Estilo de vida
16/03/2023 às 06:47•2 min de leitura
O título desse artigo parece bem bizarro, né? Mas é isso aí que você leu: existe uma espécie de sapo que, além de ter pelos em todo o corpo, também quebra os próprios ossos como um mecanismo de defesa. A gente explica tudo para você entender.
Mais ou menos como os felinos e outros mamíferos usam suas garras para atacar presas e se defender de inimigos, o sapo da espécie Trichobatrachus robustus usa pedaços de seus ossos, que se projetam para fora das patas. A diferença é que enquanto os felinos têm unhas naturais, o sapo precisa quebrar seus ossos para criar essas garras, quando necessário.
Esse tipo de comportamento não é tão incomum assim, na classe dos anfíbios: há espécies de salamandra que projetam suas costelas para fora da pele, para criar espinhos quando se sentem ameaçadas. Ainda assim, elas não quebram os próprios ossos para isso.
Como dito, não é sempre que o T. robustus exibe suas garras: em repouso, elas ficam sob uma camada de músculos e pele, ligadas aos ossos dos dedos com colágeno. Quando o bicho está sob ameaça, ele contrai os músculos — de modo que a ponta da garra se quebra do osso, fura a pele e se projeta para fora.
Na prática, é como um gato que esconde suas garras pela maior parte do tempo e só mostra quando necessário. Porém, esse mecanismo de quebrar parte do osso e cortar a pele é único entre os vertebrados. Até porque a garra do T. robustus é puro osso — não tem uma cobertura de queratina, como a maioria das garras no mundo animal.
Os cientistas ainda não sabem o que o sapo faz com o osso quebrado, quando não precisam mais dele para se defender — já que nenhum mecanismo de retração foi encontrado. Porém, a principal hipótese é que o músculo simplesmente relaxe, osso volte para dentro da pata e seus ferimentos se curem naturalmente.
Como se esse mecanismo de defesa "curioso" não fosse o suficiente, o T. robustus ainda tem outra característica que o diferencia de outros sapos: durante o período de acasalamento, seu organismo produz uma cobertura que lembra pelos. Mas ela é feita de pele vascularizada — e não cabelo, como a maioria dos animais peludos. Acredita-se que isso é uma forma pro animal receber mais oxigênio pela pele e respirar melhor, enquanto cuida de sua prole.
Então, sendo um bicho peludo e com garras que se projetam das patas, não fica difícil arranjar um apelido bem popular para o T. robustus: sapo-Wolverine.
Só os machos exibem esses dois comportamentos — as fêmeas são mais parecidas com os anfíbios que a gente está acostumado. Aliás, essa é a única, entre as espécies da família dos sapos (Arthroleptidae), em que os machos são significativamente maiores que as fêmeas: eles chegam aos 11 centímetros, enquanto elas têm no máximo nove.
Mas essa estranheza não assusta os camaroneses: no país, é comum que os sapos Wolverine sejam caçados, cozidos e comidos. Quem caça esses sapos usa lanças compridas, para evitar as garras do bicho. Um dos povos nativos da região, os Bakossi, acreditam que os sapos caem do céu — por isso, comer um T. robustus ajudaria casais inférteis a se reproduzir.
E você: tá servido?