Artes/cultura
19/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 19/09/2024 às 09:00
Aproximadamente três quartos da população global podem vivenciar mudanças significativas e rápidas nas temperaturas e nos padrões de chuva nos próximos 20 anos, segundo uma nova pesquisa. O único caminho para evitar isso seria cortar drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
Apesar das evidências abundantes de que estamos entrando em condições climáticas não vistas há milênios, o debate sobre as mudanças climáticas continua polêmico. A natureza e as sociedades sempre lidaram com variações regionais em diferentes escalas de tempo, mas o problema é que essas mudanças estão acontecendo mais rápido do que o esperado, e isso pode trazer consequências devastadoras.
Um exemplo claro desse fenômeno foi a onda de calor recorde na América do Norte em 2021, que, segundo especialistas, seria impossível sem as mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos como esse podem ter diversos impactos: desde o aumento de estresse térmico e mortes em humanos e animais até a degradação de ecossistemas, queda na produtividade agrícola, interrupções nos transportes e problemas em usinas de energia.
Além disso, chuvas extremas podem provocar enchentes que destroem infraestruturas, afetam a qualidade da água e arrasam plantações. O grande perigo é quando esses eventos ocorrem ao mesmo tempo, criando situações compostas que agravam ainda mais os impactos, como foi o caso das inundações que atingiram o estado do Rio Grande do Sul no início deste ano.
Poucos estudos até hoje analisaram como o clima extremo pode afetar diferentes países. No entanto, uma nova pesquisa liderada pela Dra. Carley Lles, do Centro de Pesquisa Climática Internacional (CICERO), em colaboração com a Universidade de Reading, explorou como o aquecimento global pode se combinar com variações naturais para gerar mudanças rápidas nas temperaturas extremas e na precipitação. "Focamos em mudanças regionais, devido à sua maior relevância para a experiência das pessoas e ecossistemas", explicou Lles em um comunicado.
A pesquisa revela que 20% da população mundial enfrentará eventos climáticos extremos nos próximos 20 anos, mesmo que as emissões de gases sejam reduzidas conforme o Acordo de Paris. Porém, se as ações forem limitadas, até 70% da população será afetada.
A equipe de Lles realizou grandes simulações climáticas que mostraram que as regiões tropicais e subtropicais – onde vive cerca de 70% da população mundial – provavelmente experimentarão grandes mudanças tanto em temperaturas extremas quanto na precipitação. Mesmo com a mitigação das emissões, a situação é grave: aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas ainda será afetada.
Laura Wilcox, coautora do estudo, chama atenção para o fato que, embora a redução da poluição seja essencial para a saúde pública, ela pode acabar revelando impactos ainda mais intensos do aquecimento global. "Agora, essa limpeza necessária pode se combinar com o aquecimento global e provocar mudanças extremas muito fortes nas próximas décadas", explica.
As conclusões do estudo destacam a necessidade urgente de adaptação às mudanças climáticas. Se quisermos aliviar os piores impactos, precisamos estar preparados para enfrentar um cenário de eventos extremos sem precedentes nos próximos anos.