
Ciência
16/04/2020 às 02:00•2 min de leitura
Um estudo publicado na revista Nature verificou que uma enzima bacteriana encontrada em pilhas de compostagem pode consumir mais do que apenas folhas em decomposição, propondo uma iniciativa verde para o processamento de garrafas plásticas, o que pode permitir que sejam reutilizadas.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Toulouse, após estudarem 100.000 microrganismos para encontrar possíveis candidatos para esta missão, e uma bactéria envolvida na compostagem provou ser muito eficiente. Os pesquisadores introduziram mutações como uma forma de aumentar ainda mais eficácia da enzima bacteriana no processamento do material. E ao ser testada em uma tonelada de garrafas plásticas, a enzima conseguiu degradar 90% delas em apenas 10 horas.
O tereftalato de polietileno (PET) é o plástico de poliéster mais encontrado no mundo, com quase 70 milhões de toneladas fabricadas anualmente para todos os tipos de uso, desde embalagens a têxteis.
As tecnologias de reciclagem existentes são capazes de processar as garrafas plásticas utilizadas para bebidas com gás ou água, mas até o momento, o produto final da reciclagem só servia para o uso em roupas ou tapetes. A enzima bacteriana descoberta pelos pesquisadores é capaz de quebrar essas embalagens em blocos químicos que podem ser manipulados para voltarem ao formato original, tornando as garrafas PET 100% recicláveis pela primeira vez.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
É preciso lembrar que cerca de 359 milhões de toneladas de plástico são produzidas todos os anos, e 150 a 200 milhões acabam em aterros sanitários ou no meio ambiente, podendo ser encontrados em quase todos os lugares, desde praias remotas até no fundo do oceano. E embora a ideia de reduzir o uso deste material em nosso cotidiano seja muito importante para conter a "praga do plástico" que aflige o mundo inteiro, ele ainda desempenha um papel essencial na vida moderna. Afinal é leve e resistente, além de possuir certas funções que ainda não podem ser desempenhadas por alternativas “mais ecológicas”.
Isso comprova a importância do estudo no rendimento do processo de reciclagem, mas a pesquisa ainda tem um logo caminho pela frente antes de estar verdadeiramente pronta para ser uma solução eficaz.
Após a descoberta, a equipe de pesquisadores iniciou uma parceria com a Pepsi e a L'Oréal, na esperança de acelerar o refinamento dos detalhes do processo, para que este tipo de reciclagem possa ser atingida em escala industrial dentro de cinco anos. O tempo necessário para ampliar o processo realmente parece ideal, porém, ainda é preciso muito trabalho para poder realmente lidar com o excesso global de resíduos plásticos.