A incrível e sangrenta história da 'Gemma Constantiniana'

11/06/2022 às 05:003 min de leitura

A Gemma Constantiniana é uma obra de arte romana que tem uma história incrível, que envolve cruzadas, viagens, assassinatos e motins. O que se sabe sobre ela, no entanto, envolve muitos mistérios.

O "Grande Camafeu de Constantino", como a peça também é chamada, foi provavelmente encomendada pelo senado romano para presentear o imperador Constantino I após ele ter obtido uma grande vitória sobre o ex-imperador Magêncio, no ano de 312 d.C.

O camafeu, esculpido com ágata, mostra Constantino sobre uma carruagem que está sendo puxada por centauros — animais míticos que são metade homem, metade cavalo. Ao seu lado, aparecem sua mãe Helena, sua esposa Fausta e seu filho Crispo. Há outros elementos míticos em cena: a deusa Vitória voa no céu e carrega uma coroa de louros que deve ser entregue a Constantino. Outros elementos — como a fita na coroa de louros e o cálice caído no pé da carruagem — chamam a atenção ao primor desta obra.

Esta família imperial seria destroçada pouco depois, em 326 d.C., quando Constantino ordenou que Fausta e Crispo fossem executados. O motivo era a desconfiança de um caso entre os dois.

A trajetória errática do camafeu

(Fonte: National Museum of Antiquities/Reprodução)(Fonte: National Museum of Antiquities/Reprodução)

A peça sobreviveu à queda do Império Romano e às Cruzadas ao ser incluída entre o tesouro imperial de Constantinopla. Quando a cidade foi saqueada, em 1204 d.C., a Gemma Constantiniana foi levada para a Europa Ocidental.

Lá, imagina-se que ela tenha sido guardada em um mosteiro francês até ir parar na mão de colecionadores. Na década de 1620, o camafeu se torna posse do artista e colecionador flamengo Peter Paul Rubens, e vai parar na Antuérpia. Rubens pediu para que um ourives o colocasse em uma moldura de ouro cravejada de pedras, agregando ainda mais valor à peça.

Em 1628, um joalheiro holandês chamado Gasbar Boudaen a adquiriu e a vendeu para a Companhia Holandesa das Índias Orientais, que a carregou até Java, a principal ilha da Indonésia.

Com a construção de um novo navio da Companhia Holandesa das Índias Orientais, vários itens de arte foram separados para viajar na nova embarcação — dentre eles, a peça mais valiosa: a Gemma Constantiniana.

O naufrágio na Austrália

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A primeira viagem do navio, que se chamava Batavia, continha 340 pessoas, entre marinheiros, soldados e civis. Ele saiu da Holanda em 28 de outubro de 1628, e foi uma viagem tensa desde o seu início. 

O chefe da Companhia Holandesa das Índias Orientais passou a entrar em atrito com o capitão do navio, e algumas pessoas começaram a ficar tentadas pelos tesouros que estavam sendo carregados.

Em 4 de junho de 1629, o Batavia entrou em colisão com um conjunto de recifes nas ilhas Abrolhos, na Austrália. A embarcação se partiu e os cerca de 300 sobreviventes, que foram parar nas ilhas próximas, tentaram resgatar o máximo de tesouros que conseguiram.

O chefe da Companhia Holandesa das Índias Orientais e o capitão do navio, que haviam conseguido escapar, seguiram para Java deixando os sobreviventes para trás, passando fome e sede. No comando dessas pessoas, ficou o sub-comandante Jeronimus Cornelisz — que, ninguém sabia até então, era um psicopata.

Jeronimus, então, se tornou uma espécie de ditador no arquipélago e começou a organizar um exército entre os sobreviventes mais hostis. Seu plano era atacar qualquer embarcação que viesse resgatá-los e torná-la um navio pirata. Em sua tenda na ilha, Jeronimus exibia vários tesouros — dentre eles, a famosa Gemma Constantiniana.

O retorno da Gemma Constantiniana

(Fonte: WA Museum/Reprodução)(Fonte: WA Museum/Reprodução)

O resultado da tramoia de Jeronimus foi o assassinato dos 120 náufragos restantes. No entanto, um grupo de sobreviventes que se rebelou ao ditador passou a ser liderado por Wiebe Hayes.

Abandonados em uma ilha próxima, o grupo de Hayes começou a se preparar para atacar o exército de Jeronimus. E foram bem sucedidos: conseguiram matar vários de seus aliados e capturaram o próprio ditador. Nesse meio tempo, algo incrível acontecia: o capitão e o chefe da Companhia Holandesa das Índias Orientais estavam retornando para resgatá-los.

Uma operação de salvamento foi organizada e os tesouros foram recuperados. Na tenda de Jeronimus, foram encontrados joias, talheres e o lendário camafeu romano.

A Gemma Constantiniana foi levada de volta para a Holanda e chegou a estar no foco de Napoleão Bonaparte, que não conseguiu o dinheiro para comprá-la. Por fim, ela foi adquirida pelo rei Guilherme I e foi levado para Haia, nos Países Baixos. Hoje, a peça está em exibição no Museu Arqueológico Nacional da Holanda.

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