Ciência
30/03/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 01/04/2024 às 11:34
Na maioria dos casos, o processo de extinção representa o fim completo de uma espécie. Além de não existir nenhum indivíduo vivo, não há mais traços dele presentes em populações modernas.
Porém, em muitos casos, o material genético pode ter sido compartilhado, fazendo com que espécies que não existem há centenas de milhares de anos ainda possam estar "vivas" geneticamente. Confira cinco casos em que isso ocorre.
Até 2021, a origem da cannabis era incerta. A comunidade científica sabia que a planta tinha origem asiática e acreditavam que ela vinha de algum lugar da Ásia Central. Contudo, um estudo feito em 2021 sequenciou mais de 100 genomas de cannabis, revelando que as plantas evoluíram na China.
O estudo também permitiu a descoberta de uma nova linhagem da planta, até então desconhecida. Hoje, esta linhagem está extinta, mas é possível encontrar seus traços genéticos nas contemporâneas.
Os lobos vermelhos eram uma espécie bastante comum no sudeste dos Estados Unidos. Porém, na década de 1980, a caça e a perda de habitat foram responsáveis pela extinção deles na natureza. Pouco tempo depois, os habitantes da Ilha Galveston, no Texas, começaram a reparar na presença de cães parecidos com coiotes, e que poderiam ter alguma relação com o lobo vermelho.
Quando pesquisadores começaram a realizar análises genéticas, eles descobriram que não apenas os cães estavam mais próximos dos lobos do que dos coiotes, como eles também carregavam um gene dos lobos vermelhos originais.
A tartaruga-gigante-de-galápagos é a maior espécie de tartaruga terrestre do mundo e pode ser encontrada em diversas ilhas do arquipélago equatoriano. Por se tratar de um animal que não sabe nadar, a maioria das ilhas possui uma subespécie própria, como foi o caso da tartaruga-das-galápagos-de-pinta, cujo último indivíduo — conhecido como “Jorge Solitário” — faleceu em 2012.
Porém, em 2020 foi descoberta uma fêmea híbrida na Ilha Isabela que carregava genes da tartaruga-das-galápagos-de-pinta. Além disso, pesquisadores também encontraram 29 tartarugas com ancestralidade parcial da tartaruga-das-galápagos-de-floreana, uma espécie extinta no século XIX.
Há aproximadamente 25 mil anos, o gigantesco urso-das-cavernas foi extinto. Estudos recentes compararam o DNA de seus fósseis com o dos ursos-pardos modernos, revelando que estes últimos carregam entre 0,9% e 2,4% de DNA do urso-das-cavernas. Esta descoberta inesperada destaca a hibridação entre duas espécies notavelmente distintas.
Embora os ursos-das-cavernas fossem herbívoros e enormes — os machos podiam pesar até 1 tonelada, enquanto os machos de ursos-pardos têm em média 300 kg—, eles compartilharam um período de coexistência com os ursos pardos, possibilitando a transferência de genes entre eles.
Os denisovanos foram uma espécie ancestral de humanos que viveram no planeta por algumas dezenas de milhares de anos, e que mantiveram algum nível de relacionamento com os Homo sapiens. Ao menos, com os antepassados dos tibetanos.
Sabemos disso porque o pouco material genético dos denisovanos já encontrado aponta para a presença de uma pequena variação no gene EPAS1. Esse gene, presente em todos os humanos, regula a produção de hemoglobina em resposta à diminuição dos níveis de oxigênio no sangue.
Porém, a variação presente nos denisovanos, que fez com que eles conseguissem sobreviver com mais facilidade em ambientes com o ar mais rarefeito, também está presente nos tibetanos.