Imagem de "A Hora do Pesadelo" foi baseado em uma misteriosa doença fatal no megacurioso

O roteirista Wes Craven descobriu que refugiados estavam morrendo durante pesadelos

<head></head><body>O que o autor Clive Barker alcançou com a criação do personagem <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117862-descoberta-assustadora-no-tiktok-revela-caso-real-de-crime.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Candyman</a> em 1985, introduzindo-o de tal forma no imaginário popular que ele passou a ser confundido com a realidade, foi só a continuação do que alguns roteiristas e diretores de filmes de terror faziam desde a década de 1960.Muitos filmes fizeram sucesso nessa época nos Estados Unidos por causa de suas narrativas sangrentas, que não só levavam em consideração o aumento exponencial de assassinatos perturbadores perpetrados por serial killers, como também mexiam com medos que fazem parte da cultura norte-americana, como ter a casa invadida. <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/116925-sadismo-de-hitchcock-atriz-viveu-um-inferno-em-os-passaros.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Alfred Hitchcock</a> fez isso em seu filme Psicose, além de conferir ao personagem antagonista, Norman Bates, características da vida real do assassino em série <a href="https://www.megacurioso.com.br/serial-killers-e-psicopatas/100172-ed-gain-o-assassino-que-inspirou-a-criacao-de-varios-personagens-sinistros.htm#:~:text=Inf%C3%A2ncia%20dif%C3%ADcil,em%20alguns%20de%20nossos%20artigos.&amp;text=Edward%20Theodore%20Gein%2C%20natural%20de,e%20seus%20pais%20se%20detestavam." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ed Gein</a>.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24183627329400.jpg" alt="(Fonte: Vulture/Reprodução)">(Fonte: Vulture/Reprodução)Em 1974, Tobe Hooper foi o responsável por introduzir a "Era de Ouro" de filmes do subgênero slasher, produzindo o notório O Massacre da Serra Elétrica inspirado em alguns dos crimes cometidos por Elmer Wayne Henley e também por Ed Gein.Contudo, em 1984, o diretor e escritor Wes Craven foi o responsável por ir além ao criar toda a narrativa de A Hora do Pesadelo&nbsp;baseado em horrores do campo de guerra.<h2>A morte em sonhos</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24183821798401.jpg" alt="Wes Craven. (Fonte: Wired/Reprodução)">Wes Craven. (Fonte: Wired/Reprodução)Em meados de 1968, Craven era um jovem que havia se mudado para Nova York e tentava a todo o custo fazer sucesso como escritor, quando recebeu uma proposta de seu amigo Sean S. Cunningham para escrever o roteiro de um filme de terror. Porém, Craven nunca tinha sequer visto um filme de terror na vida, pois seu estilo sempre teve forte inspiração de Federico Fellini.Em 1977, apesar do filme Quadrilha de Sádicos ("The Hills Have Eyes"), inspirado em crimes e mistérios que aconteceram no deserto de Nevada, ter sido um fracasso, serviu para consolidar Craven como um diretor de filmes de terror. No entanto, naquele momento, ele percebeu que precisava fazer algo que fosse de fato assustador, senão não daria certo naquela indústria.Em 1983, Craven morava em Venice, Los Angeles (EUA), quando esbarrou em uma entrevista sobre "morte em pesadelo" do&nbsp;Los Angeles Times com o Dr. Robert Kirschner, professor associado de patologia da Universidade de Chicago e examinador médico adjunto do Condado de Cook.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;3 Brothers Film&nbsp;" data-fonte-url="https://images.squarespace-cdn.com/content/v1/59e512ddf43b55c29c71b996/1572459199679-VCBTC9JQ4JJM60PQGCB7/ke17ZwdGBToddI8pDm48kKIL_Xg2GgrS1-UiJaqWOd8UqsxRUqqbr1mOJYKfIPR7LoDQ9mXPOjoJoqy81S2I8N_N4V1vUb5AoIIIbLZhVYy7Mythp_T-mtop-vrsUOmeInPi9iDjx9w8K4ZfjXt2drKUI6rcnckPhylpieMfiLE1gK3ty7XjMGUrsIfY4tsZH3bqxw7fF48mhrq5Ulr0Hg/hillshaveeyes.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24184057534405.jpg" alt="(Fonte: 3 Brothers Film/Reprodução)">(Fonte: 3 Brothers Film/Reprodução)Em abril daquele ano, cerca de 130 refugiados do sudeste asiático, que encontraram abrigo em Illinois, nos Estados Unidos, gritaram desesperadamente enquanto dormiam antes de morrerem. O Dr. Kirschener investigou de perto 5 mortes, incluindo de uma criança que escapou do horrores do regime do Khmer Vermelho no Camboja, e foi morar junto com sua família em um apartamento no bairro de Near North Side, em Chicago.Os pais temiam que o filho dormisse e a “coisa” alcançasse a criança em seus pesadelos. O menino chegava a ficar acordado por até 5 dias, sobrevivendo por métodos nada ortodoxos desenvolvidos pelos pais ao longo dos anos. No entanto, quando ele não aguentou e finalmente adormeceu, o garoto entrou em crise no meio da madrugada, gritando por ajuda. Quando os pais chegaram no quarto, ele já estava morto.<h2>Os horrores de guerra</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Mundo Seriex&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQqv1WDWyLHJab6MFf0dzNAI-e5yzRNiFNjv-ZbmPeFWGBB4P3lzEoGXD9cq7uaciExN58&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24184335614409.jpg" alt="(Fonte: Mundo Seriex/Reprodução)">(Fonte: Mundo Seriex/Reprodução)Na época, a comunidade médica não encontrou nenhuma explicação clínica para as mortes em pesadelo, apenas que aconteciam com mais frequência entre o grupo étnico minoritário Hmong, refugiados do Laos, um pequeno país no sudeste da Ásia. Eram pessoas que foram perseguidas pelo comunismo durante a Guerra do Vietnã após terem sido recrutados pela CIA para lutar contra os soldados norte-vietnamitas, morrendo em uma taxa 10 vezes maior do que os norte-americanos.Em 1975, com o fim da guerra e instalação do comunismo, a liderança local enxergava os Hmong como traidores, então eles tiveram que fugir para a Tailândia ou para os Estados Unidos para não morrerem ou serem torturados como foram. Portanto, muitas pessoas acreditavam que a “doença do pesadelo” era uma espécie de punição dos espíritos ancestrais por eles terem deixado a terra natal e traído seu povo.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Conversation&nbsp;" data-fonte-url="https://images.theconversation.com/files/305052/original/file-20191203-67017-c9sza7.jpg?ixlib=rb-1.1.0&amp;q=45&amp;auto=format&amp;w=1200&amp;h=900.0&amp;fit=crop"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24184441521410.jpg" alt="(Fonte: The Conversation/Reprodução)">(Fonte: The Conversation/Reprodução)“A ansiedade dos Hmong girou em torno da incapacidade de contribuir para honrar seus espíritos ancestrais e de participar ou realizar os rituais religiosos típicos longe de sua cultura”, comentou o Dr. Khatharya Um, professor associado da UC Berkeley.Por outro lado, várias pessoas atribuíam as mortes durante o sono a agentes químicos nervosos que os soldados da guerra foram expostos. Contudo, essa teoria nunca foi levada em consideração pela área médica. “O gás nervoso não age dessa forma. Não há nenhum estudo sobre isso. Além de que, se fosse o gás o causador, por que ele afetava apenas os homens e por que apenas durante o sono?”, apontou o Dr. Larry V. Lewman, médico legista do Condado Cook, em entrevista ao Los Angeles Times em 1983.<h2>Morte súbita</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24184909462413.jpeg" alt="(Fonte: Medium/Reprodução)">(Fonte: Medium/Reprodução)Em um estudo feito pelo professor Kirschner em 18 vítimas da doença misteriosa, publicado no Journal of the American Medical Assn, mostrou que todos eram homens saudáveis e sem sintomas preexistentes, com idade média de 33 anos. A autópsia feita por ele revelou pouco sobre as mortes, exceto que elas foram causadas por uma parada cardíaca súbita – o que era estranho, visto que as taxas de doenças cardíacas e disfunções em povos asiáticos eram extremamente baixas, principalmente devido à dieta com baixo teor de gordura.“Na época, ninguém conseguia descobrir exatamente o motivo desses homens gritarem e morrerem logo em seguida”, revelou Kirschner ao Los Angeles Times. “Todos eles tinham o coração ligeiramente dilatado, e a maioria com defeitos no sistema que transporta os impulsos eletrônicos do cérebro para o coração. Talvez algum pesadelo tenha causado um curto e sobrecarregado os sistemas, causando a morte”.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;ComingSoon&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTyAGj8hob0XVcBMsGSXWubdDA2NqJ7WKwt4Jv5Yn0MIuOc-GXwfa9x9y9Zlx0X3KdPOnE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/24/24184642992412.jpg" alt="(Fonte: ComingSoon/Reprodução)">(Fonte: ComingSoon/Reprodução)Mais tarde, as pesquisas médicas catalogaram a doença como sendo parte da Síndrome de Morte Arrítmica Súbita (SADS), responsável por cerca de 15% das mortes em todo o mundo. Chamada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) de Síndrome da Morte Noturna Repentina Inexplicável (SUNDS), a doença fatal acontece principalmente em indivíduos jovens e saudáveis, em sua maioria do sexo masculino, principalmente no sudeste asiático. No entanto, nunca conseguiram determinar a causa exata.Em 1983, as mortes bizarras durante o sono foram o necessário para que Wes Craven pudesse formar a espinha dorsal do roteiro de A Hora do Pesadelo. Ele partiu do princípio de que o que poderia causar a morte nessas pessoas era algo muito horrível, então deu vida à Freddy Kruger, o assassino que matava jovens e crianças durante o sono, dando tempo de elas apenas gritarem.</body>

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'A Hora do Pesadelo' foi baseado em uma misteriosa doença fatal

Imagem de Mary Ashford e Barbara Forrest: o perturbador caso de coincidência no megacurioso

Como é possível dois crimes idênticos com 157 anos de diferença?

<head></head><body>"É um mundo pequeno, não é mesmo?"Para o biólogo austríaco Paul Kammerer, as coincidências são fruto de uma força física básica chamada de “serialidade”, assim como o filósofo Sartre propõe, mas, por outro lado, o psicanalista Carl Jung trabalha com a ideia de que a coincidência faz parte de uma espécie de “princípio de conexão acausal místico" que não apenas explica as coincidências físicas como também as premonições.Seguindo a mesma linha de pensamento de Jung, estudos psicológicos identificaram que o ser humano possui uma capacidade inconsciente de percepção intensificada de uma palavra ou frase ouvida recentemente. Então o que podemos enxergar como coincidência, na verdade, foi algo condicionado e guardado no fundo de nossa mente, e que só é resgatado quando acontece. Já em acasos simples, pode ser uma coisa estranha e não muito intuitiva que gere coincidências, uma vez que eventos aleatórios tendem a se agrupar. Por exemplo, são necessárias apenas 23 pessoas em uma sala para tornar mais provável que duas pessoas façam aniversário no mesmo dia.Outra explicação para as coincidências é a Lei dos Números Grandes, que revela que qualquer coisa remotamente possível acabará acontecendo, se esperarmos tempo o suficiente. Ou seja, eventos raros e considerados improváveis ocorrerão devido à quantidade de possibilidades.<h2>A primeira coincidência</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Birmigham Mail&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQUZBoe-3ywkWsWvW_1qZtk_1n0VVCAloPyMvnrdHBV1B4XhrM7786taWPGEfNprTNu_JE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26132112044131.jpg" alt="(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)">(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)Era 26 de maio de 1817, quando a empregada e governanta Mary Ashford, de apenas 20 anos, moradora de Birmingham, no Reino Unido, resolveu ir para uma festa no bar Tyburn House. Ela deixou suas roupas de trabalho na casa de sua amiga, Hannah Cox, em Erdington, e depois, juntas, elas foram direto para o bar, chegando por volta de 19h30.À meia-noite, as jovens saíram do local acompanhadas de dois homens: Benhamin Carter e Abraham Thornton. O segundo deles era o filho de um construtor de Castle Bromwich, tinha cerca de 24 anos e era corpulento. As descrições dele variam entre “jovem de boa aparência” e “homem repulsivo”.Mary ficou sozinha com Thornton depois que sua amiga foi para casa e o outro homem voltou para o bar. Às 4h, Hannah se deparou com a amiga entrando em sua casa para buscar as roupas que havia esquecido. Mary disse que havia passado um tempo com Thorton, e que ele já havia ido embora.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Art.com&nbsp;" data-fonte-url="https://imgc.artprintimages.com/img/print/abraham-thornton-tried-for-the-murder-of-mary-ashford_u-l-pv9sah0.jpg?h=550&amp;p=0&amp;w=550&amp;background=fbfbfb"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26132247510132.jpg" alt="(Fonte: Art.com/Reprodução)">(Fonte: Art.com/Reprodução)Depois que deixou a casa da amiga, testemunhas afirmaram terem visto Mary às 4h andando pela rua. Quatro horas depois, um transeunte chamado George Jackson encontrou o cadáver dela de bruços dentro da vala de um terreno baldio, atualmente o parque Pype Hayes. Mary Ashford estava nua, com seus sapatos e roupas espalhados ao seu redor. Quando a polícia chegou, eles perceberam que a mulher havia sido violentada antes de morrer.Thornton era o único suspeito do crime, por isso foi preso logo em seguida. Em seu julgamento, ele revelou que havia se relacionado sexualmente com a jovem, conversado com ela até às 3h e a acompanhado até a casa de Hannah Cox antes de ir embora.O júri se convenceu da culpa do réu, porém o álibi fornecido por Thornton, estranhamente, sustentou a versão de algumas testemunhas a favor dele. Por falta de provas, o homem foi absolvido e o caso arquivado de modo suspeito. Logo em seguida, Thornton se mudou para os Estados Unidos.<h2>A segunda coincidência</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Anomalien&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQFhUYs8rCGWlBsh0Kt8hH3yKzWxy3yZssPGO-tDZSu8eAYuvMb9GaCO9HRSWzpkzS1jJU&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26132432834133.jpg" alt="(Fonte: Anomalien/Reprodução)">(Fonte: Anomalien/Reprodução)Depois de 157 anos, exatamente em 27 de maio, só que de 1974, Barbata Forrest foi assassinada na mesma região que Mary e também descartada em uma vala, mas próximo à estrada principal de Erdington.A enfermeira de 20 anos saiu com seu namorado, Simon Belcher, para dançar e curtir a noite. O jovem esperou o ônibus junto com ela até às 1h, depois nunca mais a viu. Assim como no caso de Mary, a polícia detectou sinais de estupro ao longo do corpo da jovem.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26132635035134.jpg" alt="(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)">(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)O suspeito pelo assassinato, por incrível que pareça, era um homem chamado Michael Ian Thornton, colega de trabalho de Barbara. Apesar de mais de 100 detetives terem se envolvido para provar que o álibi fornecido pela mãe do criminoso era falso, ele acabou sendo absolvido por “falta de evidências físicas”. Dois Thornton, em épocas diferentes, foram absolvidos pelo mesmo crime e dentro das mesmas circunstâncias.Ainda é impossível o que é mais perturbador em ambas as histórias: as coincidências absurdas ou a tendência de criminosos se safarem.</body>

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Mary Ashford e Barbara Forrest: o perturbador caso de coincidência

Imagem de Ford Flivver: o fracasso que abalou o magnata Henry Ford no megacurioso

Na época, a aeronave tinha o intuito de ser o primeiro 'carro voador' da história

<head></head><body>O magnata Henry Ford, criador da fabricante de automóveis Ford Motor Company, sempre foi um homem ambicioso – o que podemos ver em sua tentativa de criar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115032-fordlandia-a-utopia-que-virou-distopia-no-meio-da-amazonia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Fordlândia</a>, uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115982-utopia-dos-ratos-experimento-previu-a-extincao-da-humanidade-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">utopia&nbsp;</a>industrial no meio da Amazônia. Com a chegada do século XX, depois de já ter se consolidado como o responsável por criar o primeiro automóvel ao alcance da classe média, o homem entendeu que era o momento de partir para a sua próxima paixão na vida: aviões.Na época, o mercado da aviação estava em seu apogeu, principalmente por causa dos aviões bimotor para uso particular. Em 1925, Henry conseguiu lançar com sucesso o seu primeiro empreendimento aéreo: o Ford Trimotor (ou Ford T), que servia para fins comerciais e militares. No ano seguinte, Henry propôs a William Bushnell Stout, gerente da divisão de aeronaves da Ford, a criação do Ford Flivver, o sucessor ao Ford T, com o intuito de que ele fosse um avião “popular” para produção e comércio em massa.A ideia era que a aeronave monoposto (de assento único) coubesse dentro de seu escritório de tão compacta que seria. No entanto, Stout e os demais chefes de engenharia não concordaram com o projeto de Henry, mas o homem seguiu em frente mesmo assim.<h2>O pequeno desastre</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26134411027137.jpg" alt="(Fonte: Jornal dos Clássicos/Reprodução)">(Fonte: Jornal dos Clássicos/Reprodução)A partir das instruções de Henry, o Ford Flivver foi construído por Otto Koppen e Helio Courir em um prédio ao lado dos laboratórios da Ford. O resultado foi uma aeronave feita com uma fuselagem inteira em metal soldado, que ressaltava o aspecto de “carro voador” – que era a verdadeira ambição de seu criador.O protótipo do avião foi apresentado no Ford National Reliability Air Tour, em 30 de julho de 1926, com a imprensa e o público ansiosos para ver a nova invenção do visionário da Ford. Charles Lindbergh foi o piloto convidado para fazer o voo inaugural, e ele descreveu que o Ford Flivver era uma das "piores aeronaves que ele já voou na vida".Henry trabalhou duro em seu Ford Flivver por mais 2 anos, até que alcançasse a terceira versão dele, considerada a mais refinada. Como era de costume, o magnata convidou o jovem Harry J. Brooks, que ele considerava como um filho, para lançar oficialmente o Flivver para a imprensa e o mundo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/26/26134611325138.jpg" alt="(Fonte: FliegerWeb/Reprodução)">(Fonte: FliegerWeb/Reprodução)No final da tarde de 25 de fevereiro de 1928, Brooks pousou na cidade de Titusville, na Flórida, após um voo de 930 milhas a bordo do Flivver, batendo um recorde para aeronaves com menos de 40 cavalos de potência. O voo fazia parte de um dos últimos testes antes do lançamento, e Henry não poderia estar mais feliz.Brooks consertou um vazamento de gás e substituiu uma hélice antes de embarcar de novo e voar em direção à Miami. Ele nunca voltou à sede da Ford, e apenas os destroços do Flivver foram encontrados no dia seguinte. O cadáver dele nunca foi localizado.A tragédia destruiu Henry Ford emocionalmente em aspectos o suficientes para que ele cancelasse a produção da aeronave. De acordo com Harold Hicks, engenheiro-chefe de aviões da companhia, o empresário nunca mais foi o mesmo, assim como o seu entusiasmo por qualquer coisa.</body>

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Ford Flivver: o fracasso que abalou o magnata Henry Ford

Imagem de Patricia Douglas: como Hollywood tratou sua denúncia de abuso sexual no megacurioso

 O desfecho da denúncia revelou porque muitas mulheres permaneceram no anonimato

ATEN&Ccedil;&Atilde;O: esse texto pode trazer conte&uacute;dos sens&iacute;veis por abordar um caso real.
Em outubro de 2017, a cantora e atriz Alyssa Milano come&ccedil;ou o movimento <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/104327-mulheres-usam-hashtag-metoo-para-denunciar-abuso-e-assedio-sexual.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">#MeToo</a> no Twitter pedindo para que mulheres que j&aacute; sofreram ass&eacute;dio no trabalho ou foram v&iacute;timas de qualquer outro tipo de viol&ecirc;ncia sexual, respondessem a sua pesquisa dizendo &ldquo;Eu Tamb&eacute;m&rdquo;. O resultado foi uma "onda" de mulheres que se encorajaram para sair das sombras e unir esfor&ccedil;os com as demais, de famosas a an&ocirc;nimas, gerando uma campanha que exp&ocirc;s at&eacute; mesmo assediadores que s&atilde;o figuras not&oacute;rias de Hollywood.
Em 2016, um relat&oacute;rio chamado&nbsp;EEOC Select Task Force On The Study Of Harassment In The Workplace feito pela Comiss&atilde;o de Oportunidades Iguais de Emprego dos Estados Unidos, apontou que 60% das mulheres relataram &ldquo;aten&ccedil;&atilde;o sexual indesejada, coer&ccedil;&atilde;o sexual, conduta sexual grosseira ou coment&aacute;rios machistas&rdquo; em seu ambiente de trabalho. Estimaram que 90% das funcion&aacute;rias que sofreram ass&eacute;dio nunca registraram uma reclama&ccedil;&atilde;o formal por vergonha e medo de serem desacreditadas ou perderem oportunidades de trabalho.
Em fevereiro de 2018, a pesquisa do jornal USA Today junto com o The Creative Coalition, Women in Film and Television e o NSVRC, contabilizou que 94% das mulheres com carreiras em Hollywood j&aacute; sofreram alguma forma de ass&eacute;dio ou agress&atilde;o sexual, geralmente por um indiv&iacute;duo mais velho e em uma posi&ccedil;&atilde;o de poder. Para piorar, cerca de 21% delas relataram terem sido for&ccedil;adas a fazerem algo sexual pelo menos uma vez.
<h2>A dan&ccedil;arina</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The New York Times&nbsp;" data-fonte-url="https://static01.nyt.com/images/2018/01/04/opinion/00stennWeb/00stennWeb-articleLarge.jpg?quality=75&amp;auto=webp&amp;disable=upscale"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19191255760408.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mildred Mitchell fez o poss&iacute;vel e o imposs&iacute;vel para que sua filha, Patricia Douglas, pudesse se tornar uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/114365-shirley-temple-foi-o-retrato-da-exploracao-infantil-pela-fama.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">estrela de Hollywood</a>. A garota nasceu em 27 de mar&ccedil;o de 1917, na cidade do Kansas, no Missouri (EUA), e se mudou com a m&atilde;e para Los Angeles para poder dar in&iacute;cio a sua carreira cinematogr&aacute;fica. Al&eacute;m de Mitchell sonhar em ver a filha nas telas, ela tamb&eacute;m namorava a ideia de conseguir se tornar uma influente costureira dos famosos.
Enquanto Mitchell come&ccedil;ou costurando vestidos para garotas de programa de luxo, ela permitiu que Patricia abandonasse a escola aos 14 anos para poder se dedicar fazendo figura&ccedil;&atilde;o e algumas pontas como bailarina em filmes, visto que esse era seu maior talento. Nesse &iacute;nterim, Mitchell passou a viver o pr&oacute;prio sonho e negligenciou a filha adolescente.
Patricia era considerada incomum para sua idade, sobretudo por se recusar a beber, fumar ou flertar com qualquer um. Ela queria viver seu sonho, por isso se tornou uma esp&eacute;cie de "mascote" dos atores famosos durante as festas da produ&ccedil;&atilde;o e pausas nas grava&ccedil;&otilde;es. Ela costumava dividir uma Coca-Cola com Dick Powell, jantar com Jimmy Durante, servir de conselheira de George Raft e dan&ccedil;ar com Larry Fine.
<h2>O rancho sem sa&iacute;da</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19191416152409.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na tarde de domingo de 2 de maio de 1937, Patricia recebeu do assistente de elenco, Vincent Conniff, uma chamada para trabalhar. Na &eacute;poca, ela tinha 20 anos e concordou em ir, apesar de ser sustentada pela m&atilde;e e n&atilde;o precisar gerar renda. &Agrave;s 16h, ela se reuniu com mais 120 jovens dan&ccedil;arinas que atenderam ao chamado no Hal Roach Studios, no quarteir&atilde;o da MGM. Elas foram vestidas com chap&eacute;us de caub&oacute;i, jaquetas de bolero com cinto, saias curtas e botas pretas. Em nenhum momento foi dito para qual grava&ccedil;&atilde;o seria, ent&atilde;o elas simplesmente obedeceram.
Depois de se maquiarem, as jovens foram levadas de &ocirc;nibus para o Rancho Roachero, um est&uacute;dio remoto longe do centro da cidade e no meio do nada. Elas foram instru&iacute;das a se sentarem &agrave;s mesas de um grande sal&atilde;o de festas e esperar. Se Patricia fosse mais experiente e perspicaz, teria notado que, apesar de um bar e uma orquestra, o local n&atilde;o possu&iacute;a equipe, luzes ou c&acirc;meras.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19191600687410.jpg" alt="(Fonte: Vanity Fair/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Vanity Fair/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&Agrave;s 18h, v&aacute;rios empres&aacute;rios, atores e mais de 300 homens da MGM invadiram o local. A m&uacute;sica come&ccedil;ou a tocar e os homens a se apossar das jovens, tocando-as, flertando e agindo de maneira sexual. &ldquo;Eles nunca mencionaram que era uma festa. Eu nunca teria ido&rdquo;, confessou Patricia &agrave; Vanity Fair. Sem meio de comunica&ccedil;&atilde;o e transporte, as mulheres foram largadas l&aacute; &agrave; pr&oacute;pria sorte.
Foi depois que foram for&ccedil;adas a dan&ccedil;ar, que o empres&aacute;rio solteir&atilde;o e cat&oacute;lico, David Ross, ent&atilde;o com 36, de um escrit&oacute;rio de vendas de Chicago, passou a perseguir Patricia Douglas. Ele pediu que a jovem dan&ccedil;asse com ele, e assim ela o fez, evitando ao m&aacute;ximo criar confus&atilde;o, apesar de o homem ser um &ldquo;canalha irritante e repulsivo&rdquo;. Quando Ross come&ccedil;ou a tocar os genitais dela, Patricia fugiu para o banheiro, mas foi contida por ele e um outro homem no meio da pista de dan&ccedil;a.
<h2>Corrompida</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19191759296411.jpg" alt="(Fonte: The Dissolve/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Dissolve/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A jovem foi for&ccedil;ada a tomar uma dose de u&iacute;sque puro, depois ela fugiu para fora do sal&atilde;o para se afastar dos homens e poder respirar um pouco. Patricia foi surpreenda por Ross, que tapou sua boca e sussurrou: &ldquo;Fica quietinha ou voc&ecirc; nunca mais vai respirar&rdquo;. O empres&aacute;rio a arrastou para seu carro no estacionamento e a jogou no banco de tr&aacute;s. Ele disse que a "destruiria" com seu p&ecirc;nis, e quando ela come&ccedil;ou a desmaiar, o homem deu tapas na cara dela e berrou: &ldquo;Coopere! Eu quero voc&ecirc; acordada!&rdquo;. Ent&atilde;o Patricia Douglas foi estuprada.
Ela foi encontrada &agrave;s 23h30, depois que o manobrista ouviu seus gritos de socorro. Patricia foi internada no Culver City Community Hospital, antes mesmo de ser examinada, pois o local possu&iacute;a conv&ecirc;nio com a MGM. Apesar das reclama&ccedil;&otilde;es de dor e do sangramento vaginal, o m&eacute;dico que a examinou disse que ela n&atilde;o tinha nada, e pediu para que enfermeiros dessem uma ducha completa nela, lavando qualquer evid&ecirc;ncia de seu corpo.
Patricia Douglas se tornou a primeira mulher a denunciar um abuso sexual na m&iacute;dia, e provavelmente a primeira a n&atilde;o ser ouvida. O poder da MGM abafou cada depoimento da jovem, e quando o caso ganhou o tribunal e explodiu inevitavelmente, eles deram in&iacute;cio a uma campanha de difama&ccedil;&atilde;o de sua reputa&ccedil;&atilde;o. Ela foi descrita como imoral, prom&iacute;scua, prostituta de famosos, b&ecirc;bada e tudo o mais que pudesse "justificar" ela ter sido violentada.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192019672412.jpg" alt="(Fonte: Yeah History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Yeah History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sob manchetes de &ldquo;o julgamento da d&eacute;cada&rdquo;, Patr&iacute;cia Douglas deixou o tribunal com o veredito de &ldquo;inconclusivo&rdquo; pesando suas costas, e David Ross saindo ileso das acusa&ccedil;&otilde;es. Ela entrou com um processo contra a MGM, mas n&atilde;o chegou a lugar algum.
Em entrevista &agrave; Vanity Fair em 2003 para David Stenn, diretor do seu document&aacute;rio Girl 27, Patr&iacute;cia Douglas, ent&atilde;o com 86 anos, declarou: &ldquo;David Ross arruinou minha vida. Tirou toda a minha confian&ccedil;a. Nunca me apaixonei. Fui um zumbi ambulante que passou pela vida&rdquo;. Ross, de fato, conseguiu destru&iacute;-la.

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Patricia Douglas: como Hollywood tratou sua denúncia de abuso sexual

Imagem de Crianças-lobo: os órfãos quase esquecidos da Segunda Guerra Mundial no megacurioso

Ainda é impossível imaginar pelo que essas crianças tiveram de passar para sobreviver

No frio cortante de Bruxelas, na B&eacute;lgica de 1942, uma garota de apenas 7 anos chamada Misha se viu sozinha ap&oacute;s a invas&atilde;o alem&atilde; dominar o pa&iacute;s. Para conseguir sobreviver, ela embarcou em uma jornada em meio ao desespero da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/45071-8-misterios-da-segunda-guerra-mundial-que-continuam-sem-resposta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a> para conseguir reencontrar seus pais.
Sozinha, a menina se refugiou nas florestas belgas e acabou sendo &ldquo;adotada&rdquo; por lobos &ndash; ainda que isso possa parecer absurdo. Dessa rela&ccedil;&atilde;o, nasceu um grande sentimento de amor e prote&ccedil;&atilde;o entre os animais e ela. Esse &eacute; o enredo de Sobrevivendo com os Lobos (Survivre Avec les Loups), um livro de mem&oacute;rias fict&iacute;cias de Misha Defonseca, lan&ccedil;ado em 1997 e adaptado para o cinema em 2007.
Apesar de se tratar de uma fic&ccedil;&atilde;o, a jornada da pequena Misha foi baseada em hist&oacute;rias como a de Erna Schneider, que escapou de um trem de gado que transportava crian&ccedil;as da Pr&uacute;ssia Oriental para a R&uacute;ssia. Por muito tempo, ela viveu sozinha com outros grupos de crian&ccedil;as em meio &agrave; floresta. Assim como milhares de outros pequenos &oacute;rf&atilde;os, ela ficou conhecida como &ldquo;crian&ccedil;a-lobo&rdquo;.
<h2>A evacua&ccedil;&atilde;o em massa</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Scoill Vallajeelt&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQAgqessBU_ie-esMH2hSufXNZtOaEkbiKZhJVOe8a-OqFYkKIS0E_sezqx8vlT3xJ3ZGA&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17154136066285.jpg" alt="(Fonte: Scoil Vallajeelt/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Scoil Vallajeelt/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s 1 ano do in&iacute;cio da Segunda Guerra Mundial, entre setembro e novembro de 1940, aproximadamente 200 mil crian&ccedil;as foram evacuadas de Berlim para partes de Baviera, Salzburgo, Est&iacute;ria, Pr&uacute;ssia Ocidental, Pomer&acirc;nia, Sil&eacute;sia, regi&atilde;o dos Sudetas, Eslov&aacute;quia, Pr&uacute;ssia Oriental e Sax&ocirc;nia, devido ao aumento dos bombardeios a&eacute;reos. Hungria e alguns locais das atuais Rep&uacute;blica Tcheca e Dinamarca, denominados &ldquo;pa&iacute;ses seguros&rdquo;, tamb&eacute;m receberam civis, contabilizando quase 100 mil realocados.
Com o aumento de ataques a&eacute;reos &agrave;s regi&otilde;es residenciais onde ficavam os civis ao longo do Reno-Ruhr, em cidades como Essen, Col&ocirc;nia, Baixa Sax&ocirc;nia, Vestf&aacute;lia, Schleswig-Holstein e Dusseldorf, o ver&atilde;o de 1943 presenciou a maior migra&ccedil;&atilde;o para o interior da hist&oacute;ria, com o deslocamento de milhares de mulheres e crian&ccedil;as. Essas pessoas foram concentradas em campos de evacua&ccedil;&atilde;o especiais chamados de &ldquo;Campos KLV&rdquo;, que tinham at&eacute; escolas e instala&ccedil;&otilde;es m&eacute;dicas, reunindo cerca de 2 milh&otilde;es de crian&ccedil;as em mais de 2 mil campos espalhados pela Bulg&aacute;ria e pela Rom&ecirc;nia.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17154536772286.jpg" alt="(Fonte: The Daily Archives/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Daily Archives/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No final de 1944, os civis alem&atilde;es j&aacute; se viam presos em um cerco ap&oacute;s Erich Koch, l&iacute;der da Pr&uacute;ssia Oriental, proibir que eles evacuassem o territ&oacute;rio amea&ccedil;ado pela iminente invas&atilde;o do Ex&eacute;rcito Vermelho, &agrave; medida que a Alemanha nazista perdia a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, em 13 de janeiro de 1945, tornou-se imposs&iacute;vel conter as pessoas com o avan&ccedil;o da ofensiva da Pr&uacute;ssia Oriental, coordenada pelo sovi&eacute;tico Ivan Chernyakhovsky. A fuga foi permitida no &uacute;ltimo momento, enquanto os frontes alem&atilde;es ainda lutavam para impedir a domina&ccedil;&atilde;o da bandeira vermelha. As pessoas escaparam para os novos campos constru&iacute;dos na Bo&ecirc;mia e na Mor&aacute;via, que se tornaram &aacute;reas seguras.
<h2>As crian&ccedil;as-lobo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17155000635290.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O bombardeio dos Aliados for&ccedil;ou muitas crian&ccedil;as a serem enviadas para a Tur&iacute;ngia como medida de seguran&ccedil;a, mas a maioria delas acabou presa l&aacute; quando o ex&eacute;rcito sovi&eacute;tico invadiu. Foi a partir desse momento que muitas come&ccedil;aram a se perder junto aos refugiados massacrados pelos inimigos.
Estima-se que mais de 75 mil crian&ccedil;as alem&atilde;s foram destro&ccedil;adas e mortas pelos bombardeios violentos, entre outras milhares que se viram abandonadas, tornando-se &oacute;rf&atilde;s e fugindo para as florestas para conseguir sobreviver e n&atilde;o serem capturadas pelas tropas dos Aliados e conduzidas para campos de trabalho for&ccedil;ado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Exulaten&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTPlCH9PJR_q-6w7IAYgkL0TtjT8tOguFZLpIeOSfrifS9aQ0Sup-OdQtZV0ffJIjc4bms&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17155112089293.jpg" alt="(Fonte: Exulaten/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Exulaten/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No final da guerra, aproximadamente 53 mil &oacute;rf&atilde;os viviam em locais in&oacute;spitos, na floresta, em campos devastados, buracos no ch&atilde;o, caixas, celeiros, galp&otilde;es desativados, edif&iacute;cios danificados por bombas e at&eacute; em troncos de &aacute;rvores. Essas &ldquo;crian&ccedil;as-lobo&rdquo;, como foram denominadas, tamb&eacute;m sofreram viol&ecirc;ncia, morreram de fome e foram roubadas. Havia milhares de cartazes de crian&ccedil;as desaparecidas por toda a Alemanha e &Aacute;ustria, por&eacute;m n&atilde;o eram suficientes, e poucos ajudaram a promover reencontros, principalmente por causa das expuls&otilde;es n&atilde;o legisladas e n&atilde;o oficiais de alem&atilde;es.
O resultado foi muitas crian&ccedil;as enviadas para orfanatos sovi&eacute;ticos, enquanto outras fugiram para algum lugar da Litu&acirc;nia e para Alemanha dividida. Algumas delas at&eacute; tiveram sorte de serem apadrinhadas por camponeses e fazendeiros lituanos, que as intitulavam de &ldquo;pequenos alem&atilde;es&rdquo;, dando-lhes comida, roupas e abrigo de gra&ccedil;a. A maioria dos sobreviventes, por&eacute;m, cresceu sem seus pais ou parentes por perto.
<h2>Largados &agrave; pr&oacute;pria sorte</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/18/18172143438290.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As crian&ccedil;as mais velhas que conseguiram se manter junto a seus irm&atilde;os mais novos eram as que comandavam os grupos e faziam viagens de ida e volta ao longo dos trilhos de ferrovias ou entre a floresta para conseguir comida para quem estava doente. Em meados de 1946, agricultores lituanos que vendiam seus produtos nos distritos da Pr&uacute;ssia Oriental procuravam os jovens e as crian&ccedil;as que viajavam at&eacute; a regi&atilde;o oriental do B&aacute;ltico para oferecer seu trabalho para eles em troca de mantimentos. Estima-se que mais de 45 mil crian&ccedil;as alem&atilde;es e jovens permaneceram na Litu&acirc;nia em 1948.
Apesar da ajuda de pessoas que foram como &ldquo;anjos da guarda&rdquo;, os pequenos sofreram danos irrevers&iacute;veis com a vida selvagem, a falta de escolariza&ccedil;&atilde;o, o abandono, as doen&ccedil;as, os ferimentos de guerra e a desnutri&ccedil;&atilde;o. Muitas morreram de fome, principalmente beb&ecirc;s rec&eacute;m-nascidos que eram descartados em panos em becos e cal&ccedil;adas de Berlim, porque os pais n&atilde;o podiam sustent&aacute;-los ou porque foram encontrados ao lado de cad&aacute;veres.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Revisionist&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/rRI0FpTxLlQOcpulPIOjze52N49LUBpUivz85y6QaD_NleoMQopPu_ON5wSdjuV9inSWaukq--uzJz9MrbwvfDOzrAsmItLXsNtvIA"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/18/18172254857292.jpg" alt="(Fonte: Revisionist/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Revisionist/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os Estados Unidos e o Reino Unido proibiram toda e qualquer ajuda humanit&aacute;ria privada ou da igreja para os 85 milh&otilde;es de civis alem&atilde;es que viviam no p&acirc;nico da guerra, causando a morte intencional de milhares deles. Por 1 ano foi proibida ajuda internacional de institui&ccedil;&otilde;es e volunt&aacute;rios de caridade &agrave; Alemanha ap&oacute;s o fim da guerra, e depois restringida a ponto de causar uma crise de fome generalizada. Quando finalmente foi permitida, corpos j&aacute; eram queimados nas ruas porque se amontoavam na sarjeta e acumulavam doen&ccedil;as, sendo a maioria de crian&ccedil;as. De qualquer forma, a ra&ccedil;&atilde;o oferecida pelos Aliados era de aproximadamente 400 calorias di&aacute;rias. Por mais de 2 anos, o n&uacute;mero nunca ultrapassou 1.550 calorias por dia, e as pessoas morreram de desnutri&ccedil;&atilde;o.
Entre mulheres e crian&ccedil;as, o n&uacute;mero de alem&atilde;es assassinados pelos Aliados foi de cerca de 9 milh&otilde;es. O orgulho alem&atilde;o e a tend&ecirc;ncia de desconsiderar a pr&oacute;pria hist&oacute;ria em aspectos que os humilhassem ou pudessem vitimiz&aacute;-los perante o mundo fez a Alemanha esconder e negligenciar as &ldquo;crian&ccedil;as-lobo&rdquo; no discurso do p&oacute;s-guerra, acabando por deixar que fossem inseridas apenas na narrativa hist&oacute;rica da Europa moderna.

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Crianças-lobo: os órfãos quase esquecidos da Segunda Guerra Mundial

Imagem de Por que Mary Bell, aos 11 anos, cometeu um assassinato? no megacurioso

Talvez ela seja a resposta para a pergunta: 'as pessoas nascem más?'

Apesar de ter sido atribu&iacute;do a ela o t&iacute;tulo de &ldquo;a garota psicopata&rdquo;, &eacute; necess&aacute;rio entender a hist&oacute;ria de Mary Bell antes de compar&aacute;-la, por exemplo, com <a href="https://www.megacurioso.com.br/comportamento/39167-conheca-alguns-dos-assassinos-mais-jovens-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Jon Venables</a> e Robert Thompson, duas crian&ccedil;as de apenas 10 anos que assassinaram o pequeno James Bulger por pura divers&atilde;o em fevereiro de 1993, em Liverpool, Reino Unido.
O trauma e a falta de amor assombraram Mary Flora Bell desde que ela nasceu em Newcastle, na Inglaterra, em 26 de maio de 1957. Sua m&atilde;e, Betty McCrickett, aos 17 anos, gritou para que os m&eacute;dicos tirassem Bell de sua frente logo que ela saiu de seu ventre. A partir desse momento, ela tentou se desfazer da filha de todas as maneiras poss&iacute;veis, tentando do&aacute;-la para estranhos na rua, para amigos, vizinhos e parentes. Desesperada, Betty chegou a ponto de oferecer dinheiro para que ficassem com a crian&ccedil;a.
Sem sucesso em se livrar de Bell, a jovem engatou em uma jornada de tentar mat&aacute;-la. Ela fez isso quatro vezes, sendo que em tr&ecirc;s dessas tentativas a irm&atilde; mais velha de Betty se mostrou dispon&iacute;vel para adotar a pequena Bell, pelo menos at&eacute; que Betty terminasse a escola. No entanto, a jovem n&atilde;o aceitou porque a perturbava o fato de que sua filha fosse bem cuidada e feliz.
<h2>Destruindo Bell</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRR9AOPctKYCaJ8yWDm3Dq9Kl8rNecxDfDkrggS15j4NpaWNg9_6Bhc3qp16ANDv96aP58&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192326180413.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Naquela &eacute;poca, Betty era uma garota de programa, que chegou a se casar com o traficante de drogas Billy Bell. Estima-se que pelo menos dos 4 aos 8 anos de idade, Bell foi oferecida aos clientes da m&atilde;e para que eles a estuprassem. A jovem cobrava uma quantia maior para que os homens fizessem o que bem entendessem com o corpo da filha. Al&eacute;m disso, Bell frequentemente se envolvia em &ldquo;acidentes&rdquo;, como cair de uma janela e ter uma overdose de comprimidos para dormir.
No livro Por Que as Crian&ccedil;as Matam &ndash; A Hist&oacute;ria de Mary Bell, ela relatou para a autora Gitta Sereny que s&oacute; se lembra de cenas confusas do que acontecia no quarto, com homens pelados, chicotes que a m&atilde;e usava e vendas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192516598414.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Esses dois fatores foram essenciais para moldar a personalidade de Bell. Seu padrasto, Billy, era a &uacute;nica pessoa com quem a garota se dava bem, apesar de ele oprimi-la psicologicamente e ench&ecirc;-la com discursos antigovernamentais, alegando que a pol&iacute;cia e os professores eram os verdadeiros inimigos, dos quais ela deveria se manter longe. Foi com Billy que Bell aprendeu que a pior coisa que poderia fazer era matar um policial e, como o homem j&aacute; tinha sido preso uma vez, ela achava isso incr&iacute;vel.
O processo de hostiliza&ccedil;&atilde;o dos professores e das autoridades foi praticamente imediato. Bell acreditava que agindo assim ela teria o m&iacute;nimo de admira&ccedil;&atilde;o de seu padrasto. Aos 10 anos de idade, a garota havia se tornado uma pessoa retra&iacute;da, descrita como c&iacute;nica e manipuladora, e parecia sempre estar &agrave; beira de qualquer ato de viol&ecirc;ncia.
<h2>Os dois garotos</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192636379415.jpg" alt="Martin Brown. (Fonte: Chronicle Live/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Martin Brown. (Fonte: Chronicle Live/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na manh&atilde; de s&aacute;bado de 25 de maio de 1968, o menino Martin Brown, de apenas 4 anos, olhos azuis e cabelos loiros, colocou sua capa de chuva e se despediu da m&atilde;e para ir brincar. Aproximadamente 15h30, ele foi encontrado morto&nbsp;por 3 garotos que procuravam lenha no quarto dos fundos de uma casa abandonada. Brown estava de barriga para cima, e a sua boca ensanguentada.
A aut&oacute;psia do cad&aacute;ver n&atilde;o revelou nenhuma fratura nem viol&ecirc;ncia. Os frascos de comprimidos encontrados no local fizeram a pol&iacute;cia concluir que a morte do menino foi apenas um acidente.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Sexta Sombria&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/b9viQ8QJaPUY3J5jcYBYtDlXHEwJN0Ho0ANs9nvvcFpMN1d01TCNilbMLAjwMriFCuMaadN9-GjZWp8eZ-W4kbWMDeD5beKQ60avEeVlZ20PMymWqX8Nw5TUguC5CaxgirDQ9_Sv3601nP3_-f2I"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192824582416.jpg" alt="Brian Howe. (Fonte: Sexta Sombria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Brian Howe. (Fonte: Sexta Sombria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Alguns dias depois, Mary Bell apareceu na porta da fam&iacute;lia Brown dizendo que queria ver Martin. A m&atilde;e do menino explicou a ela que ele estava morto, mas Bell disse que j&aacute; sabia e que estava ali para ver o corpo dele no caix&atilde;o. A mulher fechou a porta na cara dela.
Em 31 de julho de 1968, Brian Howe, de apenas 3 anos, foi encontrado largado em um terreno baldio na regi&atilde;o de Scotswood. Foram encontrados marcas muito discretas de m&atilde;os ao redor do pesco&ccedil;o dele e alguns ferimentos que pareciam ter sido feitos com objetos afiados, inclusive as letras "N" e "M" em seu abd&ocirc;men. Um dos investigadores da pol&iacute;cia alegou que n&atilde;o parecia se tratar de um assassinato, mas sim de uma brincadeira de crian&ccedil;a que parecia ter dado errado.
<h2>Bell e Bell</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19192957285417.jpg" alt="(Fonte: Filmow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Filmow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Norma Bell, de 13 anos, era a melhor amiga de Mary Bell. E, apesar de compartilharem o mesmo tipo de vida quebrada e recheada de muita dor e &oacute;dio, elas n&atilde;o eram parentes, apenas s&oacute;cias de muita revolta.
Pouco depois da morte de Howe, as duas invadiram uma creche e a vandalizaram com bilhetes assumindo a responsabilidade pela morte de Martin Brown e Brian Howe. No entanto, a pol&iacute;cia acreditou que n&atilde;o passava de uma brincadeira m&oacute;rbida e insens&iacute;vel. Mesmo depois que a escola instalou um sistema de alarme, as garotas continuaram invadindo.
Em face a esse tipo de comportamento, elas foram interrogadas pela pol&iacute;cia. Ambas agiram de maneira estranha, por&eacute;m Norma se mostrou mais animada, ao contr&aacute;rio de Mary, que era ap&aacute;tica. Ap&oacute;s ser vista gargalhando na miss&atilde;o de s&eacute;timo dia de Howe e ser convocada para mais depoimentos, ela cometeu o erro de dizer que viu o agressor da v&iacute;tima e que ele carregava uma tesoura. A pol&iacute;cia n&atilde;o havia revelado as marcas feitas com algo afiado encontradas no corpo de Howe.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193250833420.jpg" alt="(Fonte: Theoffbeat/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Theoffbeat/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As duas foram a j&uacute;ri popular. Mary Bell, vestida mal e sem apoio nenhum da fam&iacute;lia, foi constantemente referida como &ldquo;nascida do mal&rdquo; pela promotoria e que tinha prazer em matar. Por outro lado, Norma Bell, com apoio do advogado, foi vestida com roupas vibrantes e instru&iacute;da a chorar muito para demonstrar arrependimento, assim como sua fam&iacute;lia que lhe dava todo o suporte. Eles falavam com a imprensa e se desculpavam o m&aacute;ximo que podiam, enquanto a fam&iacute;lia de Mary Bell os evitava.
O caso foi infectado pela m&iacute;dia e pela press&atilde;o da opini&atilde;o p&uacute;blica, que ca&ccedil;ou Mary Bell como uma bruxa. O resultado veio em 17 de dezembro de 1968, com a absolvi&ccedil;&atilde;o de Norma Bell e a condena&ccedil;&atilde;o de Mary Bell a 12 anos por homic&iacute;dio culposo, partindo do princ&iacute;pio de que ela tinha &ldquo;sintomas cl&aacute;ssicos de psicopatia&rdquo;. Ningu&eacute;m se deu ao trabalho de fazer uma avalia&ccedil;&atilde;o psicol&oacute;gica em Norma.
Mary terminou sua pena em 1980, aos 23 anos, e voltou para a vida em sociedade sem nunca ter mostrado o seu rosto, apesar da persegui&ccedil;&atilde;o midi&aacute;tica. Ela mudou de nome e foi protegida pela Lei Mary Bell, criada para preservar a identidade de crian&ccedil;as que cometeram crimes.
Por que Mary, que foi v&iacute;tima das piores imund&iacute;cies do ser humano durante toda a sua inf&acirc;ncia, tendo s&oacute; a viol&ecirc;ncia como refer&ecirc;ncia, foi considerada como "perigosa e assassina"? Por que ningu&eacute;m se importou com Norma Bell, que arquitetou e participou dos crimes?
Talvez, no final das contas, o caso de Mary Bell responda por si s&oacute; a pergunta: "As pessoas nascem m&aacute;s ou a maldade &eacute; lan&ccedil;ada sobre elas ap&oacute;s seu nascimento?".

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Por que Mary Bell, aos 11 anos, cometeu um assassinato?

Imagem de 'Quem colocou Bella no olmeiro?': o mistério inglês sem solução no megacurioso

<head></head><body>É necessário voltar 8 meses no tempo de 1943 para entender o motivo dessa pergunta— que assombrou uma cidade inteira a ponto de ter sido pichada em um prédio vazio de Old Hill, em West Midlands, Inglaterra, perto do gélido Natal daquele ano.Quando já começava a anoitecer naquele 18 de abril de 1943, no apogeu da Segunda Guerra Mundial, quatro amigos adolescentes – Bob Hart, Tom Willetts, Fred Payne e Bob Farmer – moradores do vilarejo de Hagley, em Worcestershire, Inglaterra, saíram pela floresta para caçar passarinhos com seus cães e fazer qualquer coisa que desviasse seus pensamentos de um possível bombardeio alemão.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17150655359256.jpg" alt="(Fonte: Monumental Trees/Reprodução)">(Fonte: Monumental Trees/Reprodução)Sedentos por um pouco mais de emoção, os garotos decidiram invadir a floresta Hagley Wood, que pertencia a Lord Cobham, nos campos de Wychbury Hill, dispostos a fugirem da provável fúria dos guardas do local. Foi Bob Farmer quem se deparou com um olmeiro (uma espécie de árvore típica da Europa chamada de “wych elm”) e quis escalá-lo à procura de um ninho de pássaro. Ele colocou a mão dentro do tronco oco da árvore e tirou um crânio vazio. Por uma fração de segundos, o jovem pensou que fosse de um animal, porém acabou notando as órbitas vazias e grandes, os tufos de cabelo grudados e os dentes tortos que se projetavam da boca.Rapidamente, Farmer devolveu o crânio para o buraco, e os quatro garotos fugiram do local, prometendo que jamais contariam para ninguém o que haviam encontrado por medo de que fossem responsabilizados por algo.<h2>A mulher na árvore</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17150930018262.jpg" alt="(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)">(Fonte: Birmigham Mail/Reprodução)Contudo, o peso do segredo foi demais para Tom Willetts, que acabou contando para seu pai o que ele e os amigos encontraram. Na manhã seguinte, o homem contatou a Força Policial do Condado de Worcestershire, que foi visitar o local do olmeiro. Eles descobriram não só o crânio, mas também os restos do corpo que já estavam entranhados na árvore. Foi necessário que um lenhador a derrubasse para poder escavar o cadáver por completo.Foram encontrados uma aliança de ouro barato e sapatos de sola de crepe a uma curta distância dos ossos. As roupas que pendiam da caveira eram de baixa qualidade, o que podia indicar que a vítima era alguém pobre. Havia um tecido de tafetá enfiado bem no fundo da boca do crânio, indicando um possível sufocamento. O detalhe mais perturbador e marcante, porém, foi o fato de o corpo não possuir uma das mãos.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Express&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTdaH3clij75jyB2cvyxKwFlFhGAK-fWwoKA6fDFqCrOy2RbEk7_fzbPJx0mKsjTQFDOqQ&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17151151832265.jpeg" alt="(Fonte: Express/Reprodução)">(Fonte: Express/Reprodução)O exame do patologista, professor James Webster, chefe do Laboratório de Ciência Forense de Home Office, em West Midlands, concluiu que se tratava de uma mulher de aproximadamente 35 anos, de cabelos castanhos claros, medindo 1,52 de altura, e que havia sido morta há 1 ano e 6 meses, por volta de outubro de 1941. Analisando os ossos pélvicos, o médico identificou que ela havia dado à luz alguma vez. Ela também possuía uma mandíbula superior irregular que cruzava com os dentes inferiores.Sem sinais de doença ou qualquer tipo de trauma, foi determinado que a mulher morreu por asfixia, e que seu corpo foi colocado dentro da árvore enquanto ela ainda estava viva ou instantes após sua morte, visto que o rigor mortis não teria permitido que a árvore desmembrasse tanto o cadáver ao longo do tronco.<h2>O enigma de Bella</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17151303083266.jpg" alt="(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)">(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)A investigação da polícia começou contatando todos os dentistas locais na esperança que um deles reconhecesse alguém que possuía aquela mesma anomalia dentária do cadáver. Um esboço das roupas e uma espécie de retrato falado que incluía todas as características da mulher foram divulgados publicamente pelos jornais de toda a cidade, e o caso ficou conhecido como o “Enigma do Assassinato da Árvore”.Eles fizeram uma varredura nos registros de pessoas desaparecidas para ver se encontravam algum relato correspondente à descrição da mulher, mas não chegaram a lugar nenhum. Todos os esforços foram para nada. Apenas os sapatos dela levaram até a fábrica Waterfoot Company, em Lancashire. Os investigadores conseguiram entrar em contato com os proprietários de todos os sapatos de sola de crepe, exceto os donos de 6 pares, que foram vendidos em uma banca de rua em Dudley, a 18 km de Birmingham.No entanto, conforme os meses foram se passando, o caso sem pistas foi ficando cada vez mais frio e ofuscado pelos horrores da guerra. Mais preocupada com os conflitos mundiais, a polícia acabou deixando a investigação de lado, até que 8 meses depois, perto do Natal de 1943, eles receberam um alerta de uma pichação em letras garrafais em um prédio vazio da cidade de Old Hill: “Quem colocou Luebella no olmeiro?”<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Objective&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRx6JMH1rwv12xEJ_tjj6FwgUTiArWRLzGUiG4ZBQjDU5udTJ-OVM0YgiiwFgbZg9-osdE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17151437489270.jpg" alt="(Fonte: The Objective/Reprodução)">(Fonte: The Objective/Reprodução)Foi a primeira vez que um nome foi atribuído ao cadáver da mulher. Nas semanas seguintes, mais pichações semelhantes apareceram, todas escritas a mão com a mesma letra e em giz branco, o que indicava serem feitas pela mesma pessoa. Logo o nome "Luebella" apareceu também como "Bella", deixando os investigadores ainda mais confusos. Quem era o autor por de trás da pergunta? Por que ele não havia contatado a polícia?O final da década de 1940 foi marcado por um número crescente da mesma pergunta por todos os lugares, o que fez a polícia questionar se se tratava de pistas ou provocações. Não demorou muito para que o caso ganhasse repercussão nacional, fazendo com que todos mostrassem interesse em saber por que Bella foi colocada no olmeiro.<h2>Anos de teorias</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17152943714279.jpg" alt="(Fonte: Stourbridge News/Reprodução)">(Fonte: Stourbridge News/Reprodução)Naturalmente, diversas teorias surgiram ao longo dos anos em uma tentativa de conseguir determinar quem era Bella. Foi sugerido que a mulher foi uma vítima de estupro, uma prostituta, uma cigana condenada por suas práticas, e até mesmo que foi morta durante um ritual de magia negra. Inclusive, cogitaram que a sua mão decepada se referia a um ritual chamado “Mão da Glória”, cujo intuito é transferir o poder de um criminoso morto para alguém vivo.Uma vez que o olmeiro possui um longo passado relacionado à <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117679-a-invencao-da-bruxaria-no-seculo-xv-e-a-descrenca-das-pessoas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bruxaria</a>, não demorou para que as pessoas apontassem que Bella era uma bruxa, sobretudo com a teoria de que o espírito maligno de uma bruxa pode ser conservado em seu cadáver se for colocado em uma árvore oca feito o olmeiro.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;British Newspaper&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSMWe1d5cCwEdvfU-W3ZOIRIvwYeHpTxD892Q5u4t7g0KAOJF8H_OipbwYo3fibMPF2p-U&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/17/17153126278280.jpg" alt="(Fonte: British Newspaper/Reprodução)">(Fonte: British Newspaper/Reprodução)O mais perto que as especulações chegaram foi de uma mulher chamada Clarabella Dronkers, que tinha aproximadamente 30 anos e dentes irregulares, e que supostamente era esposa de um espião holandês que estava nos arredores de Midlands durante a blitz de Birmigham, em 1940. Clara Bauerle, envolvida com espionagem nazista, desapareceu em 1941 e foi confirmado que ela também possuía uma dentição incomum. No entanto, nenhuma relação poderosa o suficiente foi encontrada entre nenhuma delas.Bella nunca foi identificada, tampouco o autor por de trás da pergunta de quem a teria a colocado no olmeiro. Ainda assim, por muitos anos a pichação assombrou os prédios de toda a região central da Inglaterra, principalmente no Obelisco de Wychbury, em Birmingham.</body>

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'Quem colocou Bella no olmeiro?': o mistério inglês sem solução

Imagem de Texarkana: a cidade que temia o anoitecer no megacurioso

Uma ameaça transformou a cidadezinha no local mais perigoso dos EUA

Durante o ver&atilde;o de 1946, sair nas ruas de Texarkana, uma cidadezinha entre os estados do Texas e o Arkansas nos Estados Unidos, transformou-se em risco de morte. N&atilde;o havia um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117156-10-pessoas-que-previram-a-pandemia-do-novo-coronavirus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">v&iacute;rus</a> mortal que era contra&iacute;do pelo ar ou o perigo de ser bombardeado por algum avi&atilde;o, mas sim existia o risco de "trope&ccedil;ar na sombra" de um assassino em s&eacute;rie que era temido at&eacute; mesmo pela pol&iacute;cia.
Era sexta-feira, 22 de fevereiro de 1946, aproximadamente 23h45, quando Jimmy Hollis (25 anos) e sua namorada, Mary Jeanne Larey (19 anos), estacionaram em uma estrada isolada&nbsp;pr&oacute;ximo da Robison Road que era conhecida por ser o ponto de encontro de casais. Poucos minutos depois, eles foram surpreendidos por um homem usando um capuz de pano branco, que parecia uma fronha, com buracos apenas para os olhos.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Texas Monthly&nbsp;" data-fonte-url="https://www.texasmonthly.com/wp-content/uploads/2014/11/Lead_The-Town-That-Dreaded-Sundown-Directed-by-Charles-B.-Pierce.-Shown-at-left-Bud-Davis.-Credit-American-InternationalPhotofest_680.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193524522422.webp" alt="(Fonte: Texas Monthly/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Texas Monthly/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ele jogou a luz da lanterna no rosto deles, e Hollis disse ao encapuzado que ele"estava mexendo com a pessoa errada", ent&atilde;o o homem respondeu: &ldquo;n&atilde;o quero te matar, ent&atilde;o des&ccedil;a do carro&rdquo;. Os jovens obedeceram, e o criminoso ordenou que Hollis tirasse as cal&ccedil;as. Assim que ele terminou, recebeu uma coronhada na cabe&ccedil;a. Larey disse que o barulho do cr&acirc;nio fraturando foi t&atilde;o alto que ela pensou que o homem havia disparado o rev&oacute;lver. Ela chegou a oferecer a pr&oacute;pria carteira, imaginando que fosse um assalto, mas apenas foi agredida. O desconhecido ent&atilde;o ordenou que ela fugisse, s&oacute; para que a perseguisse em seguida, se jogasse sobre ela e a estuprasse com o cano do rev&oacute;lver.
Larey conseguiu fugir e encontrar uma resid&ecirc;ncia, onde telefonou para a pol&iacute;cia, enquanto Hollis conseguiu pegar uma carona na Richmond Road. Ap&oacute;s meia hora, o xerife Bill Presley, do condado de Bowie, chegou ao local do crime, mas o agressor j&aacute; havia sumido. Ele e os oficiais encontraram apenas as cal&ccedil;as de Hollis e seu carro estacionado.
<h2>Noites sem fim</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193634804423.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As v&iacute;timas deram relatos divergentes para a pol&iacute;cia. Larey afirmou que o homem estava usando uma esp&eacute;cie de fronha na cabe&ccedil;a, e que era afro-americano. Hollis, por outro lado, alegou que o homem era branco, aproximadamente 30 anos, e admitiu que n&atilde;o conseguiu distinguir suas fei&ccedil;&otilde;es devido &agrave; luz da lanterna. Apesar disso, a pol&iacute;cia acreditava que eles sabiam quem era o agressor, mas estavam com medo de dizer a identidade dele.
Em 24 de mar&ccedil;o, Richard Griffin e sua namorada, Polly Ann Moore, foram encontrados mortos em um sed&atilde; Oldsmobile, por volta de 8h30, na mesma estrada em que Laurey e Hollis foram atacados. Ambos foram mortos com tiros na nuca, e um peda&ccedil;o de terra encharcado de sangue sugeriu &agrave; pol&iacute;cia que eles foram assassinados fora do carro e depois transferidos de volta para o ve&iacute;culo. Foram encontrados proj&eacute;teis de uma pistola Colt de calibre 32 na cena do crime.
A investiga&ccedil;&atilde;o policial entrevistou mais de 60 testemunhas, com ampla divulga&ccedil;&atilde;o pela cidade e at&eacute; uma recompensa de US$ 500 pelo criminoso, mas nenhum respons&aacute;vel foi apontado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;AminoApps&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTif4oC4ai44oO4Juv-m3n6U6keGQ7wRrHN2d7QHay6AyKxV9kVYZSw7bxGOpZ2m3ShsgM&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193811508424.jpg" alt="(Fonte: AminoApps/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: AminoApps/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Betty Jo Booker tinha apenas 15 anos quando desapareceu com seu amigo Paul Martin (17), na madrugada de 14 de abril, ap&oacute;s sair de um ensaio de sua banda do VFW Club. Martin foi encontrado &agrave;s 6h30 pelo casal Weaver, ca&iacute;do no acostamento da North Park Road, baleado com quatro tiros, sendo um deles na nuca. S&oacute; &agrave;s 11h30 que Booker foi encontrada, a 3,2 quil&ocirc;metros de dist&acirc;ncia de Martin, atr&aacute;s de uma &aacute;rvore. Ela levou um tiro no peito e outro no rosto.
O xerife Presley e o capit&atilde;o Manuel Gonzaullas, do Texas Ranger, disseram que a aut&oacute;psia revelou que as v&iacute;timas lutaram intensamente antes de serem mortas. Foi estipulada uma recompensa de quase US$ 2 mil pelo criminoso, por&eacute;m novamente foi in&uacute;til.
Na noite de 3 de maio, o fazendeiro Virgil Starks (37), que morava a nordeste de Texarkana, foi assassinado com dois tiros por meio de sua janela enquanto assistia ao telejornal de sua poltrona. Quando sua esposa, Katie Starks (36), telefonava para a pol&iacute;cia, ela foi atingida por dois tiros vindos da mesma janela. Um dos disparos atravessou sua bochecha direita e saiu atr&aacute;s de sua orelha esquerda, e o outro se alojou sob sua l&iacute;ngua ap&oacute;s perfurar a sua mand&iacute;bula.
<h2>Cidade do medo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQAosprAynprYXj9quKTu0TJNrAWsZ5RQ9Kp_K4VAoa2wzWZ2IWSSNifCEXPutsqHjEjAE&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19193957182427.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A essa altura, os habitantes de Texarkana j&aacute; estavam em estado de absoluto p&acirc;nico. Ao anoitecer, o local se transformava em uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117431-4-cidades-fantasma-que-foram-abandonadas-sem-motivo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cidade fantasma</a> &ndash; por isso os homic&iacute;dios come&ccedil;aram a acontecer em casa. As pessoas se trancavam armadas at&eacute; os dentes com muni&ccedil;&otilde;es, fechaduras e dispositivos de prote&ccedil;&atilde;o, enquanto a pol&iacute;cia patrulhava ruas e bairros.
Empres&aacute;rios perderam dinheiro por terem que fechar lojas e restaurantes &agrave;s 18h, sendo que alguns at&eacute; faliram com os toques de recolher impostos. Muitos moradores fugiram da cidade, fazendo a economia decair ainda mais. Alguns jovens criaram uma esp&eacute;cie de "armada de vigilantes&rdquo;, em uma tentativa de capturar e dar um fim no que eles chamavam de &ldquo;Fantasma Matador&rdquo;. De repente, desaparecimentos e mortes do passado vieram &agrave; tona, sendo atribu&iacute;dos ao assassino encapuzado.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194106573428.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A histeria atingiu o apogeu quando Starks foi morto "dentro da seguran&ccedil;a de seu lar", como o Texarkana Gazette noticiou, alegando que ningu&eacute;m mais estava a salvo. Isso fez muitas pessoas bloquearem janelas e qualquer outro meio que desse uma vis&atilde;o do interior de suas resid&ecirc;ncias.
Texarkana se tornou o local mais perigoso dos Estados Unidos porque as pessoas viviam armadas e tensas. At&eacute; os policiais precisavam ligar as sirenes para notificar aproxima&ccedil;&atilde;o, pois podiam ser v&iacute;timas de uma saraivada de disparos s&uacute;bitos. Muitas pessoas acabaram se ferindo com o manuseio inadequado das armas e tamb&eacute;m atirando em inocentes por puro medo.
<h2>A cidade que temia o anoitecer</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Thought Catalog&nbsp;" data-fonte-url="https://thoughtcatalog.com/wp-content/uploads/2020/12/thetownthatfeat.jpg?resize=960,540&amp;quality=95&amp;strip=all&amp;crop=1"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194311934429.jpg" alt="(Fonte: Thought Catalog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Thought Catalog/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O FBI foi convocado para intervir pela cidade de Texarkana com os departamentos de pol&iacute;cia dos condados pr&oacute;ximos. Em meio a tantas investiga&ccedil;&otilde;es, v&aacute;rios suspeitos surgiram, inclusive cada um apresentando um perfil diferente. Suspeitaram desde um taxista, no caso de Booker e Martin, quanto de Max Tackett, um oficial novato de 33 anos da Pol&iacute;cia do Estado de Arkansas. Contudo, nada foi o suficiente para incriminar nenhum dos 7 suspeitos que surgiram na &eacute;poca.
Em meio ao caos que estava a cidade, os investigadores tamb&eacute;m tiveram que lidar com diversas confiss&otilde;es falsas, fabrica&ccedil;&atilde;o de evid&ecirc;ncias, tentativas de crimes copycats e falsas incrimina&ccedil;&otilde;es por conflitos familiares ou rixa entre vizinhos. As poucas evid&ecirc;ncias encontradas foram devidamente periciadas, por&eacute;m n&atilde;o forneceram resultados.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Pinterest&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcStendqEFjZokAk3ySDOVOf7j9B4cPQf0baqrzDsnXCP5q_OtX4rwg3QHf3pFzmZ2kh75c&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/19/19194354060430.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com o tempo, Texarkana aceitou que jamais encontrariam o assassino, ent&atilde;o eles apenas foram voltando &agrave; vida normal &ndash; que nunca mais foi a mesma. A cidade seguiu assombrada pela possibilidade de uma nova "onda" de ataques. Tudo o que aconteceu naquele ano entrou para a hist&oacute;ria da cidade e da cultura popular. O caso ficou ainda mais famoso quando foi feito o filme A Cidade que Temia o P&ocirc;r-do-Sol&nbsp;em 1976.
O xerife James Presley, que acompanhou todo o caso, escreveu o livro The Phantom Killer: Unlocking the Mistery. &ldquo;O caso clamava por um registro confi&aacute;vel para preservar os fatos conhecidos&rdquo;, alegou o aposentado. &ldquo;Escrever este livro foi como montar um quebra-cabe&ccedil;a com pequenas pe&ccedil;as espalhadas, mas algumas delas faltando&rdquo;, ele afirmou.

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Texarkana: a cidade que temia o anoitecer

Imagem de Happy Land Club: a vingança que transformou a noite dos EUA no megacurioso

Julio Gonzalez fez uma promessa quando foi arrastado para fora do clube – e cumpriu

Na madrugada de 25 de mar&ccedil;o de 1990, Julio Gonzalez foi at&eacute; o clube noturno Happy Land Club, localizado no sub&uacute;rbio do Bronx, em Nova York (EUA), para tirar satisfa&ccedil;&otilde;es com sua ex-namorada, Lydia Feliciano. Mesmo ap&oacute;s 6 semanas, ele ainda estava inconformado com o t&eacute;rmino da rela&ccedil;&atilde;o e queria de todas as formas mais explica&ccedil;&otilde;es para o motivo.
Gonzalez chegou &agrave; cidade por meio do &Ecirc;xodo de Mariel, ap&oacute;s cumprir 3 anos de pris&atilde;o em Cuba por deser&ccedil;&atilde;o do Ex&eacute;rcito e falsificar uma ficha criminal como traficante de drogas para conseguir entrar no barco de imigra&ccedil;&atilde;o que ancorou na Fl&oacute;rida entre 15 de abril e 31 de outubro de 1980.
No dia em que invadiu o clube para discutir com Lydia, ele estava b&ecirc;bado e acabou se envolvendo em uma briga com um dos seguran&ccedil;as que ficava na &aacute;rea de guarda-volumes, onde a mulher trabalhava. De acordo com o dono da pens&atilde;o onde morava, Gonz&aacute;lez havia perdido o emprego em uma f&aacute;brica de l&acirc;mpadas no Queens, estava endividado e havia perdido as esperan&ccedil;as com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; vida.&nbsp;
Portanto, quando Felipe Figueroa, um dos frequentadores do clube, ouviu o homem dizer &ldquo;voc&ecirc;s v&atilde;o pagar por isso! Eu vou fechar esse lugar&rdquo;, ele estava falando mais s&eacute;rio do que poderiam imaginar.
<h2>Fogo encontra gasolina</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181131085398.jpg" alt="Julio Gonzalez. (Fonte: New York Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Julio Gonzalez. (Fonte: New York Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s Gonzalez ser expulso &agrave;s 3h do Happy Land Club e exclamar amea&ccedil;as, ele foi at&eacute; o posto de gasolina Amoco, comprou US$ 1 em combust&iacute;vel e voltou ao estabelecimento. O homem espalhou a gasolina na base da escada que era o &uacute;nico acesso ao clube, acendeu dois f&oacute;sforos juntos e ateou fogo.
Naquela madrugada, havia cerca de 93 pessoas dentro do Happy Land, em sua maioria hondurenhos que faziam parte da comunidade gar&iacute;funa do bairro. O local era um dos muitos clubes sociais ilegais que operavam no Bronx naquela &eacute;poca, recebendo seus frequentadores para que se divertissem. Juan Jose Nu&ntilde;ez, por exemplo, foi comemorar o anivers&aacute;rio de sua prima, Marisol Martinez, e ambos morreram queimados no inferno que o clube se tornou.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181528422407.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O Happy Land n&atilde;o tinha licen&ccedil;a estadual para vender bebidas alco&oacute;licas e h&aacute; 1 ano e 4 meses, as autoridades j&aacute; haviam decretado o encerramento das atividades devido &agrave;s viola&ccedil;&otilde;es desse c&oacute;digo. No entanto, Elias Colon, o propriet&aacute;rio do espa&ccedil;o, que tamb&eacute;m morreu em meio &agrave;s chamas, ignorou a ordem. O clube apresentava superlota&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o tinha aplica&ccedil;&atilde;o de regulamento de seguran&ccedil;a nem meios de sa&iacute;da de emerg&ecirc;ncia e o sistema de sprinkler estava quebrado; al&eacute;m disso, havia excesso de decora&ccedil;&otilde;es inflam&aacute;veis, pirotecnia sem infraestrutura, entre outras diversas infra&ccedil;&otilde;es.
<h2>Gritos de p&acirc;nico</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;New York Daily News&nbsp;" data-fonte-url="https://www.nydailynews.com/resizer/zaGXjIBiXJnCO6LKryem_1MdZyY=/1200x0/top/arc-anglerfish-arc2-prod-tronc.s3.amazonaws.com/public/7VRJDDC4KNPP7HXKBT573XVTVE.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181320899404.jpg" alt="(Fonte: New York Daily News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: New York Daily News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A maioria das v&iacute;timas ficou presa no 2&ordm; andar ou no por&atilde;o da casa. Seis corpos foram encontrados a poucos metros da porta da frente que havia-se transformado em uma boca de fogo.
&ldquo;Eu ouvi muitas pessoas gritando. Quando corri para a porta, eu disse: &lsquo;se algu&eacute;m vai sair, me siga!&rsquo;. Eu n&atilde;o conseguia enxergar nada", declarou o DJ Ruben Valladares ao The New York Times. Quando ele conseguiu alcan&ccedil;ar a cal&ccedil;ada do Happy Land, percebeu que seu corpo inteiro estava em chamas. Valladares ficou quase 7 meses internado e teve que fazer v&aacute;rios enxertos de pele devido &agrave;s queimaduras de 2&ordm; e 3&ordm; graus que cobriram metade de seu corpo, entre o rosto, as costas e as n&aacute;degas. Al&eacute;m disso, o ent&atilde;o DJ foi submetido a v&aacute;rios meses de fisioterapia, terapia ocupacional e aconselhamento psicol&oacute;gico para tentar frear os pesadelos recorrentes que tinha.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181358196405.jpeg" alt="(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&Agrave;s 3h47, quando Valladares j&aacute; estava no pronto-socorro local, mais de 150 bombeiros foram encaminhados para apagar o inc&ecirc;ndio no Happy Land, que foi extinto em apenas 5 minutos. Contudo, j&aacute; era tarde demais para os 87 jovens que morreram por asfixia ou pisoteados no clube. Apenas 6 v&iacute;timas foram resgatadas com vida da cena, inclusive Lydia Feliciano &ndash; o alvo do incendi&aacute;rio.
Gonzalez foi preso pela pol&iacute;cia em seu apartamento na manh&atilde; seguinte. Ele ainda estava fedendo a gasolina e confessou o crime no local. O criminoso foi indiciado a 174 acusa&ccedil;&otilde;es de homic&iacute;dio, sendo 2 para cada v&iacute;tima, 87 acusa&ccedil;&otilde;es de inc&ecirc;ndio criminoso e condenado &agrave; pris&atilde;o perp&eacute;tua por cada uma delas, em 19 de agosto de 1991. Posteriormente, em mar&ccedil;o de 2015, ele teve sua liberdade condicional negada e marcada como eleg&iacute;vel para solicitar de novo o recurso em novembro do ano seguinte, por&eacute;m morreu de ataque card&iacute;aco na pris&atilde;o em 13 de setembro de 2016, aos 61 anos.
<h2>As novas medidas</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181757353410.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Gonzalez n&atilde;o foi o &uacute;nico culpado pelo perturbador inc&ecirc;ndio no clube Happy Land. A promotoria distrital do Bronx alegou que Jay Weiss e Alex DiLorenzo III, os propriet&aacute;rios do pr&eacute;dio onde funcionava o estabelecimento, eram respons&aacute;veis pelas viola&ccedil;&otilde;es do c&oacute;digo de constru&ccedil;&atilde;o e as contraven&ccedil;&otilde;es desempenhadas pelo falecido Elias Coton. Weiss e DiLorenzo se declararam culpados e foram condenados a servi&ccedil;os comunit&aacute;rios, al&eacute;m de pagarem uma multa de US$ 150 mil e estabelecerem um acordo de US$ 15,8 milh&otilde;es com as fam&iacute;lias das v&iacute;timas.
Com isso, foi tamb&eacute;m questionada a incapacidade e a conformidade do governo estadual em desempenhar medidas mais r&iacute;gidas com rela&ccedil;&atilde;o aos v&aacute;rios clubes sociais ilegais espalhados por Nova York, enquanto os departamentos respons&aacute;veis operavam em burocracias sem apoio algum do estado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The New York Times&nbsp;" data-fonte-url="https://static01.nyt.com/images/2016/09/15/nyregion/15gonzalez-obit-1/15gonzalez-obit-1-articleLarge.jpg?quality=75&amp;auto=webp&amp;disable=upscale"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/12/12181846924412.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O ent&atilde;o prefeito de Nova York, David Dinkins, ordenou que esses departamentos se reorganizassem e se empenhassem em uma for&ccedil;a-tarefa para inspecionar mais de 227 clubes ativos pela cidade. O Departamento de Edif&iacute;cios de Nova York se uniu aos departamentos e fiscalizou mais de 1.250 propriedades comerciais que diziam n&atilde;o operar mais.
A imposi&ccedil;&atilde;o de novos m&eacute;todos de seguran&ccedil;a contribu&iacute;ram para que as pessoas que entrassem em clubes conseguissem voltar vivas para casa sem ter que testemunhar atrocidades como a que aconteceu no Happy Land Club, seja por causa de um alco&oacute;latra vingativo, seja por um propriet&aacute;rio inconsequente.

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Happy Land Club: a vingança que transformou a noite dos EUA

Imagem de Béla Kiss: o 'vampiro' que conservava suas vítimas no megacurioso

O homem foi um terror silencioso na Hungria de 1900

<head></head><body>Nascido em 28 de julho de 1877 na cidade de Izsák, na Hungria, Béla Kiss teve uma infância misteriosa. Filho de János Kiss e Verona Varga, acredita-se que a adolescência do homem foi marcada por um sórdido relacionamento incestuoso com sua mãe após a morte do seu pai. Sua vida só começou a ser documentada a partir de 1900, quando ele alugou uma casa na cidade de Cinkota, nos arredores de Budapeste, no auge de seus 23 anos.Lá, ele passou a administrar o próprio negócio, tornando-se um influente ferreiro. Todos falavam de como o solteiro Kiss era um cavalheiro excepcional e de como qualquer mulher teria sorte de se casar com ele. Loiro, forte, de estatura alta e imponente, não demorou muito para que o homem cativasse o coração de alguma mulher, e essa foi Marie, com quem ele se casou e teve dois filhos, Aranka e llonka.A vida de Kiss começou a mudar em meados de 1912, depois que Marie o abandonou para fugir com um amante, Paul Bikari, e ele teve que contratar a governanta Sra. Jakubec para poder cuidar da casa e de seus filhos.<h2>O cheiro de podre</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10202157794390.png" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodução)">(Fonte: Pinterest/Reprodução)Foi com o tempo que Jukubec descobriu que Kiss possuía um peculiar interesse por astrologia e ocultismo, visto que, apesar de ser muito querido pelos habitantes de Cinkota, ele era um homem reservado demais para falar sobre a própria vida. A governanta também percebeu que Kiss se correspondia com várias mulheres, normalmente por meio de anúncios que colocava em jornais, oferecendo seus serviços como agente matrimonial ou cartomante.Apesar de sua curiosidade, Jakubec nunca conseguiu manter contato com as mulheres que Kiss recebia em casa, nem mesmo para lhes oferecer algo para beber. As visitas chegavam sozinhas e ela nunca as via ir embora. Ela poderia ter suspeitado de algo, mas o que acontecia estava longe de qualquer tipo de suspeita.Em 1914, Kiss foi recrutado pelo Exército para servir na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117623-conheca-a-historia-da-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a> e deixou seus filhos e sua casa aos cuidados de Jakubec. Em julho de 1916, surgiram boatos de que Kiss havia sido morto na Sérvia após ser capturado, portanto o dono de seu imóvel começou a se preparar para alugar a casa novamente.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10203018599395.webp" alt="(Fonte: Onedio/Reprodução)">(Fonte: Onedio/Reprodução)Assim que chegou no imóvel, o homem logo notou os 7 tambores de metal no quintal dos fundos da casa. Jakubec e a polícia local foram informados por Kiss de antemão de que se tratava de gasolina armazenada como precaução para o racionamento durante a guerra. Contudo, tanto os vizinhos quanto a própria Sra. Jakubec acreditavam que se tratava de alguma bebida alcoólica.Quando o proprietário decidiu abrir um dos latões, ele percebeu que a tampa estava soldada. Assim que ele conseguiu fazer um furo nela, o cheiro de podridão que vazou e contaminou o ar foi tão forte que atraiu a atenção de um vizinho especializado em química. Ele afirmou que aquele cheiro era de carne em decomposição.<h2>Em conserva</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10203308428398.jpg" alt="(Fonte: Lost and Found in Budapeste/Reprodução)">(Fonte: Lost and Found in Budapeste/Reprodução)O detetive chefe da Polícia de Budapeste, Charles Nagy, foi convocado com seus homens para inspecionar os latões de metal. Dentro de um deles, os policiais encontraram o cadáver de um jovem com cabelos longos e uma corda ao redor de seu pescoço. Ele estava relativamente bem preservado submerso em uma salmoura de metanol que agia como conservante e diminuía o processo de decomposição. Os 6 outros tambores revelaram mais corpos nus, só que de mulheres. Todas foram estranguladas.No total, foram encontrados 24 cadáveres, inclusive o da esposa de Kiss e de seu amante. A investigação policial também revelou que os corpos possuíam marcas de perfurações nos pescoços e que o sangue havia sido drenado deles. Foi a partir daí que eles chegaram à assustadora conclusão de que Kiss poderia ter praticado <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/113980-a-obsessao-por-sangue-e-a-paranoia-de-richard-chase.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vampirismo</a>.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;NY Daily News&nbsp;" data-fonte-url="https://www.nydailynews.com/resizer/tzmIi9x9wYQcrl5SKutxqRW1j2c=/415x486/top/arc-anglerfish-arc2-prod-tronc.s3.amazonaws.com/public/2MVUQRONIXL5PJNBOCPZBOHJQA.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10203415335399.jpg" alt="(Fonte: NY Daily News/Reprodução)">(Fonte: NY Daily News/Reprodução)Nagy informou as Forças Armadas húngaras que Béla Kiss deveria ser preso imediatamente se ainda estivesse vivo. Enquanto isso, ele levou Jakubec como cúmplice do homem e pediu aos correios que interceptassem todas as cartas enviadas ao criminoso. A governanta, por sua vez, garantiu à polícia que não sabia de nenhum daqueles horrores perpetrados pelo seu patrão, inclusive mostrou a eles um quarto secreto que Kiss a proibiu de entrar.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;NY Daily News&nbsp;" data-fonte-url="https://www.nydailynews.com/resizer/NkNqla-NhWfP8Ps1m3jem-0FW98=/415x509/top/arc-anglerfish-arc2-prod-tronc.s3.amazonaws.com/public/JCW6NDTMDZ7UIOQ3ZFMYR6LYTQ.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10203600867400.jpg" alt="(Fonte: NY Daily News/Reprodução)">(Fonte: NY Daily News/Reprodução)O cômodo estava repleto de estantes que continham livros sobre o manuseio e aplicação de venenos e formas de estrangulamento. Em uma mesa no centro do local, havia cerca de 74 cartas de mulheres diferentes, sendo que a mais antiga datava de 1903. Ou seja, há 8 anos Kiss enganava suas vítimas para conduzi-las para a morte. Todas as mulheres eram de meia-idade e procuravam por casamento em anúncios de jornais. Elas não possuíam parentes próximos e não conheciam ninguém que pudesse perceber o seu desaparecimento súbito. Kiss as seduziu e chegou até a enviar dinheiro para cada uma delas.Katherine Varga, uma das vítimas, vendeu seu influente negócio de costura para viver uma vida com Kiss. Ela foi vista pela última vez deixando sua casa em Budapeste, sem imaginar que o homem recebeu cerca de 174 propostas de casamento por jornais, e aceitou 74 delas. Só 20 mulheres foram encontrar seu fim na casa dele, enquanto as demais provavelmente perceberam o erro no qual estavam se metendo.<h2>O homem da noite</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/03/10/10203844604402.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodução)">(Fonte: Pinterest/Reprodução)Finalmente, em 4 de outubro de 1916, o detetive Charles Nagy recebeu uma carta que afirmava que Béla Kiss estava hospitalizado na Sérvia. No entanto, quando ele chegou ao hospital indicado, já era tarde demais. O criminoso havia fugido, apesar da segurança do local e das autoridades militares.Na verdade, não se sabe exatamente se era de fato o Béla Kiss que Nagy procurava, visto que o nome era muito comum na época, principalmente em meio aos soldados. De qualquer forma, esse foi o mais perto que a polícia chegou de capturar o "Vampiro de Cinkota", como ele ficou conhecido. A mídia fez seu papel de espalhar o caso do assassino aos quatro cantos, o que resultou em centenas de avistamentos do homem ao longo dos anos. Todas as pistas seguidas pela polícia não levaram a lugar algum.Em 1932, um influente detetive de Nova York, especializado em reconhecimento facial, alegou que viu Béla Kiss saindo de uma estação de metrô na Times Square, mas que acabou o perdendo na multidão. O ano de 1936 ficou marcado pela última investigação acerca do paradeiro do "vampiro", quando surgiram boatos de que ele trabalhava como zelador em um condomínio no subúrbio de Nova York. Antes que a polícia chegasse ao local, o homem já havia desaparecido.O destino exato de Béla Kiss nunca foi identificado, tampouco quantas vítimas a mais ele fez, e quantos corpos ele drenou o sangue e encerrou em algum lugar para sempre.</body>

Julio Cezar de Araujo