Ciência
01/09/2021 às 06:30•2 min de leitura
O mês de agosto de 2021 se tornou um marco para a história da Groenlândia. Pela primeira vez na ilha, o ponto mais alto da região apresentou chuvas. Por estar localizado a 3.216 metros de altitude na região do Ártico, esse local tem temperaturas abaixo de zero quase o tempo inteiro e normalmente não apresenta as condições meteorológicas ideais para a formação de precipitação.
Por esse motivo, os pesquisadores da estação Summit, pertencente à agência americana National Science Foundation, foram pegos de surpresa enquanto monitoravam o clima nessa parte do planeta. De acordo com os dados do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), a chuva chegou a durar várias horas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Desde que as primeiras medições meteorológicas passaram a ser feitas na região, em 1987, nunca antes os cientistas haviam observado um "fenômeno" parecido. Segundo o último relatório, "a temperatura do ar ficou acima de zero por cerca de 9 horas". Esse aquecimento foi responsável por criar uma condição de degelo no pico da Groenlândia visto anteriormente apenas em 3 oportunidades: 1995, 2012 e 2019.
De acordo com os especialistas, esse é um claro sinal de como o aquecimento global está afetando até mesmo lugares bastante remotos. "Isso não é um sinal saudável para um manto de gelo", afirmou Indrani Das, glaciologista do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, em entrevista para a Reuters.
Em geral, o aumento de água na superfície do gelo é um péssimo sinal. Quanto maiores os índices pluviais forem, mais propenso o gelo estará de derreter e aumentar a temperatura da região.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar de a chuva não ser algo tão inédito assim na superfície congelada da Groenlândia, a que ocorreu no ponto mais alto da região foi descrita como "preocupante" pelos pesquisadores locais. Naquele dia, a temperatura chegou a 0,48 °C — apenas a 4ª vez nos últimos 25 anos que ela ultrapassa a marca de zero naquela região.
Segundo os dados fornecidos pelo NSIDC, as condições meteorológicas no dia 14 provocaram um degelo que atingiu 872 mil km². A única outra ocasião com um derretimento desse tamanho aconteceu em 2012. O maior problema, porém, é que a situação não parece propícia a melhorar para os próximos anos.
Enquanto a temperatura média aumentou em 1 °C no restante do planeta, o ritmo nessa região chegou a quase 2 °C nos últimos anos. Sendo assim, os especialistas alertam para a necessidade urgente da humanidade reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).