Ciência
01/05/2022 às 11:00•2 min de leitura
Um estudo comandado pelo departamento de Anatomia e Antropologia Forense da Universidade de Dundee, na Escócia, mostrou que é possível identificar estupradores e pedófilos apenas analisando evidências em vídeo que mostrem um pedaço da mão do criminoso.
O estudo foi criado por Sue Black, professora da universidade escocesa, em 2006. Tudo começou quando a pesquisadora recebeu um telefonema de Nick Marsh, um fotógrafo forense que havia trabalhado anos antes com Black como parte de uma equipe enviada pelo Ministério das Relações Exteriores para examinar os corpos de vítimas de crimes de guerra em Kosovo.
(Fonte: Unsplash)
Quando Marsh entrou em contato com Black, ele sabia que a professora possuía talento para identificar pessoas a partir de pedaços de carne e osso. Entretanto, o caso que ele precisava de ajuda contava com tipos diferentes de evidência e ele questionava se conseguiria obter algum tipo de conselho.
A prova era um videoclipe digital de oito segundos de duração, envolvendo um caso de uma adolescente que alegou que seu pai estava entrando em seu quarto à noite para molestá-la. Ao contar para a sua mãe e ter sido desacreditada, a menina então decidiu deixar sua webcam ligada a noite toda.
A câmera, no entanto, só capturou a mão e o antebraço de uma pessoa tocando a menina — autoria que foi prontamente negada pelo pai. Marsh perguntou a Black se havia uma maneira de identificar o criminoso, mas não recebeu uma resposta muito animadora de início. Mesmo assim, depois de estudar a filmagem, Black notou algo que havia escapado dela antes.
(Fonte: Unsplash)
Ao rever o vídeo, Sue percebeu que o criminoso em questão tinha veias saltadas nas costas de suas mãos. Com o modo infravermelho da câmera ligado no escuro, as linhas tornaram-se pretas e criavam um padrão único de pessoa para pessoa. Ela pediu à polícia que tirasse fotos da mão e do antebraço do pai. Os padrões das veias combinavam.
Black compareceu ao tribunal como testemunha perita da acusação, apresentando sua análise do padrão de veias. Foi a primeira vez na história jurídica britânica que provas desse tipo foram apresentadas em processos judiciais. O juiz precisou interromper o julgamento por 90 minutos para que a pesquisadora explicasse sua hipótese.
Ela não tinha estatísticas que comprovavam a chance das mãos combinarem para apoiá-la. Ainda assim, era uma evidência forte e o advogado de acusação esperava que o pai fosse considerado culpado. No entanto, ele foi absolvido. Em 2008, ela publicou um estudo confirmando a validade da análise do padrão das veias e passou a contribuir com outros casos.
Segundo a análise de Sue, qualquer tipo de distinção nas mãos de um criminoso podem ser usadas contra ele, caso tenham sido capturadas em vídeo. Isso vale para qualquer tipo de marca que cubra a região das unhas até o pulso, cicatrizes, sardas, marcas de nascença, pintas, unhas e vincos na pele dos dedos e, sobretudo, os padrões das veias sobressalientes.