Ciência
14/07/2023 às 11:00•2 min de leitura
Os clitóris dos primatas existem em mais formas e tamanhos do que jamais imaginamos — pelo menos é o que estão apontando algumas pesquisas. Um estudo recente, capitaneado pelo cientista brasileiro Daniel Varajão de Latorre, da Manchester Metropolitan University, vem revelar a magnífica diversidade da genitália feminina desses animais.
Enquanto os pênis já foram extensivamente estudados, o clitóris recebeu pouca atenção científica, apesar de desempenhar um papel fundamental na reprodução. Agora, os pesquisadores estão finalmente focando sua atenção nessa região negligenciada.
Dividimos muitos genes com os primatas, mas temos muitas diferenças também. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A ciência já sabe que os pênis dos primatas são incrivelmente diversos. De fato, eles são tão diferentes que uma nova espécie de macaco foi identificada com base apenas em seus testículos. Essa variedade, ao que tudo indica, está relacionada a diferentes formas de acasalamento e de organizações sociais.
Por outro lado, até pouco tempo atrás, sabíamos muito pouco sobre o clitóris humano, e menos ainda sobre o clitóris dos primatas. É como se estivéssemos perdendo uma parte essencial do quebra-cabeça da evolução. Mas agora, finalmente, estamos direcionando nossa atenção para essas regiões íntimas tão negligenciadas.
A equipe de pesquisa, liderada pelo Dr. Varajão de Latorre e com a ajuda da Dra. Charlotte Brassey, também da Manchester Metropolitan University, decidiu utilizar técnicas de imagem avançadas para desvendar os segredos escondidos por trás das cortinas.
Muitos dos tecidos que eles queriam estudar eram frágeis demais para serem dissecados manualmente sem causar danos. Então, eles recorreram à ressonância magnética e à tomografia computadorizada com contraste de iodo para obter uma visão em alta definição da diversidade de clitóris primatas.
Clitóris de um Lêmure em 3D. (Fonte: Dr. Daniel Varajão de Latorre/Divulgação)
Os resultados foram simplesmente fascinantes. Eles descobriram que os clitóris primatas vêm em todas as formas e tamanhos imagináveis, muito diferentes dos nossos próprios — cerca de 90% do clitóris humano fica na parte interna, de maneira oculta, o que pode não ocorrer em outros primatas.
Alguns têm músculos ausentes, enquanto outros apresentam estruturas únicas e complexas. É uma verdadeira festa da diversidade morfológica. No entanto, o que ainda não se sabe é como essa diversidade se relaciona com os comportamentos de acasalamento dos primatas. Essa é uma pergunta que continua a desafiar os cientistas, mas eles estão empolgados com os primeiros passos que estão dando nessa direção.
É importante destacar que, em toda a natureza, a genitália feminina tem sido historicamente menos estudada do que a masculina (seria um reflexo da sociedade?). Tanto que só recentemente descobrimos o clitóris das cobras, uma espécie de animal que não é novidade para ninguém.
Os clitóris são uma janela para a diversidade e complexidade da sexualidade e reprodução não apenas dos demais animais, mas também de nós mesmos. Então, vamos celebrar essa gloriosa diversidade e continuar desbravando esse campo por muito tempo esquecido. A jornada está apenas começando!