Íngrid Olderöck: a torturadora chilena com curta indicado ao Oscar

27/02/2022 às 07:002 min de leitura

"Ela era uma mulher violenta e agressiva que não tinha piedade". Assim a jornalista Nancy Guzmán descreve Íngrid Olderöck, a ex-agente da Direção de Inteligência Nacional (DINA), polícia secreta da ditadura militar de Augusto Pinochet no Chile.

Conhecida como "a mulher dos cachorros", Olderöck inspirou o curta de animação chileno Fera, que está concorrendo ao Oscar da categoria. Morta aos 58 anos em virtude de uma hemorragia digestiva aguda, ela nunca foi condenada por seus crimes, ainda que tenha exercido papel fundamental como agente do órgão repressor durante o regime militar chileno.

Torturas sexuais com cachorros

(Fonte: Julio Oliva/Reprodução)(Fonte: Julio Oliva/Reprodução)

Íngrid Olderöck não ganhou seu apelido à toa. Responsável por torturar e eliminar opositores do regime comandado pelo ditador Augusto Pinochet entre 1973 e 1977, foi acusada de treinar cães para estuprar presos políticos nos centros de detenção.

Em um desses, o "La Venda Sexy" — conhecido como o local mais brutal —, Íngrid costumava agir sem nunca dar pistas de que aquela casa de dois andares na comuna de Macul, bairro de classe média em Santiago, era um antro de torturas.

O imóvel recebeu esse apelido porque o método de tortura preferido aplicado nele era o abuso sexual. Vários sobreviventes do período denunciaram o uso de cães como método de tortura — juntamente com enforcamento, afogamento, simulações de fuzilamentos, gestações e abortos forçados, além de choques elétricos nas genitais.

Íngrid era a responsável por comandar os animais enquanto os demais torturadores obrigavam os detidos a ficarem em posições que facilitassem o abuso sexual, tanto de homens como de mulheres. A torturadora sempre negou as acusações e nunca foi submetida a um processo judicial para responder por seus crimes.

Íngrid Olderöck, a "mulher dos cachorros"

(Fonte: La Nación/Diego Portales/ Museo de la Memoria)(Fonte: La Nación/Diego Portales/ Museo de la Memoria)

Mulher corpulenta, de mãos grandes e voz rouca, Olderöck morreu sozinha, sem filhos ou marido. Filha de pais alemães assumidamente nazistas, teve uma criação rígida. Em entrevista à jornalista Nancy Guzmán, declarou-se nazista com orgulho.

Adulta, fez parte dos carabineros, a polícia local, formando-se como a primeira mulher paraquedista do Chile e da América Latina. Além disso, graduou-se em tiro, equitação e adestramento de cães. Foram estas as credenciais que a tornaram um dos principais nomes do serviço secreto da ditadura chilena, comandado pelo coronel Manuel Contreras.

Curiosamente, em 1981, foi atacada por dois homens ao sair de casa, recebendo tiros na cabeça e estômago. Para Íngrid, o responsável era o próprio DINA, que tentava puni-la por suposta tentativa de deserção. A bala do tiro na cabeça permaneceu alojada até sua morte.

Curta indicado ao Oscar rememora a vida de Olderöck

Fera (Bestia, no original) é um curta-metragem de animação feito com técnica de stop motion. Dirigido pelo chileno Hugo Covarrubias e co-escrito por Martín Erazo, é inspirado na vida real da torturadora.

O curta mergulha na vida da agente da polícia secreta de Augusto Pinochet, dando ênfase à relação dela com seu cachorro, seu corpo, seus medos e frustrações. De acordo com o diretor, o filme pretende revelar uma fratura macabra na mente de sua protagonista e em seu próprio país.

Indicado à categoria de melhor curta de animação no Oscar 2022, Fera concorre com outros quatro filmes e, ainda, não tem data prevista para sua estreia no território brasileiro.

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