Artes/cultura
10/11/2022 às 02:00•2 min de leitura
Em comparação com outras democracias ao redor do mundo, a Finlândia tem se tornado uma referência quando o assunto é combater a imparável disseminação de notícias falsas. Não à toa, o país foi classificado como a nação mais resistente da Europa à propagação de informações inverídicas.
E qual o segredo para tamanho sucesso? Segundo os finlandeses, a luta começa logo nas escolas primárias. Conforme mostram os dados fornecidos pelo Open Society Institute, a Finlândia está em primeiro lugar em alfabetização midiática entre 35 países europeus e investe bastante em iniciativas que visam acabar com as fake news. Entenda!
(Fonte: Pixabay)
O governo finlandês reconheceu que o primeiro passo para acabar com a desinformação seria combatê-la desde cedo. Sendo assim, as crianças locais são educadas sobre alfabetização midiática no sistema escolar público, desde a escola primária até a escola secundária.
Tudo se intensificou em 2014, quando a nação monitorou um grande aumento da propagação de notícias falsas após a anexação da península da Crimeia pela Rússia. Porém, mesmo antes daquele ano, a educação voltada para a mídia foi definida como um tema primordial para o currículo do ensino médio finlandês ainda em 2004.
Em 2017, por sua vez, o governo local lançou um projeto chamado "Fatos, por favor!", que levou jornalistas finlandeses de renome para escolas ao redor do país, tendo o objetivo de compartilhar seus conhecimentos sobre práticas jornalísticas e responsabilidade social.
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Turku e pela Universidade de Stanford em 2019, as iniciativas criadas pelos finlandeses tiveram resultados impressionantes. O documento revelou que os alunos da Finlândia superaram significativamente os alunos dos Estados Unidos em tarefas que envolviam a alfabetização digital em mídias sociais e notícias online — colaborando para o desenvolvimento do pensamento crítico.
(Fonte: Pixabay)
O sistema de educação voltado para os mais jovens não é o único segredo finlandês. Com o passar dos anos, o país também aprendeu que deveria recorrer à experiência global ao projetar seus programas. Por isso, contrataram o diretor do Franklin Delano Roosevelt Center for Global Engagement de Harvard, Jed Willard, para ajudar a desenvolver um programa que interpretasse quais fatores contribuem para a disseminação de desinformação de forma viral.
O programa durou uma semana e mais de 100 funcionários do governo finlandês, de vários níveis e departamentos, foram chamados para participar. Durante o curso, Willard reforçou que a melhor forma de rebater uma notícia falsa para a sociedade é desenvolver uma nova narrativa que destaque os valores da "história finlandesa" e que falem verdade.
Além disso, Adam Berinsky, professor de ciência política do MIT, disse às autoridades locais que elas não deveriam repetir declarações falsas quando estivessem tentando refutá-las. Segundo o pesquisador, repetir uma mentira só aumenta o risco dela ganhar mais força e fazer com que o público esqueça todos os argumentos que você usou para mostrar que ela estava errada em primeiro lugar.
Portanto, a Finlândia aprendeu a lutar contra as fake news em duas pontas diferentes: educando os jovens desde o ensino fundamental e também mostrando aos servidores públicos quais são as medidas mais eficientes para entrar em contato com as outras camadas da sociedade.