Ciência
30/08/2023 às 13:00•2 min de leitura
Ao longo da costa da Califórnia, mais de 6 mil polvos se reuniram no que é considerado o maior conglomerado de polvos de águas profundas no mundo todo. Esses cefalópodes estão todos amontoados em torno de um vulcão subaquático inativo e agora cientistas estão trabalhando para entender o motivo por trás disso.
Uma nova pesquisa mostrou que essas áreas de água quente perto das nascentes dos vulcões hidrotermais trazem muitos benefícios para o viveiro desses animais. Os polvos migram através das águas frias e escuras apenas para poder chegar nessa área, onde acasalam e nidificam — optando morrer por lá.
(Fonte: Jim Barry/Divulgação)
O local onde os polvos têm se reunido foi descoberto há cerca de cinco anos. Ele está localizado na base do vulcão subaquático Davidson Seamount. Outros locais semelhantes foram descobertos na costa da Costa Rica, onde cientistas testemunharam a eclosão de ovos no Afloramento Dorado.
A equipe acredita que esta área na Califórnia, chamada de "jardim dos polvos" poderia abrigar até 20 mil espécimes de uma vez só. “Encontramos 6 mil animais em apenas uma pequena área, e essa era apenas uma parte de onde os polvos estão distribuídos. Portanto, estamos estimando, não sei, que até 20 mil animais possam estar lá”, afirmou o principal autor do trabalho, Jim Barry.
Esses polvos fazem parte da espécie Muusoctopus robustus, conhecidos popularmente pelo nome polvos-pérola. Os encontros subaquáticos foram registrados usando o veículo operado remotamente (ROV) Doc Ricketts durante 14 mergulhos. Essa operação permitiu recolher não só informações sobre os próprios polvos, mas também criar um mapa do fundo do mar naquela região.
Na visão dos pesquisadores, existem fortes indícios de que o "jardim dos polvos" é um lugar bastante especial para os polvos-pérola. Além de se reproduzirem ali, esse agrupamento tem efeitos para toda a comunidade próxima. Com cerca de 3,2 km de profundidade, a região é cercada por nascentes hidrotermais.
Isso significa que a área é muito mais quente que os mares circundantes. Normalmente a água nessa região possui uma temperatura aproximada de 1 °C, enquanto a água que sai das fontes termais possui cerca de 10 °C — fazendo com que o local vire um spa perfeito para os polvos aproveitarem.
A equipe pensa que isso é o que dá aos polvos uma vantagem quando se reproduzem na área, uma vez que os jovens poderão se desenvolver mais rápido nas águas quentes. "Nunca encontramos um único ninho onde houvesse polvos chocando em água fria", declarou Barry em entrevista ao San Francisco Chronicle.
Barry acredita que os polvos estão propositalmente encontrando lugares de água quente. As fêmeas guardam seus ovos por até dois anos, enquanto muitos polvos morrem após a reprodução. Por sua vez, isso fornece alimento necessário para outras criaturas marinhas sobreviverem, gerando um novo ecossistema harmônico.