Artes/cultura
13/08/2022 às 05:00•2 min de leitura
Na África Ocidental, Sundiata Keita (1190-1255) ainda é visto como uma figura heroica e digna. Durante o seu reinado, que durou de 1235 até 1255, ele definiu a base territorial do Império Mali e estabeleceu os fundamentos para que o reino atingisse unidade política e prosperidade.
Pertencente ao clã Keita, do povo Malinke, sabe-se muito pouco sobre sua infância. Conforme as tradições orais dos Malinkes, Sundiata era um dos 12 irmãos herdeiros legítimos do trono de Kangaba, um pequeno reino próximo a atual fronteira Guiné-Mali.
Keita foi um dos mais importantes imperadores africanos. (Fonte: EduHistoryTV/YouTube/Reprodução)
Sumaguru, o governante do estado vizinho de Kaniaga, invadiu o reino de Kangaba no início do século XIII e matou todos os irmãos de Keita. Segundo a reza tradicional, o invasor poupou a vida de Sundiata apenas porque era uma criança de saúde ruim e, aparentemente, morreria logo.
Ainda assim, foi levado cativo para o Império Sosso, governado severamente por Sumanguru. Embora destinado à morte, por volta dos sete anos Keita começou a ganhar força física, superando seus problemas de saúde que o impediam de andar.
Com o tempo, passou a treinar diariamente e, em poucos anos, o menino que nem andava se transformou em um poderoso e invejado guerreiro. Porém, Sundiata Keita tinha de libertar Mali do domínio Sosso. Por isso, fugiu para o exílio.
A fama de Sundiata continuou a crescer durante o exílio. Após vários anos afastado, ele retornou ao Mali, cujo povo estava cansado dos impostos e abusos dos governantes de Sosso.
Keita aproveitou a oportunidade, reuniu um pequeno exército e começou uma série de lutas contra os invasores, acumulando diversas vitórias pequenas até que, finalmente, encontrou o rei do Império Sosso no campo de batalha.
Segundo as histórias sobre o ocorrido, Sundiata acabou com a vida do rei Sosso com uma flecha envenenada. Assim, assumiu o controle total da região e decidiu reconstruir a cidade destruída de Niani, nas proximidades do rio Snakarini, para fazer dela a nova capital.
(Fonte: The Detailed History/Reprodução)
Não se sabe exatamente como Keita ganhou o apelido de “Rei Leão”, mas é provável que seja devido às suas habilidades e ferocidade no campo de batalha.
A área de Niani se tornou um importante centro comercial para africanos e árabes. O Império Mali enriquecia cada vez mais graças ao controle que tinha das rotas comerciais, e também devido a recursos valiosos em suas terras como cobre e ouro.
Um aspecto interessante sobre a ascensão de Sundiata e a fundação do Império Mali é a chamada "Carta de Manden" ou "Kouroukan Fouga".
Trata-se de uma carta oral, transmitida durante gerações pelo povo Malinke, que falava sobre a abolição da escravidão, a paz dentro de uma nação diversificada, segurança alimentar e educação, entre outros pontos.
Sundiata governou por 20 anos, garantindo a paz e a expansão do seu império. Se converteu ao Islã, mas não exigiu que seus súditos fizessem o mesmo. A causa mais aceita de sua morte é o afogamento no rio Sankarani, onde existe um santuário em sua homenagem.
Pintura de Sundiata Keita. (Fonte: knowledgeisking/Ancient Origins/Reprodução)
O Império Mali continuou a prosperar após a morte de Sundiata. Um dos imperadores mais conhecidos foi Mansa Musa (1280-1337), seu sobrinho-neto, considerado a pessoa mais rica de toda a história.
Sua fortuna teria atingindo um valor estimado atualmente em R$15 trilhões. Ou seja, ele tinha 15 vezes mais dinheiro que Elon Musk, o homem mais rico do mundo hoje.