Egípcios consumiam coquetel com sangue humano em ritual religioso

16/06/2023 às 10:312 min de leitura

Uma análise arqueológica de um antigo vaso egípcio pode ter revelado hábitos curiosos sobre o culto à divindade Bes, criatura cuja aparência misturava o corpo de um humano e um felino e era cultuada em busca de proteção contra energias malignas.

O vaso egípcio estudado tem mais de dois mil anos e pertence à coleção egípcia do Museu de Arte de Tampa, na Flórida, Estados Unidos. Pesquisadores americanos e italianos usaram processos químicos para entender o que os egípcios haviam depositado no objeto.

O resultado dos exames deu indícios de como teria sido o ritual realizado há milênios. Segundo os resultados obtidos, o vaso foi usado para armazenar uma bebida que continha sangue humano, plantas alucinógenas, álcool e mel.

“Identificamos com sucesso a presença de várias substâncias nutracêuticas, psicotrópicas, medicinais e biológicas, esclarecendo os diversos componentes de uma mistura líquida usada para práticas rituais no Egito ptolomaico”, escreveram os pesquisadores.

A palavra “nutracêutica” se refere a uma mistura de alimentos criada para servir como um suplemento alimentar. É claro que o conceito de nutrição que temos hoje diverge da ideia que poderia existir no passado, mas o que o estudo sugere é que essa bebida poderia ser ingerida com o objetivo de obter algum ganho de saúde, além do ritual espiritual.

Plantas alucinógenas e sangue humano

Imagem do vaso estudo. Reprodução: Research SquareImagem do vaso estudo. Reprodução: Research Square

É muito provável que essa mistura causasse alucinações em quem a bebesse. A presença de uma planta chamada “arruda síria” indica isso. As sementes dessa planta podem causar alucinações semelhantes àquelas experimentadas por quem consome ayahuasca.

Já o sangue humano era, provavelmente, dos participantes do ritual. Além do sangue, os pesquisadores encontraram indícios de leite materno e de muco vaginal. É possível que o mel e o álcool fossem usados para dar um sabor mais agradável à bebida.

Como o estudo foi feito

As substâncias foram identificadas graças a uma técnica conhecida como “cromatografia líquida”. Essa técnica permite que todos os itens que compõem uma substância sejam analisados individualmente.

Por isso, ainda que a bebida que estava nesse vaso tivesse se tornado uma mistura homogênea, foi possível identificar os seus ingredientes, mesmo tendo se passado tantos anos — e tudo isso sem danificar o vaso, que é uma obra de arte e peça importante da coleção do museu.

Já a divindade foi identificada como sendo o deus Bes porque os itens usados em seus cultos, como o vaso estudado, continham desenhos da imagem da entidade.

Quem era essa divindade?

Fonte: Getty ImagesFonte: Getty Images

Os antigos egípcios eram politeístas, tinham vários deuses. A própria representação usada nos cultos de Bes também era usada para representar outras 10 divindades.

A maioria das imagens retrata Bes como um anão gordinho e barbudo, com rosto de gato, às vezes com a língua de fora.

Uma das funções dessa divindade era proteger as mulheres durante suas gestações, afastando espíritos ruins que poderiam fazer mal ao bebê e à gestante.

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