Ciência
10/04/2022 às 10:00•3 min de leitura
Habitante da região amazônica e membro do folclore brasileiro da região Norte, o boto-cor-de-rosa é uma espécie de golfinho, infelizmente ameaçado de extinção. Para vê-lo, os melhores locais são as bacias dos rios Amazonas e Orinoco.
Ele se difere de outras espécies por conta da anatomia de seu nariz e por não saltar para fora da água habitualmente. Além disso, sua cor rosa única o torna um animal atrativo para amantes da natureza, fato amplificado pelo misticismo que cerca a espécie. Ficou curioso? Temos seis fatos para você conhecer um pouco mais sobre esse impressionante animal marinho.
(Fonte: Reprodução/Discover Wild Life)
O nome boto-cor-de-rosa é resultado de um erro de tradução, de acordo com a doutora em Ecologia e Reprodução de Mamíferos Vera da Silva, integrante da Rede de Especialista em Conservação da Natureza e pesquisadora do Inpa.
Ela conta que, durante a filmagem de um documentário realizado por Jacques Cousteau na Amazônia, um erro de tradução da equipe de produção fez com que o animal, conhecido na região como boto-vermelho, fosse interpretado como cor-de-rosa. O nome pegou, exceto na região amazônica.
(Fonte: Reprodução/BBC)
Não somente de beleza vive o boto, de acordo com estudos, ele é o maior e mais inteligente das cinco espécies de golfinhos de água doce. Seu cérebro é bem grande, com 40% mais capacidade cerebral do que os humanos.
Quando adulto, o boto-cor-de-rosa pode atingir 2,7 metros de comprimento, pesar até 181 quilos e viver por até 30 anos. E, embora sejam criaturas tímidas, essa espécie é atraídas por pessoas, sem registros de comportamento agressivo.
(Fonte: Reprodução/Brasil Educação)
O boto-cor-de-rosa faz parte do folclore brasileiro, em especial na região Norte do país. Apesar de um animal fantástico, sua representação no folclore carrega uma conotação negativa. Na história, o boto se transformaria em um homem muito bonito e sedutor que, ao assumir a forma humana, seduziria mulheres com o objetivo de engravidá-las.
Depois disso, elas seriam abandonadas pelo "malandro', que retornaria ao rio em sua forma de boto-cor-de-rosa. Essa era uma história muito contada para explicar porque certas crianças não tinham o pai presente em sua criação.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Golfinhos nascem cinzas, e isso vale também para os botos. Apesar da fama conquistada por conta de sua tonalidade rosa, a cor surge ao longo da vida, aumentando à medida que os animais envelhecem.
Machos costumam ser mais rosados do que as fêmeas, e quanto mais brilhante a tonalidade do rosa, mais atenção das fêmeas eles chamam. A cor que assumem pode ser influenciada por seu comportamento, dieta e, até mesmo, pela exposição à luz solar.
(Fonte: Reprodução/Aqua Expeditions)
Quando se trata de natação, os botos-cor-de-rosa são ágeis nadadores, já que as vértebras em seus pescoços não são fundidas como em outros golfinhos. Desta forma, a possibilidade de virar a cabeça num ângulo de 90 graus lhes permite manobrar em torno de obstáculos, como árvores e rochas.
Não é incomum vê-los nadando de cabeça para baixo. Esse recurso é utilizado para enxergarem melhor o fundo do rio e, apesar dos olhos pequenos, sua visão é magnífica dentro e fora da água. Além disso, seu senso de ecolocalização é extremamente eficaz para capturar presas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Golfinhos são geralmente vistos em grupos. Contudo, o boto-cor-de-rosa é frequentemente avistado sozinho ou com não mais que quatro indivíduos. Por essa razão, agências de conservação da natureza e da biodiversidade costumam classificá-los como "espécie deficiente de dados".
Isso significa que as pesquisas sobre a espécie carecem de informações, visto que os botos-cor-de-rosa passam muito tempo abaixo d'água, o que dificulta com que sejam estudados. Soma-se a isso seu comportamento tímido dentro do ecossistema, ainda que, curiosamente, sejam bastante extrovertidos em relação aos humanos.