Estilo de vida
29/03/2023 às 06:30•2 min de leitura
Enquanto estudavam um grupo de corvos selvagens na Nova Caledônia, pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, notaram algo curioso: as individualidades de determinado animal podem atrapalhar estudos de grupo. No teste, os pássaros deveriam enfrentar um tronco perfurado com buracos que continham comida escondida. Caso o pássaro não tentasse realizar nada em 90 minutos, ele seria excluído do conjunto de dados.
Porém, na visão de Christian Rutz, quem liderou o estudo, aquele experimento estava apenas estudando as habilidades de um subconjunto de corvos na Nova Caledônia, não a espécie como um todo. Portanto, como a ciência faz para definir o que é um comportamento generalizado entre uma espécie de animal e o que é o comportamento de um único indivíduo? Entenda nos próximos parágrafos!
(Fonte: GettyImages)
Ao notar que os corvos da Nova Caledônia poderiam se aproximar rapidamente de um tronco estranho nunca visto antes por talvez serem particularmente corajosos ou imprudentes, a equipe de pesquisa decidiu mudar seu protocolo. A nova ideia seria dar aos pássaros mais hesitantes um ou dois dias extras para se acostumarem com o ambiente e, em seguida, tentar o quebra-cabeça novamente.
Foi por meio dessa técnica que Rutz notou outras aves começando a engajar no experimento. Esse foi o momento "chave" para que os pesquisadores notassem que os animais, assim como os seres humanos, também são indivíduos com particularidades. Isso significa, de acordo com o estudo, que muitas pesquisas publicadas até hoje sobre comportamentos animais poem ser tendenciosas.
Ao afirmar algo sobre uma espécie na totalidade, Rutz destaca que certos estudos podem estar apenas apresentando um retrato de um pequeno segmento da espécie. Essa é uma particularidade que pode atrapalhar novos pesquisadores que buscam entender como os animais sentem seus ambientes, obtêm novos conhecimentos e vivem suas vidas. Mesmo assim, existe um truque para driblar essa barreira.
(Fonte: GettyImages)
Em declaração oficial, Rutz garante que pode ser impossível acabar eliminando todas as particularidades que um grupo de animais estudado pode apresentar. Mesmo assim, a melhor maneira de fugir desses estereótipos seria encorajar os pesquisadores a pensar em fatores "estranhos" dentro de seus experimentos, além de serem transparentes cobre como esses fatores podem alterar o resultado final.
Inclusive, esse método de análise passou a ser utilizado dentro da revista Ethology, a qual Rutz é um dos editores. Segundo os pesquisadores, a ideia é que a adoção generalizada desse modo de pensar leve a descobertas no comportamento animal que sejam mais confiáveis, em vez de se acomodar pelo que parece óbvio.
Em seus próprios experimentos com corvos, Rutz ainda não sabe se deve dar mais tempo aos pássaros mais tímidos mudou seus resultados globais. Porém, isso forneceu uma amostragem maior sobre a situação, o que automaticamente gera estatísticas mais confiáveis e condizentes com a realidade. Caso esse modelo se torne uma realidade no mundo científico, é possível que estudos revolucionários comecem a "pipocar" de tempos em tempos.