Guerra do Contestado: o maior conflito brasileiro do século XX

04/03/2022 às 11:002 min de leitura

Há mais de 100 anos, um conflito de caráter sociopolítico ocorria entre as fronteiras dos estados do Paraná e de Santa Catarina, na Região Sul do Brasil: era a Guerra do Contestado. Esse combate aconteceu entre os anos de 1912 e 1916 e alcançou grandes proporções na história do nosso país.

De um lado, o embate envolveu a população cabocla de ambos os estados e, do outro, os governos estaduais que tinham o apoio do então presidente da República, Hermes da Fonseca (1855-1923). Mas para você entender direito o que estava envolvido, precisamos voltar ao ano de 1912.

Construção de ferrovia criou cenário para a Guerra do Contestado

Apólice da Brazil Railway Company. (Fonte: Wikimedia Commons)Apólice da Brazil Railway Company. (Fonte: Wikimedia Commons)

No final do século XIX, o governo brasileiro havia autorizado a construção de uma estrada de ferro que faria ligação entre São Paulo e Rio Grande do Sul. Acontece que, para realizar esse projeto, era necessário desapropriar uma extensão territorial de cerca de 30 quilômetros de largura na área de fronteira entre os estados do Paraná e de Santa Catarina.

Para tal, foi contratada a empresa norte-americana Brazil Railway Company, do empresário Percival Farquhar. Então, as terras foram desapropriadas para a construção da rodovia, abrangendo uma porção territorial cujos posseiros foram expulsos. O governo brasileiro havia declarado aquela região como área devoluta, isto é, sem a ocupação de ninguém.

Nesse "caldeirão", ainda existia um número grande de migrantes que foram trazidos para servir como mão de obra e, ao fim do trabalho, ficaram desempregados. Para piorar, Farquhar, também dono de uma madeireira, havia adquirido parte daquele território desapropriado, com permissão brasileira para extrair madeira daquela faixa de terra. Isso levou os pequenos fazendeiros que atuavam no setor à ruína.

Do messianismo à guerra

Tropas do Exército brasileiro (Fonte: Claro Jansson/Acervo Dorothy Jansson Moretti)Tropas do Exército Brasileiro. (Fonte: Claro Jansson/Acervo Dorothy Jansson Moretti)

Semelhante a outros conflitos no Brasil, o messianismo deu o "tempero" final para o início da Guerra do Contestado. Um monge chamado José Maria foi recebido pelos habitantes da região como a ressurreição de um antigo líder espiritual e passou a interferir nas questões políticas da população por meio de sua fama.

O monge liderou os camponeses e os antigos trabalhadores da empresa construtora da ferrovia, fazendo-os se unirem aos posseiros prejudicados na questão madeireira. Esse grupo declarou a região como um governo independente, o que causou um grande incômodo no governo federal, nos coronéis locais — incomodados pelo poder do monge — e na Igreja, que condenava o messianismo.

O governo federal, então, lançou uma intensa ofensiva contra o grupo liderado por José Maria. Depois de 2 anos sem muito sucesso, o Exército Brasileiro e as polícias locais obtiveram sucessivas vitórias, completando a vitória com a prisão do último líder dos revoltosos: Deodato Manuel Ramos.

Acordo selou o fim oficial do conflito

Assinatura do acordo de fim da guerra. (Fonte: Autor desconhecido)Assinatura do acordo de fim da guerra. (Fonte: Autor desconhecido)

Com um saldo de mais de 5 mil caboclos mortos, foram quase 46 meses de conflito, tornando a Guerra do Contestado o conflito de maior duração e número de mortes da história brasileira. Apesar da derrota dos sertanejos, a Guerra do Contestado é considerada a precursora das lutas por terra no Brasil.

Com o fim dos embates, o conflito ainda precisava ser finalizado oficialmente. A Guerra do Contestado custou muito dinheiro aos cofres públicos, algo próximo a 3 mil contos de réis. Para firmar um acordo que garantisse o fim da guerra, o presidente Venceslau Brás (1868-1966), junto dos governadores de Santa Catarina e do Paraná, assinou um acordo de limites, o que deu fim ao litígio territorial.

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