Artes/cultura
16/09/2014 às 10:39•5 min de leitura
Nós bem sabemos que o nosso planeta está repleto de criaturas bizarras e nojentas. Por exemplo, em um artigo aqui do Mega Curioso, você já teve o desprazer de conhecer melhor o berne, a larva repugnante parasita de mosca que adora habitar a pele dos mamíferos desavisados.
Mas, hoje, nós vamos poupá-los de relembrar demais sobre o berne e suas características horrorosas para abrir espaço para outros nojentinhos do mundo animal. Confira abaixo algumas dessas criaturas bizarras que provavelmente você nunca vai querer encontrar na sua vida.
Esse bicho dentro da boca do peixe é o Cymothoa exigua, também conhecido como pulga-do-mar. Ele é um crustáceo isópode parasita e o único organismo conhecido que consegue substituir um órgão inteiro de suas espécies hospedeiras.
O C. exigua tem como alvo principalmente o pargo, mas já foi visto em outras sete espécies de peixes. Estes organismos são conhecidos como hermafroditas protândricos, o que significa que eles começam suas vidas como machos e mudam de sexo em seu ciclo vital.
Os parasitas começam a sua busca nadando para dentro das guelras de um peixe. Uma vez lá, eles vão fixar-se às brânquias até quando o seu processo de maturação estiver completo. Com isso, assim que as jovens pulgas-do-mar se desenvolvem, elas mudam de sexo masculino para feminino.
Após a conclusão desse processo, o organismo se desloca das guelras para a base da língua, que ela (aparentemente) pensa que é um lugar fantástico para chamar de lar. Eles então se agarram no local para se estabelecer por ali permanentemente, perfurando a língua do peixe com sua poderosa mordida.
Depois que a pulga faz uma incisão, ela começa a chupar todo o estoque de sangue da língua do pobre peixe. Esse apetite insaciável leva ao esgotamento de todo o sangue da área e, como resultado, a língua atrofia, murcha e cai. Então o isópode agarra o local com seus mais recuados três ou quatro pares de pernas, tornando-se nova língua do peixe.
Por mais desagradável que isso parece ser, o processo não mata os peixes. Pelo contrário, o peixe realmente começa a utilizar o parasita como uma “pseudo-língua” como uma espécie de prótese biológica. É o que resta a ele.
Com um grande organismo vivo como em sua boca e ocupando muito espaço, é difícil acreditar que o peixe possa se alimentar. No entanto, os peixes podem sobreviver e até mesmo se reproduzir, mas não tão bem quanto aqueles que não têm o parasita. E o isópode permanece ali, alimentando-se de muco de peixe ou pedaços de sangue que ficaram na área da boca.
Se você acha que isso é ruim, espere até saber sobre a reprodução desses bichos. Os machos que se fixaram nas guelras migram até a boca para acasalar com a fêmea (que antes era um macho, lembra?), enquanto ela faz o papel de língua de peixe.
Ou seja, além de destruir e substituir a língua, o parasita ainda se reproduz na boca do coitado do peixinho. E a língua-parasita ainda dá a luz ali mesmo também. Então, os filhotes se dispersam para encontrar outro peixe e continuar esse ciclo.
Já foram registrados alguns casos em que esses parasitas foram encontrados em peixes vendidos em supermercados. Ações judiciais foram movidas contra redes por clientes que compraram peixe com isópodes em suas bocas e os cozinhou sem saber.
Apesar desta surpresa bastante desagradável, as acusações foram retiradas, porque seus efeitos não são prejudiciais para o consumo humano.
Essa coisinha nojenta aí da imagem acima é a lampreia. Na região dos Grandes Lagos da América do Norte, elas são uma ameaça invasiva, causando grandes estragos em pescarias que podem resultar em peixes com lampreias parasitadas neles.
Apesar de seu lado ruim (e provavelmente é só esse que existe), há que se reconhecer que a lampreia é um dos organismos mais antigos do mundo animal. Ela passou 360 milhões anos quase que totalmente inalterada em sua estrutura e ciclo de vida, sendo um parasita que evoluiu em um notavelmente eficiente e perturbador meio de sobrevivência.
Existem três tipos de lampreia: as carnívoras, as sugadoras de sangue e as larvas. Estas últimas ficam de 3 a 7 anos em um estágio larval e vivem apenas seis meses, depois que se metamorfoseiam em adultos. Durante esse tempo, elas não precisam se alimentar, existindo apenas para se reproduzir e morrer.
Já com os outros tipos, o buraco (ou os buracos) é mais embaixo. As lampreias comedoras de carne e sugadoras de sangue têm formatos diferentes de dentes afiados para detonar os seus hospedeiros também de formas distintas.
No centro de todos os dentes impressionantes em forma de gancho, as lampreias têm uma estrutura semelhante a uma língua, chamada pistão, que tem três dentes afiados, dois que se movem lado a lado e outro que se move para cima e para baixo. Este pistão tem uma espécie de estrutura convexa com esses formatos que permitem que a lampreia se alimente de carne, arrancando pedaço. Pesadelo?
Já o grupo das lampreias sugadoras de sangue tem dentes mais finos, mas todos aproximadamente do mesmo tamanho, funcionando como um órgão afiado para chegar aos vasos sanguíneos.
E outra diferença fundamental entre os dois grupos encontra-se dentro dos corpos dos bichos. As sugadoras de sangue têm de manter esse fluxo, então elas têm glândulas em sua garganta que segregam um anticoagulante para o disco oral (nome pelo qual a boca da lampreia é conhecida). As carnívoras têm estas glândulas também, mas elas são muito menores.
O alvo das lampreias são os peixes, que são detectados por elas por meio de células ao longo de seu corpo que as ajudam a sentir as vibrações na água. Então elas atacam e, uma vez grudadas no peixe, não há muito o que fazer para tirá-las de lá.
Não só os numerosos dentes em forma de gancho penetram profundamente na carne, como também a lampreia usa sucção para manter-se em seu hospedeiro. Assim que se prende no peixe, ela pode ficar lá de algumas horas ou até dias.
No caso das sugadoras de sangue, elas dão alguns descansos para deixar o hospedeiro se recuperar a fim de garantir mais estoque de sangue sem precisar procurar outro. Já as carnívoras não têm muita piedade, pois podem fazer buracos enormes e causar fatalmente a morte dos peixes. O nosso desejo é que ninguém nunca encontre uma dessas em um rio ou represa por aí.
Você conhece o sapo do Suriname, também conhecido como Pipa pipa? Esse anfíbio em uma característica um tanto bizarra e meio nojenta em se tratando de seu ciclo reprodutivo. As suas fêmeas absorvem seus ovos em suas próprias costas. Dessa forma, seus filhotes se desenvolvem com segurança antes de “brotarem” através da pele de sua mãe.
O sapo Suriname é basicamente aquático, e, quando um macho encontra a fêmea para acasalar, ele a agarra em um ato conhecido como amplexo e faz até acrobacias. Ele fica agarrado na fêmea enquanto ela nada e faz cambalhotas. Pouco antes de isso acontecer, a pele do dorso da mocinha sapo começa a espessar devido à influência hormonal.
Em suas muitas acrobacias aquáticas durante o coito (que pode durar mais de 24 horas), a fêmea expulsa os ovos, um de cada vez, que o macho fertiliza. Estes ovos fertilizados se depositam no dorso da fêmea, onde a pele continua a ficar cada vez mais espessa e cresce em torno do ovo, que fica incorporado nesse local.
A fêmea pode acabar com mais de 100 ovos em suas costas e seus filhotes de desenvolvem em sua pele por vários meses, pulando inteiramente a fase de girino. Quando estão prontos para sair, um por um “brota” das costas de sua mãe, como cápsulas de fuga que se livram de uma nave espacial.
É uma das cenas mais perturbadoras da natureza, mas também é uma adaptação evolutiva incrível. Em vez de colocar seus ovos em outros lugares e expô-los aos predadores, a mãe sapo do Suriname carrega seus filhotes na segurança de seu corpo, assim como os mamíferos evoluíram com os bebês em seus ventres.
Assim que todos os sapinhos nascem, o excesso de pele do dorso da fêmea é descartado e ela segue a sua vida.