Artes/cultura
20/04/2020 às 04:30•2 min de leitura
Depois de uma equipe de pesquisadores alemães identificar bactérias capazes de decompor materiais plásticos à base de poliuretano, que consiste em uma classe bastante difícil de reciclar, agora foi a vez de cientistas criarem uma enzima sintética que pode degradar outro plástico bastante desafiador em questão de horas, o usado na produção das garrafas PET, oferecendo uma solução eficaz e barata para a reciclagem desse produto.
A enzima foi produzida por pesquisadores de uma companhia focada no desenvolvimento industrial chamada Carbios e consiste em uma enzima obtida a partir de bactérias e modificada em laboratório. Batizada de PET Hidrolase, a mutante criada pelo time é capaz de decompor plástico, em especial o que é utilizado na produção de garrafas PET – como o nome da nova enzima sugere –, permitindo facilitar o processo de reciclagem.
Desafio
De acordo com os cientistas por trás da tecnologia, um dos principais métodos empregados atualmente para reciclar as garrafas PET consiste em um processo conhecido como Tratamento Termomecânico – em que o plástico é submetido a altas temperaturas e depois resfriado e moldado em novas formas. No entanto, apenas 30% do material usado nas garrafas pode ser reciclado e, para piorar, o sistema termomecânico acaba prejudicando muito a qualidade final do produto reciclado, limitando o seu posterior uso.
Acontece que o PET – sigla de Polietileno Tereftalato – está entre os tipos de plástico mais usados no mundo, com cerca de 70 milhões de toneladas produzidas todos anos, portanto, é de suma importância encontrar formas mais eficazes de reutilizá-lo. Hoje, as empresas que se dedicam à reciclagem geralmente precisam trabalhar com grandes variedades de cores de PET, que são processadas juntas, resultando em um produto de qualidade inferior e de tom cinza ou preto que não é ideal nem o mais popular. Por isso, o comum é que o plástico resultante seja usado na produção de tapetes e carpetes ou fibras que, muitas vezes, acabam indo parar no lixo comum.
No caso da nova enzima, sua versão original, conhecida como LLC, foi descoberta por acaso em 2012, quando pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, observaram que ela atuava sobre as ligações entre os compostos químicos que compõem o PET. Em sua forma natural, a enzima age na degradação da cobertura protetora que reveste as folhas de inúmeras plantas, mas teve sua estrutura modificada para decompor o plástico das garrafas em seus compostos químicos originais e deixar esse material pronto para ser reutilizado em pouco tempo.
Prontos para aumentar a escala dos testes
Para se ter ideia, a nova tecnologia é capaz de degradar 90% dos polímeros PET em apenas 10 horas, o que torna o método um dos mais eficientes em desenvolvimento na atualidade. De momento, os pesquisadores criaram um pequeno reator onde submetem pequenas quantidades de plástico ao processo envolvendo a enzima – e já existe um projeto focado em aumentar a escala de reciclagem e produção com a construção de uma planta de testes no ano que vem.
Cientistas criam enzima sintética capaz de decompor plástico via TecMundo