Ciência
04/01/2022 às 12:00•2 min de leitura
Até que ponto um inseto é capaz de sentir? Para nós, é comum enxergá-los quase como criaturas robóticas, repugnantes e descartáveis quando, na verdade, novas evidências mostram que eles também poderiam experimentar uma grande variedade de sentimentos ao longo de suas vidas.
Para isso, eles poderiam zumbir de prazer em situações agradáveis ou cair em depressão quando algo de ruim foge do seu controle. Teria um inseto a capacidade de ser otimista ou cético, ter medo e reagir a dores da mesma forma que os mamíferos fazem? Vamos nos aprofundar sobre esse tema!
(Fonte: Pixabay)
A classe dos insetos envolve um conjunto de criaturas invertebradas com seis patas e corpo segmentado que inclui mais de um milhão de espécies diferentes, como mariposas, libélulas, grilos, abelhas, traças e por aí vai. Os primeiros insetos no planeta surgiram há 400 milhões de anos — muito antes dos dinossauros caminharem pela Terra.
E por muito tempo essas criaturas reinavam como gigantes. Uma libélula, por exemplo, poderia ter o tamanho de um gavião e envergadura de asas de até 70 cm, mas evoluíram até chegar no formato que conhecemos hoje. Porém, isso é um indício de que esses animais são surpreendentemente parecidos a outros grupos de criaturas, ainda que tenham nítidas diferenças.
Insetos têm órgãos similares aos dos seres humanos. Um exemplo disso é o cérebro, que não tem as mesmas regiões cerebrais que nos vertebrados, mas tem áreas com funcionalidades parecidas. Inclusive, a maneira como os insetos armazenam experiências e memórias já chegou a ser comparado com o nosso córtex, que é a camada externa do cérebro responsável pela inteligência humana, incluindo o pensamento e a consciência.
(Fonte: Pixabay)
Os paralelos de vida entre seres humanos e insetos podem gerar um verdadeiro desconforto entre nós. Afinal, abelhas conseguem contar até quatro, formigas são capazes de construir ferramentas com os objetos que encontram na natureza e baratas apresentam ricas vidas sociais, além de formarem tribos e se comunicarem entre si.
Porém, mesmo que o cérebro dessas criaturas tenha caminhado em uma direção parecida com a nossa, ainda existe uma diferença fundamental: durante a nossa evolução, as mulheres tiveram seus quadris alargados para permitir a gestação de crianças com cérebros cada vez maiores. Enquanto isso, animais como a mosca-das-frutas, por exemplo, tem o cérebro do tamanho de uma semente de papoula.
Então faria sentido, evolutivamente, os insetos terem desenvolvido a capacidade de sentir? Em geral, os sentimentos servem para incentivar comportamentos que aumentem nossa capacidade de sobreviver e reproduzir, ou para aumentar nossa herança genética. Desse modo, a ideia de se sentir aterrorizado com um predador poderia fazê-los ficar mais atentos e escapar do perigo, assim como a felicidade por encontrar um alimento poderia incentivá-los a se alimentar mais.
(Fonte: Pixabay)
Se por um lado a possível descoberta dos sentimentos dos insetos é um grande passo para o campo científico, por outro é um grande dilema para a forma como nós, seres humanos, vivemos atualmente. Recentemente, o governo do Reino Unido reconheceu alguns dos primos mais próximos das moscas na evolução — os crustáceos — como seres sencientes e propôs uma série de leis para que eles deixassem de ser fervidos vivos.
E o que aconteceria se tivéssemos certeza de que todos os insetos têm sentimentos similares aos nossos? Atualmente, eles estão entre os animais mais perseguidos do planeta e são mortos diariamente sem dó nem piedade. Anualmente, 3,5 quatrilhões desses invertebrados são mortos por inseticidas agrícolas nos Estados Unidos — e isso é apenas uma fração do cenário mundial.
Além disso, criaturas como as abelhas e as moscas-das-frutas também são usadas sem precedentes para o desenvolvimento de novos estudos em laboratório e reconhecê-los como animais pensantes seria uma “tragédia” para cientistas. É provável que seja tão difícil enxergá-los como seres emotivos simplesmente porque isso seria algo extremamente frustrante para nossas ambições.