Como a Segunda Guerra Mundial criou um dos refrigerantes mais populares

05/01/2023 às 04:003 min de leitura

Um dos refrigerantes mais populares do mundo e vendido em mais de 188 países, a Fanta se destaca pela versatilidade de sabores e pelas inúmeras adaptações obtidas em quase 75 anos de história. Porém, apesar de esbanjar um festival de cores e estar na mesa de grande parte das famílias do planeta, seu legado é um pouco mais sombrio e remonta à época da Segunda Guerra Mundial, quando esteve diretamente vinculada aos interesses do Partido Nazista de Adolf Hitler.

Antes de criar a linha Fanta, a Coca-Cola, inventada em 1886 pelo farmacêutico norte-americano John Pemberton, buscou uma expansão internacional para impulsionar o número de vendas, que na época atingia a marca de US$ 40 milhões por ano. Durante a primeira metade do século XX, a marca encontrou, no regime nacional-socialista de Hitler, uma oportunidade de se popularizar no mercado europeu por meio de sua sede Coca-Cola GMbH, situada na cidade de Essen, Alemanha.


(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A partir de 1937, quando o produto foi fotografado e exposto na Exposição dos Trabalhadores do Reich em Düsseldorf, o refrigerante se destacou em capas de revistas do Partido Nazista, em outdoors nos estádios de Berlim e em panfletos de comícios partidários, marcando o envolvimento em publicidades minimamente suspeitas. Porém, o ápice ocorreu em maio de 1938, quando o braço direito de Ray Powers (CEO da GMbH), o alemão Max Keith, convocou a nona convenção anual de concessionárias alemãs e exibiu uma faixa gigante da Coca-Cola com três grandes símbolos da suástica.

Apesar das controvérsias, essas campanhas tiveram um sucesso incrível e resultaram na venda de mais de 4,5 milhões de caixas de garrafas por ano. Infelizmente, esses tempos não duraram e a sede de poder do líder do Terceiro Reich gerou uma condenação em massa por representantes de outros países do globo. Campanhas desencorajaram a entrada de marcas internacionais na Alemanha, enquanto a Coca-Cola foi supostamente relacionada às tradições alimentares kosher, do judaísmo. Assim, as vendas caíram significativamente e culminaram no embargo comercial dos EUA, após declaração de guerra em dezembro de 1941.

Fanta, o plano b

(Fonte: Special Collection And Archives/Georgia State University)(Fonte: Special Collection And Archives/Georgia State University)

Com o corte nas comunicações e na distribuição de insumos entre a Coca-Cola GMbH e a sede da empresa em Atlanta, Keith, que assumiu o cargo da sede alemã após a morte de Ray Powers em 1938, solicitou ao químico-chefe, Dr. Wolfgang Schetelig, que criasse uma alternativa de refrigerante utilizando apenas produtos disponíveis no país. Soro de queijo, maçã prensada, excedentes cítricos e outras matérias foram utilizadas na fabricação de um produto revolucionário que exigiu o uso da imaginação — ou "fantasia", em alemão. E assim nasceu o conceito da Fanta pelo comerciante Joseph Knipp.

Sucesso imediato durante a guerra, a bebida vendeu quase 3 milhões de caixas em menos de um ano e permitiu as operações na sede da Coca-Cola. Devido ao sabor levemente adocicado e ao uso de 3,5% de açúcar de beterraba, o produto foi distribuído em larga escala para a população geral, chegando às casas das pessoas como alternativa para a gastronomia local. Nos anos seguintes, Keith lutou para evitar a nacionalização da empresa e manteve as fábricas intactas ao fim do conflito mundial, permitindo a retomada imediata dos serviço e o retorno da Coca-Cola. Assim, a Fanta foi descontinuada.

(Fonte: Interfoto/Alamy)(Fonte: Interfoto/Alamy)

Foi apenas com o surgimento da Pepsi-Cola, no início da década de 1950, que a Fanta foi ressuscitada para diversificar o portfólio da empresa. A nova Fanta foi desenvolvida em Nápoles, na Itália, e se baseou na composição tradicional da era nazista para se promover como um grande sucesso na Europa. Em poucos anos, a bebida alcançou países da África, Ásia e América Latina, penetrando até mesmo o bloco comunista, sem sofrer prejuízos de vendas.

Até a década de 1980, o refrigerante era embalado em mais de 35 países, em um processo que favoreceu a incorporação de incontáveis sabores e variações. Porém, quando finalmente chegou ao mercado norte-americano, em meados de 2001, ela cresceu significativamente em alcance e se tornou um dos dez refrigerantes mais populares no mundo. Atualmente, estima-se que mais de 150 sabores únicos foram fabricados na história da bebida, que em um primeiro momento serviu apenas para contornar a crise da ausência da Coca-Cola no Estado alemão.

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