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15/03/2021 às 07:00•3 min de leitura
A nevasca que atingiu o Texas em fevereiro de 2021 foi mais intensa do que o previsto, mas alguns moradores da região não ficaram satisfeitos com as explicações meteorológicas para o fenômeno. Após as precipitações, alguns vídeos de teorias da conspiração começaram a surgir nas redes sociais tentando mostrar que, na verdade, a neve era falsa.
Os clipes, que surgiram em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, trazem moradores fazendo "experimentos" que provariam que a neve seria artificial, criada pelo governo de Joe Biden — ou até por Bill Gates — como represália pela falta de apoio político do estado norte-americano ao novo presidente-eleito.
Para comprovar a fraude, foram utilizados métodos na científicos. O mais comum envolvia pegar uma bola de neve nas mãos e "queimá-la" com um isqueiro ou um acendedor de churrasqueira comum. O objeto não derretia imediatamente nem começava a pingar: em vez disso, simplesmente exibia marcas escuras, o que seria a prova da fraude e de que o material seria sintético.
Com as teorias da conspiração ganhando mais força a cada dia, cientistas e jornalistas foram ao trabalho para desbancar as "denúncias" com simples explicações envolvendo processos físicos e químicos.
O astrofísico Neil deGrasse Tyson, por exemplo, gravou vídeos no TikTok sobre o fenômeno, com ele mesmo segurando uma bola e neve e tentando fazer ela sumir com uma chama.
@neildegrassetyson The reason your snowballs won’t melt with a lighter. Here come the potato conspiracies... #startalk #tiktokpartner #learnontiktok
? original sound - StarTalk
Segundo Tyson, a bola de neve é gelada o suficiente para não derreter imediatamente com uma fonte pequena de calor, já que antes é necessário fazer ela subir de temperatura — o que pode levar mais tempo do que a duração de alguns dos vídeos conspiracionistas, especialmente usando um isqueiro simples. "Eu não tenho paciência o bastante para esperar aqui e ver isso acontecer", diz o pesquisador.
Além disso, o derretimento não é igual ao que acontece com uma pedra de gelo, por exemplo: a estrutura de ambos os materiais é completamente diferente, com a neve sendo porosa e absorvendo automaticamente a água que deveria pingar. No caso do gelo totalmente sólido, o derretimento é mais visível.
@neildegrassetyson Reply to @kdogg3000 Why your snowball won’t melt part II #startalk #tiktokpartner #learnontiktok
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O canal do YouTube de Phil Plait, conhecido como TheBadAstronomer, fez um experimento parecido em fevereiro de 2014, chegando a conclusões bem parecidas — em um momento em que a região de Atlanta, na Geórgia, registrou neve acima do normal e gerou conspirações muito parecidas.
A neve absorve tanta água de si mesma ao derreter que ganha um aspecto de uma "raspadinha".
Ele mostrou o resultado usando uma frigideira: com o tempo, a bola de neve até derrete, mas só depois de a estrutura ser aquecida por tempo suficiente.
Outra explicação possível, também repetida em 2014, é de que a neve simplesmente passa pelo efeito de sublimação em vez de derrter — ou seja, vira vapor de água depois de um tempo sendo aquecida, em vez de líquido, sendo menos visível em câmera.
O outro ponto da teoria da conspiração envolve o surgimento de manchas escuras na bola de neve, o que evidenciaria o uso de materiais sintéticos, como plásticos, em sua composição.
Só que a explicação científica para isso também é bastante simples. Ainda de acordo com Plait, as marcas são resultado do uso das chamas dos isqueiros e acendedores, que contém butano, um hidrocarboneto.
As marcas escuras são, na verdade, uma reação química normal acontecendo.
Quando queimada, a molécula reage com o oxigênio no ar, têm a estrutura quebrada e refeita — virando água e dióxido de carbono, em sua maioria, mas também deixando traços de fuligem, que é a estrutura de carbono "escura" normalmente encontrada em superfícies queimadas.