Ciência
13/03/2022 às 08:00•3 min de leitura
De salários baixos a pouco reconhecimento e ocupação de cargos de poder, a figura da mulher sempre foi desvalorizada na estrutural social machista da sociedade, uma luta menosprezada que prevalece até hoje, apesar de todas as evoluções.
Por outro lado, a representação do homem sempre prosperou como se fosse o único detentor de todo o tipo de conquista e espaço. Evolução, poder, inteligência e conquistas — ferramentas que constroem um país e impulsionam o mundo — sempre estiveram associadas às mãos masculinas, enquanto às mulheres era atribuído uma vassoura, a mão do próprio filho ou guardanapo de pano para enxugar a louça.
Ainda que a estrutura patriarcal tenha tentado, por vezes com muito êxito, silenciar e limpar a mulher de vários contextos históricos, elas ainda assim continuaram desenvolvendo trabalhos em vários campos sociais, da ciência à medicina. Mas onde estão seus nomes ao longo da História? Em que momento os livros seculares as mencionam e lhes dão os devidos créditos?
Essas são 3 mulheres, de uma lista imensa, que tiveram seu trabalho de contribuição para a humanidade roubado pelo privilégio, em sua maioria branco, de um homem.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Uma molécula de DNA consiste em duas fitas que se enrolam como uma escada torcida, mantidas juntas por ligações entre as bases, com a adenina formando um par de bases com a timina, e a citosina formando um par com a guanina. Isso é chamado de dupla hélice, a estrutura de uma molécula de DNA, cuja descoberta por Rosalind Franklin trouxe melhores tratamentos médicos, novos medicamentos, melhores diagnósticos de doenças, e entre outros benefícios.
Tudo isso por causa da química britânica envolvida no estudo do DNA no King’s College, em Londres, quando produziu uma imagem inovadora, em 1951. Mas todo o crédito da descoberta foi para James Watson e Francis Crick quando um colega dela mostrou seu trabalho, sem permissão, aos dois homens.
Dois anos depois, Watson e Crick publicaram "suas" descobertas e deram apenas uma referência passageira às contribuições de Franklin. Eles receberam o Prêmio Nobel por isso e Franklin não recebeu nada.
(Fonte: Anspach Archives)
Em 1930, Charles Darrow foi de um mero vendedor de aquecedores desempregado a um dos maiores milionários dos Estados Unidos quando a empresa Parker Brothers apresentou para as famílias do país o jogo Monopoly.
O homem se tornou o primeiro a ficar milionário com jogos de tabuleiro, se tornando a síntese de como era "vencer na América", fortemente importando o tão famoso "sonho americano" como se fosse uma realidade fácil ou alcançável para os imigrantes que chegavam na terra do Tio Sam.
O que poucos sabem é que, 30 anos antes, Elizabeth Magie criou o The Landlord’s Game, e foi a partir dele que Darrow inventou seu Monopoly, da estrutura às estratégias, para qual a Parker Brothers comprou a patente de Magie, que arrecadou apenas US$ 500 e foi totalmente ofuscada pelo subsequente sucesso.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ela foi bem mais do que uma estrela dos filmes da Era de Ouro dos estúdios de Hollywood. Inventora muito à frente de seu tempo, Lamarr colaborou com o compositor George Antheil para criar um sistema de orientação para torpedos por rádio.
A atriz teve sua mente brilhante subestimada pelos homens, que só a enxergavam pela sua beleza, até conhecer Howard Hughes, responsável por alimentar o fascínio dela pela ciência, chegando a dar um conjunto de ferramentas que a permitiam trabalhar em invenções do seu trailer nos sets de filmagens.
Foi em meados de 1940 que Lamarr conheceu Antheil, durante um jantar em que ela se abriu sobre o caos da Segunda Guerra Mundial e como não se sentia confortável em não colaborar com nada para o seu país enquanto pessoas morriam a todo o momento. Foi assim que ela e Antheil começaram a discutir maneiras de combater as forças do Eixo, chegando à ideia de um sistema de comunicação por ondas de rádio usado com a intenção de guiar torpedos para seus alvos de guerra.
A dupla apresentou a proposta para a Marinha dos EUA, que fingiu desinteresse apenas para roubar a ideia deles, classificarem a patente e, 20 anos depois, lançar a tecnologia que serviria de base para os sistemas de comunicação Wi-Fi, GPS e Bluetooth no futuro.