Saúde/bem-estar
20/12/2023 às 08:00•2 min de leitura
Uma estranha criatura amarela, parecida com uma aranha, com quatro olhos quase pretos e grandes garras bulbosas foi retirada das profundezas do oceano ao largo da Antártica. O animal nunca visto antes foi reconhecido como uma aranha marinha — um parente distante dos caranguejos-ferradura e aracnídeos que vivem no fundo do oceano.
Esses bichos inusitados comem por meio de uma tromba semelhante a um canudo e respiram pelas pernas. Ao todo, os cientistas descobriram mais de 1 mil espécies de aranhas marinhas em todo o mundo, mas a espécie recém-descoberta (Austropallene halanychi) pode ser considerada única.
(Fonte: Andrew Mahon/Divulgação
A nova aranha marinha foi retirada do fundo do oceano no Mar de Ross, cerca de 570 metros abaixo da superfície. Além de todas as outras coisas estranhas sobre essas criaturas, esse novo animal possui garras muito semelhantes a duas "luvas de boxe", que provavelmente são usadas para agarrar alimentos moles como anêmonas e minhocas. O estudo publicado na revista ZooKeys foi coordenado pelo biólogo da Central Michigan University, Andrew Mahon.
O corpo do A. halanychi tem cerca de 1 centímetro de comprimento, mas suas pernas se estendem por quase 3 centímetros. Isso é uma característica comum entre as aranhas marinhas, embora algumas espécies possam atingir até 60 centímetros de largura. “O ambiente bentônico na Antártica é uma área da ciência que precisamos continuar explorando”, disse Mahon.
(Fonte: Andrew Mahon/Divulgação)
Para aprender mais sobre criaturas que vivem no fundo do mar, é comum que os pesquisadores lancem redes nas profundezas da água para tentar capturar o que quer que esteja na outra ponta. Depois de puxar as redes, eles classificam tudo o que capturam e preservam cada espécime antes de enviá-lo de volta aos laboratórios para análise posterior.
Na visão de Mahon, porém, a humanidade possui um conhecimento muito raso a respeito das criaturas que vivem nesse tipo de habitat inóspito e todo dia de pesquisa tende a trazer surpresas agradáveis. Contudo, com tantas espécies potencialmente novas para descrever, é possível que leve algum tempo até que todas as amostras do A. halanychi sejam analisadas. Para se ter ideia, o animal foi recolhido pela primeira vez em 2013 por um navio de pesquisa dos Estados Unidos.
Porém, só recentemente é que Mahon e seus colegas de trabalho retiraram-no do armazenamento e identificaram-no como uma espécie nova para a ciência, analisando a forma do seu corpo e sua genética. O tempo, no entanto, não tem se mostrado um grande amigos desses cientistas. À medida que o clima continua a mudar, as águas mais quentes podem ameaçar o futuro de algumas das espécies que vivem nesses ecossistemas isolados e únicos.
De acordo com Mahon, uma das razões pelas quais os investigadores continuam a estudar o fundo do mar na Antártica é para ajudar a descrever e proteger esta biodiversidade antes que seja tarde demais.