Busca por água na Lua vai usar broca robótica

06/09/2024 às 15:002 min de leituraAtualizado em 06/09/2024 às 15:00

Em 2027, logo após o retorno dos seres humanos à Lua, uma outra missão vital chegará à superfície do nosso satélite, o módulo lunar Nova-C da empresa Intuitive Machines, com o pacote de carga útil Prospect. Desembarcando perto do Polo Sul lunar, a missão irá cortar o regolito gelado em busca de sinais de água congelada. 

Entre os seis instrumentos com uma massa de 80 kg a serem transportados no módulo lunar, a "atriz principal" será ProSEED, uma broca robótica desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA), que realizará efetivamente o trabalho de perfurar a superfície da Lua até um metro de profundidade. 

Em um cenário no qual as temperaturas na subsuperfície podem ser abaixo de -100°C, as condições são ideais para que o gelo de água possa estar presente em estado sólido constante, sem derreter ou sublimar (passar do estado sólido para gasoso). A broca tem um gerador de imagens multiespectral e um sensor de detecção e análise remotas de voláteis.

Os desafios de buscar água na Lua

Mapa do conteúdo de água na superfície lunar. (Fonte: Li et al., 2023/Divulgação)
Mapa do conteúdo de água na superfície lunar. (Fonte: Li et al., 2023/Divulgação)

Confirmada pelo Satélite de Observação e Detecção de Crateras Lunares da NASA, em 2009, a existência de água na Lua foi detectada principalmente na forma de gelo nas chamadas crateras permanentemente sombreadas nas regiões polares

Na época, o achado foi decisivo para a retomada das explorações lunares, e até mesmo o estabelecimento de um possível assentamento humano nesse local: a Base Artemis, planejada pela NASA, que se beneficiaria de uma possível coleta de água para beber, e uso do oxigênio como combustível. 

No entanto, o acesso a esses voláteis ainda continua sendo um grande desafio, pois essas áreas polares são um ambiente hostil, e a própria "exploração" da água em estado sólido e seu processamento ainda são incertos.

O que acontecerá com as amostras coletadas pela broca?

Minilaboratório ProSPA que processará as amostras coletadas pela broca robótica. (Fonte: ESA/Divulgação)
Minilaboratório ProSPA que processará as amostras coletadas pela broca robótica. (Fonte: ESA/Divulgação)

Todo o material coletado abaixo do solo lunar pela ProSEED será transferido para o ProSPA, um laboratório no qual as amostras serão colocadas em seções variadas, como um carrossel, com vários fornos onde o gelo será selado e aquecido para extrair os voláteis. Além da desejada H2O, também podem estar presentes outros elementos como dióxido de carbono, metano, hidrogênio, nitrogênio e monóxido de carbono.

Ou seja, saber que existe água na Lua não basta. Para que o precioso líquido possa ser usado, é necessário descobrir qual a quantidade presente no solo lunar e, o que é mais importante, o seu grau de acessibilidade. 

Se a água for relativamente acessível, será naturalmente muito mais econômico extraí-la diretamente em nosso satélite natural do que transportá-la da Terra. Isso também aponta para a possibilidade de extração do oxigênio, para uso em futuros habitats humanos ou combustível de foguete, tornando essas missões autossustentáveis.

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