Pesquisadores descobrem o único animal imune aos microplásticos

18/10/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 18/10/2024 às 18:00

Nos últimos anos, um fenômeno alarmante vem ganhando destaque: os microplásticos são encontrados em organismos vivos, desde placenta e órgãos até sangue de humanos e animais.

Essas partículas minúsculas, resultado da degradação de plásticos maiores, estão se infiltrando especialmente na vida marinha. Mas, para nossa surpresa, uma pequena criatura, conhecida por sobreviver em condições extremas, parece ter encontrado a fórmula mágica para ignorar esses poluentes.

O estudo que revelou esses minúsculos "super-heróis" foi liderado pela zoóloga Flávia de França, da Universidade Federal de Pernambuco, e publicado na revista PeerJ Life and Environment.

Um impacto preocupante

Os tardígrados demonstraram imunidade aos microplásticos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Os tardígrados demonstraram imunidade aos microplásticos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os microplásticos se tornaram uma presença comum nos oceanos, onde acabam sendo ingeridos por diversos organismos. No estudo, amostras de meiofauna foram coletadas em uma praia do nordeste do Brasil.

A boa notícia? Os tardígrados, essas adoráveis e resistentes criaturas, não entraram na onda de consumir esses plásticos em escalas microscópicas.

Mais de 5 mil organismos foram analisados, incluindo nematoides, vermes e crustáceos. Os resultados mostraram uma relação direta entre a quantidade de microplásticos e a ingestão por parte dos organismos.

Em outras palavras, quanto mais plástico na água, mais criaturas marinhas acabavam engolindo esses poluentes. Essa ingestão não é trivial; esses detritos podem causar danos físicos e químicos aos organismos, interferindo na sua capacidade de se alimentar e se reproduzir.

Isso levanta um alerta sobre a abundância e a diversidade de espécies marinhas, já que a presença de microplásticos pode diminuir a densidade total e a riqueza de espécies na meiofauna.

Sobreviventes em um mar de plástico

Os microplásticos estão contaminando a vida oceânica. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Os microplásticos estão contaminando a vida oceânica. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Segundo os pesquisadores, apesar de muitos tardígrados apresentarem partículas de microplástico em seus corpos, especialmente nas "pernas", eles não as consomem. Essa capacidade notável está relacionada ao seu aparelho bucal adaptado, que permite perfurar e sugar suas presas, evitando a ingestão acidental de poluentes.

Contudo, a presença de microplásticos na superfície dos tardígrados é preocupante. Essa situação sugere a possibilidade de transferência de poluentes para outros níveis da cadeia alimentar, e levanta questões sobre como essas partículas podem afetar a saúde dos ecossistemas marinhos.

O estudo também identificou que organismos como turbelários e gastrótricos podem confundir microplásticos com alimento, colocando-os em risco de contaminação.

Essas descobertas ressaltam a importância de aprofundar nossa compreensão sobre os efeitos dessas partículas na vida marinha. Enquanto os tardígrados se mostram resistentes a essa ameaça invisível, a maioria das outras espécies enfrenta um risco crescente devido à ingestão.

Com a poluição plástica em ascensão, é fundamental intensificar a pesquisa sobre os impactos a longo prazo dos microplásticos na vida marinha e tomar medidas eficazes para mitigar essa crise ambiental.

Afinal, proteger nossos oceanos é uma responsabilidade e uma necessidade urgente para garantir a saúde dos organismos marinhos e, consequentemente, a saúde do nosso planeta.

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