Ciência
02/12/2014 às 08:13•4 min de leitura
Quando o assunto envolve canibalismo é bom se preparar para absorver fatos e informações chocantes, principalmente se falamos de práticas canibais entre seres humanos. O List Verse reuniu alguns fatos bizarros sobre essa prática. Confira alguns deles a seguir:
Quem já comeu carne humana afirma que ela tem gosto de carne suína e que muitas vezes parece vitela, mas que, visualmente falando, é como um bom pedaço de bife. Uma das pessoas que mais fala com propriedade a respeito é, sem dúvida, o alemão Armin Meiwes – nós já falamos sobre ele nesta publicação.
Outra pessoa que discorreu a respeito foi o japonês Issei Sagawa, que matou e devorou uma colega de classe em Paris. Segundo ele, a carne humana não tem um cheiro muito específico. Em algumas tribos, onde o canibalismo é uma questão cultural, um dos costumes é o de comer a carne humana já depois de apodrecida.
Quem come carne precisa tomar cuidado na hora de preparar o alimento, certo? Comer carne crua pode causar uma série de problemas de saúde, principalmente se a procedência do produto não é conhecida. O que você talvez não saiba é que a carne humana, quando ingerida ainda crua, pode provocar o kuru, que nada mais é do que um tipo de contaminação.
A doença foi identificada pela primeira vez nos anos de 1950, em Papua Nova Guiné, onde o canibalismo era uma prática comum na tribo Fore. Os membros desse grupo comiam as pessoas que morriam, o que incluía desde os tecidos e a carne em si até órgãos como o cérebro. É no cérebro que se concentram as proteínas chamadas “príons”, presentes em quem tem a doença da vaca louca.
Entre os sintomas mais comuns do kuru estão tremores, crises histéricas de riso, fala embaralhada, paralisia muscular e dificuldade de engolir. A maioria dos pacientes morre no período de um ano depois da identificação dos sintomas.
Há duas principais maneiras de praticar canibalismo. A primeira é por endocanibalismo, que nada mais é do que comer a carne de um membro de uma tribo em um ritual de veneração de morte. No caso da tribo Fore, citada no item anterior, a prática de comer uma pessoa morta tem a ver com a crença de que a alma do morto vai ficar próxima à sua família.
A segunda forma é conhecida como exocanibalismo, que é a prática de comer a carne de uma pessoa com o propósito de roubar sua força ou mostrar poder. Esse é o tipo de canibalismo mais praticado hoje em dia.
Um caso de exocanibalismo foi divulgado em janeiro deste ano, quando um homem arrastou outro homem de dentro de um ônibus, o mordeu e o matou a facadas. Em seguida, o homem comeu um pedaço da perna da vítima e depois tacou fogo no corpo do morto. A medida teria sido motivada por vingança. Algumas pessoas acreditam que a carne do inimigo tem propriedades mágicas e que comê-la seria uma maneira de ficar invencível.
Ainda que exocanibalismo e endocanibalismo sejam as classificações mais comuns dessa prática, existe também outra forma de canibalismo: o autocanibalismo, que, como o próprio nome já sugere, é praticado pelas pessoas que comem pedaços de si mesmas.
Em alguns casos, a prática está associada a formas extremas de modificação corporal – há também quem coma pedaços de si mesmo para depois beber o próprio sangue, no que é chamado de autovampirismo.
A mais sombria forma de autocanibalismo é, sem dúvidas, aquela que obriga uma pessoa a comer pedaços do próprio corpo. Um caso foi relatado em 2003, quando rebeldes congoleses foram acusados de obrigar pigmeus a comerem a própria carne.
Para o teórico evolucionista Lewis Petrinovich, o canibalismo praticado por pessoas é um traço de adaptação, que adquirimos para evitar morrer de fome. Para ele, o chamado “canibalismo de sobrevivência” é recorrente em situações de fome extrema.
Um caso bastante conhecido envolvendo esse tipo de canibalismo é o do avião que caiu nos Andes em 1972 – depois de um tempo sem socorro, os sobreviventes precisaram comer a carne das pessoas que haviam morrido, o que os manteve vivos por dois meses, em um ambiente extremamente frio, sem qualquer outro tipo de alimento.
Algumas espécies têm o costume de comer seus iguais e, se a viúva negra tem a falsa fama de comer o macho depois do coito, algumas aranhas realmente perpetuam essa prática mórbida – nesses casos, o “tira-gosto” parece favorecer a produção de ovos mais saudáveis.
Já é comprovado também que 68% das cascavéis têm o costume de comer seus filhotinhos recém-nascidos. Isso acontece porque é a forma que as mamães cobras encontraram de recuperar a própria saúde. Tubarões também comem seus filhotes pequenos como forma de melhorar a saúde e sobreviver por mais tempo. Com os leões a coisa acontece de outra maneira: eles comem os filhotes de outros leões para garantir que seus rebentos sejam os reis do pedaço.
Chimpanzés são animais com um DNA quase 100% igual ao humano – a percentagem é de 98, para sermos mais exatos. E adivinha só: esses macaquinhos tendem a apresentar comportamentos canibais. São animais de comportamento violento e, em 1976, pesquisadores descobriram que uma mãe e uma filha chimpanzés comeram três bebês da mesma espécie.
Cientistas encontraram exemplos de canibalismo entre chimpanzés mais recentemente também, quando seis fêmeas atacaram outra fêmea para matar e comer seu filhote.
Se hoje a ideia do canibalismo humano nos parece uma prática sinistra e nojenta, em tempos remotos não era bem assim. Sabe-se que na Idade Média o consumo de carne humana estava relacionado a tratamentos medicinais para problemas como dores de cabeça, feridas profundas, artrite e reumatismo. O sangue humano era consumido também, como tratamento para epilepsia.
Nessa época, corpos de homens mortos em batalhas eram coletados para fins medicinais, mas corpos de mulheres virgens e homens enforcados eram considerados ainda mais valiosos. Aliás, falando em mulheres virgens, até mesmo o sangue menstrual delas era considerado uma espécie de elixir sagrado, capaz de curar diversos males.
No caso dos homens enforcados, o sangue era utilizado como elixir de virilidade, afinal, enforcamentos provocam ereção nas vítimas devido à vasoconstrição do pescoço, que acaba levando muito sangue ao pênis. Como a ereção do órgão sexual masculino sempre foi vista como sinônimo de força e virilidade, a carne do homem que morresse com uma ereção era considerada um material precioso.
Quando não estão em foco questões de sobrevivência ou rituais culturais, o canibalismo é considerado uma forma de doença mental e, por isso, alguns canibais modernos, como o alemão Armin Meiwes, são geralmente diagnosticados como esquizofrênicos ou psicopatas.
Tanto na esquizofrenia quanto na psicopatia, os pacientes que não recebem tratamento agem com falta de empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. A ausência de empatia faz com que essas pessoas não julguem seus atos como incorretos.
Por mais bizarro que pareça, já se comprovou que o canibalismo pode ser considerado uma prática viciosa. De acordo com a terapeuta Karen Hylen, a mente de uma pessoa canibal pode ficar obcecada pela vontade de comer carne humana e, quando a pessoa finalmente consegue atingir seu objetivo, seu cérebro é inundado de dopamina, substância que causa intensa sensação de prazer – é uma sensação de euforia parecida com a sentida por usuários de cocaína.
O canibal, depois de sentir essa euforia toda, pode desenvolver uma dependência, semelhante à que enfrentam as pessoas viciadas em drogas. De acordo com Hylen, não há medicação capaz de tratar o vício em carne humana, afinal ainda não há uma maneira de produzir empatia artificialmente.