Ciência
17/02/2022 às 13:00•2 min de leitura
Nas últimas semanas, a imprensa mundial tem olhado com atenção para a escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia. A possível invasão russa, que aparentemente foi abortada, exigiu que os Estados Unidos (EUA) e a União Europeia criassem um esforço diplomático no velho continente.
Contudo, a crise atual tem raízes em conflitos anteriores que não foram bem resolvidos. Alguns do século passado. Nesses embates, a opinião dos ucranianos acaba ficando em segundo plano frente aos interesses das potências da região.
(Fonte: Unsplash)
A Ucrânia era uma das 15 repúblicas soviéticas. O período deixou profundas "cicatrizes" na história ucraniana. A “Grande Fome” ou Holodomor, em ucraniano, que ocorreu entre 1932 e 1933, ceifou a vida de milhões de cidadãos daquele país. Em algumas regiões, a taxa de mortalidade foi de 30%; em outras, aldeias inteiras foram dizimadas.
Desde 1991, ano que marca o fim da URSS, o país busca ser mais independente em relação aos russos. O problema é que esse processo esbarra nos interesses europeus, russos e estadunidenses.
Protestos em 2014 contra o governo ucraniano. (Reprodução: Publico PT)
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa. Em sua parte ocidental, a população é mais próxima culturalmente da Europa, principalmente da Polônia. No Leste, parte da população é mais simpática aos russos, inclusive tendo o russo como primeiro idioma. Desde 2007, a Ucrânia busca se tornar membro da União Europeia — o que diminuiria significativamente a influência russa no país.
Nas últimas 2 décadas, eles alternaram entre governos pró-Rússia e nacionalistas. A influência russa na política interna causou protestos e até a anulação de uma eleição. Em 2004, a vitória de Viktor Yanukovich, pró-Moscou, foi anulada sob acusações de fraude. Em 2014, essa tensão histórica ganhou um capítulo importante: os russos invadiram a Crimeia.
(Fonte: Guia do Estudante)
A Crimeia é uma região ao leste da Ucrânia. Nela, uma parte significativa da população mantém laços culturais com os russos. Essas ligações foram a justificativa dada por Moscou para tomar o território para si em 2014.
A invasão gerou uma guerra entre ucranianos e separatistas, que culminou em mortes e sequestros de prisioneiros. Em 2015, um acordo de cessar-fogo foi assinado, mas ele nunca foi totalmente respeitado.
Agora, os russos querem que a Ucrânia se comprometa a nunca entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ou Aliança Atlântica, a qual é uma aliança político-militar que reúne 10 países europeus mais os Estados Unidos e o Canadá. Ela foi criada para controlar o avanço dos soviéticos em 1949 e evitar o surgimento de regimes populistas na Europa, também proporcionando defesa coletiva entre os membros.
Isso significa que, se a Ucrânia fizer parte da Otan, e os russos a invadirem, Moscou declararia guerra a todos os membros da aliança. Ao mesmo tempo, a Rússia faria fronteira com um país membro da Otan — o que é visto por eles como uma ameaça à sua segurança e uma vantagem militar para a organização.
Para a Europa, a crise atual gera um risco energético, pois o continente depende do gás natural russo. No meio de tantos interesses e ressentimentos históricos, está a população da Ucrânia, que aguarda por uma solução pacífica verdadeira e duradoura para a crise.