Estilo de vida
16/08/2020 às 08:00•2 min de leitura
Os elefantes são conhecidos por serem animais enormes e, entre os terrestres, de fato são os mais pesados que existem no planeta. Como é possível, então, transportar uma criatura deste tamanho? É isso que você vai descobrir agora com a história da maravilhosa Mara, uma elefante asiática de 50 anos.
(Fonte: Santuário de Elefantes/Reprodução)
Mara nasceu em um cativeiro de campo de trabalho na Índia. Ainda muito jovem, foi vendida por um zoológico em Hamburgo, na Alemanha, onde ficou até a família Tejidor comprá-la para que se tornasse parte das atrações do circo da família. Por anos, a elefanta viajou pelo Brasil, Argentina e Uruguai, sendo, segundo um membro da família, muito amada e alegre.
Porém, em 1980, Mara foi vendida para um outro trupe: o Circo Rodas. Neste momento, a vida de Mara começou a entrar num espiral de sofrimento. Ela não "se comportava" com os novos donos, que a maltrataram muito. Eles até ligaram para um antigo dono tentar controlá-la, mas Mara acabou assassinando o homem em um momento de fúria.
Isso porque já estava sofrendo constantes abusos e vivia com medo o tempo todo. A vida dela foi assim até ser resgatada por um zoológico pequeno de Buenos Aires. Ali, Mara viveu em um ambiente apertado e empoeirado até o começo de maio, quando, após uma onda de protestos, foi decidido transportá-la para um santuário no Mato Grosso.
Tromba de Mara sendo examinada. (Fonte: Christian Rizzi/Polícia Rodoviária/Reprodução)
Um grupo ativista chamado SinZoo inciou os protestos pelas condições de vida dos animais no zoológico, e Mara estava incluída nisso. Então, foi decidido transportar os animais para santuários e reservas naturais, mas alguns deles estavam muito velhos, doentes e até mesmo acabaram falecendo antes de se mudarem.
Mara foi o 861º animal a receber um novo lar, sendo enviada para o Santuário de Elefantes no Brasil, que conta com mais de mil hectares de espaço. Para chegar lá, a elefante precisava viajar quase três mil quilômetros.
Foi preciso encontrar várias informações para a transição, como onde nasceu e os locais em que morou antes do zoológico em Buenos Aires. Além disso, para que o transporte ocorresse em segurança, uma força tarefa teria que ser criada em conjunto entre os governos de Brasil e Argentina.
(Fonte: Christian Rizzi/Polícia Rodoviária/Reprodução)
O plano apresentou um problema com a pandemia do novo coronavírus: o fechamento das fronteiras entre os países. Porém, isso não conseguiu impedir a transferência da paquiderme, graças ao grande esforço de Tomás Sciolla, gerente de vida silvestre e conservação, que foi atrás das pessoas certas.
A elefanta foi colocada em uma enorme caixa de metal e transportada até a fronteira da Argentina, onde ficou esperando para viajar pelo Brasil. Ao conseguir cruzar as divisas, Mara viajou com escolta policial, feita pela Polícia Rodoviária, e teve que enfrentar ruas esburacas do interior brasileiro.
A caixa na qual Mara foi transportada por quase três mil quilômetros. (Fonte: Christian Rizzi/Polícia Rodoviária/Reprodução)
Quando finalmente chegou ao Santuário, cansada e cheia de estresse, Mara conseguiu relaxar e recobrar sua alegria por estar em um ambiente aberto e com muito alimento natural pela primeira vez na vida. Agora, ela até já encontrou uma amiga da mesma espécie, com a qual criou um laço impressionante.