Cerco de Paris de 1870: a vez em que a população comeu animais do zoo

16/02/2018 às 09:002 min de leitura

A gastronomia francesa é uma das maiores referências culinárias mundiais, com pratos clássicos sendo (re)inventados até hoje. Porém, teve uma ocasião em que nem o mais preparado estômago poderia prever: a vez em que os parisienses se viram obrigados até mesmo a comer os animais do próprio zoológico.

Tudo aconteceu durante a Guerra Franco-Prussiana, quando o exército da Prússia sitiou Paris entre 19 de setembro de 1870 e 28 de janeiro de 1871. Foram apenas quatro meses de cerco, mas o suficiente para a comida da cidade ficar altamente escassa. O Ministério da Agricultura conseguiu reunir todo o gado, incluindo vacas, bois, bezerros, ovelhas e porcos em um parque da cidade, para ajudar a alimentar a galera. Combustíveis também foram aramazenados, para que nada faltasse aos parisienses.

Acontece que essa provisão acabou logo no primeiro mês. Em 19 de outubro, as autoridades liberaram a venda da carne dos cavalos da cidade. Outro mês se passou e a situação foi se tornando cada vez mais crítica. Em meados de novembro, cada cidadão recebia meros 100 gramas de carne por dia, e a busca por outras fontes de alimento começou a surgir.

cerco de paris de 1870Animais de várias espécies eram vendidos nos açougues de Paris

Os próximos animais na linha de corte foram os cães e gatos. É isso mesmo! Os bichinhos de estimação passaram a ser fonte de subsistência de uma galera que não tinha mais alimento nenhum para continuar viva! Até mesmo os ratos da cidade, quando capturados, eram vendidos no meio da rua para serem comidos. Nem mesmo os poodles, símbolos de Paris na época, foram poupados.

Mas claro que, apesar da tragédia que acontecia, os refinados restaurantes não queriam transparecer a falta de glamour. Por isso, com o Natal se aproximando, o badalado Voisin fez uma compra inusitada: por 27 mil francos, o restaurante arrebatou Castor e Pollux, os dois elefantes do zoológico da cidade e serviu a seus fregueses mais abastados!

A carne exótica não durou muito, levando ao abate de outros animais do local, como cangurus, antílopes e pavões. Existe o fato, também, que os próprios bichos não tinham o que comer. A História conta que poucas espécies sobreviveram ao cerco: apenas os macacos (por sua semelhança com os seres humanos), os leões, os tigres e os hipopótamos.

O cerco acabou no final de janeiro de 1871, quando o exército prussiano bombardeou a cidade e matou mais de 400 pessoas. A guerra só chegou ao fim, entretanto, em 10 de maio daquele ano, quando ambos os lados assinaram o Tratado de Frankfurt.

cerco de paris de 1870Vários animais exóticos do zoológico de Paris foram abatidos para saciar a fome da população

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