundo verde? Entenda qual o real papel do CGI (computação gráfica) e do VFX (efeitos visuais) na produção cinematográfica e como devemos encarar essa nova realidade.
(Fonte: Marvel Studios/Reprodução)
Para entendermos qual é o futuro dos efeitos especiais no cinema, precisamos saber qual é a função desse tipo de recurso hoje no cinema. Graças à computação gráfica, diretores ganharam uma maior liberdade para desenvolverem seus roteiros e almejarem mundos fictícios.
Se pararmos para comparar o que foi feito dentro da franquia Star Wars podemos ter uma real dimensão dessas mudanças com o passar das décadas. Em Star Wars: O Retorno de Jedi (1983), os personagens Ewoks eram simplesmente pessoas fantasiadas de ursos de pelúcia, basicamente.
Porém, em Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019), os efeitos especiais das batalhas espaciais já fazem as cenas parecerem muito mais reais e os personagens fictícios de tons mais críveis. Na franquia Velozes & Furiosos, por exemplo, o ator Paul Walker foi recriado por meio de VFX após sua morte em um acidente de carro, o que aconteceu antes de ele terminar as filmagens do 7° filme.
O CGI também é diretamente responsável pelo sucesso do filme Mad Max: Estrada da Fúria (2015), do diretor George Miller, que terminou multipremiado na cerimônia do Oscar. Sem o CGI e o VFX, muitas obras inovadoras e audaciosas nunca teriam encantado os olhos de seus espectadores, como a saga Harry Potter ou o atrevido Avatar (2009).
(Fonte: Universal Pictures/Reprodução)
Se o CGI já pode ser usado até mesmo para recriar a imagem de atores e atrizes que já morreram, será possível que a tecnologia substitua completamente os seres humanos nas obras cinematográficas? Esse é um argumento que poderia ser usado pelos mais conservadores.
Afinal, a tecnologia de fato tem progredido de uma forma em que cada vez mais se assemelha com a realidade. Até mesmo Robert Downey Jr. e Tom Holland chegaram a ser substituídos em seus trajes de Homem de Ferro e Homem-Aranha, respectivamente, durante algumas cenas das últimas produções da Marvel — o que não se limita às lutas.
Em certos casos, não é necessária a presença de um figurante nos estúdios para dar figura à produção computadorizada em frente ao fundo verde, uma vez que tudo pode ser colocado na pós-produção. Mesmo assim, ainda é altamente improvável que o cargo de ator seja completamente robotizado.
A interação humana segue sendo um dos pontos principais no mundo do cinema, e a maioria dos diretores se baseia na força dos diálogos para construir suas tramas. Sendo assim, há quem argumente que algumas interações não estejam exatamente completas quando se coloca um ator para contracenar com algo que não está lá.
(Fonte: 20th Century Fox/Reprodução)
O uso de CGI e VFX inegavelmente abre espaço para mais ambição nas produções audiovisuais. Porém, poucas pessoas entendem o quão caro e trabalhoso é para operar com essas funções. Portanto, produções que pretendem se aventurar em realidades inexistentes precisam alocar uma grande quantidade de dinheiro para que uma equipe coloque tudo no lugar.
Ferramentas como a Unreal Engine, a qual usa painéis de LED para recriar cenários junto à movimentação das câmeras, têm tornado esse mercado mais acessível para produções de baixo calibre. Mesmo assim, o ápice da computação gráfica ainda parece algo muito distante para a maioria dos diretores e produtoras.
Ao mesmo tempo, os espectadores têm-se tornado cada vez mais exigentes quanto ao produto que receberão, isto é, aquelas pequenas inovações que causavam espanto no passado já não impactam no mesmo sentido nos dias atuais. Portanto, uma produção computadorizada precisa estar completamente alinhada com a realidade caso queira despertar fortes emoções em seus receptores.
(Fonte: Warner Bros./Reprodução)
No resumo da ópera, o surgimento de tecnologias capazes de revolucionar os bastidores do mundo cinematográfico parece ser algo que veio muito mais para somar aos roteiros originais do que para desmantelar por completo a essência humana que é trazida em filmes e séries.
Logicamente, atrizes e atores precisarão cada vez mais se adaptar ao trabalho com uma nova realidade, mas não devem temer perder grande espaço no mercado de trabalho. Afinal, a tecnologia surge como uma grande amiga para que a criatividade possa ser exercida sem precedentes nas telonas.