Artes/cultura
06/07/2022 às 11:00•2 min de leitura
Independente se falamos de crianças de rua ou jovens negros em universidades brasileiras, existe um aspecto em comum: ambas as categorias se enquadram dentro do contingente de talentos desperdiçados pelo Brasil todos os dias. Para piorar a situação, os dados são bastante drásticos.
Segundo um estudo inédito feito pelo Banco Mundial e publicado pela BBC, cada criança brasileira nascida em 2019 deve atingir, em média, somente 60% do seu capital humano potencial ao atingir a maior idade. Dessa forma, 40% de todo o talento dos jovens brasileiros com 18 anos é completamente deixado de lado ou jogado fora. Entenda a situação!
(Fonte: Pixabay)
De acordo com o Banco Mundial, capital humano é o nome dado para o conjunto de habilidades que os indivíduos acumulam ao longo de suas vidas. São essas habilidades que determinam as chances de uma pessoa prosperar, além de outros indicadores como nível de renda e oportunidades de trabalho ao longo da vida.
Esses fatores não só geram problemas na esfera individual, como também impactam a produtividade de um país, como o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) e a capacidade de se gerar riqueza. O estudo, que faz parte da iniciativa Human Capital Project, foi lançado em 2018 para tentar alertar governos sobre a importância de se investir em pessoas.
Segundo a estimativa do banco, o PIB brasileiro poderia ser 2,5 vezes maior se as crianças do país pudessem desenvolver suas habilidades ao máximo, com o Brasil chegando ao emprego pleno. Os dados que compõem o Índice de Capital Humano (ICH) são: taxas de mortalidade e déficit de crescimento infantil; anos esperados de escolaridade e resultados de aprendizagem; e taxa de sobrevivência dos adultos.
(Fonte: Banco Mundial/BBC)
Em comparação com países desenvolvidos, é possível notar como o ICH brasileiro está bem abaixo. Com ICH de 0,60 — os 60% de aproveitamento de talento humano —, o Brasil encontra-se bastante atrás de Japão (0,81) e Estados Unidos (0,70). Outras nações latino-americanas estão em nível de igualdade, como o Chile (0,65) e México (0,61).
Países em desenvolvimento mais pobres do que nós ficaram no fundo da tabela, com destaque para Índia (0,49), África do Sul (0,43) e Angola (0,36). O problema, no entanto, é que a média nacional brasileira conta apenas um pouco da história de desigualdade dentro do país. Se analisarmos bem os dados do Banco Mundial, podemos encontrar um Brasil dividido.
Em 2019, o ICH das regiões do Norte e do Nordeste era de apenas 56,2% e 57,3%. Enquanto isso, Sul, Centro-Oeste e Sudeste variam de 61,6% a 62,2%. Na visão de especialistas, muito disso está relacionado com a deficiência educacional encontrada nas partes mais pobres do país.
Por fim, o Banco Mundial também chamou atenção para a desigualdade racial que ocorre no desenvolvimento de talentos no Brasil. Conforme mostram os dados do estudo, crianças brancas possuem produtividade esperada de 63% do seu potencial, enquanto negros e indígenas possuem ICH de 56% e 52%.