Imagem de Hipótese da Arma de Clatratos: como o oceano pode nos destruir? no megacurioso

'Aquecimento global' é o termo que define tudo

Os clatratos de metano s&atilde;o formas de g&aacute;s metano, tamb&eacute;m conhecidos como gelo de metano, aprisionados em &aacute;gua gelada, descobertos sob sedimentos oce&acirc;nicos em todo o mundo em uma esp&eacute;cie de dep&oacute;sito, formados a partir de micr&oacute;bios que desoxidam o di&oacute;xido de carbono e o convertem em metano.
S&atilde;o encontrados apenas nas plataformas continentais em baixas concentra&ccedil;&otilde;es, cerca de 1% em volume. Contudo, comprimido em uma gaiola de gelo, o metano tem densidade relativamente alta, ent&atilde;o 1 litro de clatrato pode conter 168 litros de g&aacute;s metano, sendo 62 vezes mais poderoso do que o di&oacute;xido de carbono do efeito estufa.
Existe uma teoria cient&iacute;fica chamada Hip&oacute;tese da Arma de Clatratos, que sugere que o aumento da temperatura do mar pode causar a libera&ccedil;&atilde;o em massa e repentina de metano dos clatratos de metano do fundo do oceano, desencadeando um aquecimento global catastr&oacute;fico e provocando uma altera&ccedil;&atilde;o do meio ambiente aqu&aacute;tico e da atmosfera da Terra, similar ao que pode ter acontecido segundo a teoria da extin&ccedil;&atilde;o permiano-tri&aacute;ssica, ocorrida h&aacute; cerca de 252 milh&otilde;es de anos.
<h2>A possibilidade</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01203254334557.jpg" alt="(Fonte: Business Standard/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Business Standard/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Cientistas apostam que uma libera&ccedil;&atilde;o de clatratos teria sido a respons&aacute;vel pela aniquila&ccedil;&atilde;o de 99% de todas as esp&eacute;cies terrestres do per&iacute;odo Permiano, provocada por um gatilho externo, como os sulfetos liberados na erup&ccedil;&atilde;o de um supervulc&atilde;o.
Estima-se que 1 milh&atilde;o de quil&ocirc;metros c&uacute;bicos de lava tenha sido liberado ao longo de 1 milh&atilde;o de anos atrav&eacute;s de um complexo vulc&acirc;nico perto do Polo Norte. Sendo assim, uma quantidade inestim&aacute;vel de lava teria escorrido para as plataformas continentais, derretendo os clatratos e liberando grandes quantidades de metano.
Isso teria causado um efeito de retroalimenta&ccedil;&atilde;o ao aquecer a Terra e tornar mais prov&aacute;vel que os clatratos de metano derretessem, apesar de o metano permanecer apenas por 12 anos na atmosfera terrestre. O gelo derrete a 0 &deg;C, mas os clatratos podem permanecer s&oacute;lidos at&eacute; 18 &deg;C por estarem sob press&atilde;o suficiente; se ultrapassassem, eles seriam liberados em toneladas gigantescas, causando um efeito devastador para toda forma de vida no planeta.
Uma vez que esse fen&ocirc;meno come&ccedil;asse, ele nunca mais poderia ser interrompido, e conforme o planeta fosse se aquecendo a circula&ccedil;&atilde;o nos oceanos diminuiria, tornando an&oacute;xicas grandes &aacute;reas e causando a morte de bilhares de vidas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01203335350558.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em setembro de 2008, o Laborat&oacute;rio Nacional do Departamento de Energia dos Estados Unidos e o Programa de Ci&ecirc;ncia das Mudan&ccedil;as Clim&aacute;ticas do Servi&ccedil;o Geol&oacute;gico dos EUA identificaram a potencial desestabiliza&ccedil;&atilde;o de clatratos no &Aacute;rtico como um dos quatro mais graves cen&aacute;rios de mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas abruptas. Foi divulgado um relat&oacute;rio no fim de dezembro daquele ano apontando que os cientistas que viajaram para a regi&atilde;o a bordo de um barco russo afirmaram terem provas de que milh&otilde;es de toneladas de metano est&atilde;o escapando para a atmosfera.
Em 2020, altos n&iacute;veis de g&aacute;s metano foram detectados a 350 metros no Mar de Laptev, perto da R&uacute;ssia. A grande preocupa&ccedil;&atilde;o dos pesquisadores &eacute; que um novo ciclo de retroalimenta&ccedil;&atilde;o clim&aacute;tica tenha sido acionado, podendo acelerar o ritmo do aquecimento global e at&eacute; causar uma cat&aacute;strofe inesperada &mdash; mas prevista.

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Hipótese da Arma de Clatratos: como o oceano pode nos destruir?

Imagem de San'ya: o bairro dos desprezados de Tóquio no megacurioso

É para lá que a sociedade e o governo japonês mandam quem não se encaixa no padrão

No Jap&atilde;o, quando algu&eacute;m <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120317-johatsu-os-japoneses-que-decidem-desaparecer-de-suas-vidas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">decide desaparecer</a>,&nbsp;vai se refugiar em San'ya, uma &aacute;rea localizada entre os bairros Taito e Arakawa, em T&oacute;quio. Antes de 1966, San&rsquo;ya era um bairro completo, mas acabou sumindo entre v&aacute;rios bairros para acomodar a popula&ccedil;&atilde;o pobre crescente.
O local &eacute; considerado uma "terra de ningu&eacute;m" desde o per&iacute;odo Edo, em que trabalhadores muito pobres de castas inferiores viviam em pens&otilde;es ou casas de alugu&eacute;is insalubres. Ainda que o bairro tenha sofrido um processo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120227-o-que-e-gentrificacao-e-por-que-esse-processo-e-tao-danoso.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gentrifica&ccedil;&atilde;o</a>, que transformou algumas pens&otilde;es decr&eacute;pitas das redondezas em hostels para mochileiros do mundo inteiro, a regi&atilde;o permanece uma "mancha" na sociedade japonesa.
Conforme uma pesquisa levantada pela Live Japan, cerca de 14 milh&otilde;es de pessoas vivem espalhadas entre os 23 distritos centrais de T&oacute;quio. Entretanto, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, Trabalho e Bem-Estar do Jap&atilde;o contabilizou 3.824 desabrigados em todo o pa&iacute;s, que tem 38 milh&otilde;es de habitantes, ou seja, um valor que corresponde a apenas 0,00003% da popula&ccedil;&atilde;o.&nbsp;Talvez voc&ecirc; j&aacute; saiba onde est&aacute; a parcela real de desabrigados.
<h2 class="uk-text-justify">Um local esquecido</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202541803553.jpg" alt="(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sim, San'ya se tornou um grande "dep&oacute;sito social", onde o governo "enfiou" aqueles que n&atilde;o tinham mais vaga na estrutura rigorosa de sobreviv&ecirc;ncia da sociedade japonesa. O bairro &eacute; como uma cidade fantasma com v&aacute;rios pr&eacute;dios de tijolos aparentes pichados, que est&atilde;o ruindo sobre os pr&oacute;prios alicerces em fun&ccedil;&atilde;o de anos de falta de reparo. Espremendo-se entre o concreto armado, est&atilde;o as casas de telhados de metal corrugado devastados pela ferrugem, com caixas de correio repletas de lixo dos propriet&aacute;rios que j&aacute; se foram.
O com&eacute;rcio no local &eacute; resumido em lanchonetes e lojas familiares decadentes espalhadas por toda a extens&atilde;o de San'ya para alimentar os muito pobres, b&ecirc;bados, viciados e aqueles que se mudaram para l&aacute; com o intuito de desaparecer.
Em 2002, Masaki Yamamoto fundou as Casas da Esperan&ccedil;a (Kibo no le em japon&ecirc;s), habita&ccedil;&otilde;es provis&oacute;rias para acolher aqueles que enfrentam a morte iminente, como ela disse em entrevista ao Japan Times, bem como os que ca&iacute;ram pelas "fendas da sociedade".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202720146554.jpg" alt="(Fonte: Trek Earth/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Trek Earth/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com sua esposa Mie, Yamamoto re&uacute;ne indiv&iacute;duos desprezados por serem soropositivo, terem c&acirc;ncer, Parkinson ou que t&ecirc;m algum tipo de transtorno mental &mdash; um dos piores problemas de sa&uacute;de do pa&iacute;s.
Como apontou uma mat&eacute;ria de 2019 do The Guardian, a esmagadora maioria das pessoas que vivem sem teto ou que moram em San'ya s&atilde;o mulheres que s&atilde;o diaristas, isso porque "o rolo compressor social" japon&ecirc;s espera que uma pessoa conclua seus estudos e entre para algum cargo de uma entidade corporativa. Qualquer um que n&atilde;o seguir esse padr&atilde;o social, &eacute; considerado automaticamente uma esc&oacute;ria da natureza, desprezado por todos ao seu redor, inclusive pelo pr&oacute;prio governo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/01/01202912662556.jpg" alt="(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tokyo Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ironia ou n&atilde;o, os que acabaram em San'ya por motivos econ&ocirc;micos s&atilde;o tamb&eacute;m os respons&aacute;veis pela reconstru&ccedil;&atilde;o da cidade antes da hist&oacute;rica Olimp&iacute;adas de 1964, que colocou o Jap&atilde;o no mapa novamente ap&oacute;s ter sido bombardeado pelos Estados Unidos em 1945.

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San'ya: o bairro dos desprezados de Tóquio

Imagem de Como o corpo humano se comporta em 365 dias no espaço? no megacurioso

Em 2022, cientistas esperam obter informações que não foram esclarecidas no passado

Em setembro deste ano, a National Aeronautics and Space Administration (NASA) anunciou que o astronauta Mark Vande Hei e o cosmonauta Pyotr Dubrov, da Ag&ecirc;ncia Espacial Federal Russa (Roscomos), quebrar&atilde;o o recorde de o ser humano que mais passou tempo no espa&ccedil;o, totalizando 353 dias a bordo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/116911-nasa-cameras-da-iss-conseguem-captar-imagens-de-150-ovnis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Esta&ccedil;&atilde;o Espacial Internacional</a> (ISS) at&eacute; mar&ccedil;o de 2022.
Essa estadia prolongada dos astronautas dar&aacute; &agrave; NASA a oportunidade de fornecer mais estudos sobre como o corpo humano se adapta &agrave; vida na microgravidade por longos per&iacute;odos. A pesquisa ser&aacute; essencial no planejamento de miss&otilde;es futuras, como a Artemis, &agrave; <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120058-por-que-o-homem-nunca-mais-voltou-a-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a>, ou uma de longa dura&ccedil;&atilde;o para Marte.
Mas at&eacute; agora, o que os cientistas sabem sobre a vida no espa&ccedil;o, tendo que conviver com a aus&ecirc;ncia de peso e radia&ccedil;&atilde;o (dois fatores que podem causar mudan&ccedil;as duradouras no corpo)?
<h2 class="uk-text-justify">O estudo dos g&ecirc;meos</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Blockdit&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR6b7zkkYJptucaxOJ_fJBR_fRm_L1cCRoccHpnKYr4ICw1c6xd6aTtOKHlTfw3gFwzvT4&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23195304404692.jpg" alt="(Fonte: Blockdit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Blockdit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A busca para obter esse tipo de pesquisa come&ccedil;ou em novembro de 2012, quando a NASA, a Roscomos e seus parceiros internacionais selecionaram Scott Kelly (g&ecirc;meo id&ecirc;ntico de Mark Kelly) e Mikhail Kornienko, dois astronautas veteranos, para uma miss&atilde;o de 1 ano a bordo da Esta&ccedil;&atilde;o Espacial Internacional, que aconteceria em 2015.
O objetivo da expedi&ccedil;&atilde;o inclu&iacute;a a coleta de dados cient&iacute;ficos importantes para a futura explora&ccedil;&atilde;o humana do Sistema Solar e de como o corpo se comporta no espa&ccedil;o por um per&iacute;odo grande. Os dados seriam usados para desenvolver e validar melhores medidas contra os ricos associados a futuras miss&otilde;es ao redor da Lua, asteroides e uma viagem para Marte.
A miss&atilde;o ISS come&ccedil;ou em 27 de mar&ccedil;o de 2015 e terminou em 2 de mar&ccedil;o do ano seguinte. Ao longo de todo o tempo em que Scott ficou no espa&ccedil;o, seu irm&atilde;o g&ecirc;meo foi acompanhado por pesquisadores da NASA de perto, que procuravam determinar as mudan&ccedil;as exatas que a vida no espa&ccedil;o oferece ao corpo humano at&eacute; no n&iacute;vel do &aacute;cido desoxirribonucleico (DNA).
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23195424515693.jpg" alt="(Fonte: Popular Science/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Popular Science/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 2019, o resultado de 365 dias de estudo foi publicado na revista Science, mas teve pouco empenho da imprensa. A dra. Susan Bailey e o dr. Christopher Mason, que conduziram o Estudo dos G&ecirc;meos, declararam que Scott Kelly sofreu perda &oacute;ssea percept&iacute;vel.
&ldquo;Em sua urina, voc&ecirc; podia ver o c&aacute;lcio desaparecendo&rdquo;, declarou Mason ao programa de r&aacute;dio Science Friday. A microgravidade tamb&eacute;m causou perda muscular, que j&aacute; havia sido identificada pela NASA h&aacute; d&eacute;cadas, por isso foram instalados equipamentos especiais para exerc&iacute;cios f&iacute;sicos.
Assim que Scott foi testado enquanto ainda estava no espa&ccedil;o, os estudiosos descobriram que os genes respons&aacute;veis pela constru&ccedil;&atilde;o da nossa massa &oacute;ssea e muscular estavam em estado ativo, ou seja, o corpo de Kelly lutava, sem sucesso, para restaurar o que havia perdido, e os pesquisadores chamaram isso de "Luta de S&iacute;sifo".
<h2 class="uk-text-justify">Altera&ccedil;&otilde;es ignoradas</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23195502483694.jpg" alt="(Fonte: Space.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Space.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No Estudo dos G&ecirc;meos, foi descoberto tamb&eacute;m que a cogni&ccedil;&atilde;o de Scott Kelly foi bem afetada ap&oacute;s 1 ano no espa&ccedil;o. Assim que o astronauta voltou &agrave; Terra, os testes revelaram que sua mente havia declinado em velocidade e precis&atilde;o, sendo que no espa&ccedil;o sua pontua&ccedil;&atilde;o foi ainda pior.
Esses impedimentos cognitivos persistiram durante 6 meses ap&oacute;s o pouso, sugerindo que poderiam at&eacute; ser permanentes. Bailey acredita que o decl&iacute;nio cognitivo de Kelly est&aacute; mais relacionado &agrave; exposi&ccedil;&atilde;o &agrave; radia&ccedil;&atilde;o do que aos efeitos da microgravidade, apostando nos avan&ccedil;os tecnol&oacute;gicos para proteger ainda melhor os astronautas.
Ela tamb&eacute;m apontou que a radia&ccedil;&atilde;o modificou o DNA de Kelly ao longo de seu ano no espa&ccedil;o, levando a rearranjos entre os cromossomos e dentro deles. As c&eacute;lulas T, pertencentes ao sistema imunol&oacute;gico e respons&aacute;veis pelo reparo do DNA, tamb&eacute;m aumentaram visivelmente a a&ccedil;&atilde;o delas e morreram quando o astronauta chegou &agrave; Terra, mas algumas altera&ccedil;&otilde;es gen&eacute;ticas persistiram.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23195556624696.jpg" alt="(Fonte: Wired/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wired/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Fora todos esses apontamentos, n&atilde;o foi diagnosticado nenhum impacto duradouro na sa&uacute;de de Kelly. A NASA at&eacute; ficou surpresa em perceber que os tel&ocirc;metros de Kelly, que deveria encolher em resposta ao estresse, levando a um envelhecimento mais acelerado, alongaram-se enquanto ele estava no espa&ccedil;o e voltaram a encolher rapidamente at&eacute; se estabilizarem depois que ele pousou na Terra.
At&eacute; hoje os pesquisadores n&atilde;o conseguem explicar o envelhecimento tardio, por isso eles esperam que essa pr&oacute;xima miss&atilde;o da ISS explique o que ficou pendente durante esses anos.

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Como o corpo humano se comporta em 365 dias no espaço?

Imagem de Mirny: a maior mina de diamantes da Terra que suga aeronaves no megacurioso

A instalação tem 525 metros de profundidade e 1,2 mil metros de diâmetro

Localizada na Rep&uacute;blica de Sakha, na regi&atilde;o da Sib&eacute;ria, no leste da R&uacute;ssia, a Mina Mirny se tornou um verdadeiro "umbigo" na Terra, com&nbsp;525 metros de profundidade e 1,2 mil metros de di&acirc;metro, tornando-se um dos maiores buracos escavados do mundo.
Foi durante a Expedi&ccedil;&atilde;o Amakinsky, realizada em 13 de junho de 1955, que os ge&oacute;logos sovi&eacute;ticos Yuria Khabardin, Ekaterina Elagina e Viktor Avdeenko encontraram grandes dep&oacute;sitos de diamantes na regi&atilde;o, ap&oacute;s v&aacute;rias expedi&ccedil;&otilde;es fracassadas na d&eacute;cada de 1940.
Rapidamente, 2 anos depois, <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120308-as-atrocidades-cometidas-por-josef-stalin.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Josef Stalin&nbsp;</a>ordenou que a mina fosse constru&iacute;da no local. Se tudo tivesse dado certo, a constru&ccedil;&atilde;o teria sido a maior e a mais bem-sucedida que o mundo j&aacute; viu. Contudo, a explora&ccedil;&atilde;o dela aconteceu sob condi&ccedil;&otilde;es clim&aacute;ticas adversas que dificultaram a minera&ccedil;&atilde;o devido ao congelamento do solo.&nbsp;
Quando os meses de ver&atilde;o vinham, no entanto, o solo se transformava em pura lama e afundava tudo o que era erguido sobre estacas. As temperaturas invernais eram t&atilde;o baixas que os pneus dos carros rachavam e o &oacute;leo congelava. Os trabalhadores usaram motores a jato para descongelar e desenterrar o permafrost, chegando a explodir com dinamite para ter acesso ao quimberlito (rocha que pode conter diamantes).
<h2 class="uk-text-justify">Impacto profundo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22200329901662.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
S&oacute; durante a d&eacute;cada de 1960, a Mina Mirny produzia mais de 10 milh&otilde;es de quilates de diamante por ano, dos quais 20% eram de alta qualidade. Em seu pico de prosperidade, a mina tinha cerca de 4 quilates para cada tonelada de min&eacute;rio, configurando uma das maiores taxas de minera&ccedil;&atilde;o do mundo. Ao longo de toda a sua atividade, a instala&ccedil;&atilde;o produziu US$ 13 bilh&otilde;es para o mundo.
Em 23 de dezembro de 1980, foi encontrada a maior pedra na mina, de cor amarela-lim&atilde;o, pesando 342,5 quilates (68,59 gramas), o maior do pa&iacute;s.
Mas o desenvolvimento e o sucesso da mina come&ccedil;aram a levantar suspeitas dos distribuidores pelo mundo, visto que as pedras pareciam boas demais para serem verdade. A empresa De Beers foi a primeira a querer respostas sobre as taxas de produ&ccedil;&atilde;o da mina, a princ&iacute;pio visando determinar os pre&ccedil;os do mercado comprando o m&aacute;ximo poss&iacute;vel de diamantes.&nbsp;
No entanto, chegou em certo ponto que os executivos temiam que as taxas de produ&ccedil;&atilde;o da Mina Mirny pudessem ser t&atilde;o altas que a empresa n&atilde;o fosse capaz de comprar tantas pedras.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22200527198663.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 1970, os representantes da De Beers solicitaram um tour pela mina para ver a produ&ccedil;&atilde;o. O governo sovi&eacute;tico levou 6 anos para aprovar o pedido e, mesmo depois que os homens chegaram ao local, eles enfrentaram resist&ecirc;ncia das autoridades. Uma vez na mina, eles tiveram apenas 20 minutos para visitar as instala&ccedil;&otilde;es, tempo insuficiente para obter um panorama de suas fun&ccedil;&otilde;es.
A uma profundidade de 340 metros, em 1990 a produ&ccedil;&atilde;o da mina foi subitamente interrompida, mas s&oacute; foi fechada para sempre em meados de 2004. As autoridades russas alegaram que houve uma enchente porque a minera&ccedil;&atilde;o havia passado dos limites.
<h2 class="uk-text-justify">O buraco que suga</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/22/22200754386664.png" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ent&atilde;o, a Mina Mirny se tornou apenas um v&oacute;rtice misterioso, um po&ccedil;o que j&aacute; produziu mais da metade dos diamantes que existem no mundo. O abismo se tornou perigoso para qualquer tipo de aeronave, pois seu tamanho pode ter um impacto devastador no fluxo de ar ao seu redor e em sua temperatura. Na instala&ccedil;&atilde;o, &eacute; mais quente do que naquilo que paira sobre ela, resultando em uma esp&eacute;cie de v&oacute;rtice do qual n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel sair, por isso o espa&ccedil;o a&eacute;reo naquela regi&atilde;o &eacute; restrito.
At&eacute; hoje a pesquisa na mina continua por meio da empresa Alrosa. Em 2010, a empresa russa AB Elise anunciou planos para construir uma cidade gigantesca e futur&iacute;stica na Mina Mirny, com cerca de 10 mil casas movidas a energia solar.

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Mirny: a maior mina de diamantes da Terra que suga aeronaves

Imagem de Monges Marinhos: a mitologia das criaturas religiosas do séc. XVI no megacurioso

A guerra religiosa criou o ambiente perfeito para a invenção que visava derrotar o catolicismo

Em meio a mitologia das sereias, existem os monges marinhos, uma teoria que surgiu em meados do s&eacute;culo XVI. A ideia apareceu em um momento em que o embate entre o protestantismo contra o catolicismo estava come&ccedil;ando a se tornar uma briga ferrenha, com o sacroimperador romano indo &agrave; guerra para tentar for&ccedil;ar as &aacute;reas protestantes da Europa voltar ao "redil".
Foi nesse contexto religioso ca&oacute;tico que, em 1553, o naturalista franc&ecirc;s Pierre Belon descreveu, pela 1&ordf; vez, uma criatura que teria aparecido em uma praia em algum lugar nos arredores de Copenhague, capital da Dinamarca.
Os conflitos come&ccedil;aram j&aacute; nos registros feitos por Belon, em que ele alega em notas de rodap&eacute; que n&atilde;o viu a criatura, apenas ouviu falar sobre ela. Por isso, existe a possibilidade de que, na verdade, ela tenha sido vista nas &aacute;guas de Oresund, o estreito que separa a Su&eacute;cia da Dinamarca, sendo realmente encontrada s&oacute; anos antes, entre 1545 e 1550.
<h2 class="uk-text-justify">A origem ca&oacute;tica</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Ranker&nbsp;" data-fonte-url="https://imgix.ranker.com/user_node_img/50058/1001155250/original/the-sea-monk-photo-u1?auto=format&amp;q=60&amp;fit=crop&amp;fm=pjpg&amp;dpr=2&amp;w=375"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06140910804454.jpg" alt="(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O primeiro esbo&ccedil;o de Belon descreveu a criatura como um monge do mar completo, igual a qualquer outro encontrado em mosteiros, por&eacute;m com um detalhe perturbador: nadadeiras e escamas.
Guillaume Rondelet, outro naturalista franc&ecirc;s, acrescentou, no ano seguinte, a publica&ccedil;&atilde;o de Belon, que o monge tinha 2,5 metros de altura, 1 nadadeira caudal grande e outras 2 no meio do corpo.
Essas descri&ccedil;&otilde;es foram o suficiente para causar um frenesi na sociedade quando as obras de ambos os estudiosos foram traduzidas, copiadas e distribu&iacute;das pelo continente. Quem era esse monge do mar? Que tipo de ser ele era?
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06141031991456.png" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em seu texto, Rondelet deixava claro o qu&atilde;o bizarro soava toda aquela hist&oacute;ria, mas afirmava que sua fonte estava al&eacute;m de qualquer reprova&ccedil;&atilde;o. Isso porque ele teria obtido as informa&ccedil;&otilde;es de Marguerite de Navarra, a esposa do rei de Navarra e irm&atilde; do rei franc&ecirc;s Francisco I, que, por sua vez, havia recebido informa&ccedil;&atilde;o do Rei Cristiano III da Dinamarca, ap&oacute;s um mensageiro dele ter visto a criatura em quest&atilde;o.
Entretanto, nenhum dos escritores acima foram os primeiros a falar sobre o monge marinho. Albertus Magnus &mdash; conhecido como "Albert, o Grande" &mdash;&nbsp;viveu na Idade M&eacute;dia e nasceu por volta de 1200; ele&nbsp;foi muitas coisas, mas principalmente zo&oacute;logo. Foi na obra De Animalibus que ele descreveu uma criatura exatamente igual ao monge marinho, acrescentando que o peixe de pele branca parecia um pouco mais humano do que animal, atraindo viajantes para poder devor&aacute;-los nas profundezas do mar.
<h2 class="uk-text-justify">A trama</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06141504304459.jpg" alt="(Fonte: Tumgir/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tumgir/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 2005, os pesquisadores da Freswater Biological Association, da Universidade de St. Andrews, tentaram descobrir em qual animal aqu&aacute;tico o monge do mar poderia ter sido inspirado.
O zo&oacute;logo Japetus Steenstrup, em 1855, alegou ter certeza de que o monge do mar era algum tipo de lula gigante que deu nome &agrave; esp&eacute;cie Architeuthis manachus, dizendo que o manto do monge lembrava a cabe&ccedil;a do animal, a colora&ccedil;&atilde;o que parecia escamosa e os tent&aacute;culos poderiam ter sido confundidos com bra&ccedil;os e pernas &mdash; al&eacute;m da possibilidade distinta de que uma lula poderia ter vivido alguns dias fora da &aacute;gua. No entanto, nem todos os pesquisadores ao longo dos s&eacute;culos se convenceram disso, visto que &eacute; certo que as lulas gigantes n&atilde;o vivem na regi&atilde;o onde o monge foi visto.
As outras teorias apresentadas foram a de um tubar&atilde;o-anjo, um tamboril, uma morsa e v&aacute;rios tipos diferentes de foca. Mas, no final das contas, os pesquisadores n&atilde;o conseguiram chegar &agrave; conclus&atilde;o de onde o monge do mar pode ter surgido, permanecendo um enigma at&eacute; hoje.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06141658867462.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por outro lado, o cinismo religioso pode ter sido a grande chave para a mitologia dos monges marinhos, visto que sua origem aconteceu bem durante um per&iacute;odo religioso conflituoso que foi proveitoso, principalmente, para o rei Cristiano III. Em 1536, ele confiscou todas as terras que n&atilde;o pertenciam &agrave; igreja e se colocou no comando da nova igreja luterana do pa&iacute;s, respondendo a todos de que lado estava definitivamente.
Por&eacute;m, ao fazer isso, o rei enfrentou um problema s&eacute;rio: acabou precisando que outras na&ccedil;&otilde;es vissem sua nova Dinamarca como uma na&ccedil;&atilde;o, um governo e uma aristocracia leg&iacute;timos e cont&iacute;nuos. Os estudiosos da Biblioteca Edward Worth acreditam que Cristiano III enviou uma descri&ccedil;&atilde;o desse monge marinho para a Fran&ccedil;a com o intuito de elevar o perfil da Dinamarca.&nbsp;
Sem coincid&ecirc;ncia nenhuma, na &eacute;poca em que os relatos sobre a criatura se espalharam pela sociedade, a Dinamarca j&aacute; havia firmado uma forte alian&ccedil;a com os franceses. Diante desse cen&aacute;rio, alguns historiadores sugerem tamb&eacute;m que os monges marinhos eram animais h&iacute;bridos do clero, como o asno papal, usados para apontar a corrup&ccedil;&atilde;o e os problemas da igreja cat&oacute;lica como propaganda para encorajar a reforma e a convers&atilde;o ao protestantismo.&nbsp;

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Monges Marinhos: a mitologia das criaturas religiosas do século XVI

Imagem de 'A Arca de Noé': o filme de 1928 que foi um desastre mortal no megacurioso

O longa-metragem foi responsável por reformas nas políticas de segurança de Hollywood

Se em pleno s&eacute;culo XXI a diretora de fotografia Halyna Hutchins morreu ao ser atingida por um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120224-como-armas-cenograficas-podem-dar-tiros-letais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">disparo acidental de uma arma de fogo</a> manuseada pelo ator Alec Baldwin, durante as filmagens do filme Rust, no Novo M&eacute;xico, no dia 21 de outubro, &eacute; de se esperar que as condi&ccedil;&otilde;es em sets de grava&ccedil;&otilde;es durante o s&eacute;culo XX deveriam ser ainda piores e mais negligentes.
V&aacute;rias mortes acidentais ocorreram em produ&ccedil;&otilde;es de Hollywood ao longo dos anos, principalmente pelo s&eacute;culo passado ser firmado na vis&atilde;o de que <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119137-como-funcionam-as-telas-verdes-do-cinema.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">efeitos especiais ou pr&aacute;ticos</a>, cenas de lutas, brigas, explos&otilde;es e assassinatos precisavam ser as mais aut&ecirc;nticas poss&iacute;veis, portanto o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120144-a-magia-dos-objetos-silenciosos-no-mundo-do-cinema.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">uso de objetos reais</a> era fortemente encorajado.
Foi partindo desse princ&iacute;pio que, em 1928, o filme <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120079-diluvio-do-mar-negro-teria-inspirado-a-narrativa-biblica-de-noe.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">A Arca de No&eacute;</a> foi produzido, sofrendo uma press&atilde;o ainda maior por se tratar de algo baseado na B&iacute;blia Sagrada.
<h2 class="uk-text-justify">A grande ambi&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/25/25205331070706.jpg" alt="Michael Curtiz (Fonte: Adoro Cinema/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Michael Curtiz. (Fonte: Adoro Cinema/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Naquela &eacute;poca, o diretor Michael Curtiz, que depois se tornou uma lenda de Hollywood ao fazer&nbsp;Casablanca, era apenas um estrangeiro desconhecido de origem h&uacute;ngara morando h&aacute; 2 anos nos Estados Unidos. Por&eacute;m, foi sua carreira pregressa que chamou aten&ccedil;&atilde;o dos cineastas americanos que queriam rodar A Arca de No&eacute;, que teria apenas o som parcial, visto que o cinema mudo ainda era uma norma.
O enredo do longa teria a hist&oacute;ria de No&eacute; com um pano de fundo rom&acirc;ntico ambientado durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119011-as-tropas-britanicas-sofreram-com-as-ists-na-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a> e, por isso, o filme foi divulgado como "um dos maiores espet&aacute;culos de todos os tempos".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/25/25205452961708.jpg" alt="(Fonte: Imdb/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Imdb/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sendo assim, para que o filme cumprisse com a grandiosidade que prometia, para a cena do dil&uacute;vio foram usados mais de 600 mil gal&otilde;es de &aacute;guas para simular o evento b&iacute;blico de maneira mais realista poss&iacute;vel.
No entanto, a falta de estrutura acabou causando a morte de 3 figurantes durante as grava&ccedil;&otilde;es. Curtiz rejeitou todos os pedidos para usar miniaturas no lugar de pessoas e animais reais, porque ele acreditava que aquele filme transformaria sua carreira.
<h2 class="uk-text-justify">A mudan&ccedil;a</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Alchetron&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRvaHQr6tkwluL3EbhKNBJfFu7EyP7u8xVLBPCA7YJqm-W1kUSRSbSlOr_gXX8FToOnCg8&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/25/25205644805710.jpg" alt="(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A Arca de No&eacute;&nbsp;acabou se tornando o motivo pelo qual normas de seguran&ccedil;a nos sets de filmagem em Hollywood foram implementadas anos mais tarde, visando criar um ambiente seguro para os atores, figurantes e dubl&ecirc;s durante cenas arriscadas.
Mas, a princ&iacute;pio, essas reformas n&atilde;o foram t&atilde;o eficientes para promover um ambiente seguro o suficiente. Demorou at&eacute; a d&eacute;cada de 1980 para que as leis fossem significativamente atualizadas e controlassem os danos. E, aparentemente, at&eacute; hoje as medidas tomadas por Hollywood parecem n&atilde;o ter sido o suficiente, visto que pessoas continuam morrendo em sets&nbsp;de filmagens por neglig&ecirc;ncias banais.

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'A Arca de Noé': o filme de 1928 que foi um desastre mortal

Imagem de Guerra dos ossos: a briga que destruiu nosso acervo histórico no megacurioso

A disputa de dois paleontólogos causou um problema enorme para a história

Al&eacute;m da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119907-a-grande-guerra-dos-ovos-causou-quase-uma-extincao-na-california.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Corrida do Ouro</a>, em 1848, houve outro evento mundial que marcou para sempre o s&eacute;culo XIX: a Guerra dos Ossos. Quando f&oacute;sseis come&ccedil;aram a ser descobertos por paleont&oacute;logos do mundo inteiro, surgiu um frenesi incontrol&aacute;vel do poderio cient&iacute;fico pelos dinossauros.
No entanto, os paleont&oacute;logos americanos Edward Cope e O. C. Marsh levaram sua obsess&atilde;o para outro n&iacute;vel, acabando por deixar uma mancha na hist&oacute;ria da Paleontologia quando morreram, mesmo tendo encontrado e nomeado in&uacute;meros tipos diferentes de dinossauro e animal pr&eacute;-hist&oacute;rico.
A rivalidade entre ambos era maior do que a pesquisa, e eles chegaram a cometer atos repudi&aacute;veis para um se manter sempre um passo &agrave; frente do outro, como a destrui&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica de uma quantidade desconhecida de registro&nbsp;f&oacute;ssil. Al&eacute;m disso, eles publicaram pesquisas repletas de erros que atormentaram o campo por anos.
<h2 class="uk-text-justify">Colegas e rivais</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234353643044.png" alt="Edward Cope. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Edward Cope. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A princ&iacute;pio, o relacionamento de Cope e Marsh come&ccedil;ou extremamente amig&aacute;vel, apesar de ambos compartilharem de teorias evolutivas diferentes: Cope era adepto ao lamarckismo, e Marsh do Darwinismo, ou seja, ambos n&atilde;o consideravam um ao outro "cientista o suficiente". Eles se conheceram em Berlim (Alemanha), por volta de 1864, quando a Europa Ocidental era considerada a vanguarda da pesquisa em Paleontologia.
A Guerra dos Ossos entre os dois pesquisadores come&ccedil;ou, oficialmente, na d&eacute;cada de 1870, mas 4 anos ap&oacute;s o encontro em Berlim eles j&aacute; protagonizavam um &oacute;dio m&uacute;tuo por terem brigado pelo cr&acirc;nio fossilizado de um elasmossauro.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234525346046.jpg" alt="O.C. Marsh. (Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />O. C. Marsh. (Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 1877, um professor no Colorado, chamado Arhur Lakes, entrou em contato com Cope e Marsh para descrever o achado de f&oacute;sseis s&aacute;urios durante uma caminhada que ele havia feito. Marsh pagou ao professor US$ 100 para que mantivesse a descoberta em segredo, por&eacute;m descobriu que ele j&aacute; havia informado Cope. Para impedir que o rival chegasse primeiro ao local, Marsh contratou um agente para par&aacute;-lo de qualquer maneira, at&eacute; mesmo usando for&ccedil;a bruta.
Mas Cope tamb&eacute;m n&atilde;o ficou para tr&aacute;s. Quando soube que o outro recebeu uma carta dos trabalhadores da ferrovia em Wyoming, ele enviou seus escavadores para a pedreira antes de Marsh e conseguiu roubar alguns ossos do local.
<h2 class="uk-text-justify">A guerra declarada</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234632236047.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi nesse cen&aacute;rio que Cope se adiantou para tentar provar que era um cientista melhor que Marsh, publicando toda e qualquer descoberta que fazia. S&oacute; entre 1879 e 1880, ele publicou 76 artigos, alcan&ccedil;ando a marca de 1,4 mil escritos ao longo de sua carreira &mdash; em sua maioria, repletos de mentiras e falhas para se destacar como uma figura importante na Corrida dos Ossos.
Em 1882, quando Marsh usou suas conex&otilde;es para se tornar paleont&oacute;logo-chefe da U.S. Geological Survey, ele n&atilde;o apenas ganhou uma quantidade imensa de poder pol&iacute;tico, como tamb&eacute;m recebeu controle de fundos federais &mdash; ou seja, agora ele tamb&eacute;m podia cortar o financiamento federal de Cope, o que ele fez sem hesitar.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234729690048.jpeg" alt="(Fonte: History of Yesterday/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History of Yesterday/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ressentido, em 1890, Marsh foi mais longe ainda na guerra ao alegar que os f&oacute;sseis coletados por Cope foram adquiridos com fundos federais e, portanto, pertenciam ao governo. Cope foi capaz de provar como pagou a maior parte de sua cole&ccedil;&atilde;o do pr&oacute;prio bolso, mas estava mais do que nunca obstinado a destruir seu inimigo.
Como retalia&ccedil;&atilde;o, ele procurou um jornalista do The New York Herald e entregou anos de erros cient&iacute;ficos e crimes cometidos por Marsh. Em 12 de janeiro de 1890, a disputa se tornou um esc&acirc;ndalo p&uacute;blico, fazendo o Congresso cortar grande parte do or&ccedil;amento da ag&ecirc;ncia de Marsh, que acabou demitido.
<h2 class="uk-text-justify">Legado de sujeira</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234843817049.jpg" alt="(Fonte: History Net/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History Net/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m de muita pesquisa paleontol&oacute;gica errada, os homens usaram de todos os m&eacute;todos para destruir f&oacute;sseis para que um ou outro n&atilde;o se apossasse deles. Isso envolveu quilos de dinamite em s&iacute;tios e locais de escava&ccedil;&otilde;es que equipes nunca mais conseguiram encontrar, desaparecendo com milhares de anos de hist&oacute;ria por causa de puro ego&iacute;smo.
Como resultado, o ramo de pesquisa ficou com uma imagem ruim, principalmente por parte dos europeus em rela&ccedil;&atilde;o aos americanos, levando d&eacute;cadas para se dissipar. At&eacute; hoje, &eacute; inestim&aacute;vel o c&aacute;lculo do quanto se perdeu em meio a tudo isso.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/07/07234924601050.jpg" alt="(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mas, apesar de tudo isso, Cope e Marsh foram respons&aacute;veis pela descoberta de mais de 100 novos dinossauros ao longo dos anos. Cope encontrou 56 novos g&ecirc;neros e esp&eacute;cies, enquanto Marsh descobriu pelo menos 80.
Fora o rastro infame de destrui&ccedil;&atilde;o e pol&ecirc;micas, eles tamb&eacute;m deixaram uma cole&ccedil;&atilde;o imensa com quase 13 mil esp&eacute;cimes, sendo que o Instituto Smithsonian adquiriu 80 toneladas apenas da cole&ccedil;&atilde;o de Marsh.
Os homens tamb&eacute;m contrataram e treinaram aqueles que seriam a pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o de paleont&oacute;logos americanos &mdash; com sorte, mais &eacute;tica.

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Guerra dos ossos: a briga que destruiu nosso acervo histórico

Imagem de Pentágono liberou relatório ultrassecreto de 17 anos sobre OVNIs no megacurioso

Não era o que o público esperava, mas foi um passo para os fenômenos serem analisados como ciência convencional

Em Double Feature, a 10&ordf; temporada da s&eacute;rie American Horrror Story, foi mostrado mais uma vez o que v&aacute;rias s&eacute;ries e filmes, como Arquivo X e&nbsp;Homens de Preto, v&ecirc;m fazendo h&aacute; anos: os arquivos ultrassecretos do governo dos Estados Unidos (EUA) acerca de atividade alien&iacute;gena ao longo do s&eacute;culo XX. Esse per&iacute;odo &eacute; considerado o de maior incid&ecirc;ncia de objetos voadores n&atilde;o identificados (&oacute;vnis) e casos de contatos imediatos, de <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117111-caso-roswell-diario-secreto-traz-novas-pistas-sobre-ovni.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Roswell</a>&nbsp;a&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/113708-ufo-o-caso-mantell.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mantell</a>.
Em 2020, o Reino Unido decidiu desclassificar seu banco de dados de relatos sobre &oacute;vnis para o p&uacute;blico, e este ano o Departamento de Defesa (DoD) dos EUA fez o mesmo ao entregar anos de relat&oacute;rios sobre fen&ocirc;menos a&eacute;reos n&atilde;o identificados para o Congresso.
<h2 class="uk-text-justify">Curiosidade com frustra&ccedil;&atilde;o</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Verge&nbsp;" data-fonte-url="https://cdn.vox-cdn.com/thumbor/nmONexqN6UZ5UB4Skc-3JcbAgzY=/1400x1400/filters:format(png)/cdn.vox-cdn.com/uploads/chorus_asset/file/22681993/Screen_Shot_2021_06_25_at_3.01.18_PM.png"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06142827617471.png" alt="(Fonte: The Verge/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Verge/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 25 de junho de 2021, o Pent&aacute;gono entregou o relat&oacute;rio sobre &oacute;vnis ao Congresso sob o nome de fen&ocirc;menos a&eacute;reos n&atilde;o identificados (UAPs), para evitar o estigma de &oacute;vnis, mas, diferente do que as pessoas imaginam, n&atilde;o apresentou evid&ecirc;ncias convincentes de que espa&ccedil;onaves alien&iacute;genas foram localizadas.
Em entrevista ao The Conversation, o professor de Astronomia Chris Impey disse que n&atilde;o acredita que o relat&oacute;rio, ou qualquer outro avistamento de objetos n&atilde;o identificados no passado, sirva como algum tipo de prova que extraterrestres visitam a Terra, por&eacute;m &eacute; uma obra importante para tentar lan&ccedil;ar um olhar mais s&eacute;rio para toda a quest&atilde;o. Al&eacute;m disso, incentiva o governo dos EUA a coletar dados melhores, aumentando as oportunidades de os cientistas tentarem interpret&aacute;-los, ap&oacute;s o fen&ocirc;meno passar anos fora dos limites da ci&ecirc;ncia convencional.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06142905164472.jpg" alt="(Fonte: NBC News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NBC News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em um documento de 9 p&aacute;ginas, o DoD cobriu um total de 144 avistamentos de &oacute;vnis de fontes do governo dos EUA, entre 2004 e 2021, determinando que a maioria dos incidentes n&atilde;o se originou do Ex&eacute;rcito Americano ou de outra tecnologia avan&ccedil;ada do governo. Portanto, a alega&ccedil;&atilde;o eliminou a possibilidade de que os pilotos da marinha, que relataram espa&ccedil;onaves inexplic&aacute;veis, possam ter encontrado programas que o governo pretendia manter em segredo.
Em outras palavras, as autoridades conclu&iacute;ram que a pr&oacute;pria ambiguidade das descobertas significa que o governo n&atilde;o pode descartar definitivamente as teorias de que os fen&ocirc;menos observados pelos pilotos militares podem ser naves alien&iacute;genas.
&ldquo;Na verdade, existem filmagens e registros de objetos nos c&eacute;us que n&atilde;o sabemos exatamente o que s&atilde;o&rdquo;, disse o ex-presidente Barack Obama em entrevista ao The Late Late Show&nbsp;with James Corden.
<h2 class="uk-text-justify">A possibilidade</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06142956523474.jpg" alt="(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por&eacute;m, o relat&oacute;rio refor&ccedil;a que muitas quest&otilde;es sobre os fen&ocirc;menos permanecem dif&iacute;cil de explicar, incluindo acelera&ccedil;&atilde;o, capacidade de mudar de dire&ccedil;&atilde;o muito rapidamente e submers&atilde;o. A hip&oacute;tese de bal&otilde;es meteorol&oacute;gicos, que sempre foi usada como argumento em casos passados, n&atilde;o consegue se sustentar para todas as situa&ccedil;&otilde;es devido &agrave;s mudan&ccedil;as na velocidade do vento no momento de algumas das intera&ccedil;&otilde;es.
Al&eacute;m disso, o relat&oacute;rio visou examinar os incidentes envolvendo militares estrangeiros nos &uacute;ltimos 20 anos, e oficiais da intelig&ecirc;ncia acreditam que pelo menos alguns, dos 144 fen&ocirc;menos a&eacute;reos reportados, podem ter sido tecnologia experimental de uma pot&ecirc;ncia rival, provavelmente a R&uacute;ssia ou a China.
Um oficial s&ecirc;nior informado sobre a intelig&ecirc;ncia disse sem hesitar que as autoridades americanas sabiam que n&atilde;o se tratava de tecnologia americana, erguendo a hip&oacute;tese de experimenta&ccedil;&atilde;o com tecnologia hipers&ocirc;nica desenvolvida pelos russos ou chineses.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06143052273475.jpg" alt="(Fonte: CNN/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CNN/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Pilotos da marinha relataram a seus superiores, entre o ver&atilde;o de 2014 e mar&ccedil;o de 2015, nos c&eacute;us da Costa Leste, o avistamento de objetos estranhos que n&atilde;o tinham motor vis&iacute;vel e podiam atingir quase 10 mil metros de altura em velocidades hipers&ocirc;nicas.
O DoD tem coletado esse tipo de relat&oacute;rio h&aacute; mais de 13 anos como parte do obscuro e pouco conhecido Programa de Identifica&ccedil;&atilde;o Avan&ccedil;ada de Amea&ccedil;as Aeroespaciais do Pent&aacute;gono, que analisou dados de radar, imagens de v&iacute;deo e relatos fornecidos por pilotos e oficiais superiores da marinha desde 2007, financiado pelo democrata&nbsp;Harry Reid, de Nevada.

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Pentágono liberou relatório ultrassecreto de 17 anos sobre óvnis

Imagem de No século XVIII, guilhotinas foram vendidas para crianças na França no megacurioso

Na Fran&ccedil;a, o s&eacute;culo XVIII ficou famoso pelas execu&ccedil;&otilde;es em pra&ccedil;a p&uacute;blica que eram verdadeiros eventos, chegando a reunir uma cidade inteira para ver o fim de um desafortunado por meio do enforcamento ou da decapita&ccedil;&atilde;o com um machado.
Em 1798, pensando em humanizar mais os m&eacute;todos de execu&ccedil;&atilde;o, o m&eacute;dico franc&ecirc;s Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) sugeriu o uso de um aparelho &ldquo;autom&aacute;tico&rdquo; de decapita&ccedil;&atilde;o, poupando o criminoso de um show de agonia diante da plateia &mdash; embora essa parte fosse a que o povo mais gostava de assistir. Para o m&eacute;dico, contudo, a instantaneidade da puni&ccedil;&atilde;o era a condi&ccedil;&atilde;o necess&aacute;ria e absoluta para uma morte considerada decente.
Quando Guillotin foi eleito para a Assembleia Nacional Francesa, ele defendeu seu pensamento de um m&eacute;todo de pena capital indolor e privado igual para todas as classes, determinando o primeiro passo rumo ao fim da pena de morte &mdash; ou pelo menos, era o que ele desejava.
<h2 class="uk-text-justify">O instrumento</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06144846213507.jpg" alt="(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Britannica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Naquela &eacute;poca, dispositivos de decapita&ccedil;&atilde;o j&aacute; eram usados na Alemanha, It&aacute;lia, Esc&oacute;cia e P&eacute;rsia para condenar criminosos aristocr&aacute;ticos, por&eacute;m nunca foi adotado em grande escala institucional.
Foi s&oacute; em meados de 1792 que o aparelho chamado guilhotina, cujo nome fazia refer&ecirc;ncia ao seu idealizador, foi criado pelo m&eacute;dico em parceria com o engenheiro alem&atilde;o Tobias Schmidt. Foi sugerido usar uma l&acirc;mina diagonal de 40 quilos em vez de uma redonda, presa a uma arma&ccedil;&atilde;o de madeira reta de cerca de 4 metros de altura, i&ccedil;ada por meio de uma corda.
Muito embora tenha sido considerado um m&eacute;todo menos doloroso, ainda assim a cena era um show de horror quando a cabe&ccedil;a do condenado ca&iacute;a em uma cesta, enquanto o resto de seu corpo estrebuchava do outro lado da arma&ccedil;&atilde;o. O aparelho ficou notoriamente famoso durante a Revolu&ccedil;&atilde;o Francesa, considerado o per&iacute;odo em que mais pessoas foram condenadas &agrave; guilhotina.
<h2 class="uk-text-justify">Um brinquedo perigoso</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikipedia&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRcrW_myw3RIE92juJC8wdIYJ1EY9EQd1k3ip8tMZweZC7P2H90jkockFdka7v5_QsfVKg&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06145101341513.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O instrumento e a vis&atilde;o que ele proporcionava ficaram t&atilde;o famosos na Fran&ccedil;a do s&eacute;culo XVIII que r&eacute;plicas de 60 cent&iacute;metros de altura foram vendidas para crian&ccedil;as para que pudessem brincar de coveiras e carrasco em casa.
N&atilde;o se engane pensando que a l&acirc;mina era feita de pl&aacute;stico ou substitu&iacute;da por qualquer outro material, porque ela era t&atilde;o real que as v&iacute;timas das crian&ccedil;as eram bonecas de porcelanas e at&eacute; ratos vivos.
Por motivos &oacute;bvios, algumas cidades proibiram o uso do "brinquedo", n&atilde;o pelo risco que apresentava para as crian&ccedil;as, mas sim pela influ&ecirc;ncia que poderia causar em seu futuro &mdash; a profiss&atilde;o de carrasco n&atilde;o tinha nada de glamorosa. Ainda assim, isso n&atilde;o impediu que o pequeno instrumento fosse normalizado na sociedade francesa, usado at&eacute; como fatiador de p&atilde;es que ficavam em cima das mesas e parecia divertir as pessoas.

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No século XVIII, guilhotinas foram vendidas para crianças na França

Imagem de Fazenda de corpos: as perturbadoras e úteis instalações forenses no megacurioso

O legado desses lugares é indescritível, mas a aparência deles não

As fazendas de corpos s&atilde;o instala&ccedil;&otilde;es de pesquisa onde restos humanos s&atilde;o deixados em v&aacute;rias condi&ccedil;&otilde;es diferentes para que os cientistas forenses possam estudar o processo de decomposi&ccedil;&atilde;o no ambiente &mdash; apesar de o nome se remeter a um local onde assassinos desovam cad&aacute;veres de pessoas, como uma esp&eacute;cie de cemit&eacute;rio de crimes.
Alguns corpos s&atilde;o expostos aos elementos naturais e a predadores, outros s&atilde;o enterrados para an&aacute;lises futuras de como os agentes do solo agem sobre a mat&eacute;ria org&acirc;nica morta. Tudo isso &eacute; feito para que os profissionais possam estabelecer uma linha do tempo at&eacute; a hora da morte.
Al&eacute;m disso, os avan&ccedil;os no sequenciamento de DNA e a tecnologia das m&aacute;quinas est&atilde;o possibilitando a identifica&ccedil;&atilde;o de bact&eacute;rias, fungos e outros micr&oacute;bios associados &agrave; <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120392-quais-sao-as-fases-de-decomposicao-do-corpo-humano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">decomposi&ccedil;&atilde;o</a> e a busca por padr&otilde;es previs&iacute;veis que podem, eventualmente, fornecer um m&eacute;todo para determinar com mais precis&atilde;o o tempo desde a morte de uma pessoa.
<h2 class="uk-text-justify">A tecnologia do processo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;ABC&nbsp;" data-fonte-url="https://live-production.wcms.abc-cdn.net.au/f1134d7af7de3588569d5b09d1e3228d?impolicy=wcms_crop_resize&amp;cropH=526&amp;cropW=788&amp;xPos=49&amp;yPos=0&amp;width=862&amp;height=575"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06143432180484.webp" alt="(Fonte: ABC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: ABC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As fazendas de corpos n&atilde;o s&atilde;o feitas apenas para os cientistas, mas tamb&eacute;m para a pol&iacute;cia como parte do treinamento de recupera&ccedil;&atilde;o de restos mortais em uma cena de crime, em que c&atilde;es s&atilde;o treinados para rastreamento de cad&aacute;veres devido ao forte odor que o local apresenta.
Os corpos que acabam na instala&ccedil;&atilde;o s&atilde;o submetidos a todos os tipos de experimentos imagin&aacute;veis, desde colocados em reboques e cobertos com concreto, baleados, feridos com objetos contundentes, at&eacute; queimados em gaiolas. Todo esse processo ao ar livre tamb&eacute;m levou os pesquisadores a conduzir um experimento para determinar se os nutrientes liberados dos restos humanos podem ter um efeito significativo na colora&ccedil;&atilde;o das folhas de uma &aacute;rvore, o que pode ser usado na busca por pessoas desaparecidas.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The New York Timees&nbsp;" data-fonte-url="https://static01.nyt.com/images/2019/07/28/books/review/28Gardner/merlin_157356690_4de8f220-e66f-4327-ad39-aacb0437bfe5-superJumbo.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06143505711485.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Diante de tudo isso, &eacute; imposs&iacute;vel n&atilde;o se perguntar de onde esses cad&aacute;veres v&ecirc;m. Muito diferente do que acontecia no s&eacute;culo XVIII com os <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/113660-a-industria-de-roubo-de-corpos-do-seculo-xviii-e-xix.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ladr&otilde;es de t&uacute;mulo</a> em prol da Medicina rudimentar da &eacute;poca, as fazendas de corpos recebem seus objetos de estudo de doa&ccedil;&otilde;es &mdash; quando algu&eacute;m doa seu corpo para a Ci&ecirc;ncia.
Segundo a Antropologia Forense, a instala&ccedil;&atilde;o do Centro de Pesquisa Antropol&oacute;gica da Universidade do Tennessee, que tem a fazenda Rancho Freeman, j&aacute; recebeu cerca de 1,8 mil cad&aacute;veres at&eacute; ent&atilde;o. No entanto, se algu&eacute;m foi infectado com a bact&eacute;ria Staphylococcus aureus, <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114848-o-caso-da-crianca-transformada-em-zumbi-pela-tuberculose.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tuberculose</a>, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119744-hepatite-conheca-os-6-tipos-de-inflamacao-no-figado.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">hepatite</a>, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120431-mulher-se-livra-de-hiv-sem-tratamento-e-anima-cientistas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> ou at&eacute; mesmo <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120310-e-possivel-pegar-covid-19-tocando-em-superficies.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">covid-19</a>, o corpo n&atilde;o pode entrar nas fazendas, para limitar o risco dos pesquisadores &agrave; exposi&ccedil;&atilde;o.
<h2 class="uk-text-justify">O legado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06143655289487.jpg" alt="(Fonte: Vice/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Vice/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m de todo o avan&ccedil;o no campo da pesquisa cient&iacute;fica, as fazendas de corpos tamb&eacute;m t&ecirc;m sido fundamentais para diluir os mitos sobre cad&aacute;veres, como a ideia de que, ap&oacute;s a morte, um corpo permanece exatamente no mesmo lugar.
Em 2019, como mostra a Phys.org, pesquisadores do Australian Facility for Taphonomic Experimental Research (AFTER) descobriram que corpos humanos se movem significativamente por mais de 1 ano ap&oacute;s a morte.
Em uma fazenda de corpos, foram tiradas fotos a cada 30 minutos ao longo de 17 meses, mostrando que o cad&aacute;ver se moveu durante todo esse per&iacute;odo. A maior parte do movimento foi visto nos bra&ccedil;os, que come&ccedil;aram ao lado do corpo e foram se afastando dele lentamente.

Julio Cezar de Araujo