Imagem de Conheça as 3 orcas que viveram por mais tempo em cativeiro no megacurioso

As baleias assassinas foram retiradas de seu habitat natural para serem exibidos em parques por mais de quarenta ou cinquenta anos

Em mar&ccedil;o de 2023, morreu a &uacute;ltima orca que ainda vivia em cativeiro no Canad&aacute;: uma f&ecirc;mea chamada Kiska. Ela tinha 47 anos e passou a maior parte de sua vida sozinha em um aqu&aacute;rio, desde que foi capturada em 1979. As imagens de Kiska nadando em c&iacute;rculos em um pequeno reservat&oacute;rio rodaram o mundo, nos &uacute;ltimos dias.
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Foi assim que Kiska viveu por 40 anos, nadando em c&iacute;rculos em um aqu&aacute;rio min&uacute;sculo. <a href="https://t.co/MhVa9X6I8y">pic.twitter.com/MhVa9X6I8y</a>
&mdash; ACERVO (@AcervoCharts) <a href="https://twitter.com/AcervoCharts/status/1634576558324056064?ref_src=twsrc%5Etfw">March 11, 2023</a></blockquote>
Se voc&ecirc; cresceu nos anos 1990, talvez se lembre de assistir ao filme Free Willy na "Sess&atilde;o da Tarde", ou ver reportagens <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122756-seaworld-um-longo-historico-de-maus-tratos-aos-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sobre os parques SeaWorld</a> e suas apresenta&ccedil;&otilde;es com orcas em programas infantis. Os animais, com apar&ecirc;ncia curiosa e enorme intelig&ecirc;ncia, fazem v&aacute;rias brincadeiras para o p&uacute;blico e para as c&acirc;meras. Mas isso faz muito mal para eles.
As orcas &mdash; tamb&eacute;m chamadas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121764-baleias-assassinas-7-fatos-instigantes-sobre-as-orcas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">baleias assassinas</a>, embora sejam da fam&iacute;lia dos golfinhos &mdash; come&ccedil;aram a ser capturadas para exibi&ccedil;&atilde;o em shows aqu&aacute;ticos em 1961. Desde ent&atilde;o, mais de 160 tiveram o mesmo destino, sendo que cerca de 130 delas morreram.&nbsp;
A primeira a conseguir sobreviver por mais de dois dias em um aqu&aacute;rio, Moby Doll, se tornou famosa. Mas Moby Doll n&atilde;o comia os peixes pequenos que jogavam em seu aqu&aacute;rio (afinal, na natureza, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121429-a-baleia-assassina-e-tao-mortal-quanto-dizem-ela-come-humanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">eles se alimentam de animais maiores</a>) e morreu poucos meses depois.&nbsp;
<h2>Mais de meio s&eacute;culo em cativeiro</h2>
&Agrave; medida que os humanos aprenderam mais sobre as orcas, foi poss&iacute;vel fazer com que elas sobrevivessem por mais tempo &mdash; e se <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122756-seaworld-um-longo-historico-de-maus-tratos-aos-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">exibissem em seus shows</a> para trazer lucro. Entre os anos 1960 e 1970, dezenas de animais foram capturados nas &aacute;guas dos Estados Unidos e Isl&acirc;ndia. Alguns deles est&atilde;o vivos at&eacute; hoje ou morreram recentemente.&nbsp;
A seguir, listamos as tr&ecirc;s que viveram por mais tempo em cativeiro.
<h3>1. Corky II: 53 anos em cativeiro</h3>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/13/13183704240443.jpg" alt="Corky II. (Fonte: Wikimedia Commons)" />Corky II. (Fonte: Wikimedia Commons)
Corky &eacute; a segunda orca com esse nome no parque para onde foi vendida, ap&oacute;s ser capturada na costa do Canad&aacute; &mdash; a primeira morreu com pouco tempo de vida. No Marineland (Calif&oacute;rnia), ela viveu com Orky, com quem teve seis filhos em cativeiro. Mas nenhum deles sobreviveu por mais do que algumas semanas.&nbsp;
No fim dos anos 1980, ela foi vendida ao SeaWorld. Mas, pouco tempo depois de sua chegada, a ent&atilde;o orca dominante do lugar, Kandu V, a desafiou e acabou morrendo na briga. Corky II foi a m&atilde;e adotiva do beb&ecirc; de Kandu V, na &eacute;poca com 11 meses.&nbsp;
Ela vive no Sea World at&eacute; hoje, mas membros da fam&iacute;lia de Corky que n&atilde;o foram capturados s&atilde;o monitorados por ONGs e tamb&eacute;m vivem at&eacute; os dias atuais.&nbsp;
<h3>2. Lolita: 52 anos em cativeiro</h3>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/13/13183942960445.jpg" alt="Lolita. (Fonte: Wikimedia Commons)" />Lolita. (Fonte: Wikimedia Commons)
As d&eacute;cadas de 1960 e 70 foram as mais "produtivas" para quem queria capturar orcas e exibi-las em shows. Ela foi capturada em uma "opera&ccedil;&atilde;o" na costa do estado de Washington (EUA), que vendeu oito orcas para parques em todo o pa&iacute;s. Lolita &eacute; a que sobreviveu por mais tempo desse grupo &mdash; e est&aacute; h&aacute; mais de 50 anos no Miami Seaquarium.&nbsp;
Por algum tempo, ela viveu com o macho Hugo. Eles tentaram se reproduzir, mas nunca foram capazes de dar &agrave; luz. Hugo morreu de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122632-o-que-e-um-aneurisma-e-por-que-pode-ser-fatal.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">aneurisma</a>, em 1980, ap&oacute;s bater com a cabe&ccedil;a nas laterais do aqu&aacute;rio, que media 24 x 11 metros.
Em 2022, ap&oacute;s anos de protestos, o Miami Seaquarium anunciou que Lolita se aposentaria dos shows &mdash; mas ela n&atilde;o ser&aacute; solta na natureza novamente.&nbsp;
<h3>3. Katina: 47 anos em cativeiro</h3>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/13/13183807152444.jpg" alt="Katina. (Fonte: Wikimedia Commons)" />Katina. (Fonte: Wikimedia Commons)
Capturada em 1975, na Isl&acirc;ndia, Katina teve sete filhotes, quatro f&ecirc;meas e dois machos, que viveram at&eacute; a idade adulta. Dois deles (e um neto) ficam com ela, por&eacute;m, uma das "filhas" pr&oacute;ximas de Katina foi transferida para outra sede do parque para fazer shows.
As orcas s&atilde;o animais muito soci&aacute;veis que desenvolvem grupos familiares bastante unidos e com linhagem matriarcal. Sendo assim, Katina &eacute; a chefe da tribo no SeaWorld Orlando. Embora seja descrita como d&oacute;cil e tranquila, sem hist&oacute;rico de ataques a humanos, ela &eacute; voluntariosa e pode querer n&atilde;o se apresentar. Quando isso acontece, os outros animais seguem o exemplo.
Depois de Katina, temos Kiska, que tamb&eacute;m ficou por 47 anos em cativeiro &mdash; mas n&atilde;o pode se reproduzir, j&aacute; que cinco de seus filhotes morreram cedo. J&aacute; Kasatka foi capturada em 1978, aos dois anos, e morreu de eutan&aacute;sia em 2017, vivendo 41 anos em cativeiro.&nbsp;
<h2>O que fazer com as orcas em cativeiro?</h2>
Entre os machos, Tilikum se destaca: ele viveu por 34 anos no SeaWorld. <a href="http://A%20baleia-assassina%20%C3%A9%20t%C3%A3o%20mortal%20quanto%20dizem" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Dos quatro ataques fatais de orcas a humanos</a>, ele se envolveu em tr&ecirc;s. A vida de Tilikum inspirou o document&aacute;rio Blackfish, de 2013, que argumentava contra a manuten&ccedil;&atilde;o de orcas em cativeiro.
Nos &uacute;ltimos anos, especialmente ap&oacute;s o document&aacute;rio, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122756-seaworld-um-longo-historico-de-maus-tratos-aos-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a press&atilde;o p&uacute;blica contra os parques</a> e shows de orcas aumentou, com impacto direto no faturamento. Em 2017, o SeaWorld chegou a anunciar que iria encerrar seu programa de reprodu&ccedil;&atilde;o de orcas em cativeiro &mdash; a maioria das orcas vivas hoje nasceram nos pr&oacute;prios parques. Mas, em 2020, os shows voltaram.&nbsp;
Os parques argumentam que as orcas n&atilde;o poderiam viver na natureza, pois se acostumaram a serem alimentadas por humanos. Mas j&aacute; que viver em aqu&aacute;rios tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; natural para uma esp&eacute;cie acostumada a nadar 160 km por dia, esse impasse continua. Alguns bi&oacute;logos sugerem a cria&ccedil;&atilde;o de "santu&aacute;rios" marinhos, onde elas ficariam mais livres, mas ainda sob supervis&atilde;o. &nbsp;

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Conheça as 3 orcas que viveram por mais tempo em cativeiro

Imagem de Hospital Colônia Itapuã: conheça o último leprosário do Brasil no megacurioso

O 'leprosário' foi criado segundo as políticas da época, que isolavam as pessoas com hanseníase, mas continua aberto

A hansen&iacute;ase &eacute; uma infec&ccedil;&atilde;o causada por bact&eacute;rias que causa danos no sistema nervoso, no sistema respirat&oacute;rio e, tamb&eacute;m, na pele. As pessoas desenvolvem feridas e podem perder sua capacidade de sentir dor.
Como, durante muito tempo, n&atilde;o existiu tratamento contra a infec&ccedil;&atilde;o, as pessoas acometidas por ela tamb&eacute;m sofriam grande estigma social &mdash; pois as feridas s&atilde;o vis&iacute;veis e pensava-se que a lepra era muito contagiosa. Embora seja, ela demanda contato direto com secre&ccedil;&otilde;es, e n&atilde;o apenas um toque na pele, para passar de uma pessoa para outra.&nbsp;
A quest&atilde;o &eacute; que n&atilde;o se sabia disso. Ent&atilde;o os "leprosos", como eram chamados, se tornavam p&aacute;rias. Eram totalmente isolados da sociedade. &nbsp;E n&atilde;o faz tanto tempo que essa situa&ccedil;&atilde;o mudou. Tanto que, em 1940, foi inaugurado o Hospital Col&ocirc;nia Itapu&atilde;, que era um lepros&aacute;rio para separar os doentes da sociedade.
Ele fica em Viam&atilde;o, a 60 km de Porto Alegre, em uma &aacute;rea rural bastante isolada com 1.253 hectares. A grande diferen&ccedil;a do Hospital Col&ocirc;nia Itapu&atilde; para os v&aacute;rios outros lepros&aacute;rios que existiam pelo Brasil afora &eacute; que ele est&aacute; aberto at&eacute; hoje.
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122185-como-as-colonias-da-lepra-destruiram-as-vidas-de-milhares-de-pessoas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Como as col&ocirc;nias da lepra destru&iacute;ram as vidas de milhares de pessoas</a>
<h2>Mais que um hospital, uma cidade</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/24/24110004558057.jpg" alt="Porta de entrada para a ala dos pacientes. (Fonte: Let&iacute;cia Castro/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Porta de entrada para a ala dos pacientes. (Fonte: Let&iacute;cia Castro/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Atualmente, sabe-se que a hansen&iacute;ase pode ser tratada com antibi&oacute;ticos, sem que a pessoa precise ser retirada do conv&iacute;vio em sociedade &mdash; ainda mais compulsoriamente. No entanto, de 1940 at&eacute; 1985, 2.474 pessoas com hansen&iacute;ase foram parar no Hospital Col&ocirc;nia Itapu&atilde; contra a sua vontade. Era uma lei que valeu por d&eacute;cadas.&nbsp;
Para que as pessoas vivessem isoladas da sociedade, a Col&ocirc;nia n&atilde;o era um hospital comum. Na verdade, era mais uma mini-cidade. Ela tinha tr&ecirc;s &aacute;reas bem divididas: a "&aacute;rea limpa", onde viviam os funcion&aacute;rios saud&aacute;veis, a &aacute;rea intermedi&aacute;ria e a "&aacute;rea suja", onde os doentes viviam, separados do resto do mundo por muros.&nbsp;
L&aacute; dentro, haviam ruas e pra&ccedil;as, casas e pavilh&otilde;es com quartos compartilhados, igrejas e at&eacute; um sal&atilde;o de festas &mdash; que foi constru&iacute;do pelos pr&oacute;prios moradores, que criaram uma olaria. Os hansenianos, uma vez isolados, criavam uma nova vida dentro da Col&ocirc;nia.&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/24/24110127887058.jpg" alt="&quot;Pavilh&atilde;o de Divers&otilde;es&quot;. (Fonte: Gabriela Klaus/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />"Pavilh&atilde;o de Divers&otilde;es". (Fonte: Gabriela Klaus/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
At&eacute; porque as visitas de familiares s&oacute; eram poss&iacute;veis atrav&eacute;s do muro que separava as &aacute;reas. Com o tempo, muitos largavam os doentes &agrave; pr&oacute;pria sorte &mdash; ent&atilde;o, criar novos la&ccedil;os com as pessoas que tamb&eacute;m viviam l&aacute; dentro era uma quest&atilde;o de sobreviv&ecirc;ncia. H&aacute; hist&oacute;rias de crian&ccedil;as diagnosticadas ainda cedo, que cresceram dentro do hospital, al&eacute;m de fam&iacute;lias que foram separadas pela pol&iacute;tica de isolamento.&nbsp;
Aristides Amaral, por exemplo, foi diagnosticado aos 31 anos, em 1974. N&atilde;o teve tempo nem de se despedir da esposa, antes de ser levado para a Col&ocirc;nia. Depois de um tempo, ela foi morar l&aacute;, burlando a seguran&ccedil;a do local. Terezinha ainda vive em uma casa dentro da "&aacute;rea suja" com a filha mais nova, Suzana, agora com 59 anos.&nbsp;
J&aacute; Valdeci foi para a Col&ocirc;nia cuidar da m&atilde;e, hanseniana, em 1959. Diferente de Terezinha, que nunca teve a doen&ccedil;a, Valdeci a teve. Ent&atilde;o construiu uma nova vida ali, casando-se tr&ecirc;s vezes com outros pacientes e dando &agrave; luz onze filhos. Todos tirados dela.&nbsp;
As crian&ccedil;as que nasciam dentro da Col&ocirc;nia eram imediatamente afastadas das m&atilde;es, que s&oacute; podiam ver (sem tocar). Ent&atilde;o, os beb&ecirc;s iam para orfanatos ou para ado&ccedil;&atilde;o. Estima-se que h&aacute; mais de 40 mil pessoas no Brasil que foram <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117330-a-fossa-de-800-bebes-o-que-acontecia-no-convento-do-bom-socorro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">separadas de seus pais</a> hansenianos.
<h2>O futuro (e o passado) da Col&ocirc;nia</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/24/24110234675059.jpg" alt="(Fonte: Let&iacute;cia Castro/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Let&iacute;cia Castro/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A cura para a hansen&iacute;ase foi descoberta nos anos 1940, pouco tempo depois da inaugura&ccedil;&atilde;o do Hospital Col&ocirc;nia Itapu&atilde;. Mas at&eacute; que ela se tornasse acess&iacute;vel, j&aacute; era tarde para quem foi isolado do mundo nessa mini-cidade.&nbsp;
As leis que determinavam a interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria de pessoas com hansen&iacute;ase come&ccedil;aram a ser revertidas nos anos 1960, mas demoraram mais para serem adotadas em alguns estados. O Rio Grande do Sul foi um deles &mdash; tanto que Aristides foi para l&aacute; em 1974.&nbsp;
Com o tempo, as pessoas foram sendo liberadas para sair, at&eacute; porque muitas nem tinham mais hansen&iacute;ase, e novos pacientes pararam de chegar. Por essa &eacute;poca, o Hospital Psiqui&aacute;trico S&atilde;o Pedro, de Porto Alegre, estava sofrendo com superlota&ccedil;&atilde;o. Ent&atilde;o, come&ccedil;ou a enviar doentes mais graves para a Col&ocirc;nia Itapu&atilde;.&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/24/24110341938060.jpg" alt="Igreja Evang&eacute;lica do HCI, inaugurada em 1948. (Fonte: Gabriela Klaus/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Igreja Evang&eacute;lica do HCI, inaugurada em 1948. (Fonte: Gabriela Klaus/Flickr/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sendo assim, a institui&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m se envolve na luta antimanicomial. Com mudan&ccedil;as na lei e na pr&oacute;pria maneira de tratar doen&ccedil;as psiqui&aacute;tricas, o Governo do Rio Grande do Sul pretende fechar a Col&ocirc;nia. Os pacientes psiqui&aacute;tricos ser&atilde;o transferidos para residenciais terap&ecirc;uticos, mais pr&oacute;ximos do resto do mundo.&nbsp;
Ainda assim, muitas pessoas decidiram n&atilde;o deixar a Col&ocirc;nia Itapu&atilde;, mesmo sendo livres para fazer isso. &Eacute; o caso de Terezinha, de sua filha Suzana e de Valdeci, que mencionamos antes. Ao todo, ainda h&aacute; cerca de 60 pessoas no hospital e muitas n&atilde;o querem deixar o lugar onde passaram a maior parte de suas vidas.
As autoridades afirmam que ningu&eacute;m ser&aacute; obrigado a deixar o Hospital Col&ocirc;nia Itapu&atilde;, mas incentiva a desocupa&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o para poder encerrar a hist&oacute;ria do &uacute;ltimo lepros&aacute;rio do Brasil.&nbsp;

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Hospital Colônia Itapuã: conheça o último leprosário do Brasil

Imagem de Como funciona a revelação instantânea de uma foto tipo polaroid? no megacurioso

As câmeras instantâneas voltaram à moda por seu apelo vintage — e seu processo é realmente analógico, como as fotos de antigamente

Nos &uacute;ltimos anos, as fotografias instant&acirc;neas com apelo vintage voltaram com tudo: al&eacute;m de ter uma foto impressa para guardar de recorda&ccedil;&atilde;o, o resultado ainda &eacute; diferente das fotos feitas no celular. At&eacute; porque, os smartphones tornaram todas as <a href="https://www.megacurioso.com.br/fotografia/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fotografias</a> instant&acirc;neas, possibilitando ver o clique na hora.&nbsp;
Mas houve um tempo em que voc&ecirc; realmente precisava retirar os filmes das c&acirc;meras e lev&aacute;-los para um laborat&oacute;rio &mdash; e, ent&atilde;o, esperar dias para ver o resultado. Se voc&ecirc; &eacute; mais jovem, talvez pense que as c&acirc;meras instant&acirc;neas tiram fotos digitais, como as do celular, e s&oacute; imprimem na hora.
Por&eacute;m, o processo &eacute; quase todo como as fotos anal&oacute;gicas de antigamente &mdash; dependendo de rea&ccedil;&otilde;es qu&iacute;micas para gravar as imagens no papel. A diferen&ccedil;a &eacute; que essas rea&ccedil;&otilde;es acontecem ali, na hora.&nbsp;
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119686-a-evolucao-da-fotografia-com-o-passar-das-decadas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">A evolu&ccedil;&atilde;o da fotografia com o passar das d&eacute;cadas</a>
<h2>Um filme com tudo dentro</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/14/14220623940336.jpg" alt="Fonte: Pexels" />Fonte: Pexels
A ideia b&aacute;sica da fotografia anal&oacute;gica &eacute; que a c&acirc;mera exp&otilde;e o filme &agrave; luz de um determinado cen&aacute;rio. Quando a luz bate dentro da c&acirc;mera, &eacute; refletida no filme e a imagem &eacute; gravada.
Um filme &eacute; composto por tr&ecirc;s camadas de part&iacute;culas de prata, sendo cada uma sens&iacute;vel &agrave;s luzes vermelhas, verdes e azuis. Essas tr&ecirc;s cores s&atilde;o combinadas para formar todas as outras que vemos nas fotos, por meio de uma s&eacute;rie de processos qu&iacute;micos, com tintas para extrair cada cor.
Mas a primeira imagem que sai desse processo tem as cores exatamente opostas &agrave;s das fotos &mdash; o que, antigamente, a gente costumava chamar de negativo. Para inverter o negativo para positivo, de novo, &eacute; necess&aacute;ria mais uma rodada de processos qu&iacute;micos.&nbsp;
<span data-fonte="Frederic Lewis/Hulton Archive/Getty Images" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornalistica/still-life-of-a-polaroid-spectra-qps-model-camera-foto-jornalistica/3074880" class="img-fc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/21/frederic-lewis-hulton-archive-21165342313162.jpg" alt="Frederic Lewis/Hulton Archive" />(Fonte: Frederic Lewis/Hulton Archive/Getty Images)
O que acontece nas c&acirc;meras instant&acirc;neas, do tipo Polaroid ou Instax, ent&atilde;o, &eacute; esse monte de rea&ccedil;&otilde;es qu&iacute;micas, s&oacute; que instantaneamente. Isso porque os filmes instant&acirc;neos t&ecirc;m todas as camadas sens&iacute;veis &agrave; luz e &agrave;s tintas, umas sobrepostas &agrave;s outras.
Tamb&eacute;m h&aacute; camadas de subst&acirc;ncias que fazem a cor aparecer, fixar bem no papel e outra que faz o filme n&atilde;o captar mais luz, de modo que s&oacute; uma imagem seja registrada.&nbsp;
Ali&aacute;s, as primeiras fotos instant&acirc;neas n&atilde;o sa&iacute;am assim prontinhas. O norte-americano Edwin Land come&ccedil;ou a vender c&acirc;meras Polaroid em 1947, mas elas eram mais complicadinhas: era necess&aacute;rio rolar o filme dentro da c&acirc;mera para que o negativo se juntasse com o papel &mdash; e, na hora que a foto sa&iacute;a, voc&ecirc; mesmo tinha que separar os dois. O filme "com tudo", da forma que conhecemos hoje, s&oacute; foi criado em 1972.&nbsp;
<h2>O "segredo" est&aacute; na parte branca</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/21/fonte-getty-images-21165420782163.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
As camadas de filme sens&iacute;vel &agrave; luz e tintas qu&iacute;micas est&atilde;o todas ali no filme instant&acirc;neo que voc&ecirc; coloca dentro da c&acirc;mera. &Eacute; uma rea&ccedil;&atilde;o qu&iacute;mica esperando seu comando para come&ccedil;ar.
A bordinha branca das fotos instant&acirc;neas &eacute; essencial para que a rea&ccedil;&atilde;o n&atilde;o comece antes do tempo. Isso porque &eacute; l&aacute; que ficam os reagentes essenciais para desencadear todas as rea&ccedil;&otilde;es qu&iacute;micas. Pois &eacute;: quando voc&ecirc; aperta o bot&atilde;o, a foto come&ccedil;a a sair da c&acirc;mera, n&eacute;? Nessa hora, um rolete faz com que os reagentes sejam espalhados por todo o filme, iniciando o processo.&nbsp;
Ou seja, as fotografias instant&acirc;neas t&ecirc;m um apelo vintage porque elas funcionam de um jeito bem vintage: com imagens gravadas em papel por meio de rea&ccedil;&otilde;es qu&iacute;micas.
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120059-o-photoshop-de-1900-como-a-tecnica-do-passado-criou-fotos-perfeitas.htm" target="_blank" rel="sponsored">O 'Photoshop' de 1900: como a t&eacute;cnica do passado criou fotos perfeitas</a>

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Como funciona a revelação instantânea de uma foto tipo Polaroid?

Imagem de Qual foi a primeira escola do Brasil? no megacurioso

A história da educação brasileira, pelo menos no sentido formal, começou com a chegada dos portugueses no país

De acordo com os dados mais recentes do IBGE, 6,6% dos brasileiros com mais de 15 anos s&atilde;o analfabetos &mdash; n&atilde;o sabem ler e escrever. &Eacute; uma situa&ccedil;&atilde;o que ainda pode melhorar, &eacute; claro, mas &eacute; fato que a educa&ccedil;&atilde;o hoje &eacute; muito mais acess&iacute;vel do que h&aacute; 100 anos atr&aacute;s, ou quando o pa&iacute;s <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118445-o-que-fez-cabral-em-1500-descobriu-ou-conquistou-o-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">foi colonizado pelos portugueses</a>.&nbsp;
As primeiras "salas de aula" do Brasil foram criadas pelos jesu&iacute;tas assim que eles colocaram os p&eacute;s por aqui. Os padres pretendiam converter os ind&iacute;genas e fazer com que eles assimilassem os padr&otilde;es culturais europeus. Esse era um per&iacute;odo delicado para a Igreja Cat&oacute;lica, que perdera muitos fi&eacute;is para a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123468-reforma-protestante-e-contrarreforma-qual-e-a-relacao-entre-elas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Reforma Protestante</a>.&nbsp;
Sendo assim, catequizar os ind&iacute;genas era uma &oacute;tima oportunidade para expandir o n&uacute;mero de fi&eacute;is do <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121451-6-fatos-curiosos-sobre-a-igreja-catolica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">catolicismo</a> no "Novo Mundo".&nbsp;
<h2>A primeira escola do Brasil</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/16/16233838113025.jpg" alt="O Col&eacute;gio dos Jesu&iacute;tas, em Salvador, foi a primeira escola do Brasil. (Fonte: WIkimedia Commons)" />O Col&eacute;gio dos Jesu&iacute;tas, em Salvador, foi a primeira escola do Brasil. (Fonte: WIkimedia Commons)
Com oobjetivo de catequizar os nativos, portanto, os padres fundaram sua primeira escola no Brasil em 1549: o Col&eacute;gio dos Jesu&iacute;tas, em Salvador, na Bahia. No ano seguinte, Leonardo Nunes, que tamb&eacute;m era padre, abriu mais uma escola em S&atilde;o Vicente (S&atilde;o Paulo).&nbsp;
Em 1554, S&atilde;o Paulo foi fundada ao redor de outra escola jesu&iacute;ta. Na &eacute;poca, era uma cabana de folhas de palmeira, que depois foi reformada diversas vezes e serviu a outros prop&oacute;sitos. Hoje, a pra&ccedil;a do P&aacute;tio do Col&eacute;gio abriga o Museu Anchieta e &eacute; um importante ponto tur&iacute;stico da capital.&nbsp;
Nessa &eacute;poca, as aulas eram bem diferentes das que conhecemos hoje: somente os meninos ind&iacute;genas (meninas n&atilde;o) aprendiam l&iacute;ngua portuguesa, matem&aacute;tica b&aacute;sica e os princ&iacute;pios do cristianismo. Os negros escravizados, quando come&ccedil;aram a chegar, tamb&eacute;m n&atilde;o foram para essas escolas jesu&iacute;tas.
<h2>A escola mais antiga do Brasil</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/16/16235153530026.jpg" alt="Gin&aacute;sio Pernambucano &eacute; a escola mais antiga do Brasil ainda em atividade (Fonte: Wikimedia Commons)" />Gin&aacute;sio Pernambucano &eacute; a escola mais antiga do Brasil ainda em atividade (Fonte: Wikimedia Commons)
Por volta de 1759, os padres jesu&iacute;tas come&ccedil;aram a se estranhar com os administradores da col&ocirc;nia &mdash; e acabaram sendo expulsos. Muitos de seus col&eacute;gios deixaram de existir e outros passaram a ser administrados pelo Estado. Mas, com isso, a qualidade piorou. At&eacute; porque a metr&oacute;pole n&atilde;o queria muita gente educada na col&ocirc;nia.
Novas mudan&ccedil;as iriam acontecer s&oacute; no s&eacute;culo XIX, com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119895-a-conturbada-e-imunda-jornada-da-corte-portuguesa-para-o-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">chegada da corte portuguesa no Brasil</a>. A Fam&iacute;lia Real queria deixar o pa&iacute;s mais parecido com a Europa e at&eacute; criou algumas faculdades, come&ccedil;ando pela Faculdade de Medicina de Salvador, em 1808. &nbsp;
Ap&oacute;s a Independ&ecirc;ncia, foi aprovada uma lei determinando a cria&ccedil;&atilde;o de escolas em todas as vilas e prov&iacute;ncias do Brasil. Ainda assim, s&oacute; 10% das crian&ccedil;as em idade escolar estudavam.&nbsp;&Eacute; nessa &eacute;poca, ali&aacute;s, que s&atilde;o criadas as escolas mais antigas do Brasil ainda em atividade. Em Recife, o Gin&aacute;sio Pernambucano foi fundado em 1825. Muita gente importante estudou nele, de ex-presidentes da Rep&uacute;blica a escritores, como Clarice Lispector e Ariano Suassuna.&nbsp;
<span data-fonte="(Fonte: Wikimedia Commons)" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/89/Colegio_Gentil_Bittencourt_-_Nazare_-_Belem_-_Para_%288525909728%29.jpg/1280px-Colegio_Gentil_Bittencourt_-_Nazare_-_Belem_-_Para_%288525909728%29.jpg" class="img-fc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/24/wikimedia-commons-24103924038040.jpg" alt="Wikimedia Commons" />Col&eacute;gio Gentil Bittencourt. (Fonte: Wikimedia Commons)
H&aacute; ainda o Col&eacute;gio Gentil Bittencourt, de Bel&eacute;m, cujas portas foram abertas em 1804. Mas essa institui&ccedil;&atilde;o come&ccedil;ou como abrigo filantr&oacute;pico para meninas ind&iacute;genas, tornando-se uma escola s&oacute; em 1879. Portanto, o Gin&aacute;sio Pernambucano &eacute; o mais antigo. &nbsp;
Da mesma &eacute;poca, ainda est&atilde;o em atividade o Col&eacute;gio Atheneu Norte-Riograndense, de Natal, fundado em 1834; e tamb&eacute;m o tradicional Col&eacute;gio Pedro II, do Rio de Janeiro, aberto em 1837.&nbsp;

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Qual foi a primeira escola do Brasil?

Imagem de Por que a insulina é tão cara nos EUA e como se tornou inacessível? no megacurioso

A insulina foi um medicamento patenteado para ser acessível — e realmente é, em vários países —, mas é caríssima nos Estados Unidos

<head></head><body>A insulina é um medicamento criado há cerca de 100 anos e <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118560-crise-de-1920-como-a-invencao-da-insulina-salvou-a-humanidade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nós já contamos essa história aqui no Mega Curioso</a>. Os inventores da insulina receberam o Nobel de Medicina, mas venderam as patentes para a Universidade de Toronto por 3 dólares — um para cada. Isso porque pensavam que esse medicamento, essencial à vida dos diabéticos, deveria ser acessível para todos.Aqui no Brasil, isso é uma realidade. O medicamento é distribuído gratuitamente pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/118148-veja-a-comparacao-do-sus-com-o-sistema-de-saude-de-5-outros-paises.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sistema Único de Saúde (SUS)</a> — custeado pelos nossos impostos, mas acessível para quem precisa. E mesmo que um diabético precise comprar doses extras em farmácias, é possível achar opções por cerca de R$ 50.&nbsp;Já nos Estados Unidos, um dos países mais ricos do mundo, esse remédio pode custar mais de US$ 300 por dose. O custo mensal pode passar dos US$ 1300 — mais que o salário mínimo no país, que é de US$ 7,25 por hora ou cerca de US$ 1250 ao mês. Sem esse dinheiro, há norte-americanos morrendo todos os dias de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/121697-tipos-de-diabetes-saiba-quais-sao-e-como-prevenir.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">doença relativamente fácil de tratar</a>.Nicole Smith-Holt, por exemplo, perdeu seu filho Alec. Aos 26 anos, ele saiu do seguro-saúde dos pais. Mesmo com um bom emprego, ele precisava de mais 300 dólares para completar os 1300 do tratamento. Esperando seu salário, ele racionou o remédio que tinha até morrer. Caso vivesse no Brasil, Alec poderia recorrer ao SUS ou comprar na farmácia por preços acessíveis.&nbsp;Depois da morte do filho, Nicole se tornou uma ativista pelos direitos dos diabéticos — que pressionam as indústrias farmacêuticas a abaixarem os preços da insulina. Até porque essa medicação custa oito vezes mais nos EUA do que nos outros países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).&nbsp;Por que isso acontece? A resposta simples é: <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/112625-monopoly-e-o-lado-sombrio-do-capitalismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">por causa de dinheiro</a>. Mas há outros detalhes interessantes nessa discussão — e uma possível luz no fim do túnel, para os diabéticos nos Estados Unidos.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/14/14165339626287.jpg" alt="Fonte: GettyImages">Fonte: GettyImages<h2>Um problema da indústria farmacêutica</h2>Mas se a patente da insulina foi vendida à Universidade para que ela fosse acessível, como os laboratórios podem cobrar tanto por ela? A resposta está na indústria farmacêutica.&nbsp;Há 100 anos, o que os médicos canadenses patentearam era um processo quase primitivo de desenvolvimento da insulina a partir do pâncreas de animais. Desde os anos 1980, o remédio é desenvolvido a partir da insulina humana, com bactérias. Mas essas patentes expiram e outros laboratórios podem fazer genéricos mais baratos, não? Não necessariamente.De tempos em tempos, os laboratórios fazem pequenas melhorias nas fórmulas, em processos de produção e outros detalhes. Assim, novas patentes vão se sobrepondo às antigas, de modo que a insulina continua na mão dos mesmos laboratórios — ao menos nos Estados Unidos, onde o investimento para aprovar os genéricos junto à FDA (Food and Drug Administration, similar à nossa Anvisa) desestimula a comercialização de opções mais baratas.Mesmo que a gente exclua as opções genéricas, até as insulinas mais recentes, "de marca", custam cerca de R$ 200 a R$ 300, aqui no Brasil, enquanto passam dos US$ 300 nos EUA. Então, o problema vai além das patentes.<h2>Mas também do governo e do mercado americano</h2>Uma parte da resposta está nas leis dos EUA, que não regula os preços de remédios. Além disso, não há um órgão, como o SUS, que compre grandes quantidades de insulina a preços menores — impossibilitando cobrar mais de mil dólares por algo disponível "de graça".&nbsp;No Reino Unido, por exemplo, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/118148-veja-a-comparacao-do-sus-com-o-sistema-de-saude-de-5-outros-paises.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">NHS (sistema de saúde de lá)</a> também compra muita insulina e determina os preços que está disposto a pagar. Os laboratórios que não aceitarem perdem um mercado gigantesco.A total falta de regulação — que, na teoria capitalista, deveria levar à diminuição de preços pela concorrência — é prejudicial em um mercado onde a demanda é inflexível. Afinal, os diabéticos não compram insulina porque querem, mas sim porque precisam dela pra viver. Então, eles vão "raspar" suas contas bancárias, mas pagar o que os laboratórios cobram.Além disso, mesmo que a pessoa tenha seguro-saúde, ela precisa pagar o valor integral para ser ressarcida só depois, com um desconto que depende do seguro — o que é um problema e tanto, quando a pessoa simplesmente não tem esses recursos.Esse esquema das seguradoras é outra questão complicada, já que criou um outro mercado de intermediários que comercializam esses ressarcimentos. O resultado é que os preços só fazem subir, mesmo sem grandes melhorias nos remédios, porque isso é vantajoso para as empresas envolvidas. Tudo às custas dos pacientes, que racionam insulina e morrem.<h2>Uma luz no fim do túnel?</h2>Em resumo, a insulina é caríssima nos EUA porque não existe um Sistema Único de Saúde para negociar diretamente com os laboratórios, nem leis que facilitem a chegada de genéricos ou a regulação de preços de medicamentos essenciais.&nbsp;Só recentemente que alguns estados aprovaram leis para limitar o preço máximo da insulina, depois de muita pressão de ativistas — como Nicole Smith-Holt, que mencionamos no início. Há até iniciativas para a produção de insulina genérica em outros estados e alguns projetos para leis ao nível nacional.&nbsp;Como resultado, a farmacêutica Eli Lilly anunciou uma redução de 75% no preço da insulina, em março de 2023. Alguns dias depois, a NovoNordisk fez o mesmo. Junto com a francesa Sanofi, são as três empresas que dominam esse mercado nos EUA. Mas mesmo com esses 75%, essa insulina continuará mais cara por lá do que no Brasil. &nbsp;Mesmo que o SUS possa ser alvo de diversas críticas e que muitas coisas sejam mais caras no Brasil que nos Estados Unidos, pelo menos nesse aspecto estamos à frente.</body>

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Por que a insulina é tão cara nos EUA e como se tornou inacessível?

Imagem de A ciência demorou para estudar o clitóris das cobras — e isso importa no megacurioso

Enquanto existem inúmeros estudos sobre os pênis (ou melhor, hemipênis) dos répteis, o mesmo não acontece com as fêmeas dessas espécies

A n&atilde;o ser que voc&ecirc; seja um herpetologista (ramo da zoologia que estuda r&eacute;pteis e anf&iacute;bios), &eacute; prov&aacute;vel que voc&ecirc; nunca tenha perdido o sono se perguntando "por que a ci&ecirc;ncia levou tanto tempo para estudar o clit&oacute;ris das cobras?". Mas a verdade &eacute; que essa quest&atilde;o &eacute; bem importante &mdash; por v&aacute;rios motivos que vamos explicar ao longo desse artigo.
Tudo come&ccedil;a quando analisamos que os &oacute;rg&atilde;os sexuais masculinos dos r&eacute;pteis s&atilde;o estudados h&aacute;, pelo menos, um s&eacute;culo. Os bi&oacute;logos sabem muito bem que o hemip&ecirc;nis, geralmente, tem duas pontinhas, que s&oacute; s&atilde;o expostas <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/67261-sexo-animal-como-e-que-as-cobras-fazem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">na hora do acasalamento</a>. No resto do tempo, elas ficam guardadas dentro do corpo dos r&eacute;pteis. Sabem at&eacute; que h&aacute; uma grande variedade de formas e tamanhos entre as esp&eacute;cies, sendo que algumas t&ecirc;m espinhos e mais pontinhas.
E sobre as cobras f&ecirc;meas? Pois &eacute;: o primeiro estudo sobre elas s&oacute; apareceu em 1995. Durante muito tempo, os cientistas simplesmente acreditaram que o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123815-clitoris-e-encontrado-pela-1-vez-em-especime-de-cobra-femea.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">clit&oacute;ris das cobras</a> &mdash; ou, melhor, o hemiclit&oacute;ris, equivalente ao hemip&ecirc;nis &mdash; n&atilde;o tinha nenhuma fun&ccedil;&atilde;o biol&oacute;gica ou evolutiva. S&oacute; que ningu&eacute;m o estudou a fundo para afirmar isso. &nbsp;&nbsp;
<ul>
<li>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/polemica/75739-7-penis-extremamente-bizarros-do-mundo-animal.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">7 p&ecirc;nis extremamente bizarros do mundo animal</a></li>
</ul>
<h2>O vi&eacute;s machista at&eacute; na ci&ecirc;ncia</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/22/a-22182000166352.jpg" alt="a" />(Fonte: The Royal Society Publishing)
Um artigo de revis&atilde;o, divulgado em 2014, analisou estudos sobre os genitais dos animais entre 1989 e 2013. Mais da metade focava apenas nos machos e s&oacute; 20% focava nas f&ecirc;meas (e outros estudavam ambos os sexos). Isso &eacute; sintoma de um problema geral na ci&ecirc;ncia: a ideia de que s&oacute; o masculino merece interesse.
Isso acontece at&eacute; na biologia humana: at&eacute; algumas d&eacute;cadas atr&aacute;s, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119930-voce-sabia-que-o-clitoris-e-bem-parecido-com-um-penis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a ci&ecirc;ncia sabia muito pouco sobre o clit&oacute;ris das mulheres</a>. A ideia de que o espermatozoide n&atilde;o nada ativamente enquanto o &oacute;vulo fica parado (o que sempre aprendemos) s&oacute; come&ccedil;ou a ser estudada recentemente. H&aacute; ind&iacute;cios de que a anatomia feminina &eacute; o que move a gameta masculina at&eacute; o &oacute;vulo.&nbsp;
Voltando para as cobras, um estudo liderado pela bi&oacute;loga Megan Folwell, da Universidade de Adelaide (Austr&aacute;lia), entendeu que as cobras t&ecirc;m, sim, um hemiclit&oacute;ris &mdash; e que a estrutura traz diversas informa&ccedil;&otilde;es importantes sobre essas esp&eacute;cies. Mas n&atilde;o s&oacute; isso: Folwell escreve que muitos estudos anteriores ao seu identificaram os hemiclit&oacute;ris erroneamente como hemip&ecirc;nis ou gl&acirc;ndulas. H&aacute; artigos que s&oacute; citavam outras pesquisas, sem conferir se elas faziam sentido &mdash; ou seja, pesquisando diretamente com os animais.&nbsp;
Na verdade, os hemiclit&oacute;ris das cobras t&ecirc;m tantas diferen&ccedil;as em tamanho, formato e anatomia quanto os hemip&ecirc;nis (o estudo de Folwell descreveu nove esp&eacute;cies). Logo, ele provavelmente tem tanta import&acirc;ncia biol&oacute;gica e evolutiva quanto os &oacute;rg&atilde;os dos machos &mdash; diferente do que outros cientistas afirmavam, sem se importar em pesquisar a fundo.&nbsp;
<h2>Um problema generalizado</h2>
Outras pesquisas atestam como o foco exagerado nos machos acontece em v&aacute;rios campos da biologia. At&eacute; os f&oacute;sseis de esp&eacute;cies extintas s&atilde;o, em sua maioria, de machos. E os exemplares mantidos em laborat&oacute;rios para estudar cada esp&eacute;cie raramente s&atilde;o de f&ecirc;meas: s&oacute; 29% deles, no caso de p&aacute;ssaros, e 39% para mam&iacute;feros, segundo uma pesquisa de 2019.&nbsp;
Enquanto os ossos penianos dos mam&iacute;feros, como roedores, j&aacute; foram descritos e estudados milhares de vezes, pouco se sabe sobre a estrutura equivalente nas f&ecirc;meas. Uma pesquisa de 2016, feita por cientistas homens, sugeriu que o osso clitor&iacute;deo tinha pouca fun&ccedil;&atilde;o &mdash; mais ou menos o que se afirmava sobre as cobras.
Mais do que o machismo, isso pode ser atribu&iacute;do &agrave; falta de diversidade na ci&ecirc;ncia. Isso leva os mesmos grupos de pessoas (homens brancos, cisg&ecirc;neros e heterossexuais) a manter hip&oacute;teses e percep&ccedil;&otilde;es parecidas. Desse modo, a vis&atilde;o de que a anatomia masculina &eacute; mais importante, em todas as esp&eacute;cies, se perpetua.&nbsp;
Enquanto isso, na natureza, &eacute; poss&iacute;vel encontrar f&ecirc;meas dominantes na rela&ccedil;&atilde;o, que t&ecirc;m clit&oacute;ris maiores, al&eacute;m de <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/99489-20-animais-que-apresentam-comportamentos-homossexuais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">animais com comportamento homossexual</a> e at&eacute; <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/99676-7-animais-que-mudam-de-sexo-e-nao-se-enquadram-em-um-genero-especifico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">transexualidade</a>. Mas, para que esses fen&ocirc;menos recebam a devida aten&ccedil;&atilde;o, a ci&ecirc;ncia precisa mudar.&nbsp;

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A ciência demorou para estudar o clitóris das cobras — e isso importa

Imagem de Dia Internacional da Síndrome de Down: 5 mitos sobre essa condição no megacurioso

A Síndrome de Down, também chamada de trissomia do 21, é uma alteração genética (e não uma doença) que ainda é cercada por diversos mitos

<head></head><body>Vinte e um de março é o Dia Internacional da Síndrome de Down — uma data para celebrar a vida das pessoas que convivem com essa condição, mas também garantir que elas tenham acesso às mesmas oportunidades: saúde, educação, trabalho, vida social...&nbsp;Sim, porque a Síndrome de Down não é uma doença, muito menos torna a pessoa incapaz de viver normalmente. Na verdade, ela é uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/genetica/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">alteração genética</a>: os seres humanos costumam ter 46 pares de cromossomos, sendo 23 do pai e 23 da mãe. Mas, por algum motivo, os fetos das pessoas com Síndrome de Down reproduzem uma terceira cópia do cromossomo 21. Por isso, a condição também é chamada de trissomia do 21.&nbsp;Ela tem esse nome porque o primeiro médico que descreveu o conjunto de características que tornam a síndrome reconhecível foi John Langdon Down, em 1866. A ciência descobriu que as causas da Síndrome de Down são genéticas em 1959.&nbsp;Mas mesmo que o conhecimento sobre essa condição tenha aumentado nas últimas décadas, ela ainda é cercada por mitos e ideias equivocadas. Pensando nisso, separamos essa lista com 5 mitos sobre Síndrome de Down para você se atualizar.&nbsp;<h2>Mito n.º 1: a Síndrome de Down é uma doença</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/20/20173222512321.jpg" alt="Fonte: Getty Images">Fonte: Getty ImagesComeçando por esse item, que mencionamos brevemente na introdução, a Síndrome de Down não é uma doença. Ela é uma alteração genética que pode causar alguns problemas de saúde — mas, com um acompanhamento correto e o apoio da família, as pessoas nascidas com Down <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/106501-8-brasileiros-com-sindrome-de-down-com-destaque-em-diferentes-areas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">podem ter uma vida totalmente normal</a>.&nbsp;Entre as alterações mais comuns, estão o atraso no desenvolvimento intelectual, que costuma ser leve ou moderado. Além disso, os pais devem acompanhar a possibilidade de cardiopatias, alterações auditivas, oftalmológicas e do sistema digestório. Outra característica da síndrome é a força muscular reduzida. Porém, com estímulos desde a infância, a pessoa aprende a andar e pode praticar esportes normalmente.&nbsp;<h2>Mito n.º 2: pessoas com Down não podem ser independentes</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/20/20173510486326.jpg" alt="Fonte: GettyImages">Fonte: GettyImagesAinda que o Down gere um atraso no desenvolvimento intelectual, ele costuma ser leve, como dissemos. Então, as pessoas que nascem com trissomia do 21 podem ir à escola normalmente, inclusive em turmas regulares, na maioria dos casos.&nbsp;Algum acompanhamento específico pode ser necessário (fonoaudiologia, terapia ocupacional ou fisioterapia), mas a pessoa pode se formar e buscar <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/110763-conheca-a-cafeteria-especial-onde-todos-funcionarios-tem-sindrome-de-down.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">oportunidades no mercado de trabalho</a>, como qualquer outra. Pessoas com Down podem até fazer faculdade e concursos, se o atraso intelectual for mais leve.&nbsp;<h2>Mito n.º 3: quem tem Síndrome de Down morre cedo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/20/20174405389329.jpg" alt="Fonte: GettyImages">Fonte: GettyImagesEsse mito sobre Síndrome de Down até era verdadeiro até algumas décadas atrás, quando as pessoas com trissomia do 21 não recebia tratamento adequado para suas questões de saúde e eram praticamente excluídas da sociedade.&nbsp;Hoje em dia, pessoas com Down podem passar dos 60 anos e há casos de pessoas que <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124627-etarismo-ou-velhofobia-entenda-o-debate-e-os-termos-corretos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">viveram até os 80</a>. As cardiopatias, por exemplo, podem ser corrigidas com cirurgias ainda na infância, permitindo um desenvolvimento normal do coração. Tudo depende da atenção da família e dos estímulos que a pessoa com Down recebe desde a infância.&nbsp;<h2>Mito n.º 4: eles estão sempre felizes e têm a mesma cara</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/20/20175057462330.jpg" alt="Fonte: GettyImages">Fonte: GettyImagesMuitas pessoas associam a Síndrome de Down com as características faciais das pessoas que nascem com ela: rosto e olhos arredondados, por exemplo. Mas a realidade é que, assim como qualquer pessoa, as pessoas com Down se parecem mais com suas famílias do que umas com as outras. Dizer que todas se parecem é ofensivo.&nbsp;Além disso, elas podem parecer mais simpáticas ou nos inspirar simpatia, por superarem suas limitações. Mas elas podem viver todas as emoções humanas e se comportar de várias formas, pois são pessoas comuns. Ter Síndrome de Down é só mais uma característica, que não define quem a pessoa é.&nbsp;<h2>Mito n.º 5: Apenas mães mais velhas têm crianças com Down</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/20/20175932705332.jpg" alt="Fonte: GettyImages">Fonte: GettyImagesA ciência ainda não descobriu, exatamente, o que causa a alteração genética que chamamos de Síndrome de Down. Sabe-se que existe um risco ligeiramente maior, conforme a idade da mulher grávida: de 0,1% em grávidas com 20 anos para cerca de 3% em grávidas acima de 45.&nbsp;Mas isso não quer dizer que apenas essas mulheres tenham crianças com Down ou que toda gravidez de mulheres acima de 45 têm esse risco — muito menos que isso seja um problema.&nbsp;Para terminar, é interessante observar que a Síndrome de Down acontece em 1 a cada 700 nascimentos – ou seja, há cerca de 300 mil pessoas com essa condição no Brasil. Todas elas merecem nosso respeito, como qualquer ser humano.&nbsp; </body>

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Dia Internacional da Síndrome de Down: 5 mitos sobre essa condição

Imagem de Novo Ensino Médio: o que muda com a reforma e por que ela é polêmica? no megacurioso

Professores e especialistas em educação pedem a revogação do modelo, que pode aumentar as desigualdades e piorar a qualidade do ensino público

<head></head><body>A reforma do Ensino Médio é um projeto do governo Temer, de 2017, que se tornou obrigatória em 2022 — com implementação gradual até 2024. Mas só um ano depois da obrigatoriedade, antes mesmo de concluir o calendário, diversas entidades pedem sua revogação. A verdade é que, para muitos estudantes, o Novo Ensino Médio se tornou bem pior que o antigo.&nbsp;Entre os principais críticos do novo sistema, estão os professores e aluno de escolas públicas. Mas, para entender essa polêmica, é importante entender o que é o Novo Ensino Médio.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/17/17200929480236.jpeg" alt="Estudantes de escolas públicas pedem a revogação do Novo Ensino Médio (Fonte: Agência Brasil/EBC)">Estudantes de escolas públicas pedem a revogação do Novo Ensino Médio (Fonte: Agência Brasil/EBC)<h2>Novo Ensino Médio: mais tempo para estudar?</h2>O primeiro ponto polêmico do Novo Ensino Médio é como foi implementado: por uma MP (medida provisória). Então, o governo Temer simplesmente redigiu a lei e colocou em vigor — coube ao Congresso Nacional apenas aprovar ou revogar. Aprovou, mas sem ter nenhuma conversa com a população ou especialistas.&nbsp;Dito isso, a própria proposta é repleta de problemas, segundo os críticos.&nbsp;A carga horária mínima passa de 2.400 horas (nos três anos) para 3.000 horas/aula. Com isso, todas as escolas de Ensino Médio no Brasil serão integrais. Isso pode até ser positivo para as escolas com salas de aulas disponíveis e para os alunos que têm tempo. Mas não considera que muitos jovens estudam à noite para trabalhar de dia, nem que muitas escolas fazem três turnos (manhã, tarde e noite) para dar conta da demanda.&nbsp;Mas apesar desse aumento da carga horária, o tempo dedicado aos estudos, na realidade, vai diminuir. Isso porque as 13 disciplinas que existiam antigamente passam a ser agrupadas em 4 áreas do conhecimento:<ul><li>linguagens e suas tecnologias;</li><li>matemáticas e suas tecnologias;</li><li>ciências da natureza e suas tecnologias;</li><li>ciências humanas e sociais aplicadas;</li></ul><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/17/17201240956237.jpeg" alt="Novo Ensino Médio não tem matérias, mas sim áreas do conhecimento, como no ENEM (Fonte: Agência Brasil/EBC)">Novo Ensino Médio não tem matérias, mas sim áreas do conhecimento, como no ENEM (Fonte: Agência Brasil/EBC)E uma quinta área do conhecimento foi incluída na reforma: formação técnica e profissional. A nova área também é polêmica, uma vez que parece se preocupar com a formação de mão de obra para o mercado de trabalho — em vez da educação e formação crítica do aluno, que seria o principal papel de uma escola.&nbsp;Além disso, as quatro áreas do conhecimento, que abrigam as matérias "tradicionais", só terão 1.800 horas/aula no Novo Ensino Médio. Na prática, muitos jovens do terceiro ano já estão com menos aulas de assuntos que serão cobrados deles no ENEM e nos vestibulares.&nbsp;Isso sem falar que essa separação por áreas do conhecimento obriga os professores a criarem conteúdos interdisciplinares — mas sem a formação e o investimento necessários para isso. Se um professor se formou em geografia, como ele vai ministrar aulas que envolvem biologia?E se os conteúdos obrigatórios correspondem a só 1.800 horas, o que será feito com as outras 1.200? Aí vem outra grande polêmica: os itinerários formativos. Nas propagandas dos governos Temer e Bolsonaro, isso foi colocado como a grande possibilidade de escolha dos jovens.<h2>O Ensino Médio da escolha — será mesmo?</h2>A ideia dos "itinerários formativos" é permitir que os jovens escolham em quais áreas querem focar seus estudos, com matérias optativas. Mas isso gera diversos problemas.&nbsp;Para começar: se os alunos podem escolher, é preciso ter opções de disciplinas, certo? Então, serão formadas mais turmas menores, com os alunos que escolheram aquela área... Mas como implementar isso em escolas que não têm salas e professores suficientes nem para as matérias obrigatórias? Que tipo de matérias optativas poderão ser oferecidas?Bom... Há trechos da lei que pressupõem que essa carga horária optativa não precisa ser dada pela própria escola — abrindo margem para parcerias com instituições privadas. Na realidade, não precisam nem ser ministradas por professores, mas sim por "pessoas com notório saber", além de poderem ser aulas à distância.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/17/17201418974238.jpg" alt="Como fazer brigadeiro? Em algumas escolas, isso virou matéria do Novo Ensino Médio (Fonte: GettyImages)">Como fazer brigadeiro? Em algumas escolas, isso virou matéria do Novo Ensino Médio (Fonte: GettyImages)Na prática, esse Ensino Médio da escolha está sendo limitado a uma ou duas opções. Também há escolas oferecendo "disciplinas" de "como fazer brigadeiro" e "mundo pet". Em outras, esse tempo é dedicado ao chamado "projeto de vida", onde os alunos discutem sobre seus sonhos com os professores.&nbsp;O problema é que os estudantes precisam preencher 1.200 horas de sua carga horária com essas "matérias" — que entram no lugar de aulas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">física, química</a>, biologia, história, língua portuguesa e literatura... Sim, porque a ideia do Novo Ensino Médio é que, no terceiro ano, o estudante tenha mais aulas das matérias optativas do que das obrigatórias.&nbsp;Isso não é um problema para as escolas particulares, que podem oferecer todas as disciplinas obrigatórias, além de um recheado cardápio de optativas: <a href="https://www.megacurioso.com.br/idiomas/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">idiomas</a>, robótica, programação... Aí mora outro grande problema do Novo Ensino Médio: a desigualdade.Para os críticos do novo sistema, ele tende a aumentar as desigualdades. De um lado, alunos que terão todas as matérias essenciais, mais as opções. De outro, estudantes que vão perder conteúdos importantes e terão aulas piores em troca. Até porque, com a aprovação da PEC do Teto de Gastos, também no governo Temer, as escolas não receberam investimento adequado para implementar essas propostas. E o governo Bolsonaro, apesar de "furar" o teto de gastos várias vezes, foi o que mais cortou recursos da educação.&nbsp;<h2>Para onde vai o Novo Ensino Médio: revogar é a saída?</h2>Para as entidades de professores e uniões de estudantes, não tem outro jeito: o governo Lula precisa revogar o Novo Ensino Médio e abrir discussões para criar uma nova proposta.&nbsp;Já os defensores acreditam que o novo sistema é bom, precisa apenas ser implementado da forma adequada. Vale lembrar que, entre os defensores, estão as escolas particulares, além de empresas que pretendem vender cursos para professores e apostilas para as novas matérias.O Ministério da Educação, por sua vez, admite que a implementação do Novo Ensino Médio foi equivocada, mas afirma que não vai revogar a lei, por inteiro. Por enquanto, consultas públicas estão sendo feitas para analisar ideias de reforma, para melhorar o Novo Ensino Médio.&nbsp;<ul><li><a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Leia outros artigos sobre Educação no Mega Curioso</a></li></ul></body>

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Novo Ensino Médio: o que muda com a reforma e por que ela é polêmica?

Imagem de Etarismo ou "velhofobia": entenda o debate e os termos corretos no megacurioso

O etarismo, nome dado ao preconceito pela idade, é um tema cada vez mais importante em nossa sociedade e ganhou as manchetes nos últimos dias

<head></head><body>O preconceito com a velhice é um tema que cresce em importância conforme <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115279-taxa-de-fertilidade-cientistas-preveem-queda-de-nascimentos-no-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a população se torna mais velha em média</a> — a pirâmide etária, com mais jovens do que idosos, está mudando para um funil etário, e os mais velhos tendem a se tornar maioria.&nbsp;Mas, nos últimos dias, esse assunto dominou as manchetes por um motivo inusitado: um grupo de universitárias humilhou uma colega de classe, de somente 40 anos, mas que já seria "velha" demais para estar em uma faculdade com elas. No domingo, <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117989-oscar-como-e-feita-a-escolha-dos-indicados.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ao ganhar o Oscar</a> de Melhor Atriz por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, a atriz Michelle Yeoh, de 60 anos, disse: "Senhoras, não deixe ninguém dizer que você já passou do seu auge".<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/16/16203405864000.jpg" alt="Michelle Yeoh fez discurso contra o etarismo no Oscar (Fonte: GettyImages)">Michelle Yeoh fez discurso contra o etarismo no Oscar (Fonte: GettyImages)Esses casos — e vários outros que vemos com infeliz frequência — evidenciam o preconceito com a idade. Esse fenômeno foi definido pela primeira vez pelo gerontólogo norte-americano Robert N. Butler, ainda nos anos 1970. Ele criou o termo em inglês, "ageism", que muitas vezes é traduzido como ageísmo, mas também como etarismo ou idadismo. Esse último passou a ser utilizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em relatórios sobre o tema.&nbsp;Alguns especialistas, como a antropóloga Mirian Goldenberg, usam o termo "velhofobia" para facilitar as discussões. Contudo, é importante observar que estereótipos relacionados à idade podem acontecer em várias etapas da vida — como acreditar que pessoas jovens são sempre inexperientes, por exemplo. Além disso, o preconceito com o envelhecimento não impacta só as pessoas idosas, como o caso das universitárias demonstrou.&nbsp;Dessa maneira, definir esse preconceito como etarismo ou idadismo seria mais correto.&nbsp;<h2>Um preconceito com o processo de envelhecer</h2>Em conversa com o podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo, Mirian Goldenberg explica que o etarismo ou idadismo está relacionado aos valores sociais que exaltam a juventude — ao mesmo tempo em que demonizam o envelhecimento. Os 20 ou 30 anos seriam o auge da vida de qualquer pessoa, e passar dos 60 ou 70 <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124265-cientistas-estao-tentando-curar-o-envelhecimento-em-promissor-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">seria quase uma doença</a>.&nbsp;Contudo, Mirian conta que o medo da morte — que supostamente estaria próxima — não é um assunto entre os nonagenários que pesquisa. O que essas pessoas mais temem, na realidade, é <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119360-idosos-solitarios-vivem-menos-e-sao-menos-ativos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a solidão</a> e a perda da independência. Uma morte simbólica, ainda em vida, segundo ela.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/03/16/16203619440001.jpg" alt="Idosos podem ser ativos em todas as áreas da vida, diferente do que prega o preconceito (Fonte: GettyImages)">Idosos podem ser ativos em todas as áreas da vida, diferente do que prega o preconceito (Fonte: GettyImages)Nesse processo, as pessoas mais velhas sofrem preconceito no mercado de trabalho, pois são vistas como incapazes, como alguém que "já deu o que tinha que dar". No convívio social, elas podem ser infantilizadas, como se não fossem seres humanos com sonhos, opiniões próprias e projetos pessoais — assim como qualquer pessoa, apenas com mais anos de vida.Em última instância, isso causa grande impacto na saúde mental dos idosos — que podem até se sentir capazes, mas sofrem com o julgamento social. Além disso, como a professora Naira Dutra Lemos afirmou ao podcast O Assunto, isso pode levar à violência física contra pessoas mais velhas. Entre 2019 e 2020, as denúncias desse tipo ao Disque 100 aumentaram de 48,5 mil para cerca de 77 mil — foi quando mais idosos ficaram em casa com filhos e netos.<h2>Um problema de valores</h2>Mirian Goldenberg afirma que o etarismo ou idadismo é um problema ainda mais grave aqui no Brasil — um país que até pouco tempo era muito jovem e valoriza demais a aparência física da juventude. Em pesquisas na Alemanha, onde o movimento de envelhecimento da população já acontece há mais tempo, ela afirma que idosos ativos são vistos com mais naturalidade.&nbsp;A solução para esse problema, segundo esses especialistas, passa pela educação, as pessoas precisam entender que os idosos podem fazer o que desejarem: trabalhar, viajar, se divertir, ou ter uma vida sexual ativa, de acordo com suas possibilidades. E ainda que a saúde física possa diminuir após os 80 ou 90 anos, nem todos se tornam senis ou "voltam a ser crianças" — aliás, mesmo os idosos senis merecem respeito e tratamento digno.&nbsp;Em resumo, tratar as pessoas mais velhas como gente.&nbsp;Mas, para Mirian, mesmo que a população brasileira esteja envelhecendo como um todo e a sociedade esteja começando a questionar algumas coisas, ainda levará bastante tempo para mudar esse sistema de valores que exalta a juventude, em detrimento à velhice.&nbsp;</body>

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Etarismo ou 'velhofobia': entenda o debate e os termos corretos

Imagem de Sapo Wolverine: o sapo peludo que quebra seus ossos para se defender no megacurioso

A espécie de sapo Trichobatrachus robustus tem um dos mecanismos de defesa mais bizarros da natureza, além de criar 'pelos' para acasalar

O título desse artigo parece bem bizarro, né? Mas é isso aí que você leu: existe uma espécie de sapo que, além de ter pelos em todo o corpo, também quebra os próprios ossos como um mecanismo de defesa. A gente explica tudo para você entender.&nbsp;Mais ou menos como os felinos e outros mamíferos usam suas garras para atacar presas e se defender de inimigos, o sapo da espécie Trichobatrachus robustus usa pedaços de seus ossos, que se projetam para fora das patas. A diferença é que enquanto os felinos têm unhas naturais, o sapo precisa quebrar seus ossos para criar essas garras, quando necessário.Esse tipo de comportamento não é tão incomum assim, na classe dos anfíbios: há espécies de salamandra que projetam suas costelas para fora da pele, para criar espinhos quando se sentem ameaçadas. Ainda assim, elas não quebram os próprios ossos para isso.&nbsp;<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123409-9-especies-de-animais-estranhos-que-estao-ameacadas-de-extincao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">9 espécies de animais estranhos que estão ameaçadas de extinção</a></li></ul><h2>Um mecanismo único na natureza</h2>Como dito, não é sempre que o T. robustus exibe suas garras: em repouso, elas ficam sob uma camada de músculos e pele, ligadas aos ossos dos dedos com colágeno. Quando o bicho está sob ameaça, ele contrai os músculos — de modo que a ponta da garra se quebra do osso, fura a pele e se projeta para fora.&nbsp;Na prática, é como um gato que esconde suas garras pela maior parte do tempo e só mostra quando necessário. Porém, esse mecanismo de quebrar parte do osso e cortar a pele é único entre os vertebrados. Até porque a garra do T. robustus é puro osso — não tem uma cobertura de queratina, como a maioria das garras no mundo animal.&nbsp;Os cientistas ainda não sabem o que o sapo faz com o osso quebrado, quando não precisam mais dele para se defender — já que nenhum mecanismo de retração foi encontrado. Porém, a principal hipótese é que o músculo simplesmente relaxe, osso volte para dentro da pata e seus ferimentos se curem naturalmente.&nbsp;<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123900-sapo-de-vidro-conheca-a-especie-que-fica-quase-invisivel-ao-dormir.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sapo-de-vidro: conheça a espécie que fica quase invisível ao dormir</a></li></ul><h2>O sapo Wolverine</h2>Como se esse mecanismo de defesa "curioso" não fosse o suficiente, o T. robustus ainda tem outra característica que o diferencia de outros sapos: durante o período de acasalamento, seu organismo produz uma cobertura que lembra pelos. Mas ela é feita de pele vascularizada — e não cabelo, como a maioria dos animais peludos. Acredita-se que isso é uma forma pro animal receber mais oxigênio pela pele e respirar melhor, enquanto cuida de sua prole.Então, sendo um bicho peludo e com garras que se projetam das patas, não fica difícil arranjar um apelido bem popular para o T. robustus: sapo-Wolverine.Só os machos exibem esses dois comportamentos — as fêmeas são mais parecidas com os anfíbios que a gente está acostumado. Aliás, essa é a única, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121376-ra-sapo-ou-perereca-qual-e-a-diferenca-entre-esses-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">entre as espécies da família dos sapos</a> (Arthroleptidae), em que os machos são significativamente maiores que as fêmeas: eles chegam aos 11 centímetros, enquanto elas têm no máximo nove.&nbsp;Mas essa estranheza não assusta os camaroneses: no país, é comum que os sapos Wolverine sejam caçados, cozidos e comidos. Quem caça esses sapos usa lanças compridas, para evitar as garras do bicho. Um dos povos nativos da região, os Bakossi, acreditam que os sapos caem do céu — por isso, comer um T. robustus <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121727-sapos-eram-o-melhor-teste-de-gravidez-nos-anos-70.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ajudaria casais inférteis a se reproduzir</a>.E você: tá servido?

Evandro Voltolini