Imagem de O ioiô é considerado o segundo brinquedo mais antigo da História no megacurioso

Antes de se tornar um fenômeno, o brinquedo era usado em ritos de passagem

<head></head><body>A primeira vez que os norte-americanos ouviram falar de um brinquedo chamado ioiô foi em um artigo da&nbsp;Scientifc American de 1916 sobre brinquedos populares nas Filipinas. Contudo, demorou até a década de 1930 para que o objeto virasse uma verdadeira febre entre as crianças dos Estados Unidos.O responsável por isso teria sido o filipino Pedro Flores, que emigrou para o país e estabeleceu uma fábrica do brinquedo em Santa Bárbara, na Califórnia. Sua empresa estampou o futuro objeto de desejo em todos os jornais possíveis, com promoções e gatilhos mentais para fazer as crianças o desejarem. Em 1932, Londres sediou a primeira competição mundial de ioiô, vencida por Havery Lowe, de apenas 13 anos.Esse foi o momento que lançou o brinquedo ao estrelato. Até hoje, passado o hype e adquirido caráter de brinquedo dos anos 1980 e 1990, poucos sabem que a origem do ioiô&nbsp;aconteceu na Antiguidade.<h2>Mais que um brinquedo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/10/10153826923216.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Antes de Flores introduzir o ioiô à população de várias nações, os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124018-as-profecias-do-oraculo-de-delfos-eram-induzidas-por-gases-alucinogenos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gregos antigos</a> já se divertiam com o brinquedo, por volta de 500 a.C. Ao que parece, o objeto era muito mais que apenas um brinquedo. Nas cerâmicas antigas resgatadas e analisadas por historiadores, as crianças são retratadas brincando com o ioiô, mas ele também servia como um propósito cerimonial em sua transição para a idade adulta.Em seu estudo Histoire et archéologie de la culture ludique dans le monde gréco-romain. Questions méthodologiques, Véronique Dasen, da Universidade de Friburgo, na Suíça, explicou que o brinquedo também foi muito confundido ao longo dos séculos com um iynx: um tipo diferente de objeto de design semelhante ao ioiô, porém usado por adultos como uma espécie de amuleto do amor.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06110610592080.jpg" alt="(Fonte: National Archaeological Museum of Athens/Imogen Duthie/Reprodução)">(Fonte: National Archaeological Museum of Athens/Imogen Duthie/Reprodução)Na China Antiga, onde o ioiô teve origem, ele era feito de madeira, terracota, metal ou argila; com a finalidade de apenas ser um brinquedo. Os gregos, no entanto, já decoravam o objeto com imagens de deuses para que simbolizasse algo da infância quando assumissem a vida adulta.O nome ioiô como conhecemos só surgiu quando o brinquedo chegou nas Filipinas. A própria palavra significa “vem-vem” ou "voltar" em filipino, a característica básica do objeto. Os guerreiros o usaram como uma arma mortal para caça ou no campo de batalha, substituindo o disco por uma pedra maior e afiada.<h2>A revolução</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/10/10154401478223.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)Considerado o segundo brinquedo mais antigo do mundo, perdendo apenas para as <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124040-por-que-temos-medo-de-bonecas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bonecas</a>, o ioiô viajou da Ásia para a Europa no final do século XVIII, se tornando o passatempo favorito da aristocracia francesa. Foi lá que ele recebeu vários nomes diferentes, como "L’emigrett", "Bandalore" e "Joujou de Normandie".O primeiro ioiô chegou ao Novo Mundo quase um século depois, patenteado nos tempos modernos, em meados de 1866, por James L. Haven e Charles Hettrich. Pedro Flores, no entanto, foi quem fez história.Depois que o filipino – e uma indústria inteira – sofreu com a queda drástica no mercado de brinquedos durante e após a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124225-o-menino-do-pijama-listrado-obra-distorce-memorias-do-holocausto.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, o ioiô teve seu design revitalizado na década de 1960, adquirindo um corpo de plástico, e se espalhando novamente pela sociedade, dessa vez com ajuda do poder da propaganda televisiva.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Express/Express/Getty Images&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornalistica/schoolboy-from-a-special-yo-yo-school-perusing-the-foto-jornalistica/3400917"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/10/10154446879228.jpg" alt="(Fonte: Express/Express/Getty Images)">(Fonte: Express/Express/Getty Images)Até 1962, Flores já havia vendido 45 milhões de ioiôs em um país com apenas 40 milhões de crianças, mostrando o poder de adesão do seu produto. Nem todo o sucesso adquirido impediu que o filipino fosse à falência, em 1965, devido a uma disputa espinhenta pelo registro da marca Yo-Yo.A década de 1970 introduziu novas tecnologias para incrementar o brinquedo, como luzes, efeitos sonoros e até mesmo peso para aumentar sua capacidade de giro. Em 1978, Tom Kuhn patenteou o primeiro ioiô com eixo substituível, capaz de ser desmontado à mão. Dois anos mais tarde, Michael Caffrey patenteou o ioiô com o mecanismo que o fazia retornar automaticamente para a mão do usuário quando lançado.As dinâmicas ao redor do brinquedo o levaram ao espaço, em 12 de abril de 1985, a bordo do ônibus espacial Discovery para ver como se comportaria em um ambiente de gravidade zero. Atualmente, o ioiô passou de brinquedo para esporte, usado em competições milionárias pelo mundo todo.</body>

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O ioiô é considerado o segundo brinquedo mais antigo da História

Imagem de Por que o café já foi banido várias vezes ao longo da História? no megacurioso

A segunda bebida mais popular do mundo já foi proibida até por ser considerada 'coisa de Satã'

<head></head><body>O <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124168-entenda-o-que-e-o-teste-do-cafe-feito-em-entrevistas-de-emprego.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">café</a> move economias desde o século XIX, e o Brasil é o maior exemplo disso. O país só cresceu e caminhou para o futuro em todos os aspectos possíveis com a exportação do produto, e até hoje sustenta o título de o maior da indústria. Segundo um relatório do Sumário Executivo do Café, de abril de 2022, a produção cafeeira brasileira foi estimada em cerca de 55,7 milhões de sacas de 60 quilos.Os Estados Unidos seguem sendo o país que mais adquire café dos brasileiros, com 7,7 milhões de sacas, representando um volume em torno de 19,3% do total exportado em 2021.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31173820156440.jpg" alt="(Fonte: Reuters/Reprodução)">(Fonte: Reuters/Reprodução)Em 2019, o Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 79% dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123020-como-a-grande-depressao-afetou-o-brasil-em-1929.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">brasileiros apreciam o café</a>, sendo que 13% da população mundial bebe café, considerado a segunda bebida mais popular do mundo, ficando atrás apenas da água.Em meio a tanta popularidade e importância do produto, poucos sabem que o café já foi banido várias vezes ao longo da História.&nbsp;<h2>A bebida do mal &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31175020175464.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)A começar por 1511, quando os próprios muçulmanos sofreram com os efeitos da popularidade do café. O líder de Meca, Khair-Beg, forçou o fechamento de todos os lugares públicos que comercializavam o produto devido ao seu nível pecaminoso e seus efeitos que, supostamente, violavam as leis muçulmanas sobre bebidas.O motivo para isso, no entanto, foi porque o líder descobriu que sentimentos negativos sobre seu governo se espalhavam pelos lugares onde o café estava presente e era consumido. Essa pode ter sido a ideia mais antiga que foi incorporada na cultura brasileira: falar sobre tudo acompanhado de um bom café.Já no final do século XVI, quando o café saiu do Oriente Médio e entrou pela primeira vez na Europa, o produto foi recebido com suspeita devido ao seu poder considerado <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122713-4-vezes-em-que-animais-chaparam-na-natureza.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">alucinógeno</a>, visto que o excesso de cafeína pode causar nervosismo, tremedeira e arritmia – ainda mais em um tempo em que não havia nenhuma maneira de filtrar ou equilibrar a mistura muito pura.Contudo, havia um agravante nisso tudo: o café vinha dos muçulmanos, o que levou os padres católicos italianos a afirmarem que a bebida era "satânica", declarando sua proibição imediata. Não é nada irônico que o primeiro empecilho que o produto encontrou tenha sido a religião.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31175903032469.jpg" alt="(Fonte: Christ and Pop Culture/Reprodução)">(Fonte: Christ and Pop Culture/Reprodução)Mesmo em meio a essa ideia, os líderes da Igreja pediram ao Papa Clemente VIII para que experimentasse a bebida, e, para a surpresa de todos, ele adorou. O Papa disse que a "bebida de Satanás" era deliciosa demais e seria uma pena permitir que os infiéis a usassem exclusivamente. Portanto, era obrigação dos religiosos batizar e transformá-la em algo cristão. E foi exatamente o que fizeram.<h2>A ameaça do mercado</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Rischgitz/Getty Images&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornalistica/smart-gentlemen-drinking-smoking-and-chatting-in-a-foto-jornalistica/51246467"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/09/09140919705184.jpg" alt="Cavalheiros reunidos em uma &quot;casa de café&quot;, em 1668. (Fonte: Rischgitz/Getty Images)">Cavalheiros reunidos em uma "casa de café", em 1668. (Fonte: Rischgitz/Getty Images)Os cristãos não foram os únicos que se opuseram à entrada do novo produto, o mercado também. A popularização do café representou uma ameaça ainda maior para os comerciantes de vinho e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123823-ate-2013-a-cerveja-nao-era-considerada-alcool-na-russia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cerveja,</a> que não gostaram da ideia de que as pessoas podiam se reunir para conversar para beberem algo que não fosse alcoólico.Além disso, o café era uma alternativa para dar um gás nas pessoas, deixá-las mais em alerta, focadas e prontas para o trabalho – tudo o que a cerveja e o vinho não proporcionavam por muito tempo. A maneira que a indústria do álcool encontrou para revidar a ameaça da expansão do café foi apoiando as proibições de governantes, como o imperador prussiano Frederico, o Grande.No final dos anos 1700, o imperador estabeleceu monopólio estatal sobre as importações de café determinando que, embora a aristocracia pudesse desfrutar do produto, as pessoas comuns estavam vetadas devido aos prejuízos ocasionais que o consumo poderia acarretar.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31180640870473.jpg" alt="Frederico, o Grande. (Fonte: Wikimedia Commons)">Frederico, o Grande. (Fonte: Wikimedia Commons)Em uma proclamação que fez, Frederico afirmou a superioridade da cerveja e do vinho sobre o café, colocando em pauta o espírito patriótico ao dizer que muitas batalhas foram travadas e vencidas por soldados alimentados com muita cerveja; salientando que aqueles que optavam pelo café à bebida alcoólica, não eram confiáveis.Até o dia de sua morte, Frederico alimentou sua campanha contra o café, tecendo críticas e aumentando os impostos cada vez mais para mantê-lo longe das mãos dos plebeus. Foi por esse motivo que, por muitos anos, o consumo de café ao longo da Prússia diminuiu drasticamente.Desde pena de morte, como no Império Otomano, até o banimento das mulheres que se atravessem a provar a bebida na Europa, o café percorreu um longo caminho até que se transformar no queridinho da economia e das pessoas de maneira permanente.</body>

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Por que o café já foi banido várias vezes ao longo da História?

Imagem de A obsessão histórica das pessoas pelo pênis de Napoleão Bonaparte no megacurioso

A primeira vez que o órgão foi exposto, uma multidão se aglomerou para vê-lo

<head></head><body>Tudo o que diz respeito a vida de Napoleão Bonaparte é infame, desde quase ser<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120108-napoleao-bonarpate-quase-foi-morto-por-coelhos-domesticados.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;morto por um bando de coelhos</a> até ser <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119827-o-inacreditavel-plano-de-salvar-napoleao-bonaparte-do-exilio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">resgatado do exílio pelo protótipo de um submarino</a>. E isso não parou depois que ele morreu.Após a Batalha de Waterloo, que causou sua queda, Napoleão foi condenado à longínqua Ilha de Santa Helena, localizada no Atlântico Sul, há 2 mil quilômetros de qualquer trecho de terra. Em 5 de maio de 1821, o líder francês morreu em decorrência de um câncer no estômago, agravado por úlceras gástricas hemorrágicas, após ter sido administrado uma dose generosa de calomelano – um composto com <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117152-bhopal-o-desastre-que-matou-mais-de-25-mil-pessoas-na-india.htm#:~:text=O%20local%20onde%20ficava%20a,a%20oportunidade%20de%20enterr%C3%A1%2Dlos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mercúrio</a> usado como medicamento naquela época.Foi aí que começou a obsessão pelo pênis de Napoleão Bonaparte.<h2>O detalhe infame</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/08/08173753429366.jpg" alt="(Fonte: Thomas Coex/AFP/Getty Images)">(Fonte: Thomas Coex/AFP/Getty Images)No dia seguinte à morte do estadista, o médico corso, o Dr. Francesco Antommarchi, foi o escolhido pela família do exilado para realizar sua autópsia, o que foi feito na presença de mais 16 pessoas.Foi depois desse processo que Antommarchi conseguiu cortar várias partes do corpo de Napoleão, sendo uma delas o seu pênis, presentado a um padre italiano, que o contrabandeou para a Córsega. O clérigo foi morto em uma perseguição sanguinária da família do imperador, que conseguiu reaver o membro de Napoleão. Assim se manteve até 1916, quando um colecionar britânico o obteve.A primeira exposição pública do pênis aconteceu no Museu de Artes Francesas, em Nova York, em meados de 1927, onde multidões foram ver o que foi descrito por um jornalista da Time como "um pedaço de couro ou uma enguia enrugada". Isso porque o órgão foi colocado em uma pequena caixa, o que o secou com o constante contato com o ar.O motivo de as pessoas terem desenvolvido essa fascinação esquisita pelo pênis de Napoleão é porque a humanidade tem sido obcecada por partes do corpo perdidas de nomes famosos, sobretudo quando este adquiriu um status bastante mítico em sua passagem pela História.<h2>Um objeto de desejo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01150508029301.jpg" alt="(Fonte: Flickr/Reprodução)">(Fonte: Flickr/Reprodução)O governo da França teve a oportunidade de comprar o órgão sexual do homem, mas se recusou a admitir até mesmo sua existência. Por outro lado, o Dr. John Lattimer, um urologista norte-americano, arrematou o pênis de Napoleão durante um leilão em 1977. O homem tinha uma extensa coleção de estranhas relíquias de alguns dos eventos históricos mais importantes do século XX, inclusive dos quais ele fez parte.Lattimer foi o médico assistente de prisioneiros nazistas durante os julgamentos de Nuremberg, coletando o frasco contendo cianeto que Herman Goring usou para seu suicídio, em 15 de outubro de 1946. O médico também estava durante a autópsia de <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/115031-a-familia-kennedy-e-sua-maldicao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">John F. Kennedy</a>, e conseguiu pegar uma parte do estofado da limusine em que o presidente foi assassinado em Dallas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01151637921324.jpg" alt="John Lattimer. (Fonte: Bizarro Bazar/Reprodução)">John Lattimer. (Fonte: Bizarro Bazar/Reprodução)Contudo, Lattimer sofreu com a aquisição controversa, principalmente em meio aos homens, o que o fez guardar o pênis de Napoleão em uma caixa em baixo da cama de sua casa em Nova Jersey. E lá permaneceu por anos, enquanto ele recusava responder perguntas das pessoas que queriam ver o órgão, até que uma de suas filhas o resgatasse após sua morte.De acordo com Tony Perrottet, autor do livro Napoleon’s Privates: 2.500 Years of History Unzipped, o pênis era muito enrugado, com cerca de 2 centímetros de comprimento, como o dedo de um bebê. Apesar de estranho, ele disse que foi "uma coisa incrível de se ver".</body>

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A obsessão histórica das pessoas pelo pênis de Napoleão Bonaparte

Imagem de Esporo: o escravo que Nero transformou em sua esposa morta no megacurioso

A loucura e perversão do imperador romano sentenciou para sempre a vida de um jovem

Antes de enlouquecer com o pr&oacute;prio poder a ponto de se&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121488-nero-teria-se-humilhado-para-acabar-com-a-propria-vida.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">humilhar pedindo para que seu secret&aacute;rio Epafrodito o matasse</a>, Nero acabou com a vida de todos ao seu redor. Fosse os decapitando para exercer seu tiranismo ou contaminando com a loucura e perversidade que o manteve nas trevas. Esporo foi um deles.
O jovem e belo romano chamou a aten&ccedil;&atilde;o do imperador por um motivo: ele se parecia com Popeia Sabina, considerada a mulher mais bela de Roma com quem Nero embarcou em um relacionamento extraconjugal, que levou &agrave; morte de sua m&atilde;e, Agripina, a jovem e de sua esposa, Octavia.
A hist&oacute;ria acredita que ela foi a respons&aacute;vel por despertar as trevas que existiam no imperador, a mesma que causou a morte dela e do filho em sua barriga quando foi chutada por Nero de maneira t&atilde;o violenta que n&atilde;o aguentou. Essa &eacute; a hist&oacute;ria de como o jovem Esporo se tornou a imperatriz de Roma.
<h2>O predador de Roma</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06102953529042.jpg" alt="Representa&ccedil;&atilde;o de Esporo. (Fonte: biney-bottlesworth/DeviantArt/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Representa&ccedil;&atilde;o de Esporo. (Fonte: biney-bottlesworth/DeviantArt/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
N&atilde;o, voc&ecirc; n&atilde;o leu errado. Esporo sentou ao lado de Nero para contemplar uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122527-conheca-as-esquisitices-da-vida-cotidiana-dos-romanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Roma</a> destru&iacute;da pelas loucuras do semideus autoproclamado, vestindo as roupas de Sabina e sendo, para todos os efeitos &mdash;inclusive para os cidad&atilde;os &mdash;, a pr&oacute;pria.
Esporo era o retrato aberrante do comportamento sexual predat&oacute;rio e perturbador que Nero sustentava, e que ainda ecoa atrav&eacute;s dos s&eacute;culos. O imperador ficou conhecido como um homem que abusava de meninos nascidos livres, seduzia mulheres casadas, estuprava quem recusava suas investidas e at&eacute; matava, se fosse necess&aacute;rio.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Hulton Archive/Getty Images&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornalistica/circa-65-ad-a-bust-of-the-roman-emperor-nero-foto-jornalistica/51242358"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/07/07133554113186.jpg" alt="(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)" />(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)
A falta de escr&uacute;pulos fez Nero manter rela&ccedil;&otilde;es incestuosas at&eacute; com sua m&atilde;e e s&oacute; foi parado por seus inimigos que temiam que o relacionamento pudesse dar &agrave; mulher mais influ&ecirc;ncia, sendo que o pouco que tinha causava um grande estrago na sociedade romana. Isso tudo terminou com o assassinato dela, em 59 d.C., por desaprovar o relacionamento do imperador com Sabina.
Depois que Nero chutou sua esposa at&eacute; a morte, devastado pelo remorso que se transformou em loucura, o homem viu o rosto de Sabina no jovem Esporo, cuja vida quase nada se sabe al&eacute;m do nome &mdash; que nem era seu.
<h2>Uma vida destru&iacute;da</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Burrhus,_Nero's_Tutor,_Prostrating_Himself_before_his_Sovereign_Lord_(Otto_Wallgren)_-_Nationalmuseum_-_19020.tif"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/07/07134000938191.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
&Eacute; prov&aacute;vel que o nome Esporo tenha sido dado pelo pr&oacute;prio Nero em uma tentativa de zombar da incapacidade do jovem em produzir herdeiros. Em grego a palavra "esporo" significa "semente" ou "semeadura"&mdash; um ep&iacute;teto, no m&iacute;nimo, cruel.
Apesar disso, Nero chamou Esporo de Sabina, e se importava apenas com sua apar&ecirc;ncia extraordinariamente atraente e muito parecida com a de sua falecida esposa. E para que emulasse ainda mais essa imagem, Esporo foi envolto em v&eacute;us e se casou com <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121822-descobertas-revelam-lado-bondoso-desconhecido-do-imperador-romano-nero.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Nero&nbsp;</a>durante uma cerim&ocirc;nia, em 67 d.C., onde se tornou imperatriz e foi brutalmente castrado mais tarde.
Esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o s&oacute; aconteceu e foi socialmente aceita porque, naquela &eacute;poca, as din&acirc;micas ao redor da homossexualidade falavam menos sobre atra&ccedil;&atilde;o pelo mesmo sexo e mais sobre a posi&ccedil;&atilde;o, tanto no sentido f&iacute;sico quanto social da palavra.&nbsp;
Com quem algu&eacute;m fazia sexo importava apenas se ambos estavam em p&eacute; de igualdade na sociedade romana, caso contr&aacute;rio, aquele que ocupasse uma posi&ccedil;&atilde;o de poder precisava ser quem colocaria o outro em submiss&atilde;o. Essa configura&ccedil;&atilde;o, no entanto, n&atilde;o se aplicava a quem era escravizado, sendo que algu&eacute;m poderoso manter rela&ccedil;&otilde;es com um era considerado uma abomina&ccedil;&atilde;o.
A castra&ccedil;&atilde;o de Esporo e sua feminiliza&ccedil;&atilde;o isentou Nero de qualquer tipo de vergonha p&uacute;blica, ainda que a uni&atilde;o tenha sido considerada uma pervers&atilde;o pelo status do jovem.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06103309108045.jpg" alt="(Fonte: Trajan's Column/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Trajan's Column/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s a morte de Nero, Esporo continuou desempenhando seu papel de esposa, s&oacute; que para o prefeito pretoriano Ninf&iacute;dio Sabino. Quando ele morreu, o jovem foi passado como uma mercadoria para Ot&atilde;o, o primeiro marido de Sabina, de quem ela se divorciou para se casar com Nero.
Ao se tornar imperador de Roma, em 69 d.C., Vit&eacute;lio prop&ocirc;s que Esporo protagonizasse a pe&ccedil;a O Estupro de Proserpina, uma performance que serviria como parte de um espet&aacute;culo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119901-fluidos-corporais-dos-gladiadores-ja-foram-usados-como-cosmetico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gladiadores</a>, basicamente desempenhando o papel de sua vida. Esporo se recusou a se humilhar de maneira ainda mais p&uacute;blica, sobretudo vivenciar uma dor t&atilde;o real. Com isso ele decidiu interromper a pr&oacute;pria vida.
Historicamente, at&eacute; hoje ecoa a jornada do jovem sequestrado, mutilado e violentado sexualmente que morreu tendo a certeza de que seria apenas um fantasma, j&aacute; que sua vida n&atilde;o passou de um grande borr&atilde;o.

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Esporo: o escravizado que Nero transformou em sua esposa morta

Imagem de A empresa que vendia cadáveres ilegais para testes militares nos EUA no megacurioso

Tudo isso acontecia sem o consentimento dos familiares, em um esquema milionário que envolveu até o Exército norte-americano

Entre os s&eacute;culos XVIII e XIX, a Europa testemunhou um movimento que devastou os cemit&eacute;rios: a <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/113660-a-industria-de-roubo-de-corpos-do-seculo-xviii-e-xix.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pr&aacute;tica de roubo de corpos</a>. Por muito tempo, o que hoje &eacute; considerado um crime, foi tido como algo comum, mas necess&aacute;rio, considerando os avan&ccedil;os vorazes da <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/124169-as-5-farsas-medicas-mais-bizarras-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">medicina</a>.
Em meio aos ladr&otilde;es comuns que costumavam violar os t&uacute;mulos para roubar joias, dinheiro e outros bens, se espalhou rapidamente uma ind&uacute;stria de criminosos especializados em violar essas sepulturas para roubar o pr&oacute;prio cad&aacute;ver, com o patroc&iacute;nio das grandes universidades da &eacute;poca. Tudo para que o corpo fosse usado no campo m&eacute;dico para ensino dos alunos e an&aacute;lise da anatomia humana.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01152537194333.jpg" alt="(Fonte: The National Archives UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The National Archives UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Hoje em dia, um corpo s&oacute; pode ser utilizado se, em vida, a pessoa oferec&ecirc;-lo de bom grado &agrave; pesquisa cient&iacute;fica ap&oacute;s a morte ou se os familiares assim desejarem. Isso &eacute; chamado de intermedia&ccedil;&atilde;o corporal. N&atilde;o &eacute; como a doa&ccedil;&atilde;o de &oacute;rg&atilde;os, mas sim quando um corpo inteiro &eacute; doado e pode ser usado para fins educacionais ou de pesquisa.
Em 2014, um esquema criminoso despertou p&acirc;nico nas pessoas que optam por contribuir para a ci&ecirc;ncia. Cad&aacute;veres doados ao Centro de Recursos Biol&oacute;gicos (CRB) foram vendidos para serem usados em testes militares sem o consentimento dos doadores.
<h2>Um esquema s&oacute;rdido</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01152637651336.jpg" alt="Stephen Gore. (Fonte: Maricopa County Sheriff's Office/AP/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Stephen Gore. (Fonte: Maricopa County Sheriff's Office/AP/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Estabelecido em Phoenix, no Arizona, o CRB era propriedade de Stephen Gore e tinha o objetivo de receber os cad&aacute;veres de pessoas que quisessem&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/116779-zhan-wenlian-a-primeira-mulher-da-china-em-criopreservacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">doar seu corpo &agrave; ci&ecirc;ncia</a>. Foi assim quando Jim Stauffer decidiu doar o corpo de sua m&atilde;e, Dorris. Ele chegou a preencher uma extensa papelada que, inclusive, proibia que o corpo dela fosse usado em qualquer tipo de experimento n&atilde;o m&eacute;dico.
No entanto, isso n&atilde;o impediu que a organiza&ccedil;&atilde;o vendesse o cad&aacute;ver para os militares do Ex&eacute;rcito dos EUA explodirem em testes de impacto de bombas nas estradas, devolvendo para a fam&iacute;lia Stauffer nada mais do que as cinzas da m&atilde;o da mulher.
H&aacute; anos o CRB vendia cad&aacute;veres e partes de corpos sem o consentimento ou conhecimento das fam&iacute;lias da pessoa falecida. A empresa chegava a lucrar em m&eacute;dia mais de US$ 5 mil com um corpo vendido, sendo que apenas um torso poderia sair por US$ 3 mil.
O com&eacute;rcio acelerado que Gore fazia dos corpos, impulsionado pelo alto poder de compra do governo norte-americano, fez a sua ind&uacute;stria se expandir tamb&eacute;m para quando os cad&aacute;veres n&atilde;o morreram em condi&ccedil;&otilde;es saud&aacute;veis.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01154622846367.jpg" alt="(Fonte: KPNX/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: KPNX/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No aeroporto de Detroit, em Michigan, os carregadores de bagagem da companhia a&eacute;rea Delta Airlines entraram em contato com a pol&iacute;cia ao detectarem dois refrigeradores vazando flu&iacute;dos. Ao chegar no local, as autoridades descobriram 8 cabe&ccedil;as decepadas, uma das quais a per&iacute;cia alegou pertencer a uma pessoa que morreu de sepse bacteriana e pneumonia por aspira&ccedil;&atilde;o.
O endere&ccedil;o nos refrigeradores levou os agentes do FBI a Arthur Rathburn, um corretor de corpos que trabalhava para Gore. Foi assim que os federais abriram uma investiga&ccedil;&atilde;o para apurar o neg&oacute;cio perverso e altamente lucrativo do empres&aacute;rio.
<h2>Lucrando com o luto</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01154656851370.jpg" alt="(Fonte: 12News/KPNX/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: 12News/KPNX/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ao longo da opera&ccedil;&atilde;o, os agentes se depararam com verdadeiras montanhas de partes de cad&aacute;veres sem identifica&ccedil;&atilde;o nas instala&ccedil;&otilde;es da CRB. Segundo uma mat&eacute;ria da ABC Arizona, havia baldes de cabe&ccedil;as e membros em meio a congeladores cheios de p&ecirc;nis armazenados.
Foi nesse contexto triste e perturbador que as fam&iacute;lias que doaram corpos para o centro de Gore descobriram o que estava acontecendo. O Ex&eacute;rcito se pronunciou alegando que n&atilde;o fazia ideia que os cad&aacute;veres estavam sendo comercializados sem consentimento dos doadores, e salientou que fazem o uso de corpos vivos h&aacute; anos para aprimorar tecnologias militares &mdash; uma vez que manequins de testes n&atilde;o retratam com precis&atilde;o as feridas causadas por impactos e explos&otilde;es.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/01/01154851566372.jpg" alt="(Fonte: American Security Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: American Security Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O Ex&eacute;rcito identificou 34 corpos envolvidos no experimento de explos&atilde;o, usados sem permiss&atilde;o dos doadores, com formul&aacute;rios de consentimento que n&atilde;o foram revisados de maneira consistente ou diferentes daqueles submetidos aos doadores e entes queridos.
&ldquo;O Ex&eacute;rcito foi t&atilde;o v&iacute;tima das pr&aacute;ticas comerciais do CRB&rdquo;, disse Randu Coates, um engenheiro civil da institui&ccedil;&atilde;o, &agrave;&nbsp;BBC. Desde que o caso veio a p&uacute;blico, a taxa de submiss&atilde;o de corpos &agrave; ci&ecirc;ncia nos EUA diminuiu drasticamente.

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A empresa que vendia cadáveres ilegais para testes militares nos EUA

Imagem de Por que pessoas ruivas foram caçadas e executadas na Idade Média? no megacurioso

A tonalidade do cabelo era considerada uma marca de 'desejo sexual bestial e degeneração moral', e o estereótipo durou séculos

Tudo considerado "diferente" j&aacute; foi perseguido ao longo da Hist&oacute;ria. Seja pelo tom de pele, forma f&iacute;sica, religi&atilde;o ou at&eacute; mesmo a cor dos cabelos.
Em um dos per&iacute;odos mais retr&oacute;grados e controversos da humanidade, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123396-como-o-mito-da-terra-plana-dura-desde-a-idade-media-ate-hoje.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Idade M&eacute;dia</a> ca&ccedil;ou e executou ruivos por considerar a tonalidade acobreada natural do cabelo uma marca de "desejo sexual bestial e degenera&ccedil;&atilde;o moral".&nbsp;
Inclusive, cabelos vermelhos constavam no infame manual de ca&ccedil;a &agrave;s<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124127-como-os-gatos-eram-tratados-em-diferentes-regioes-na-idade-media.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;bruxas</a>, o Malleus Maleficarum, escrito por Heinrich Kraemer e James Sprenger, dizendo que a combina&ccedil;&atilde;o com olhos verdes eram caracter&iacute;sticas de uma bruxa, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122127-teratofilia-a-estranha-obsessao-sexual-por-criaturas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">lobisomem ou vampiro</a>.
<h2>A "maldi&ccedil;&atilde;o vermelha"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/03/03181645601031.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Com menos de 2% da popula&ccedil;&atilde;o mundial ruiva atualmente, no passado, essa minoria garantiu um &oacute;dio carregado por dogmas religiosos e supersti&ccedil;&atilde;o.
Apesar de no <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124159-6-impressionantes-animais-mumificados-do-egito-antigo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Egito Antigo</a> os ruivos terem sido associados a deuses &ndash; visto que muitos dos fara&oacute;s tinham cabelos ruivos, incluindo Rams&eacute;s, o mais poderoso de todos &ndash;, eles tamb&eacute;m consideravam o vermelho como uma maldi&ccedil;&atilde;o. Muitas mulheres com o cabelo ruivo foram queimadas at&eacute; a morte em fogueiras na tentativa de diminuir a propaga&ccedil;&atilde;o da tonalidade entre a popula&ccedil;&atilde;o.
Os gregos antigos, no entanto, pensavam que os ruivos se transformariam em vampiros na vida ap&oacute;s a morte, sendo que o fil&oacute;sofo Arist&oacute;teles chegou a defini-los como "emocionalmente n&atilde;o domesticados". A imagem dos ruivos foi constantemente associada a algo feral, como o historiador romano Deo Cassius descreveu a rainha guerreira brit&acirc;nica Boudicca.
Ao longo do s&eacute;culo XVI, os ruivos tamb&eacute;m foram considerados infi&eacute;is como amigos, sendo que a B&iacute;blia endossou ainda mais esse estere&oacute;tipo com Judas, o traidor de Cristo, tendo cabelos ruivos. Maria Madalena, como pecadora, tamb&eacute;m foi constantemente retratada em obras de arte da Idade M&eacute;dia com cabelos ruivos.
<h2>O &oacute;dio duradouro</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/03/fonte-wikimedia-commons-03182637019032.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
A Alemanha medieval julgou as sardas em excesso presente no corpo dos ruivos como um sinal f&iacute;sico de "mau-car&aacute;ter na melhor das hip&oacute;teses" e "b&aacute;rbaro na pior delas".
Fontes vern&aacute;culas dessa &eacute;poca, datando do s&eacute;culo XIII ao s&eacute;culo XV, espalharam a lenda de que uma tribo ou na&ccedil;&atilde;o de judeus vermelhos invadiriam a Europa durante o per&iacute;odo de tribula&ccedil;&atilde;o que levaria ao fim do mundo ap&oacute;s destru&iacute;rem a cristandade.
A mente fantasiosa do per&iacute;odo medieval adicionou ao preconceito um toque sobrenatural ao descrever que os fluidos corporais dos ruivos possu&iacute;am propriedades m&aacute;gicas, e que sua gordura, inclusive, poderia ser usada para fazer veneno. Essa ideia causou muita persegui&ccedil;&atilde;o e morte, como forma de parar esse "mal ambulante" que os ruivos eram considerados.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/03/fonte-wikimedia-commons-03182706115033.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Nem as crian&ccedil;as foram poupadas, sofrendo com a lenda de que sua urina produziria uma tinta rica para pintar vitrais, bem como o sangue de um homem ruivo era um ingrediente necess&aacute;rio para transformar cobre em ouro. Sendo assim, se eles n&atilde;o foram ca&ccedil;ados para serem mortos por puro &oacute;dio, ent&atilde;o foram por pura gan&acirc;ncia.
A for&ccedil;a do estere&oacute;tipo permaneceu na cultura popular ainda no s&eacute;culo XIX, com a frase "cabelo de Judas" usada para descrever a caracter&iacute;stica ruiva.
&ldquo;Os ruivos foram considerados suspeitos, impuros e perigosos porque n&atilde;o atendiam aos padr&otilde;es do que era considerado normal&rdquo;, disse Ruth Mellinkoff, autora do livro Outcasts. &ldquo;O que &eacute; essencial ter em mente, &eacute; que eles possuem caracter&iacute;sticas minorit&aacute;rias em todos os grupos raciais e &eacute;tnicos, mesmo entre os irlandeses, amplamente considerados como sendo mais ruivos&rdquo;, salientou ela.

thumb-image-2024-02-29T14:06:40.238Z

Por que pessoas ruivas foram caçadas e executadas na Idade Média?

Imagem de Sportswashing: como os governos usam o esporte para esconder seus podres no megacurioso

A prática começou na Alemanha nazista de 1930 e continua até hoje em megaeventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas

<head></head><body>Tudo já foi (ou é) uma ferramenta política. Engana-se aquele que acha que o menor tipo de entretenimento não carrega nenhum viés político ou que não possa servir como instrumento para isso.Foi assim com o cinema na década de 1930, durante a sôfrega ascensão do hitlerismo, às portas da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial&nbsp;</a>na Europa –, quando essa indústria não apenas era a principal forma de entretenimento do mundo, mas também de comunicação. As pessoas iam assistir a um filme pelo menos duas vezes na semana, fazendo de uma sala de cinema um ponto de encontro social tanto quanto os bares e restaurantes.Tendo como base essa cultura, Joseph Goebbels, braço direito de<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121500-hitler-tinha-planos-de-aniquilar-a-etnia-polonesa-em-ate-20-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Adolf Hitler</a> e Ministro da Propaganda do Partido Nazista, decidiu que esta era a melhor maneira de propagar a ideologia nazista. E com o esporte também não foi nada diferente. Governos do mundo inteiro usam do sportswashing&nbsp;para camuflar falhas e problemas de uma nação.<h2>Uma perspectiva histórica</h2><span class="img-fc" data-fonte="Jenny Matthews/In Pictures/Getty Images" data-fonte-url="https://www.gettyimages.co.uk/detail/news-photo/britain-is-broken-national-demonstration-against-the-news-photo/1244551255"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31165253754384.jpg" alt="(Fonte: Jenny Matthews/In Pictures/Getty Images)">(Fonte: Jenny Matthews/In Pictures/Getty Images)O sportswashing acontece quando uma pessoa, grupo ou Estado, se envolve com o esporte, seja hospedando eventos ou patrocinando times, para atrair uma imagem pública mais positiva para si ou desviar a atenção de outras questões problemáticas. No caso da Copa do Mundo do Catar, de 2022, no Oriente Médio, a prática tentou ocultar e mudar sua imagem na frente internacional com relação ao péssimo histórico do país com relação aos <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121266-o-que-a-declaracao-universal-dos-direitos-humanos-diz-sobre-guerras.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">direitos humanos</a>, a homofobia assassina, preconceito racial e outros problemas sociais.Megaeventos, como as Olimpíadas, Jogos de Inverno e a Copa do Mundo, possuem um longo histórico de sportswashing em países, sobretudo, com governos autoritários que usaram o esporte para promover uma imagem de estabilidade social e econômica, normalidade e ordem. Conforme as diretrizes dos eventos, essa prática é considerada aceitável, porque é a política em sua mais pura forma – mas desde que nada prejudique a integridade dos eventos.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31165912001396.jpg" alt="(Fonte: AP Photo/Reprodução)">(Fonte: AP Photo/Reprodução)A Alemanha nazista deu início à prática, em 1936, ao sediar as Olimpíadas em Berlim. O Comitê Olímpico Internacional (COI) concedeu os jogos de verão a Berlim em 1931, antes da queda do governo de Weimar, e os problemas surgiram assim que o governo de Hitler surgiu.Sindicatos e grupos oponentes aos nazistas, da França aos Estados Unidos, não aceitaram que as Olimpíadas se tornassem uma peça de propaganda nazista, porém não conseguiram evitar. O governo alemão chegou a convidar os principais interessados para que fizessem uma varredura em políticas discriminatórias, mas claro, com eles controlando cada aspecto para que nada fosse descoberto.Em 1934, o atleta americano Avery Brundage foi convidado pelos alemães para analisar as políticas internas do evento. Apesar de ter sido recebido com a hospitalidade estatal de mais alto nível, ele foi impedido de se encontrar com qualquer atleta judeu.&nbsp;A visita de Brundage foi comercializada de uma forma que passava a ideia de que o nazismo acolheria a qualquer um, apesar de sua ideologia, mas tudo isso não passou de pura fachada. A começar pelo histórico pessoal antissemita de Brundage, bem como sua filiação, na época, a um clube esportivo de Chicago que proibia judeus. Tudo foi milimetricamente arquitetado para que passasse a impressão que as Olimpíadas de Berlim poderiam acontecer de maneira imparcial.<h2>Os valores irreais</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/31/31170411654401.jpg" alt="(Fonte: Altaf Qadri/AP/NTB/Reprodução)">(Fonte: Altaf Qadri/AP/NTB/Reprodução)Durante a Copa do Mundo de 1978, sediada pela Argentina, o esporte foi usado para tentar camuflar o momento em que o governo militar seguia uma política esmagadora de destruir a dissidência por meio de prisões arbitrárias, tortura e desaparecimento de pessoas que se manifestassem contra o governo. Inclusive, existem várias histórias de que autoridades argentinas visitaram os jogadores peruanos antes de a partida extraordinária da Argentina contra o derrotado Peru, resultando em um placar de 6 a 0.Em 2014, durante as Olimpíadas de Sochi, grupos divulgaram amplamente relatórios que expunham o tratamento dos chineses com os muçulmanos, bem como os campos de trabalhos forçados, esterilização em massa de mulheres e execuções arbitrárias.Até o momento, não existiu um governante que não ignorasse as críticas apelando para a natureza unificadora do esporte, enquanto tentam a todo o custo promover uma imagem de confiabilidade, respeitabilidade e internacionalismo que, supostamente, o esporte incorpora como um poder transformador – e que, geralmente, são valores irreais.</body>

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Sportswashing: como os governos usam o esporte para esconder seus podres

Imagem de Como as fezes humanas estão sendo usadas para construir casas no megacurioso

A iniciativa evita que as pessoas contaminem o meio ambiente e também contraiam doenças pelo descarte inapropriado dos seus dejetos

<head></head><body>A <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121373-como-eram-os-habitos-de-higiene-durante-o-imperio-romano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Roma Antiga</a> carrega até hoje o título de pioneira no <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114891-o-grande-fedor-de-1858-que-quase-intoxicou-londres.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sistema de saneamento</a>, considerado o mais avançado de todas as civilizações daquele tempo. No entanto, engana-se quem imagina que todos tinham acesso ao mesmo tipo de configuração para higiene pessoal. Ter bons hábitos de limpeza era considerado um luxo que só os ricos poderiam pagar, podendo ter acesso aos notórios banhos públicos, piscinas termais e ao privilégio de não precisar lidar com o descarte das próprias fezes.Nada disso chegava até aos cortiços romanos. Sem acesso à água corrente, os pobres precisavam fazer suas necessidades fisiológicas em penicos ou caixas, armazenadas em cubas sob escadas para depois serem esvaziadas em fossas localizadas em várias partes da cidade. Ou seja, eles precisavam conviver em meio ao cheiro insuportável e ainda lidar diretamente com as infecções que as fezes traziam.A Roma Antiga acabou e o mundo prosperou e se modernizou em todos os aspectos possíveis, mas essa falta de acesso ao saneamento básico e banheiros adequados ainda é a realidade de 60% das pessoas do mundo – ou seja, 4,5 bilhões. Atualmente, as crianças das áreas miseráveis de Bangladesh defecam ao ar livre, poluindo o meio ambiente e se contaminando com doenças por não terem acesso a banheiros adequados.É pensando nisso que estudos e empresas trabalham para transformar fezes humanas em moradias.<h2>Ressignificando a matéria</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/27/27131747145166.jpg" alt="(Fonte: Climate Central/Reprodução)">(Fonte: Climate Central/Reprodução)Um relatório divulgado em 2015 pelo Instituto Universitário das Nações Unidas para Água, Meio Ambiente e Saúde mostrou que esses dejetos humanos defecados ao ar livre poderiam ser aproveitados para aquecer ou abastecer milhares de residências. Ao coletar esse bolo com todo o lodo gerado e aquecê-lo em fornos a temperaturas superiores a 300?°C, é possível produzir briquetes semelhantes ao carvão, gerando até 8,5 milhões de toneladas de carvão vegetal. Esses briquetes carregam o mesmo conteúdo de energia, quilo por quilo, que o mineral.Se colocados em grandes tanques e fermentados com micróbios produtores de metano, o gás produzido pode valer até US$ 376 milhões para ser usado como eletricidade – o suficiente para abastecer cerca de 18 milhões de domicílios. Os pesquisadores do estudo estimam que, em geral, o valor do gás produzido por essa fermentação cobriria os custos de construção e manutenção do sistema de produção em apenas alguns anos.Em 2022, a empresa Sanivation, com sede em Nairóbi, capital do Quênia, já transformava esses resíduos em carvão para ser usado como combustível para aquecer até alimentos. A princípio, o empreendimento sofreu para prosperar, porém, agora, Paul Manda, gerente da fábrica, disse que algumas pessoas usam os briquetes para fazer até mesmo churrasco. No momento, a empresa vende mais de 120 toneladas de briquetes para todos os setores.<h2>Um olhar para o futuro</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/27/27132409997169.jpg" alt="(Fonte: Andrew F. Kazmierski/Shutterstock)">(Fonte: Andrew F. Kazmierski/Shutterstock)Essa ressignificação das fezes humanas é um caminho importante para um futuro mais consciente com relação ao meio ambiente. Cerca de 33 árvores são poupadas a cada tonelada de combustível feito de briquetes.Além disso, a implementação desse tipo de sistema lida de maneira segura com os dejetos mal gerenciados. Cerca de 41% dos quenianos não têm acesso a soluções de saneamento básico, segundo a instituição de caridade Water.org; sendo que 8,5% da população praticava defecação ao ar livre em 2020, conforme o programa conjunto de água da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNICEF.A venda dos briquetes para fábricas e empresas se tornou um benefício de mão dupla. Mary Wangui, gerente da fazenda de flores Larmona, que cozinha comida no local para seus funcionários, alegou que a fumaça dos briquetes tem menos efeito sobre os empregados que o carvão; e que até as panelas duram mais tempo sendo cozidas sobre eles. E, em cima de tudo isso, está o custo benefício da matéria-prima.“O calor dos briquetes dura mais tempo, o que significa que usamos menos em comparação com o que costumávamos usar com o carvão”, acrescentou Wangui à Euronews.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/27/27132747590173.jpg" alt="(Fonte: Global Citizen/Reprodução)">(Fonte: Global Citizen/Reprodução)E não é só isso, o professor e especialista em construção, Abbas Mohajerani, da Universidade RMIT da Austrália, passou 15 anos explorando ingredientes sustentáveis para aplicar na engenharia. Foi assim que chegou nos tijolos feitos de biossólidos, ou seja, dejetos humanos concentrados.Anualmente, são produtos cerca de 1.500 bilhões de tijolos comuns no mundo, requerendo muito solo argiloso. Essa busca desenfreada da indústria a fez incorporar vários resíduos ao produto, de serragem a cascas de arroz, para diminuir seu impacto ambiental na exploração.Mohajerani e sua equipe removeram amostras de estações de tratamento de água residuais na Austrália, levaram para o laboratório, secaram e as queimaram para que fossem misturadas ao solo argiloso. Os testes mostraram que os tijolos de fezes humanas eram equivalentes aos tradicionais feitos 100% de barro.A densidade, porosidade e outros aspectos técnicos da firmeza dos tijolos ainda é algo a ser aprimorado. Só por isso estão longe de chegarem até às construções, mas já se mostram como a reutilização das fezes pode dominar todos os aspectos do futuro.</body>

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Como as fezes humanas estão sendo usadas para construir casas

Imagem de O legado da mineração ainda destrói a África do Sul no megacurioso

O excesso de mineração ao longo de décadas e as barragens de rejeito se tornaram o pesadelo do país

<head></head><body>Desde 1886 que o continente africano ganhou a alcunha de "o maior produtor de ouro do mundo", quando garimpeiros encontraram vários recifes de ouro ao redor da atual Joanesburgo, capital da África do Sul, e se tornaram os responsáveis por desencadear uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123774-os-4-piores-desastres-da-historia-da-mineracao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">corrida de exploração&nbsp;</a>liderada, sobretudo, pelos europeus.Com isso, a região sofreu um boom na produção, com exploradores chegando de várias partes do globo, colocando a África como a principal produtora de ouro do mundo, por várias décadas, chegando a produzir 30% do minério mundial. A Golrange Resources, uma empresa de exploração canadense, foi apenas uma das que se juntaram à corrida para adquirir depósitos de ouro no continente.O&nbsp;excesso de mineração na África não só trouxe prejuízos econômicos com a escassez dos recursos, como deixou um legado destruidor. Em 2022, a NASA divulgou uma imagem de satélite de uma faixa dourada brilhando em uma paisagem marrom e árida. Era o lixo tóxico de um colapso destruidor da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124091-5-dos-acidentes-em-barragens-mais-mortais-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">barragem de rejeitos</a> de uma mina desativada que já pertenceu à De Beers, na África do Sul.<h2>O lixo deixado para trás</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/27/27134203075183.jpg" alt="(Fonte: Live Science/Reprodução)">(Fonte: Live Science/Reprodução)O colapso da barragem Rio-Rita Breytenbach aconteceu em 11 de setembro de 2022, em Jagersfontein, na África do Sul, por volta das 6h. Uma torrente de resíduos da mina atravessou a barreira desmoronada e carregou pelo menos 40 pessoas, das quais 3 morreram na inundação tóxica em meio a centenas de animais. O dilúvio destruiu mais de 160 casas. Em entrevista ao The New York Times,&nbsp;uma moradora da região relatou que a enxurrada de lixo a levantou de uma cadeira e a levou para fora da casa. “Eu rezei para sobreviver”, disse ela.Com mais de um quilômetro de largura, os rejeitos se espalharam por cerca de 8 quilômetros a sudeste da mina, em uma faixa de poluição que danificou mais de 16 km quadrados de pastagens, se infiltrando em cursos d’água, como o Rio Prosesspruit, e contaminando os sistemas de água potável que alimentavam pessoas e a agricultura. Entre pedaços de rocha, a mistura de água possuía uma alta concentração de cobre, mercúrio, cádmio, zinco, ácido sulfúrico e cianeto; aditivos muito usados em processo de mineração.A imagem, captada pela NASA um mês após a tragédia, só deixou claro como o desastre inicial impactou a região, durando muito além da inundação inicial. A agência declarou que os pontos mais brilhantes da imagem provavelmente não mostram líquido, mas resíduos secos e lama deixados para trás à medida que a água evapora.<h2>A exploração sem fim</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/27/27134704389189.jpg" alt="(Fonte: Flood List/Reprodução)">(Fonte: Flood List/Reprodução)A preocupação com a estabilidade das várias barragens de rejeitos de minas inativas ao longo do continente africano é uma preocupação crescente nos últimos tempos, sobretudo após a repercussão do Desastre de Brumadinho, que aconteceu no Brasil em 2019 e matou mais de 270 pessoas.O número dessas falhas aumentou mais nos últimos anos, com metade de todos os colapsos nos últimos 70 anos ocorrendo entre 1990 e 2009. Barragens de rejeitos são menos estáveis que as barragens de água porque são os resíduos, não o objetivo final, que fará com que os construtores ganhem dinheiro gerando eletricidade. Sendo assim, elas são construídas ao longo do tempo e as mineradoras cortam custos ao longo do processo.O que aconteceu com a mina de Jagersfontein é apenas um exemplo do legado tóxico deixado pela mineração de ouro e diamantes na África do Sul, intrinsecamente ligado ao colonialismo.&nbsp;Ela é uma das minas mais antigas do mundo, sendo que foi de lá que o jubileu batizado em homenagem à rainha Vitória da Inglaterra foi cortado de uma rocha de 650 quilates. Enquanto isso, os sul-africanos tiveram que lidar com o lixo deixado pelos exploradores em todos os aspectos.</body>

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O legado da mineração ainda destrói a África do Sul

Imagem de Irã vai utilizar IA para perseguir mulheres que fazem mal uso do véu no megacurioso

Dados confidenciais serão processados por inteligência artificial para fazer reconhecimento de face dessas mulheres, que podem ser presas e até acabar mortas

<head></head><body>Em 2022, com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123469-por-que-o-brasil-nao-e-mais-o-pais-do-futebol.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Copa do Mundo</a> do Catar, houve um choque de culturas quando o país sede do evento finalmente abriu suas portas para receber oficialmente turistas do mundo inteiro. Entre tantas proibições, códigos de conduta, crimes raciais e homofóbicos que contrariam os direitos humanos – e que não podem ser normalizadas como algo "cultural" –, o tratamento das mulheres também foi muito colocado em pauta, como muito acontece na maioria dos países do Oriente Médio.Em março de 2021, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu que mulheres e meninas iranianas são "tratadas como cidadãs de segunda classe", citando também a prática do casamento infantil generalizado envolvendo meninas entre 10 e 14 anos, proteções fracas contra a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121926-novo-tratamento-contra-abusos-domesticos-mostra-se-promissor.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">violência doméstica&nbsp;</a>e falta de autonomia legal para as mulheres.Desde a Revolução Islâmica de 1979 que os <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123476-lobby-do-batom-a-luta-essencial-das-mulheres-por-direitos-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">direitos civis das mulheres</a> foram restringidos e várias leis estabelecidas, como a introdução do uso obrigatório do véu (hijab). Com os movimentos ocidentais influenciados pelo excesso de mídia e das redes sociais, o governo do Irã planeja usar inteligência artificial para identificar mulheres que fazem mal uso do véu.<h2>O véu da opressão</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/18/18142826434251.jpg" alt="(Fonte: Iran Wire/Reprodução)">(Fonte: Iran Wire/Reprodução)O uso do hijab era para ser apenas uma escolha religiosa pessoal feita pelas mulheres, porém, no Irã, adquiriu caráter de opressão e marginalização. Sob a lei "hijab e castidade", o país exige que as mulheres e meninas com mais de 9 anos usem o lenço cobrindo o pescoço, cabeça, boca, cabelos e braços. A desobediência ou mal uso do véu leva à prisão por até dois meses, podendo também receber 74 ou mais chicotadas como forma de punição.Em setembro de 2022, Mahsa Amini, de 22 anos, viajava com sua família da província do Curdistão, no oeste do Irã, para a capital, Teerã, para visitar parentes quando foi espancada pela polícia moral do regime por, supostamente, não cumprir os regulamentos do hijab no país.Depois, a mulher foi arrastada do veículo, recebeu voz de prisão e conduzida para um centro de reeducação legal. A família de Amini foi informada de que ela havia sido transferida para uma unidade de terapia intensiva do Hospital Kasra horas após sua prisão. Ao chegarem no local, os pais receberam a notícia de que Amini estava em coma devido a uma morte cerebral, apesar de a polícia ter dito que a jovem sofreu apenas um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124019-nasa-ocultou-um-ataque-cardiaco-durante-missao-na-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ataque cardíaco</a>.Essa atitude está alinhada com a recente iniciativa do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que ordenou uma repressão aos direitos das mulheres e pediu uma aplicação rigorosa do código de vestimenta obrigatório do país.<h2>A tecnologia disfarçada</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/18/18143350104252.jpg" alt="Mahsa Amini. (Fonte: Elle/Reprodução)">Mahsa Amini. (Fonte: Elle/Reprodução)Pensando em "manter o decoro das mulheres", Mohammad Saleh Hashemi Golpayegani, secretário da Sede de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício do Irã, anunciou que o governo utilizará a tecnologia de reconhecimento facial em transportes e locais públicos para identificar mulheres que não cumprem a nova lei rígida sobre o uso do véu.Em 15 de agosto de 2022, o presidente do Irã assinou o decreto para viabilizar esse projeto e também reforçar a repressão cada vez mais punitivista sobre o vestuário feminino, um mês após o "Dia da Castidade e Hijab" nacional, que gerou protestos por todo o país, com mulheres postando vídeos sem o véu em locais públicos. Nas semanas seguintes, a televisão iraniana respondeu a esses protestos com prisões e confissões forçadas em rede nacional.Sepideh Rashno, de 28 anos, foi uma das mulheres caçada pelo governo nas redes sociais após viralizar um vídeo dela sendo repreendida por um passageiro por estar "vestida de maneira imprópria" no transporte público. Presa pelas autoridades, Rashno foi espancada e forçada a se desculpar em rede aberta com o passageiro que a assediou.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/18/18143726458256.jpg" alt="(Fonte: Radio Free Europe/Reprodução)">(Fonte: Radio Free Europe/Reprodução)Como deixou claro Azadeh Akbari, pesquisador da Universidade de Twente, na Holanda, essa iniciativa do governo iraniano é só mais uma de uma série de formas violentas e antiquadas de tecnologia para tentar mascarar o controle de um país totalitário.Desde 2015 que as mulheres carregam cartões de identidade biométricos com um chip que armazena dados, como escaneamento de íris, impressões digitais e imagens faciais. É provável que o governo use dessas informações com tecnologia de reconhecimento facial para identificar cada mulher que violar o código de vestimenta obrigatório, tanto dentro como fora da internet.Ainda segundo Akbari, com o governo em posse de todos os rostos, eles podem localizar essas mulheres em segundos. O silenciamento é garantido.</body>

Julio Cezar de Araujo