Periquitos têm impressões vocais únicas que os identificam

16/10/2023 às 09:002 min de leitura

Os dotes vocais de papagaios já são conhecidos, mas um novo estudo científico revelou uma faceta incrível do canto desses pássaros. Pesquisadores encontraram evidências de que uma espécie de periquito, o periquito-monge, tem meios de identificar a voz de cada indivíduo, e que o timbre dos cantos pode ser tão único quanto a voz humana.

Ter uma “impressão vocal” é uma solução fundamental para um animal que é extremamente social e que pode aprender inúmeros novos sons ao longo da vida.

Realização da investigação

O estudo foi liderado por Simeon Q. Smeele e o artigo foi publicado na revista Royal Society Open Science. Para realizar a investigação, os pesquisadores foram para Barcelona, onde está a maior população de periquito-monges marcados e rastreáveis em ambiente selvagem. O Museu de Ciències Naturals de Barcelona já conduz um longo estudo sobre os pássaros e já marcou mais de 3 mil aves em cerca de 20 anos.

Os pesquisadores, então, usaram microfones para capturar mais de 5 mil tipos de vocalização. Além disso, alguns indivíduos foram gravados várias vezes ao longo de dois anos. Usando inteligência artificial e modelos de computador, os pesquisadores descobriram que a espécie emite cinco tipos principais de chamados, mas cada indivíduo o faz com um alto grau de variabilidade.

O principal som dos periquitos-monge, denominado chamado de contato, pode ser emitido em grandes grupos e fazer com que o indivíduo seja reconhecido. Para conseguir este efeito, os pássaros usam a língua e a boca de maneira similar aos humanos, modulando o som e criando uma identidade única.

Isto faz com que a descoberta seja ainda mais interessante e reveladora. Enquanto muitos animais, como golfinhos, morcegos e outros pássaros, têm um “chamado de assinatura” que os fazem se reconhecer entre a sua espécie, havia pouca evidência de espécies que podiam identificar indivíduos através dos sons.

Os autores da pesquisa ainda indicam que mais investigações são necessárias para entender o funcionamento vocal da espécie. Os próximos passos envolvem investigar a interação de indivíduos em grandes áreas por meio de GPS.

Ninhos compartilhados dos periquito-monge podem chegar a pesar inc´riveis 150 kg. (Fonte: GettyImages/Reprodução)Ninhos compartilhados dos periquito-monge podem chegar a pesar inc´riveis 150 kg. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

O periquito-monge

A espécie alvo do estudo, o periquito-monge (Myiopsitta monachus), também é conhecida no Brasil como caturrita. Originária da América do Sul, a espécie é amplamente encontrada na Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil. Ela é a única espécie da família dos papagaios que constrói os seus próprios ninhos em vez de procurar troncos ocos.

No Brasil, com a derrubada de muitas matas que abrigavam esses pássaros, eles passaram a procurar novos habitats e encontraram condições ideais em plantações de milho, sorgo e pomares. A facilidade de encontrar alimentos e a ausência de predadores, como o gavião, fez com que a população de periquitos aumentasse rapidamente nestes ambientes. Tanto que alguns produtores rurais os consideram um tipo de praga.

Os periquito-monge foram introduzidos na Espanha e se tornaram um problema na década de 1980, pois o tamanho da população não para de aumentar e oferece ameaça para outras aves. Além de roubar comida, os periquito-monge podem transmitir doenças infecciosas. Por isso, o governo mantém planos para o controle da população e o Museu de Ciències Naturals de Barcelona acompanha a espécie.

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