Estilo de vida
03/09/2023 às 09:00•2 min de leitura
O ciclo de reprodução dos animais é sempre muito complexo e interessante, independentemente da espécie. Mas mesmo com essa concorrência alta, é fato que poucos animais têm uma época de acasalamento tão emocionante quanto os salmões.
O que chamamos de “salmão”, na verdade, é um grupo de peixes chamado de salmonídeos, que além dos salmões também inclui as trutas. As espécies de salmão ocorrem naturalmente nas águas geladas dos oceanos Pacífico e Atlântico.
Na América do Sul, esses animais só existem no sul do Chile e da Argentina, mas não de forma nativa, são criados em cativeiro. Um terço de todo o salmão consumido no mundo vem do Chile.
Quando criados em cativeiro, o que é o caso dos salmões que consumimos, esses animais vivem uma vida pacata, regada à ração e medicamentos. Nesse caso, o seu processo de reprodução perde totalmente a aventura que seus parentes selvagens experimentam.
Salmão-vermelho Fonte: Getty Images
Na natureza, é comum que os animais façam grandes estrepolias para chamar a atenção dos seus parceiros. Mas algumas espécies de salmão do Pacífico mudam radicalmente de visual, e inclusive, de cor. Em alguns casos, isso ocorre por uma alteração em sua dieta, pois eles deixam de comer.
A mudança mais radical ocorre na espécie salmão-vermelho (Oncorhynchus nerka). Quando está no mar, esse peixe é azulado. Mas em época de acasalamento e desova, quando volta à água doce, ele se torna vermelho.
Além disso, a estrutura do seu maxilar muda, ficando com uma aparência de gancho, e sua cabeça fica esverdeada. É uma transformação intensa, tanto que quando encerrado o ciclo de reprodução, esse animal morre.
Alguns animais têm sentidos muito especiais. Os salmões, por exemplo, nascem com uma espécie de GPS capaz de guiá-los com precisão pelas águas.
Esses animais nascem em água doce, em rios gelados de locais como o Canadá e o Alasca. Quando adultos, mudam-se para os oceanos e retornam exatamente para os locais de seus nascimentos para reiniciarem esse ciclo.
Cientistas acreditam que eles conseguem fazer isso porque nascem com a capacidade de interpretar o campo magnético da Terra. Além disso, os salmões têm um excelente olfato que também os orienta pela água.
Fonte: Getty Images
Um artigo publicado na revista científica Geomorphology avaliou o impacto que a desova dos salmões tem na estrutura de rios, ao longo de milhares de anos. Quando desovam, as fêmeas de salmão movimentam sedimentos do fundo do rio para fazerem seus ninhos. Como isso ocorre todos os anos, os pesquisadores queriam saber se essas alterações eram capazes de alterar a estrutura dos rios, impactando nos vales cortados por essas águas.
Segundo esse estudo, o acasalamento dos salmões impacta, sim, esses locais. Ao moverem o cascalho do fundo do rio, eles expõem rochas que acabam sofrendo com a erosão da água. O acúmulo dessa atividade em milhares de anos seria capaz de alterar a geologia do lugar.