Ciência
09/02/2018 às 08:01•3 min de leitura
Todos aqueles que curtem História — e até os que não são lá muito fãs do tema — sabem que as torturas, os martírios e toda classe de castigo sangrento rolavam soltos no passado. E sobrava para todo mundo, uma vez que inclusive nobres e governantes se tornaram vítimas de sentenças brutais. Entre os muitos “bem-nascidos” que acabaram sendo condenados à morte está Maria Stuart, Rainha da Escócia, cuja execução ficou marcada como uma das mais horrendas já testemunhadas.
Elizabeth I (Wikimedia Commons/Domínio Público 1)
De acordo com Gina Dimuro, do site All That Is Interesting, Maria foi condenada a morrer por decapitação no dia 17 de novembro de 1558, durante a Era Elisabetana, ou seja, durante o reinado de Elizabeth I da Inglaterra, sua prima. Pois é, caro leitor, as relações entre as famílias reais europeias eram uma verdadeira bagunça, então, antes de descrever os detalhes da execução de Maria, deixe a gente contar para você o motivo de ela ter sido condenada a perder a cabeça. (Se preferir, pode pular essa parte e mergulhar direto no sangue!)
Elizabeth I era filha de Henrique VIII com Ana Bolena, segunda esposa do rei inglês. A primeira mulher do monarca foi Catarina de Aragão, mas Bolena, que circulava pela corte real, acabou despertando o interesse de Henrique, se transformando em sua amante e desbancando a rainha espanhola.
Henrique VIII (Wikimedia Commons/Domínio Público 2)
E não foi só isso... para poder se divorciar de Catarina e se casar com Ana, Henrique VIII acabou rompendo com a Igreja Católica e fundando a Anglicana na Inglaterra. Com isso, ele se casou com a amante — que assumiu o posto de Rainha Consorte, deu a luz Elizabeth, foi substituída por outra mulher (Joana Seymour), acusada de adultério, incesto e traição, e condenada à morte pelo rei, também por decapitação.
Bem, Catarina de Aragão e Henrique VIII chegaram a ter uma filha, outra Maria — Maria I da Inglaterra —, mas com o divórcio, ela foi removida da linha sucessória ao trono e Elizabeth acabou subindo ao poder. Com esse panorama, muitos, em especial os que defendiam o retorno do catolicismo como religião oficial na Inglaterra, viam a ascensão de Elizabeth (protestante) ao poder como um ato ilegítimo. E a Maria da Escócia com isso?
Maria era filha de Jaime V da Escócia, sobrinho de Henrique VIII, com a francesa Maria de Guise, e herdou o direito ao trono escocês com apenas 6 anos de idade. Então, buscando criar uma aliança com a França, Maria I foi prometida ao rei francês, Francis II. Eles chegaram a se casar e tal, e Maria se tornou Rainha Consorte da França também, mas o monarca acabou morrendo — em consequência de uma infecção de ouvido! — e ela foi enviada de volta à Escócia.
Maria da Escócia (Wikimedia Commons/Domínio Público 3)
Só que seu reinado não foi muito tranquilo em sua terra natal e Maria foi forçada a abdicar e se mandar para a Inglaterra — onde foi recebida por sua prima, Elizabeth. Voltando aos católicos, esse pessoal achava que Maria era a candidata perfeita para assumir o comando da Inglaterra e, Elizabeth, que tinha consciência disso e de boba não tinha nada, manteve a prima sob constante vigilância. Daí, quase 20 anos após ser mantida praticamente como prisioneira, rolou um papo que a escocesa estava tramando derrubar a Rainha e, pronto, sentenciada à morte!
De acordo com Gina, dentre os métodos de execução mais “populares” no século 16, a decapitação provavelmente era a menos dolorosa — afinal, era para ser uma coisa pá-pum, né? Infelizmente para Maria da Escócia, a decapitação dela não foi pá-pum não...
Coitada... (Wikimedia Commons/François Clouet)
Para começar, a coitada foi obrigada a se despir diante dos súditos que atenderam para assistir ao “espetáculo” e ficar apenas com suas roupas de baixo. Então, depois de se despedir, emocionada, de suas damas de companhia, uma delas usou um lenço para vendar a escocesa e a ajudou a se ajoelhar sobre uma almofada. Maria fez uma prece em latim e, em seguida, foi violentamente forçada a se apoiar no bloco onde seu pescoço seria cortado.
O problema é que Maria não teve tempo de posicionar seu queixo direito e, quando o carrasco baixou o machado, ele errou o alvo, acertou a parte de trás de sua cabeça e não conseguiu concluir a decapitação de forma “limpa”. O cara deu um segundo golpe que, para o horror de todos os presentes — que juraram ouvir lamentos da escocesa — também não foi suficiente para terminar o serviço.
Um desastre de execução (Wikimedia Commons/Domínio Público 4)
Depois de três golpes, o carrasco finalmente conseguiu decapitar Maria — e levantou sua cabeça ensanguentada para que todos pudessem ver. Várias testemunhas contaram que a escocesa ficou irreconhecível após esse desastre de execução e que sua boca continuou se movendo durante vários minutos (mas a gente acha que isso é só lenda mesmo).
Túmulo de Maria da Escócia (Wikimedia Commons/Kim Traynor)
Para completar o macabro acontecimento, quando foram remover o corpo de Maria, descobriram que seu cãozinho de estimação estava escondido debaixo de suas camisolas e esteve presente durante todo o sofrimento da dona. Para piorar, quando o bichinho saiu de lá, ele se recusou a abandonar a escocesa e se deitou em uma poça de sangue entre a cabeça e o pescoço dela.