Saúde/bem-estar
17/06/2023 às 12:00•3 min de leitura
A Primeira Guerra Mundial começou oficialmente em julho de 1914, quando um rebelde sérvio matou o arquiduque austro-húngaro Francisco Ferdinando.
Depois disso, diversos países europeus declararam guerra uns aos outros, e a Alemanha — ao lado do Império Austro-Húngaro — partiu para cima da França. A ideia era avançar rapidamente e conquistar Paris, mas não foi isso que aconteceu, pois os alemães se depararam com as defesas belgas e francesas.
Antes do fim de 1914, o conflito diminuiu bastante de ritmo, fazendo com que essa fase ficasse conhecida na história como "guerra de trincheiras".
As trincheiras são espécies de buracos na terra que os soldados criaram para se proteger — parecia melhor do que ficar exposto aos tiros de metralhadora em campo aberto. Aliás, é essencial considerar que as armas da Primeira Guerra Mundial eram mais avançadas que as armas conhecidas até então e mais avançadas que outros equipamentos logísticos disponíveis no conflito.
A criação das trincheiras, então, foi um desdobramento natural daquela guerra sem precedentes.
Os soldados criaram as trincheiras para se proteger. (Fonte: Wikimedia Commons)
Ao final de 1914, a guerra havia se tornado mais lenta. Nas trincheiras, os soldados planejavam as próximas ações, mas também era comum que ficassem dias sem disparar um único tiro. Em algumas etapas do conflito, foi comum passar meses dentro delas.
O problema é que as trincheiras ofereciam um espaço reduzido e quase nenhuma estrutura. Por mais que os soldados colocassem sacos de areia e placas de madeira para impedir a água de entrar, como em dias de chuva, elas logo se transformavam em grandes lamaçais.
Isso sem falar que todas as refeições e necessidades fisiológicas precisavam ser feitas dentro das trincheiras. As condições eram, portanto, insalubres. Muitos soldados morreram não pelos tiros, mas sim por disenteria, febre tifoide, inflamações e outras doenças.
Um problema comum, na época, foi o pé-de-trincheira: o pé, molhado por períodos gigantes, começava a necrosar. Era necessário decidir entre uma amputação ou uma morte por infecção. Vale lembrar que, à época, os antibióticos ainda não tinham sido descobertos.
As trincheiras eram longas, porém estreitas. (Fonte: Wikimedia Commons)
O território entre as duas trincheiras inimigas era chamado de "terra de ninguém", uma região cheia de estilhaços, pólvora e arame farpado — além da ameaça de morrer bombardeado pelo inimigo. Então, enclausurados nas trincheiras, os soldados também sofriam com a saúde mental.
Quando uma ação enfim acontecia, geralmente era um ataque-surpresa: os alemães saíam no meio da noite para pegar os inimigos pela retaguarda, enquanto os franceses faziam ataques rápidos pela frente ou pelos flancos. De qualquer forma, muitos soldados morriam com lança-chamas, bombas ou o temido gás-mostarda, uma arma química que corrói o organismo.
E quanto aos corpos que se acumulavam após um ataque, onde eles ficavam? Nas trincheiras, até poderem ser removidos.
Leia também: Como era a vida de um soldado americano na Guerra do Vietnã
As trincheiras formavam enormes linhas no Front Ocidental. (Fonte: Wikimedia Commons)
Olhando em retrospecto, em muitos aspectos é nítido que as trincheiras mais atrapalharam do que ajudaram. Tanto que elas foram bem menos usadas em guerras seguintes — além de serem aprimoradas, para não causar tanto mal à saúde física e mental.
Na Primeira Guerra Mundial, a fase da "guerra de trincheiras" acabou no fim de 1917.
O Império Russo se retirou do conflito por conta das Revoluções Russas e a Alemanha decidiu avançar, projetando uma vitória avassaladora contra a França e o Reino Unido. Uma nova fase de movimentações começava. Porém, os alemães não contavam que os Estados Unidos iriam entrar na guerra — fazendo com que uma rendição, em novembro de 1918, fosse inevitável.