Ciência
06/07/2020 às 10:30•2 min de leitura
Pesquisadores do Francis Crick Institute, no Reino Unido, e do hospital Charité – Universitätsmedizin Berlin, na Alemanha, revelaram 27 biomarcadores de proteínas que, no organismo de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, são capazes de ajudar prever quão grave a covid-19 pode se tornar em cada caso. O estudo foi construído a partir de diversos níveis de sintomas apresentados, o que possibilita a criação de testes e medicamentos.
Utilizando uma plataforma desenvolvida pelo instituto de Londres, os cientistas do projeto refinaram um método de análise chamado espectrometria de massa, técnica que permite a detecção e identificação de moléculas específicas a partir de suas características. A partir disso, aplicaram a nova abordagem no soro sanguíneo de 31 pacientes portadores da doença para testar e quantificar a presença de componentes presentes nas amostras.
Para validar os resultados, depois disso os resultados foram comparados com os obtidos dos plasmas de outros 17 contaminados e de mais 15 pessoas saudáveis. O que se descobriu foi que três proteínas associadas à chamada interleucina IL-6, conhecida por causar inflamação, estavam presentes em indivíduos com sintomas graves.
Novidade pode auxiliar na aplicação agilizada dos tratamentos mais adequados para cada caso.
Christoph Messner, um dos principais autores do estudo, ficou exultante com o que a pesquisa mostrou: "Criar um teste que auxilia médicos a preverem se alguém com covid-19 pode atingir a fase crítica ou não seria fantástico. Isso ajudaria a tomar decisões sobre o melhor curso de tratamento e a identificar aqueles que correm mais riscos".
O objetivo do estudo é claro: desenvolver mecanismos mais eficientes para combater a doença que já atingiu quase 11,5 milhões de pessoas no mundo todo, causando mais de 535 mil mortes até domingo (5). Por meio dessa técnica, segundo os pesquisadores, é possível agilizar a aplicação de tratamentos disponíveis para cada caso. Quanto antes os médicos souberem quem vai precisar de cuidados intensivos, antes poderão encaminhá-los aos locais mais adequados.
Christoph Messner, um dos principais autores do estudo.
Um grande diferencial da proposta desses cientistas é que instituições de saúde não dependeriam da descrição de pacientes contaminados para determinar suas condições. Isso proporcionaria mais clareza para os profissionais. Por esse motivo, os próximos passos envolvem a aplicação do método em um número maior de infectados para estruturar efetivamente um teste que, de acordo com os cientistas, pode salvar vidas.
Entretanto, as vantagens não param por aí. Markus Ralser, líder do estudo, explica que a criação pode ditar os rumos do futuro da Medicina: “Esses resultados estabelecem as bases para duas aplicações muito diferentes. Uma delas é a prognóstica. A outra é a diagnóstica”.
“O método robusto que utilizamos é uma ferramenta valiosa e poderosa para prever a progressão da doença e possibilitar a definição de alvos potenciais de tratamentos. Nossa abordagem pode ser facilmente aplicada a outras doenças, agora e no futuro, para entendermos mais sobre seus efeitos no organismo”, finaliza.
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