Pessoas que se recuperaram da covid-19 mostram respostas imunes diferentes

06/05/2020 às 02:003 min de leitura

Um estudo publicado em 3 de maio na revista Immunity sugeriu que grande parte dos pacientes que se recuperaram recentemente da covid-19 criaram anticorpos e células T específicos para vírus. Porém, suas respostas imunológicas não são iguais.

Dos examinados, 14 apresentaram respostas imunes abrangentes, e outros 6 ainda tinham anticorpos em seus organismos mesmo 2 semanas após terem alta. O estudo também verificou quais partes do vírus apresentam mais eficácia no desencadeamento de respostas imunes. Assim, elas devem ser o foco de futuras vacinas.

Qual é o motivo das diferenças?

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

Ainda não se sabe ao certo o motivo das respostas imunes dos pacientes variarem tanto. Segundo os autores do estudo, o motivo pode estar relacionado com as quantidade iniciais do vírus que essas pessoas encontraram, seus estados físicos e até mesmo sua microbiota.

Outra questão muito importante é se essas respostas protegem mesmo contra a covid-19 no caso de uma nova exposição ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) futuramente e quais tipos de células T são ativadas após a infecção.

Vale ressaltar que os testes laboratoriais utilizados para detectar anticorpos em humanos contra o SARS-CoV-2 ainda precisam de mais validação científica para determinar precisão e confiabilidade.

Chen Dong, coautor do estudo, afirma que “esses resultados sugerem que as células B e T participam da proteção imunomediada contra a infecção viral. Nosso trabalho forneceu uma base para uma análise mais aprofundada da imunidade protetora e para a compreensão do mecanismo subjacente ao desenvolvimento da covid-19, especialmente em casos graves. Ele também terá implicações no projeto de uma vacina eficaz para proteger contra infecções”.

Toda informação é essencial

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

O coautor sênior do estudo, Cheng-Feng Qin, que faz parte da Academia de Ciências Médicas Militares em Pequim (China), ressaltou que ainda é relativamente pouco o conhecimento sobre as respostas imunes protetoras induzidas pela doença causada pelo novo coronavírus. Considerando isso, desvendar mais informações sobre esse assunto pode acelerar a produção de uma vacina eficaz.

Então, focados nesse objetivo, os pesquisadores compararam as respostas imunes de 14 pessoas que contraíram a covid-19 e receberam alta após o tratamento contra as de 6 doadores saudáveis. 

Assim, 8 indivíduos haviam sido liberados recentemente, e os 6 restantes receberam alta 2 semanas antes da análise. O estudo foi realizado coletando amostras de sangue e avaliando os níveis de anticorpos da imunoglobulina M (IgM) — os primeiros a aparecer com uma resposta à infecção — e também os anticorpos da imunoglobulina G (IgG), o tipo mais comum encontrado no sangue.

Em comparação com as pessoas saudáveis que foram o controle para o experimento, os pacientes que haviam sido liberados recentemente e aqueles que haviam se recuperado há 2 semanas apresentaram níveis mais altos dos 2 anticorpos que se ligam à proteína nucleocapsídica do SARS-CoV-2. Com isso, encapsulando o RNA genômico viral e o domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína S — que se liga aos receptores nas células hospedeiras durante o processo de entrada viral. 

Essas descobertas mostraram que pacientes com covid-19 podem apresentar respostas de anticorpos a proteínas do SARS-CoV-2 e sugerir que eles estarão presentes no organismo por pelo menos 2 semanas após a alta.

Além disso, 5 dos que receberam alta recentemente apresentaram altas concentrações de anticorpos neutralizantes ligados a um pseudovírus que também expressa a proteína SARS-CoV-2 S. Esse tipo de anticorpos impedem que as partículas infecciosas interajam com as células hospedeiras.

As variações imunológicas

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Em comparação com o controle, esses 5 indivíduos apresentaram concentrações mais altas de células T secretando interferon gama (IFN-?), uma molécula sinalizadora que tem papel essencial na imunidade. 

Outros 3 dos recém-liberados apresentaram níveis detectáveis de células T secretoras de IFN-? específicas para a protease principal do SARS-CoV-2 (proteína que desempenha um papel crítico na replicação viral).

Enquanto isso, 7 dos que receberam alta recentemente apresentaram níveis detectáveis de células T secretoras de interferon gama específicas para o domínio de ligação ao receptor da proteína S do novo coronavírus. Por outro lado, apenas um daqueles que foram liberados há 2 semanas apresentou uma alta concentração de células T secretoras de IFN-? responsivas tanto à proteína nucleocapsídica, protease principal, quanto ao RBD da proteína S.

Fang Chen, um dos autores do estudo que trabalha no Hospital Chui Yang Liu, ressaltou que “nossos resultados sugerem que o RBD da proteína S é um alvo promissor para as vacinas contra o SARS-CoV-2. Porém, nossas descobertas precisam de confirmação adicional em um grande números de pacientes com a covid-19”.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: