Saúde/bem-estar
19/11/2022 às 06:00•2 min de leitura
Imagine um povo das Américas que projetava observatórios solares, construíam pirâmides e realizavam sacrifícios humanos. Se você pensou nos maias ou astecas, sinto informar, mas está enganado.
Estamos falando sobre o povo da cidade de Cahokia, uma cultura que surgiu por volta de 700 d.C., e começou a desaparecer misteriosamente cem anos antes de Colombo chegar às Américas. Os resquícios dessa antiga civilização estão entre os maiores mistérios arqueológicos dos EUA.
(Fonte: Shutterstock)
Os primeiros registros de Cahokia são de 300 anos após sua desocupação. Em 1673, os exploradores franceses Louis Joliet e Jacques Marquette encontraram os característicos e enormes montes em formato de pirâmide da cidade, mas relataram não terem visto nenhum indígena na área. Posteriormente, acabaram perdendo o local exato dos restos da cidade. Mas em meados de 1700, monges franceses encontraram novamente os montes de Cahokia.
Após a chegada dos europeus na localidade, os indígenas Illini, habitantes da região, relataram que não sabiam quem construíra os diversos montes em formato de pirâmide. Até os anos 1900, especialistas e arqueólogos debatiam sobre se essas construções eram obra da natureza ou produto do trabalho humano.
(Fonte: Shutterstock)
Em 1921, graças a estudos arqueológicos mais aprofundados, foi confirmado que os tais montes de Cahokia foram feitos por humanos. Mas as coisas pararam por aí, já que os especialistas não conseguiram aprender muito sobre os responsáveis por sua construção.
Até hoje, ninguém sabe dizer ao certo qual era a etnia dos cahokianos, como era sua cultura ou que língua eles falavam. Aliás, até o nome Cahokia é um equívoco, visto que ele vem de uma sub-tribo dos Illini, que só chegaram na região por volta de 1600.
Embora pesquisadores acreditem que Cahokia teve uma cultura complexa, pois manteve uma cidade de tamanho considerável e ergueu monumentos que permanecem em pé mesmo após milênios, eles não sabem dizer se esse povo misterioso influenciou de alguma maneira as culturas vizinhas.
(Fonte: Cahokia Mounds State Historic Site/Reprodução)
No centro do local histórico está o chamado Monks Mound que, com seus 30 metros de altura, é o maior monte de terra pré-histórico já encontrado na América do Norte. Pelo que já foi descoberto com base em análises arqueológicas, Cahokia foi habitada entre 700 a.C. e 1.400 d.C., contando com dezenas de milhares de habitantes.
Em seu auge, por volta de 1.100 a 1.200 d.C., estima-se que a cidade cobria uma área de quase 15 quilômetros quadrados e mantinha uma população com cerca de 100 mil pessoas. As casas eram construídas em fileiras ao redor de praças abertas. O abastecimento era feito com plantios em campos agrícolas e produções de várias aldeias menores que cercavam a cidade principal.
Para alguns especialistas, os cahokianos eram um povo que sabia negociar com outras tribos, algumas tão distantes quanto o estado atual de Minnesota – equivalendo a 1000 km, aproximadamente. Mas o foco mesmo eram aquelas mais próximas.
(Fonte: Michael Hampshire/Cahokia Mounds State Historic Site/Reprodução)
Ainda assim, Cahokia conseguiu obter produtos de diversos lugares, como os minerais das Carolinas, rochas de Oklahoma e conchas do Golfo do México. No entanto, eles aparentemente nunca usaram a escrita, aliás, esse é um dos motivos de se saber tão pouco sobre a cidade e até mesmo qual era o seu nome original.
Ao que parece, nem todos com quem os cahokianos tinham contato eram amigáveis. No ano 1.100, essa cultura construiu uma paliçada com três quilômetros de extensão ao redor da cidade, além de torres de guarda.
Ao longo dos séculos, a maioria dos montes de Cahokia sofreram com a erosão ou foram danificados pelo homem, de modo que o tamanho original deles é incerto. Mas, ao final de tudo isso, uma questão permanece: qual foi o papel de Cahokia na história antiga da América do Norte e quem eram seus habitantes?