Ciência
26/12/2016 às 14:51•3 min de leitura
Em 1922, nos Estados Unidos, você podia ser mandado para um sanatório caso fosse pego dirigindo acima do limite de velocidade. O mais comum era a prisão, mas um juiz poderia determinar um teste de sanidade mental e, se você reprovasse, acabaria enfrentando uma instituição de tratamento para sua “loucura”. Caso isso acontecesse, você perderia definitivamente sua carteira de motorista. Essa solução radical ainda poderia ser aplicada na atualidade?
As intituições de doença mental ficariam lotadas hoje em dia
Quem é que nunca achou que ficaria “louco” de tanto estudar? Em 1915, essa máxima foi levada ao pé da letra, quando duas irmãs de Chicago, nos EUA, foram internadas depois de uma maratona estudando as doutrinas da Ciência Cristã. Essa vertente religiosa existe até hoje e prega a cura pela fé, pela oração e pela homeopatia.
Era bom maneirar nos estudos
E parece que o ano de 1915 foi cheio de “loucuras” bizarras em Chicago: uma mulher chamada Alice Ostwald foi encaminhada a uma instituição de tratamento psiquiátrico depois de ser pega no “incrível crime” de estar lendo um livro às 5h da manhã! Ela estava praticando a “atrocidade” em uma esquina da cidade quando foi presa.
Ler de manhã? Crime!
Um artigo publicado em 1913 dizia que as crianças delinquentes eram frutos de lares em que o pai era bêbado e pobre. Por isso, se recomendava que crianças fossem internadas para não crescerem iguais ao pai. Apesar disso, não existe nenhuma comprovação de que a prática bizarra tenha sido testada por algum juiz.
Culpar os filhos por problema dos pais – por que não?
Uma história de 1913 conta que uma mulher de 45 anos, que tinha passado a vida toda trabalhando como estenógrafa, acabou ficando desempregada e na pindaíba. Ao tentar conseguir ajuda em um grupo chamado United Charities, ela foi considerada insana e internada em um manicômio por 5 anos. Outro caso, de 1921, relata a jornada de uma mãe solteira, negra, que foi internada com o filho em um sanatório porque estava perambulando pela rua – tudo porque sua irmã também já estava em uma instituição para “loucos”.
Pobreza era sinal de loucura
No início dos anos 1900, a transexualidade era considerada uma ofensa gigantesca – convenhamos, ainda hoje tem gente que pensa assim. Uma notícia de 1916, por exemplo, mostra o caso de uma mulher que foi internada em um manicômio por usar calças e trabalhar “igual a um homem”. A matéria nem afirma se ela era transgênero ou não, mas apenas o fato de se vestir fora do padrão foi considerado uma loucura na época.
Mulheres não podiam usar calças
No passado, a epilepsia era confundida com possessão demoníaca. Por isso, eram comuns os relatos de doentes serem enviados a manicômios até mesmo por parentes próximos! Para piorar, como a epilepsia não tinha cura, algumas pessoas acabavam ficando a vida toda internadas em instituições para tratamento da mente.
Doença era confundida com possessão
Um relatório de 1896 conta a história de uma mulher que era apaixonada por homens mais velhos. Quando ela encontrou um conhecido que topou apagar o seu fogo, ela tentou repetir outras vezes. Porém, o homem não queria nada sério e a acusou de insanidade – é claro que ele foi ouvido, e a mulher acabou sendo internada. Ela não ficou muito na instituição, já que estava grávida e a barriguinha começou a aparecer depois de alguns meses.
Sempre culpando as mulheres
De novo uma história maluca de 1915: era comum que trabalhadores tivessem jornadas de trabalho de até 10 horas diárias, por isso eles reivindicavam uma diminuição para 8 horas. Os patrões consideravam isso um ultraje, tanto que uma associação em prol dos empregadores sugeriu que quem não conseguisse trabalhar as horas estipuladas deveria passar por avaliações médicas e psicológicas, correndo o risco de ser internado em manicômios caso reprovasse.
Você consegue imaginar uma jornada diária de trabalho de 10 horas?