Artes/cultura
02/10/2023 às 13:00•2 min de leitura
Um estudo publicado no jornal científico Threatened Taxa faz uma interessante análise sobre a capacidade intelectual dos crocodilos. Segundo os autores Utkarsha M. Chavan e Manoj R. Borkar (das Universidades Hazarimal Somani e Carmel respectivamente) o estudo da cognição dos répteis nunca foi levado tão a sério em comparação a pássaros e mamíferos.
Para os pesquisadores, porém, uma série de evidências analisadas comprovam que os animais têm comportamentos sociais, cooperativos e até mostram sinais de empatia. A espécie considerada foi o crocodilo-persa (Crocodylus palustris) também chamado de crocodilo-mugger.
Estudo aponta que crocodilos podem ter hábitos menos isolados do que se imaginava. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Um dos cenários citados pelo estudo é o fato de grupos de crocodilos usarem uma estratégia coletiva de caça. Eles nadam em círculos para criar um vórtice na água que captura peixes e que acabam servindo de alimento para todos os animais. O comportamento foi presenciado no rio Savitir, em Maarastra, na Índia.
Por lá também, outros comportamentos incomuns foram descritos. Os crocodilos usaram estratégias avançadas para caçar garças. Essas aves fazem seus ninhos com varas presentes nas margens de rios e muitas vezes precisam competir por elas, que são esparsas. Alguns crocodilos já foram flagrados fazendo armadilhas ao pegar essas varas e colocá-las em seus focinhos ou perto deles para surpreender as garças que se aproximam.
Outro ponto do estudo cita um fato curioso: os crocodilos podem ser atraídos por guirlandas de calêndula que caem nos rios em rituais funerários. Segundo os pesquisadores, o interesse dos animais pelas flores pode se dar pelas suas cores e por suas propriedades antibacterianas. O estudo, porém, não comprova a interação de crocodilos selvagens com as flores, só mostra a alta frequência da ocorrência de crocodilos perto das guirlandas. Por outro lado, incidentes de animais em cativeiro observados brincando com flores são citados.
O ponto mais polêmico do estudo ocorre quando os pesquisadores citam a possibilidade do sentimento de empatia nos crocodilos-mugger da Índia. Para basear esta afirmação, eles citam um vídeo em que um cachorro foge de outros três que o perseguem e cai em um rio. Em vez de atacá-lo, um grupo de crocodilos parece indicar o caminho para que ele saia do rio e escape do grupo. Os crocodilos chegam a encostar o focinho e empurrar o cachorro sem machucá-lo. Para os pesquisadores, esta pode ser uma evidência de empatia e de preocupação com a segurança de outra espécie.
O pesquisador Duncan Leitch, da Universidade da Califórnia, foi ouvido pelo site Live Science e contestou algumas das conclusões. Segundo ele, é sabido que crocodilos têm comportamentos sofisticados para predadores, e há outros relatos de armadilhas e caça em conjunto. Porém, concluir que há sinais de empatia incorre em um erro de antropomorfizar os animais, ou seja, atribuir
sentimentos humanos aos crocodilos, que não teriam sequer aparelhos biológicos para sentirem e entenderem o mundo da forma como pensamos.