Estilo de vida
10/10/2023 às 04:30•2 min de leitura
Recentemente, o governo chinês pediu para que países detentores de pandas-gigantes mandem os animais de volta ao país até o final de 2023. As belíssimas criaturas pretas e brancas são atrações principais em zoológicos nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas devem retornar ao seu país de origem o mais rápido possível.
De acordo com especialistas, isso sugere uma nova abordagem da China em relação à espécie. Em Washington, os três pandas que atualmente moram no Zoológico Nacional estão programados para partir para a Ásia no dia 7 de dezembro, quando o contrato de empréstimo expirará. Dessa forma, restará apenas um desses animais em Atlanta, o qual também deve ir embora dos EUA ainda em 2024, a menos que um novo acordo seja alcançado.
(Fonte: GettyImages)
Em fevereiro de 1972, o então presidente norte-americano Richard Nixon realizou uma visita histórica à China. Durante um jantar diplomático, o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai ofereceu dois pandas-gigantes aos Estados Unidos. Poucos meses depois, o macho Hsing-Hsing e a fêmea Ling-Ling foram apresentados pela Casa Branca como "um presente do povo da República Popular da China ao povo americano".
Naquela época, "presentear pandas" parecia ser uma estratégia do governo chinês como forma de aprofundar relações. Cinco décadas após esse acontecimento, os vários pandas que habitaram o zoológico de Washington D.C. se tornaram a principal atração do local e também um símbolo dos laços políticos entre duas nações.
Porém, de lá para cá, a China parece sinalizar não estar muito feliz com a forma como tem sido tratada pelo Ocidente. Sendo assim, o fim da "diplomacia do panda" seria um sinal de alerta para outros governos de que as coisas não estão indo bem.
(Fonte: GettyImages)
Embora o estremecimento dos laços políticos pareça ser uma razão clara para que a China peça os pandas de volta, há quem diga que pode haver outras razões para esse ato. Nos últimos anos, o panda-gigante foi rebaixado de "ameaçado" para "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza à medida que sua população global subiu para níveis mais sustentáveis.
Essa ameaça também foi parte da razão pela qual Pequim colaborou com zoológicos estrangeiros para hospedar pandas, de forma que outros países ajudassem na conservação da espécie. Outros países, por exemplo, devolveram seus pandas por outras razões que não as condições de empréstimo.
Em 2020, o Canadá deu tchau para seus dois únicos pandas-gigantes, três anos antes do esperado. Naquela época, o presidente do Zoológico de Calgary, Clement Lanthier, afirmou que estava tendo dificuldade para obter o bambu necessário para a alimentação dos animais e que eles só conseguiriam isso estando em seu lar natural. Contudo, isso não significa que a China deve ser o único país a ter pandas em um futuro próximo.
Em 2019, o presidente chinês Xi Jinping presenteou o presidente russo, Vladimir Putin, com dois pandas-gigantes para o Zoológico de Moscou, emprestando-os por 15 anos como parte de um programa conjunto de pesquisa. Portanto, na Guerra Fria do século XXI, os EUA parecem estar atrás na "Batalha dos Pandas".