Ciência
04/09/2022 às 13:00•2 min de leitura
Muito antes da Princesa Isabel assinar a Lei Áurea, ou de Abraham Lincoln colocar em vigor a Proclamação da Emancipação, um imperador russo tirou da servidão 22,5 milhões de camponeses. Foi uma das muitas medidas tomadas por Alexandre II, conhecido pela alcunha de "o Libertador".
Ao longo dos 26 anos de seu reinado, colocou em prática diversas reformas para aumentar a liberdade de expressão da população e dar mais espaço à iniciativa privada. Mas foram suas medidas em favor dos pobres, visando tirá-los do julgo da aristocracia, que marcou seu comando, um dos últimos do período pré-comunismo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nascido em Moscou em 1818, filho mais velho do Czar Nicolau I, Alexandre II foi um imperador marcante para a história da Rússia pré-comunismo. Apesar de não demonstrar interesse por ser um governante quando era adolescente, assumiu com vigor a posição do pai, aos 37 anos, quando este faleceu.
Sua educação foi conduzida pelo poeta Vasily Zhukovsky, que incluiu na rotina do futuro imperador um conjunto com diversas disciplinas, bem como o ensino das mais variadas línguas europeias.
Alexandre II foi casado duas vezes. A primeira, com Maria Alexandrovna. Com ela teve oito filhos (seis homens e duas mulheres). A segunda, com Catarina Dolgorukov, com quem já tinha quatro filhos, frutos de seu relacionamento extraconjugal.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Instituída pelo Czar Aleixo em 1649, a servidão foi um sistema que existiu por quase duzentos anos no império russo. A ideia era que a lei forçasse os camponeses russos a se manterem nas terras sem, no entanto, serem donos delas. Ainda que muitas revoltas tenham tentado dissolver a servidão, coube a Alexandre II o fim dela, em 19 de fevereiro de 1861.
Historiadores afirmam que o imperador foi influenciado pela Revolução Francesa. Com o fim do sistema, 22,5 milhões de camponeses foram libertos, mas seguiram sem as terras, já que Alexandre II manteve os nobres como donos dos latifúndios.
Ainda que tenha sido pouco eficaz em tornar a população menos pobre, serviu para diminuir a desigualdade, especialmente comparado com outros países da região à época.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Alexandre II implementou outras reformas liberais no império. Desgostoso do resultado da Guerra da Crimeia, ele reorganizou as forças armadas, inclusive instituindo o recrutamento militar obrigatório. Em contrapartida, baniu o castigo corporal e a marcação de soldados a fogo.
Criou, ainda, uma nova maneira de administração judicial, tendo como base o modelo francês adotado após a Revolução Francesa. Desenvolveu um código penal e um sistema civil e criminal mais simples do que o anterior. Ao povo, estruturou a burocracia regional com poder restrito de criação e cobrança de impostos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ao longo de seus anos à frente do governo russo, Alexandre II sofreu várias tentativas de assassinato. Três delas chegaram a colocar sua vida em perigo, mas conseguiu sobreviver e condenar os homens que haviam tentado matá-lo. Contudo, não escapou de um novo atentado, comandado pelo grupo terrorista conhecido como Vontade do Povo.
Durante uma viagem a São Petersburgo, foi alvejado por uma bomba jogada por Ignaty Grinevitsky. Seus guardas tentaram salvá-lo, levando-o até o Palácio de Inverno, mas os ferimentos foram tão graves que o Czar não resistiu.
Com sua morte, seus planos foram por água abaixo. Seu filho, Alexandre II, suspendeu direitos de liberdade e perseguiu protestantes e rebeldes. Um triste fim para seu legado.