Martin Couney exibiu bebês prematuros em parques de diversão

28/08/2021 às 11:002 min de leitura

O interesse do advogado polonês Martin Couney, que imigrou para a América em 1888, em salvar bebês prematuros surgiu em 1903, após se casar com a enfermeira Anabelle Maye. Quatro anos mais tarde, a mulher deu à luz a Hildegarde Couney, com apenas 6 semanas de gestação.

Formado em Medicina, com diplomas de Leipzig e Berlim, Couney também afirmava ter estudado com o Dr. Pierre-Constan Budin, considerado o precursor da medicina neonatal moderna, e também ter sido parceiro dele durante o desenvolvimento da primeira incubadora para bebês prematuros.

No entanto, os historiadores acreditam que seja invenção o pouco registrado sobre as raízes acadêmicas do homem, a começar pelo fato de ele alegar ter estudado Medicina, sendo que chegou à América do Norte aos 19 anos. Quanto ao experimento de Budin, apresentado durante a Grande Exposição Industrial de Berlim de 1896, é provável que Couney tenha sido apenas o técnico em equipamento médico.

Investindo na rejeição

(Fonte: The Avery Review/Reprodução)(Fonte: The Avery Review/Reprodução)

Em uma época em que morriam 3 em cada 4 bebês nascidos prematuros em meio a escassez de tratamento médico especializado, a incubadora de Budin encontrou forte resistência pelas autoridades médicas, apesar de ter sido aclamada pelo público nas feiras de exposição por onde passou.

O principal temor era o fato de os benefícios do equipamento não terem sido estudados em um ambiente científico no uso do tratamento de seres humanos — a incubadora só havia sido usada com galinhas em fazendas. Além disso, o fator econômico exerceu impacto direto: cada incubadora equivalia cerca de US$ 1,5 milhões atualmente.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Couney, por outro lado, não perdeu tempo e usou o dispositivo em sua filha, que sobreviveu graças à máquina. Ele entendeu que precisava fazer algo diante da situação de saúde pública da época, ainda que precisasse se valer de meios nada convencionais.

Então, em meados de 1903, o médico estabeleceu dois shows paralelos em cada um dos principais parques de diversões de Coney Island (EUA), o Luna Park e o Dreamland, com intuito de divulgar diversas crianças por trás da redoma de vidro das incubadoras.

Fazendo história

(Fonte: The Jewish Standard/Reprodução)(Fonte: The Jewish Standard/Reprodução)

Ao pagar 25 centavos, os visitantes observavam os bebês minúsculos lutando pela vida, ao passo que também ajudavam a financiar o cuidado deles e a manutenção dos “incubatórios de crianças”, como a máquina ficou popularmente conhecida.

Quando Couney encerrou a exposição de bebês no Luna Park, após 40 anos, mais de 8 mil prematuros haviam passado por seus cuidados, dos quais mais de 6,5 mil foram salvos, gerando uma taxa de sucesso de 85% do tratamento em incubadoras.

(Fonte: Brainstudy/Reprodução)(Fonte: Brainstudy/Reprodução)

Com o sucesso estrondoso e impressionante que a iniciativa de Couney teve, só no final da década de 1940 que o poderio médico resolveu levar a sério o conceito das incubadoras de prematuros, incorporando-as ao ambiente neonatal dos hospitais.

Além disso, as técnicas que Couney havia aperfeiçoado, como o "cuidado canguru" e medidas antissépticas avançadas, foram incorporadas ao cuidado moderno ao bebê na Medicina dos Estados Unidos e do mundo.

Do seu jeito, em uma vida de lacunas pontuada por farsas, Martin Couney salvou vidas por meio de incubadoras quando ninguém sequer tentou.

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